Texto publicado originalmente na revista Play número 4, junho de 2002

19 EL-P
T 2000

Imagine se o roteiro do filme O Exterminador do Futuro 3 contasse como os
humanos do século 20 conseguiram reprogramar o andróide T-800 e mandá-lo
anos adiante, com o objetivo de enganar as máquinas e destruí-las por
dentro. O produtor e MC El-P é a versão b-boy deste robô, demolindo as
estruturas do rap comercial que pode levar à extinção do fator humano da
história. Com seu Company Flow, no meio dos anos 90, puxou o hip hop de
volta às origens e indo contra o gangsta bafinho de Puff Daddy, hegemônico à
época. Deu nome à gravadora Rawkus, mas caiu fora quando viu que as coisas
estavam pendendo muito para o lado financeiro. Juntou uns compadres e fundou
um coletivo/gravadora, a Def Jux que, quando começou a crescer (no final do
ano passado), teve que mudar de nome para Definitive Jux, depois de
reclamações da Def Jam. Produzindo artistas como Mr. Lif, Cannibal Ox (cuja
estréia The Cold Vein, no ano passado foi aclamado como marco zero do novo
rap) e seu próprio trabalho solo, desvendado mês passado com a estréia
Fantastic Damage. O território musical desbravado por El-P (que lança este
mês a versão instrumental de Cold Vein, o Cannibal OxTrumental) é a potência
cúbica das sirenes estridentes do Bomb Squad (a parede de som por trás do
Public Enemy). El-Producto trabalha com sons sintéticos e metálicos que em
nada lembram os grooves funky e disco sobre os quais o hip hop nasceu.
Alguém duvida que o futuro vá soar de outro jeito?
Alexandre Matias

    Source: geocities.com/trabalhosujo/txt

               ( geocities.com/trabalhosujo)