Texto publicado originalmente na revista Play número 3, abril de 2002

Muquifo Records apresenta Comp_01|02 - Orgânico | Sintético - Vários

Alexandre Matias

Problemas com credibilidade? Se associe a artistas novos. Quase sempre é
aposta cheia. Mas o buraco, no caso de Dudu Marote, é bem mais embaixo.
Afinal de contas o cara fez sua moral em torno de bandas como Skank, Pato Fu
e Jota Quest. Credibilidade, ao menos com o mainstream, o cara tem de sobra.
Mas se cogitássemos que o sujeito lançaria um selo (chamado Muquifo Records)
para descobrir a nova eletrônica brasileira, é de se pensar na espécie de
reputação o sujeito quer construir... Afinal, em seu primeiro trabalho, em
vez de abrir espaço para nomes novos de verdade, ele lança um (belo - o
disco é duplo) punhado de camaradas e compadres, gente conhecida do panteão
pop brasileiro, mas que circula pelas beiradas: é o underground do
mainstream, os artistas "quase" (por "n" motivos). Das duas dezenas de
"desconhecidos" do disco, quatro (Jupiter Apple, Flu, Anderson Noise e o XRS
Land do DJ Xerxes) têm disco lançado pela Trama, um (Dolores) já tocou no
Free Jazz, outro (Renato Cohen) tem um pé na Globo, dois (Gonzalez e Nuts)
tocam com o Planet Hemp, outro (Tejo) é produtor dos Racionais, uma (Nega
Gizza) é irmã do MV Bill... Anvil FX, Pink Freud, Bonsucesso Samba Clube,
Erik Caramello... Todo mundo muito conhecido e o cheiro é da mardita
"brodagem" que transformou independência em amadorismo... O que não tira o
mérito do conjunto, mas depõe contra os próprios princípios. Tá longe de
limpar a barra de quem produziu Adriana Calcanhoto ou Patrícia Coelho
pré-Marcos Mion. O underground, Dudu Marote bem sabe (leia a entrevista na
página 62), é mais embaixo. Mostre-o, então.

    Source: geocities.com/trabalhosujo/txt

               ( geocities.com/trabalhosujo)