A História dos Animes no Brasil

   Quem tem assistido TV nos últimos anos, principalmente a programação infantil, provavelmente notou a presença de certos personagens dotados de características marcantes, como gigantescos olhos arredondados e uma atitude que vai contra todos os conceitos do "politicamente correto" (ou seja, violenta). Vindos do Japão, alguns com escalas nos EUA e no México, estes personagens conquistaram legiões de fãs (crianças e adultos), e hoje não se pode mais imaginar uma bem sucedida programação infantil sem a presença dos animes, pelo menos por enquanto...
Não se sabe se esta é uma moda passageira ou não (espero que não), mas a verdade é que, em meados da década de 90, os desenhos japoneses criaram mais um segmento na área de entretenimento do Brasil. Este segmento pode crescer, e, quem sabe, tornar-se tão diversificado quanto o mercado de Anime americano, ou tão completo quanto o japonês (quem me dera).
Esse é o meu objetivo: dar ao visitante desta página o prazer de conhecer esta que pode ser a origem do mercado brasileiro de Anime.

A Volta dos Animes nos anos 90

Há quinze ou vinte anos atrás, a TV brasileira vivia em uma era de ouro para quem gostava de animes, muita sorte daqueles que, nesta época, já possuíam um dos primeiros vídeos-cassetes. Quem com pelo menos vinte anos de idade não se lembra de Super Dínamo, A Princesa e o Cavaleiro, Nimba, Sado Boa, O Judoka, Pinóquio, Sawamu - O Demolidor, Fantomas, Speed Racer, Menino Biônico, Don Drácula, Patrulha Estelar dentre muitos outros????. (Se você tem mais de vinte anos e não lembra de nenhum deles, saia da net e volte a assistir Raul Gil.) Infelizmente, isso não durou para sempre, e da metade para o fim dos anos 80, todos os fãs de anime ficaram bem perto de se tornarem órfãos da televisão, ou então tiveram que se contentar com as séries live action, como Jaspion, Jiraya e companhia. Foi com este período negro que se iniciou a era moderna dos animes no Brasil...
Neste período, que se estendeu até 1994, a animação japonesa se tornou escassa e pouco notada por aqui - deve-se deixar bem claro que os desenhos que chegavam até nossa TV não eram ruins (alguns deles eram sucessos no Japão e no exterior). E mesmo que a maioria do público e a mídia insistissem em ignorá-los, todos que conseguiam encontrar os seus "ídolos de olhos redondos" e agüentar seus péssimos horários e canais possuem muitas recordações para guardar.
Os destaques desta transição vão para a versão oriental de Peter Pan, Binski, Honey Honey, Nikki e Nekki, Robotech (mesmo com todas as alterações americanas), Transformers, o Filme (praticamente produzido pela Toei, em encomenda da Marvel) e, é claro, Zillion, que chegou e foi embora somente como material promocional de brinquedos, mas, assim como no Japão, conquistou fãs de todas as idades.
Porém, mesmo a qualidade destes desenhos não conseguiu alterar o terrível quadro em que a animação japonesa se encontrava. Na verdade, nesta época, o único anime que alcançou uma posição de destaque na mídia foi AKIRA, do hoje conhecido no Brasil, Katsuhiro Otomo, mesmo que impulsionado pelo sucesso dos seus quadrinhos. Esta foi a primeira megaprodução a demonstrar aos críticos brasileiros que os animes estão no nível das cultuadas produções da Disney, e, não raramente, são infinitamente melhores, e, em alguns casos, Akira incluído, eles são produzidos de uma forma praticamente artesanal.
Akira e Zillion, foram os únicos grandes destaques da animação japonesa até o início de 1994, quando surgiu, modestamente falando, um dos maiores fenômenos da TV brasileira... Os Cavaleiros do Zodíaco.

