Campinas,
Sábado 13 de Janeiro de 2001
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Dub de
protestoCom seu segundo disco,
'Community Music', o Asian Dub Foundation se firma como um dos principais grupos da
atualidade
Alexandre Matias
Nada contra o mix de política com música pop - ainda mais com o rock, uma
combinação que, quando funciona, pega na veia. Uns questionam o fato de usarem causas de
esquerda (umas mais radicais que as outras) apenas como uma espécie de marketing
artístico. Mais uma vez: nada contra. O fato dos artistas que cantam a revolução
popular não estarem realmente dispostas a tal tipo de esforço não invalida a
divulgação das causas que propagandeiam - em música, o que importa é que a mensagem
(idéia, sentimento ou lógica) seja transmitida. A esquerda sabe melhor que todos que
qualquer ponto é ponto a favor e se apenas um cidadão mudar um pouco sua consciência
através de uma banda barulhenta, o trabalho destes valeu a pena - estejam de acordo (seja
teórica ou praticamente) com a mensagem transmitida ou não.
O problema é transformar a política em fórmula. Todo mundo que tratou do assunto na
história do rock deu um jeito de fugir pela tangente ao transformar o discurso direto e
primitivo em uma oportunidade de explorar novos limites sonoros e culturais, abrangendo um
espectro maior e coerente com as diretrizes que pregam - pelo menos em caráter
artístico. Todo mundo, de Bob Dylan ao Clash, ou expandiu seus horizontes musicais para
além da base rítmica da canção inicial de protesto ou caiu em uma receita óbvia e
decifrável de criar petardos musicais e perdeu-se com o tempo. A exceção à regra
talvez sejam Bob Marley, que, com seu estilo missionário e sua visão bíblica da guerra
entre classes, transformou a resistência em religião e o protesto em oração; e Chuck
D, do Public Enemy, que sempre viu o rap como um panfleto em movimento e o microfone como
o mais potente megafone de piquete. Mas grupos como Atari Teenage Riot e Rage Against the
Machine correm o risco de cair na mesmice senão chacoalharem as bases sônicas de sua
rebeldia.
O Asian Dub Foundation corria o sério risco de entrar neste time. Afinal, sua estréia
mundial, o ótimo Rafis Revenge, de 98, é quase inteiramente composto pela mesma
fórmula musical: drumnbass de braços dados com uma guitarra ruidosa que
caminha no compasso jamaicano do reggae e um vocalista disparando um raggamufin
mal-humorado. Uma excelente estréia, mas era fácil perceber onde uma música lembrava a
outra, quais efeitos e macetes eram utilizados entre as músicas para criar a sensação
de unidade do disco. O novo disco, Community Music (WEA), quase comete o mesmo erro.
Seu começo parece seguir a mesma regra que o RATM usou do primeiro para o segundo
disco: junte duas músicas de sucesso (no caso do ADF, Buzzin e Free Satpal Ram) e
transforme em três. Real Great Britain, Memory War e Officer XX são três excelentes
filhotes do primeiro disco, só que com mais vigor nas letras. A primeira ataca os
modismos musicais ingleses e o patriotismo cego britânico vendido como grife para o resto
do mundo. Sobra pra todos: shoegazers ("nação shoegazer sempre olhando pra
trás"), britpoppers ("é hora de rejeitar a farsa dos anos 60", "novo
cool britannia? Quem você quer enganar?"), a mídia ("Murdoch She Wrote" -
troca a palavra "murder" (assassinato) pelo nome do magnata das
telecomunicações Rudolf Murdoch), Oasis ("venda a bandeira aos jovens"),
Cornershop ("sempre presos nos 45") e Tony Blair ("só a assistência de
brincadeira em seu domo do milênio"). A segunda pergunta quem é o lado bom da
história, batendo numa velha tecla: "Quem controla o passado, controla o presente/
Quem controla o presente, controla o futuro", "Livros são queimados e
documentos picados/ Casos acobertados em nome da lei/ Presidentes e realeza com a mão na
massa/ E você não saberia por 50 anos ou mais". Officer XX é um cutucão de jeito
na forma que a mídia inglesa (ou de qualquer outro país) é dominada pela elite
econômica.
