CURSO DE FILOSOFIA PARA NÃO FILÓSOFOS
Aula 7
Paulo Ghiraldelli Jr
(Fonte: http://www.ghiraldelli.pro.br/aula_7.htm)
Estóicos, epicuristas e cristãos no mundo romano
O filósofo Zeno de Cyprus (334-262 D.C.) pregava sua filosofia entre pórticos, stoa em grego, por isso mesmo sua doutrina tornou-se conhecida como estoicismo. O epicurismo, seu contemporâneo, veio da doutrina de Epicuro (341-270 D.C.). Essas filosofias estiveram em campo no período helenístico-romano, a época em que as cidades-estados independentes, que formavam o mundo grego e, depois, o mundo greco-macedônio de Alexandre, o grande (que foi aluno de seu escravo, justamente o filósofo Aristóteles)m foi aos poucos cedendo espaço para o nascimento do Império Romano.. Essas filosofias adentram o período romano, mas aos poucos foram se vendo diante de um movimento iniciamente muito pequeno, mas que adquiriu uma tremenda força social em pouco tempo, o cristianismo.
Tanto o epicurismo quanto o estoicismo adotaram uma postura metafísica articulada ao materialismo dos pré-sócraticos, mas não foi esta tônica que desenvolveram com afã. Elas eram sem dúvida doutrinas para o "saber viver", para a conduta humana, não raro bastante sensíveis ao fato de localizarem o indivíduo como um elemento um tanto que perdido, solitário, diante da rápida grandeza do Império Romano.
A linguagem das filosofias raramente calam a linguagem comum dos dias de hoje, mas é certo que algo das doutrinas acaba por permanecer, certo ou errado, no vocabulário ocidental moderno. Assim é com a noção de "amor platônico". Talvez não com o mesmo grau de popularidade dessa expressão, o "epicurismo" e o "estoicismo" também lembram, para a uma boa parte dos escolarizados atuais, atitudes características. O primeiro ligado a uma vida orgiástica, de busca do prazer, o segundo ligado a uma vida de disciplina e privação. Em ambos os casos, essas noções não condizem corretamente com o que foram o epicurismo e o estoicismo.
Diante da impessoalidade do Estado romano, da idéia de imutabilidade que ele passava aos que nele viviam, a participação política, que Aristóteles cultivou, não teve o mesmo aval para Epicuro. Aristóteles disse que a finalidade da vida era a felicidade, e Epicuro concordava com isto, mas para este último a felicidade tinha mais a ver com o prazer individual. Epicuro chegou a fazer uma classificação dos desejos naturais. Mas o que era o prazer? Nada mais que uma noção negativa. Para Epicuro ela era a ausência de dor, uma noção que, levada ao limite, trazia não o gosto pela vida, mas sim o desejo de fim da vida, uma vez que, coerente com o seu materialismo, a morte era o fim de toda consciência e, sendo assim, a completa ausência de dor ¾ o fim a ser buscado.
Quando olhamos filosofias diferentes como a de Sócrates e Epicuro à luz da morte de cada um, e do que disseram da morte, acabamos por dar razão à Nietzsche, um filósofo do final do século XIX, que disse que a filosofia é uma negação da vida, um niilismo. Pois Sócrates brindou a chegada da morte com a cicuta, e Epicuro, tendo morrido com dores, morreu sereno. Seu materialismo o fazia crer que ele ludibriaria fatalmente a morte, pois, como ele disse, quando existimos ela está longe de nós e quando ela vem já não nos encontra.
Exercício 1
Exercício com Haggar