E surgem os Cavaleiros

Cinco jovens dotados de uma poderosa energia interior e muito potencial, unidos pela sua não menos poderosa amizade, dedicam-se à proteção da humanidade combatendo terríveis vilões, todos ansiosos para dominar o planeta na firme crença de que o seu "pulso forte" será o melhor para o mundo e a sua indefesa população. Certamente, vc já viu esta história em algum lugar.
Apesar de não ser nenhuma obra-prima, Os Cavaleiros do Zodíaco conseguiram tornar-se responsáveis pela proeza de sozinhos causarem em todo o Brasil uma fortíssima febre por desenhos japoneses. Hoje, Masami Kurumada, o autor dos quadrinhos (mangás) que originaram a série de TV, tornou-se "o deus do mangá no Brasil", e é idolatrado como tal por milhares de novos apreciadores dos heróis de olhos arredondados.
A febre dos Cavaleiros moveu milhões em bonecos, máscaras, roupas, CDs, publicações, fitas de vídeo, importações e por último, mas não menos importante, em pirataria. Felizmente, o rentável negócio dos Cavaleiros trouxe bons frutos também para os fãs de animação, pois o tamanho sucesso de Seiya e seus amigos abriu (pra não dizer escancarou) as portas e os olhos da TV brasileira para os Animes.
Depois dos Cavaleiros vieram mais Cavaleiros, só que estes atendiam por Samurais e Guardiões. Obviamente, os primeiros desenhos que chegaram aqui foram os subprodutos dos Cavaleiros do Zodíaco: Shurato e Samurai Warriors (Samurai Troopers, no original japonês). Estes, assim como o seu antecessor, contavam a história de um grupo de jovens amigos superpoderosos, sempre com toques de mitologia, nestes casos, hindu e japonesa, respectivamente.
Shurato conseguiu a façanha de conquistar o público dos Cavaleiros, mas devido à sua pequena extensão (a série possui no total míseros 38 episódios) deixou os fãs novamente órfãos (Samurai Warriors não conseguiu alcançar o mesmo sucesso com os brasileiros). Outro desenho que não emplacou muito bem, apesar de ter um nome bem forte por trás, foi Street Fighter V. Este chegou antes de Shurato e Samurai Warriors, e nem sequer exigiu esforço para ser esquecido (como esquecer o que não se conheceu ?).
Na mesma época dos subprodutos dos Cavaleiros, chegaram ao Brasil dois desenhos que partiam de uma mesma idéia (mas sem fugir muito da fórmula já conhecida, é claro): um grupo de jovens garotas estudantes, que recebiam poderes mágicos para lutar contra o Mal. Estes dois desenhos fizeram bastante sucesso no exterior, repetindo a dose por aqui: As Guerreiras Mágicas de Rayearth e Sailor Moon.
As Guerreiras Mágicas de Rayearth teve que amargar sua existência em horários ridículos, o que acabou prejudicando a sua aceitação com o público. Uma pena, pois trata-se de um ótimo desenho, talvez o melhor em exibição na TV (na época), se considerássemos a parte técnica da produção. Sailor Moon, por sua vez, conquistou a mídia, e o público tomando o lugar que, até então, pertencia ao Shurato.
Logo, não é de se espantar que Sailor Moon foi eleita como a perfeita substituta para os Cavaleiros, tanto pelo público como por aqueles que visavam o lucro com as belas pernas da garota. Além de encantar garotos e garotas em todo o Brasil, a série foi exibida por cinco anos na TV japonesa, totalizando 200 episódios (quase o dobro que os Cavaleiros), fora os especiais para vídeo e cinema, o que garantia pelo menos 2 anos de exibição sem medo de cansar o público.
Mesmo com o sucesso das "heroínas de minissaia", os desenhos "de garotos para garotos" não foram esquecidos. Assim, mais dois grandes sucessos japoneses aterrizaram em terras brasileiras. O primeiro deles: o lendário Dragon Ball. No início, esta pequenina saga, que dura mais de 10 anos no Japão, foi um pouco mal das pernas (novamente a culpada foi a emissora, como sempre), mas logo a série se firmou e conquistou fãs, ainda que não se tornasse nenhum fenômeno.
O grande sucesso, e com méritos, o novo xodó do público, no quesito "desenho de ação" é Yu Yu Hakusho, o primeiro que fugia um pouco mais da velha fórmula dos Cavaleiros. O mais impressionante em Yu Yu Hakusho é o fato de ser um bom desenho de ação que não ofende a inteligência de ninguém. O que infelizmente não se repete na maioria dos desenhos que vieram a ser exibidos em nossa TV, tanto japoneses como americanos.
Outra ótima surpresa que só se tornou realidade graças à febre dos Cavaleiros foi o aumento espantoso do número de Animes produzidos para cinema e vídeo exibidos por aqui. Os desenhos de um dos melhores artistas japoneses, Hazayo Miyazaki (Meu Vizinho Totoro, Porco Rosso), finalmente chegaram às locadoras junto a outras fitas, como a série em vídeo do Robô Gigante, os três desenhos do game Fatal Fury (só vi dois até hoje), o relançamento de dois clássicos de Osamu Tezuka (leia pai do mangá): A Princesa e o Cavaleiro, e Kimba, entre outros.
A criação do programa U.S. Mangá Corps do Brasil, onde eram exibidos somente estes tipos de produções, também mostrou ao grande público brasileiro a nata da animação japonesa. Infelizmente, a manchete ignorou o público e parou de exibir o programa (além de viver mudando o horário dos desenhos.).
No cinema, deve-se destacar dois bons longa-metragens exibidos: Street Fighter, baseado em um dos games mais famosos do mundo e uma das melhores surpresas... Durante a Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (em 1996), alguns afortunados puderam se deleitar com The Ghost in the Shell, o primeiro anime a ser considerado pelos americanos como o sucessor de AKIRA. Infelizmente, parece que esse desenho não chegou ao circuito comercial.

Tenho a esperança de que, em um belíssimo dia, o mangá e o anime conquistarão o espaço e o respeito que eles merecem, sendo reconhecidos como arte, porque realmente eles são.

 

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