Mas quando New Way, New Life parece dizer que o disco vai continuar repetindo-se até o
fim, algo diferente acontece. Em exatos dois minutos e meio de música, o grupo deixa o
jungle ragga eletrônico de lado e volta-se apenas para a sinuosidade da bela escala hindu
que abrira a canção e um turbilhão de eco deixa o vigoroso baixo de Dr. Das conduzir a
faixa. Sopros de reggae ajudam a segurar o ritmo da canção e aos poucos vamos entrando
no universo do nome do meio do grupo. Apesar da faixa retornar ao fervor inicial logo
após o interlúdio jamaicano, não tem volta: os vocais de Deeder já estão mais calmos
e a atmosfera de pulso canábico já contagiou o disco. Riddim I Like é a prova que
precisávamos para confirmar a mudança. Entre baixo, digeridoo, escaleta e beats
sintéticos, a canção é um trip hop instrumental com acento forte na psicodelia reggae,
ponteada apenas por um vocal que diz "este é o ritmo que eu gosto". A
guitarra-cítara de Chandrasonic, efeitos diversos e uma complexa mas minimal convulsão
rítmica nos convidam a uma excursão pela Índia com o Massive Attack como guia.
Riddim... é a fronteira entre o ADF que conhecíamos e sua nova mutação, um upgrade
sônico que os faz soar um misto de Primal Scream com Public Enemy nascido na Índia. É
muito bom pra ser verdade - e é. Pelo resto do disco, eles fundem as duas retóricas do
reggae - a realista, envolvida com assuntos como política, racismo, exploração e
preconceito, e a moderna, que tem o mesmo tipo de discurso só que voltado para a vertente
sônica da música. É de protesto e é dub, reclama ao mesmo tempo que explora suas
limitações a fundo, fazendo pela música uma revolução da natureza quanto a que
propõem em nível social.
Deeder continua sem carisma, parece apenas mais um raggeiro berrando no meio do pulso
de terceiro mundo que pulsa sob as letras do grupo (colidindo tablas com efeitos
jamaicanos, scratches com cordas, baixos vigorosos com enxames de cítaras). Mas ao
perceber que seu vocalista funciona mais como uma pichação na parede do que como um
agitador de massas, o grupo explora outras formas de pichação, colocando trechos falados
no lugar dos vocais, convidando gente importante como o escritor do Sri Lanka Ambalavaner
Sivanandan (autor de livros de ficção que retratam a desintegração da cultura africana
após a dominação européia pelo ponto de vista familiar e comunitário) em Colour Line,
a ativista negra e líder dos Panteras Negras Assata Shakur (exilada em Cuba desde 1984)
em Commited to Life, a amiga Catalisa no lisérgico dub hop que é Truth Hides e o qawwal
do mestre paquistanês Nusrat Fateh Ali Khan, sampleado em Taa Deem. O grupo consegue
racionalizar a nova sonoridade como "ragas e tablas eletrônicas, distorcidas e
acrescidas sons ácidos, ruído, percussão, orquestra etc., e mais coisas faladas, talvez
de fitas editadas", mas o resultado prova-se mais empolgante à medida que o disco
passa. Mas por mais que as fusões de gêneros soem forçadas, elas sempre obedecem ao
ritmo caribenho do reggae ou o compasso robótico do drumnbass, à procura
daquela psicodelia rítmica capaz de elevar a alma (cheque a excelente seqüência formada
por Colour Line, Taa Deem, The Judgement e Truth Hides). Em vários momentos, puramente
instrumentais (como Taa Deem, Riddim I Like e Scaling New Heights), conseguem ser tão
políticos quanto as letras.
