Texto publicado originalmente na revista Play número 2, fevereiro de 2002

Paraíso da Fumaça - Chris Simunek

Alexandre Matias

Crianças: não existe jornalismo gonzo sem drogas. Vertente beat do new journ
alism de Norman Mailer e Tom Wolfe, o gonzo foi criado por Hunter S.
Thompson para justificar sua vontade de se entupir de substâncias
alteradoras da realidade, mas é, desde sempre, jornalismo. O assunto
principal não é o repórter, como julga uma geração online que se diz gonzo
apenas para justificar a sua vaidade e ego. Opinião é resenha, camaradas,
com ou sem primeira pessoa. Um bom exemplo de reportagem chapada é Paraíso
da Fumaça (Conrad Livros), memórias (na medida do possível) de redação de
Chris Simunek, editor de cultivo da revista High Times (a Bíblia do dedo
amarelo). Ele acompanha a turnê dos Sex Pistols, freqüenta encontros dos
Maconheiros Anônimos, de motoqueiros barra-pesada e da Rainbow Family, vai à
Jamaica em busca do "verdadeiro Bob Marley" e questiona-se sobre os rumos do
heavy metal. Fuma um monte de maconha o tempo todo, enquanto aproveita a
mostrar toda devoção à erva e elocubrar sobre o antigo caso de amor entre a
cannabis e o cérebro humano. Mas o livro é, no fim, um retrato dos Estados
Unidos aos olhos de um fora-da-lei convicto. Em todas suas viagens, Chris
foi fundo no assunto abordado para fazer o leitor ver o que ele viu com seus
olhos vermelhos. Jornalismo ganja, Paraíso da Fumaça não se desprende do
assunto e a "autoconfiança (ou arrogância?)" das pirações do autor ajudam a
desvendar um país que trocou sexo, drogas e rock'n'roll, por "Aids, a Guerra
Contra as Drogas e a MTV".

    Source: geocities.com/trabalhosujo/txt

               ( geocities.com/trabalhosujo)