CURSO DE FILOSOFIA PARA NÃO FILÓSOFOS

 

Aula 3

Paulo Ghiraldelli Jr

(Fonte: http://www.ghiraldelli.pro.br/aula_3.htm)

 

 

Platão e a alegoria da caverna

Platão (427-347) foi o mais importante discípulo de Sócrates. Mais do que isso: Platão, de certo modo, pode ser considerado aquele que inaugurou um tipo de conversação, de narrativa, que chamamos de filosofia, ou Filosofia, com "F", maiúscula. Diferentemente de Sócrates, ele não se manteve como um filósofo ligado aos discípulos, de maneira umbilical, mas fundou uma instituição, a Academia.

Nesta os estudantes tinham, entre outras tarefas, os estudos de seus escritos ¾ os diálogos nos quais Sócrates, em geral, era o personagem principal. Ao contrário de Sócrates, que fez filosofia como uma investigação, Platão trabalhou de forma mais sistemática. Ainda que tenha escrito em forma de diálogo, sua filosofia compõe o que pode ser redescrito em forma de tratados. Além disso, Platão não se fixou apenas em moral e política, como, certo modo, pode-se dizer de Sócrates, mas voltou ao debate com os sofistas e pré-socráticos a respeito de ontologia, teoria do conhecimento, cosmologia e metafísica. O nome "platonismo" praticamente se tornou sinônimo para o termo "metafísica ocidental". E na metafísica de Platão se deu a tentativa de conciliar os problemas que afligiam os gregos na disputa entre a escola Jônica, de Heráclito de Éfeso, e a Escola Eleática, de Parmênides.

Platão apresentou sua solução da disputa entre Heráclito, que defendia o movimento como o mais real, e Parmênides, que defendia a imutabilidade como o mais real, através de duas maneiras, que de certo modo expõe toda a sua metafísica: a "alegoria da caverna" e a "teoria da linha divisória".

Muitas vezes, os manuais dão uma enorme importância para a "alegoria da caverna", deixando-a sem o devido relacionamento com a "teoria da linha divisória". Este é um erro grave. A alegoria não deixa nunca de ser uma alegoria. Ela só ganha referência capaz de dar o sentido da filosofia de Platão se é possível voltar a ela após o entendimento da "teoria da linha divisória".

A "alegoria da caverna" aparece em um importante livro de Platão, a República. A idéia básica é imaginar prisioneiros que estão amarrados, sem poder mexer o corpo e nem mesmo a cabeça, olhando para a parede no fundo da caverna. Eles nunca saíram daquela condição. Atrás deles há, na seqüência, um muro, atrás do muro pessoas passando e carregando objetos sobre a cabeça, de modo que o muro encobre tais pessoas, deixando mostrar apenas os objetos que elas carregam. Mais atrás ainda há um fogo. O fogo ilumina as pessoas que carregam os objetos, mas a sombra produzida no muro no fundo da caverna é apenas a dos objetos que elas carregam.

Os prisioneiros passam ali toda uma vida, vendo sombras e ecos de vozes. Nunca podendo ver outra coisa, tomam as sombras como o que é real, e o eco como as vozes de tais sombras. Um dos prisioneiros consegue escapar. Primeiro, é cegado pela luz do fogo, e não se dá conta de que havia passado o tempo visto apenas sombras e as tomando por realidade. Em seguida, escapa da caverna. Olha para o campo e enxerga as sombras da árvores. Mais tarde, ele vai se acostumando com a claridade e vê as próprias árvores e, enfim, ele consegue olhar direito para o sol. Platão sugere que se ele voltasse para a cavernas e contasse o que era de fato a realidade aos que que estavam lá e passaram uma vida tomando as sombras por realidade, ele não seria poupado. De certo modo, pode-se dizer que Platão, ao terminar a alegoria desse modo, está fazendo uma alusão à morte de Sócrates.

 

Exercício 1 - Tente desenhar a estrutura esquemática da "Caverna de Platão". Clique aqui para ter uma idéia.

 

 

Alegoria da Caverna

Abaixo há um quadro da Caverna de Platão, todavia, no quadro, não aparecem as figuras, as sombras, você é capaz de fazer um esquema, respeitando o quadro, e mostrar de fato como funciona a alegoria?