Que não são nada sutis. Toda faixa tem seu alvo focalizado e fuzilado por palavras de
ordem que funcionam soltas dentro da música, como uma grande passeata onde é possível
distinguir apenas os brados escritos nas faixas. Colour Line é o fio da meada do disco e
pode ser resumida pela primeira frase dita por Sivanandan ("Hoje a linha de cor é a
linha de poder é a linha da pobreza"), seguida por outras igualmente fortes
("Não existem imigrantes ilegais, o que existem são governos ilegais",
"Negra não é a cor de nossa pele, mas da nossa política", "O FMI, o
Banco Mundial, programas de ajuste estruturais, o GATT - Acordo Geral de Tarifas e
Comércio -, são apenas algumas organizações, esquemas e projetos que sob a desculpa de
tentar ajudar o terceiro mundo, o afunda ainda mais", "Pobreza e falta de poder
são conectadas pela cor, pela discriminação racial e a exploração alimentadas entre
si e sob o capitalismo global").
A partir daí eles atacam ferozmente o FMI e o atual sistema econômico em Crash,
criticam o fato da política de "terceira via" do governo Blair simplesmente
menosprezar a educação em The Judgement, o comovente discurso de Shakur em Commited to
Life ("Serei honesta/ Odeio a guerra em todas suas formas/ Física, psicológica,
espiritual, emocional, ambiental/ (...) Queria ter nascido num mundo em que isso não
fosse necessário/ Este contexto de ser uma batalhadora, uma guerreira foi forçado sobre
mim através da opressão/ Senão, seria uma escultura, uma jardineira, uma
carpinteira"). Em outros momentos, não agridem ninguém, apenas juntam os oprimidos
em uma só voz, como New Way, New Life (que canta as tradições dos povos asiáticos),
Collective Mode ("você passa muito tempo dentro da sua cabeça/ Se preocupa muito
com o que o outro diz/ Preste atenção nesta reflexão sônica/ Torne esta desconexão em
interconexão/ Entre no modo coletivo") e Rebel Warrior, que sintetiza com exatidão
o sentimento do álbum: "Um movimento radical/ Uma estranha aliança/ A flauta e a
sirene em uníssono/ É parte da minha missão/ Derrubar divisões/ Compartimentos
mentais/ Prisões psicológicas". Não dá pra discordas - em nada.
Entrevista: Asian Dub Foundation
Muitas bandas foram chamadas de políticas,
basicamente bandas punk, tentavam comunicar uma mensagem para audiências que já eram
"convertidas", sem expor suas diretrizes para outros. O ADF, contudo, parece
cobre um espectro mais amplo de fãs, platéias que em outras situações não conheceriam
sua mensagem. Isso é intencional?
Asian Dub Foundation - Nossa intenção é sempre expor o que está acontecendo
em nossas cabeças tanto musicalmente quanto liricamente. O que acontece é que não
estamos mais no estúdio - há muito mais pessoas ouvindo. Temos literalmente uma
plataforma que usamos para nos expressar. Algumas pessoas sentirão afinidade com o que
estamos dizendo e outras não. Sempre foi importante pra nós tocar para todos, caso
contrário não haveria esperança na mudança, no fato das pessoas poderem mudar de
atitude ou serem expostas a diferentes pontos de vista. Mas, enquanto não estamos
"pregando aos convertidos", ainda é bom que as pessoas ouçam uma banda que
ecoe o que elas sentem e que seus espíritos sejam elevados desta forma - nós sabemos
como é, ainda somos fãs de música. O sentimento de solidariedade num show realmente
pode ajuda as pessoas em suas próprias batalhas.
Vocês dizem frases como "as pessoas dizem que tudo já foi feito na
música... não foi". O que vocês querem dizer com isso ou que mutações genéticas
da música o ADF vê no futuro?
Queremos dizer que há combinações inéditas de sons, pessoas e instrumentos que ainda
não foram experimentados. Não estamos advogando a fusão de estilos apenas pela fusão,
mas queremos encorajar as pessoas à experimentar, por exemplo, com instrumentos
acústicos, elétricos e eletrônicos e não "censurar" a si mesmo: "Não
devemos fazer isso porque ninguém nunca fez". Até o ano que vem iremos desenvolver
nosso sistema sonoro de novo, especialmente experimentando com nossas ragas e tablas
eletrônicas distorcidas e acrescidas de sons ácidos, ruído, percussão, orquestra etc.,
e mais coisas faladas, talvez de fitas editadas. Algumas faixas no novo disco estão
apontando nesta direção.
