-Informações Gerais-
É uma doença infecciosa aguda , causada
por um vírus RNA, arbovírus do grupo B, ou seja vírus
transmitidos por artrópodes (Arthropod Borne Viruses) do gênero
Flavivírus, família Togaviridae, podendo apresentar ciclo
urbano ou silvestre, com transmissão através de vetores alados.
É basicamente uma antropozoonose, isto é, uma doença de
animais silvestres, acometendo o homem acidentalmente,
principalmente quando participa de atividades militares em área
de selva, extrativismo vegetal, caça ou desmatamento. Ocorre no
norte do Brasil, abrangendo toda a Amazônia, acometendo cerca de
quinhentas pessoas/ano.
Diferencia-se em dois padrões epidemiológicos: o urbano e o
silvestre. O primeiro deve-se a ação de um mosquito de hábitos
urbanos, o Aedes aegypti, que transmite a doença de pessoas
doentes à uma população sensível, e que apesar de não
ocorrerem casos há mais de cinquenta anos, volta a causar temor
pela possibilidade de sua reemergência, devido intensa
proliferação do Aedes aegypti nos grandes centros urbanos do
Brasil no momento atual. O ciclo silvestre, por sua vez, é
mantido pelas fêmeas de mosquitos antropofílicos (especialmente
do gênero Haemagogos), as quais necessitam de sangue para
amadurecer seus ovos; têm atividade diurna na copa das árvores,
ocorrendo a infecção acidental do homem ao invadir o
ecossistema viral.
-Sintomas--
Após um período de incubação médio de
três a seis dias surgem os primeiros sintomas: febre alta,
cefaléia, congestão conjuntival, dores musculares e calafrios.
Algumas horas depois podem ocorrer manifestações digestivas,
tais como, náuseas, vômitos e diarréia, correspondendo à fase
em que o vírus está circulando no sangue (Período de
Infecção), evoluindo em dois a três dias à cura espontânea
(Período de Remissão). Formas graves da Febre Amarela, podem
surgir um ou dois dias, após a cura aparente, observando-se
aumento da febre e dos vômitos, prostração e icterícia
(Período de Intoxicação).Em seguida surgem outros sintomas de
gravidade da doença, tais como, hematêmese (vômito negro),
melena (fezes enegrecidas), petéquias (pontos vermelhos) e
equimoses (manchas roxas) em várias regiões da superficie
corporal, desidratação, agitação, delírio, parada renal,
torpor, coma e morte (em cerca de 50% dos casos).
O diagnóstico é essencialmente clínico, sendo que nas formas
graves, somente é obtido post-mortem, através de provas
laboratoriais para isolamento do vírus e exame
anátomo-patológico.
-História-
A partir do século XVII, essa doença dizimou vidas em extensas epidemias nesses dois continentes. No início deste século, o desenvolvimento de vacinas eficazes e a erradicação do vetor urbano, Aedes aegypti, alentaram por algum tempo a esperança de que a doença desapareceria, pelo menos no Novo Mundo. No entanto, apesar dos trabalhos realizados durante varias décadas, continuaram sendo registrados casos esporádicos em populações rurais não imunes, em decorrência do ciclo silvestre de transmissão da febre amarela.
A febre amarela silvestre é uma zoonose e, como tal, impossível de ser erradicada. Tem se mantido ativa nas zonas tropicais tanto na África como nas Américas (Mapa 1). A ocorrência da febre amarela urbana, entretanto, esta intimamente relacionada a distribuição e dispersão do Aedes aegypti. As campanhas de erradicação desse mosquito em muitas zonas urbanas da América Latina e do Caribe trouxeram como resultado a eliminação dessa modalidade da doença.
O Aedes aegypti foi eliminado do Brasil duas vezes (1955 e 1973). Foi novamente reintroduzido em 1976, através do porto de Salvador, na Bahia, de onde se dispersou para outros pontos do País, estando hoje presente em todas as Unidades da Federação. Sua dispersão atinge atualmente cerca de 3.000 municípios brasileiros.