Vocês já fizeram tudo que queriam fazer ou há mais?
Conseguimos muito do que queríamos. Falamos sobre nossa experiência por sermos
asiáticos, ajudamos a mudar a atitude para com os asiáticos etc. Queremos desenvolver um
projeto educacional. Agora estamos querendo mais fazer e consolidar vínculos com outras
resistências e organizações - criando ou sendo parte de uma rede consciente de
informação e ativistas. Musicalmente há mais, como eu disse antes, além de
colaborações com diferentes artistas e revelar novos nomes.
Que conselho vocês dariam para quem está começando?
Sugerimos se preocupar em fazer música acima de tudo. Você tem que certificar
que as pessoas irão ouvir o que está fazendo. Encontre pessoas que tenham a mesma
mentalidade para trabalhar. Seja paciente consigo mesmo, pratique o máximo que puder,
tanto individualmente quanto coletivamente. Toque o quanto puder, mesmo que na casa de
conhecidos (fizemos muitas apresentações nas casas dos outros). Pegue toda oportunidade
de tocar ao vivo porque é assim que a música irá desenvolver e você notará o retorno
do público. Grave e documente seu trabalho o máximo que puder para monitorar seu
desenvolvimento. ADF está só mostrando PODE ser feito e O QUE pode ser feito, somos
apenas uma amostra, um exemplo.
Que tipo de mato vocês fumam pra fazer o som que fazem?
O fumo que fumamos não é diferente do de ninguém. Nosso "influxo herbático",
contudo, diminui bastante do que costumava ser e como resultado disse, estamos mais aptos
e podemos fazer shows mais energéticos. Dr. Das não fuma nada - é por isso que ele poga
tanto, apesar de ter sentido que está ficando velho pra isso.
O que vocês acham das limitações que sociedade tradicional hindu impõe para
com sua juventude, como casamentos arranjados, sexismo, tensão entre diferentes
religiões?
Algumas das coisas que você chama de "limitações" são resultados de
comunidades terem sido dispostas e arrumadas num novo país e estão tentando segurar-se
à cultura de sua "pátria-mãe". Os jovens são quem mais sofrem essas
"limitações" porque eles são a próxima geração e, por definição, são
uma continuação daquela cultura. Casamentos arranjados e atitudes em relação eles
variam de acordo com a religião, a casta, a classe, o país, a geografia etc., ou
simplesmente de acordo com as pessoas. É uma área muito grande de discussão. Não somos
nem contra nem a favor. Deve-se também fazer uma distinção entre casamentos arranjados
e forçados. Sexismo é um termo tão amplo quanto racismo e reúne abuso físico e
verbal, negação de oportunidades, estereótipos etc. Não é apenas o domínio da
"sociedade hindu" e deveria ser desafiado em todos os lugares de todas as
formas. Dentro de comunidades asiáticas como em qualquer outro lugar, as mulheres são
forçadas a mudar, seja esforços individuais ou trabalhando coletivamente em
organizações como a Southall Black Sisters aqui em Londres. Homofobia é tão
abominável quanto. Neste assunto, recentemente nos tornamos patronos do projeto Naz, uma
organização promovendo discussões em torno do vírus HIV, Aids e sexualidade gay em
comunidades asiáticas. "Tensões entre diferentes religiões" têm sido
importado da Índia e passado para nossa geração. Por que deveremos continuar estas
rixas de outra época e lugar? Um novo país deveria ser uma oportunidade para um começo
saudável. Preconceitos religiosos e de outra natureza dentro de nossa comunidade fazem
chacota nas resistências anti-racistas que estamos envolvidos.
Como estão desenvolvendo sua música? Estão tentando novas possibilidades?
Novamente, acho que já respondemos essa. Haverão mais instrumentais e trilhas sonoras
desenvolvidos por nós, mas entre os colaboradores que queremos trabalhar juntos estão
pessoas com coisas fortes a dizer. Com nossos instrumentais, continuaremos a convergir o
máximo de raiva ou alegria ou qualquer outra emoção como em qualquer coisa que já
fizemos.
O que vocês querem fazer com os workshops que vocês atuam junto à juventude
asiática?
Num sentido prático, estamos dando a estes jovens acesso à tecnologia da música e
treinando-os sobre isto, algo que em outra situação eles não poderiam ter contato.
Tentamos fazê-los auto-suficientes em termos de idéias criativas e soluções práticas
de problemas com o equipamento. Estamos os encorajando a falar sobre suas experiências
através de suas letras e a tocar música ao vivo.
Se você tivesse o poder de fazer alguma banda em particular desaparecer de
forma que o mundo nunca mais ouvisse sua música, quem seria?
Já fizemos isso - como resultado, você nunca ouvir falar neles!
Vocês cresceram fazendo música por diversão ou tinham que estar numa banda
como essa?
Foi uma mistura dos dois. Já tínhamos experiências em diferentes bandas e sound systems
ou o que ouvimos quando crescemos, então sempre gostamos de tocar e ouvir música. Tocar
em bandas, em especial tocar ao vivo, sempre foi legal, mas o ADF era algo que estávamos
desesperadamente esperando que acontecesse.
Quais são suas inspirações musicais?
A forma que Chandrasonic toca guitarra é definitivamente afetada pelo fato de seu pai
ouvir música clássica indiana e seu uso de melodias e drones hindus, mas também pelo
reggae, punk e P-Funk. Entre seus favoritos estão o jamaicano Ernest Ranglin e o primeiro
guitarrista do PiL (Sonic virtualmente parou de tocar guitarra e passou a cuidar
mais da programação quando Dr. Das pediu para entrar para o ADF). Dr. Das começou a
tocar baixo à medida que ouvia reggae até apaixonar-se pelo baixo cíclico das melodias
do dub. Ele desenvolveu seu senso de ritmo porque começou como percussionista e seu senso
melódico depois de aprender as escalas de harmonia indiana quando era jovem. Sua maior
inspiração talvez seja Robbie Shakespeare, especialmente com o Black Uhuru. Pandit G é
inspirado por DJs como Jah Shaka e sound systems jamaicanos que não se limitam a tocar
música, mas misturam freqüências de corte e reintrodução das partes finais do baixo,
usando ecos e sons malucos como sirenes ou bobagens como fitas rebobinadas. Deeder
começou a rappear desde os nove anos de idade e foi influenciado por MCs de jungle, em
especial Navigator, com quem ele colaborou em Culture Move. Outras influências são os
poetas dub Mutabaruka e Linton Kwesi Johnson e, mais recentemente, o jamaicano "sing
J" Sizzla, com seu novo estilo de ragga consciente. Sun-J continua sendo inspirado
por Roy Ayers, Fela e Femi Kuti. Sua lógica dub é influenciada pela música de Adrian
Sherwood e sua gravadora On-U-Sound.
Como você reconhece política sincera em bandas como Rage Against the Machine,
Public Enemy e Atari Teenage Riot daqueles grupos que só usam uma imagem política para
parecerem rebeldes? Ouvi falar que vocês criticaram o Clash em uma entrevista.
Se as bandas são realmente sinceras, elas irão contribuir com dinheiro para as
causas que elas defendem ou promovem em seus shows e sites etc. O Clash foi a voz das
frustrações de parte da juventude descontente inglesa e, para seu crédito, participou
do movimento Rock Against Racism. Nós não gostamos nos jornalistas preguiçosos que
continuamente nos compara com eles por sermos "punky", energéticos ou porque
temos algo para dizer liricamente. Nossas chamadas "políticas" derivam do fato
de estarem enraizadas no ativismo local, Pandit G trabalhou para um grupo que denunciava
abusos raciais da polícia no leste de Londres, por exemplo. Estamos comentando as coisas
ao nosso redor, a forma que as coisas são conduzidas e encorajando outras pessoas a fazer
o mesmo. Desta forma, nossa música tem muito em comum com as tradições populares.
Como funciona a composição das letras? Apenas um compõe tudo ou vocês
discutem entre si?
Todos entram com comentários nas letras, geralmente escrevendo num papel numa
sala depois de discutir um tema. Há casos de um ou outro trazer coisas que eles
escreveram e todos ajudam a rearranjar e a acrescentar algo. Existe a discordância, mas
é assim que idéias progridem. A música também é composta coletivamente.
O que deve acontecer pra vocês perceberem que o grupo mudou algo?
Só o retorno que temos via internet, através de comentários boca a boca e de artigos,
sentimos que já "mudamos algo". Esta é uma frase daquelas como "mudar o
mundo" que reduz as mudanças reais que acontecem nas vidas das pessoas e como elas
são afetadas por isso. Claro que seria ótimo se pudéssemos tirar alguém da cadeia num
estalo ou desafiar governos, mas isso não é verdadeiro. Mas você pode lutar contra
isso. As verdadeiras mudanças são aquelas pelas quais lutam diariamente as pessoas de
verdade e organizações rurais; é lenta, gradual e sem glamour.
TOP 10
Cada Asian Dub Foundation dá a sua lista de
maiores influências de todos os tempos:
Sun J
Yo! Bum Rush the Show - Public Enemy
Return of the Super Ape - Upsetters
Whats Going On - Marvin Gaye
Dub No Bass With My Head - Underworld
Clandestino - Manu Chao
Authority Stealing - Fela Ranson Kuti & Afrika 70
On the Linha Imaginot - Fabulous Trobadors
Echo Dek - Primal Scream
In Heat - Love Unlimited
Flute for Thought - Deepak Ram
Chandrasonic
It Takes a Nation of Millions to Hold Us Back - Public Enemy
Motowns Greatest Hits - Temptations
Heart of the Congoes - Congoes
Greatest Hits - Jimmy Cliff
Strange Celestial Road - Sun Ra
Metal Box - PiL
Mothership Connection - Parliament
Playing with a Different Sex - Au Pairs
Unknown Pleasures - Joy Division
The Very Best of - Curtis Mayfield
Deeder
Baltimore - Nina Simone
Black President - Fela Ranson Kuti
Brand New Second Hand - Roots Manuva
Qawali Party Volume 1 - Nusrat Fateh Ali Khan
On the Linha Imaginot - Fabulous Trobadors
Greatest Hits - Jimmy Cliff
Message - Cymande
Forces of Victory - Linton Kwesi Johnson
Hypocrisy in the Greatest Luxury - Disposable Heroes of Hiphoprisy
Black Woman and Child - Sizzla
The Ultimate Collection - Mutabaruka
Dr. Das
Dark Magus - Miles Davis
Learning to Cope with Cowardice - Mark Stewart & the Mafia
Red - Black Uhuru
Public Image - PiL
Black President - Fela Ranson Kuti
Forces of Victory - Linton Kwesi Johnson
Uprising - Bob Marley
Walking On - State of Bengal e Ananda Shankar
1965-1980 - Basement 5
When I Was Born for the 7th Time - Cornershop
Pandit G
Dance Hall Style (Battle of DJs) - Vários
Making Music - Zakir Hussein
Tauhid - Pharoah Sanders
Journey in Satchidanda - Alice Coltrane
Learning to Cope with Cowardice - Mark Stewart & the Mafia
Blackboard Jungle Dub - Upsetters
The Mind of Gil Scott-Heron - Gil Scott-Heron
On the Linha Imaginot - Fabulous Trobadors
Best of Nusrat Fateh Ali Khan & Party Volume 1 - Nusrat Fateh Ali Khan
Clandestino - Manu Chao |
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