Texto publicado originalmente na revista Play número 4, junho de 2002
The Very Best of Soft Cell – Soft Cell
À medida em que o tempo foi passando, tudo que era exótico e estranho no
Soft Cell (a eletrônica, o ar blasé, o pansexualismo desenfreado, o ar
claustrofóbico, beats quadrados) foi se tornando comum e corriqueiro. O
século 20 ia acabando e todo aquela atmosfera de inferninho da última noite
na Terra foi se espalhando por todo o planeta. Natural, uma vez que o grupo,
no papel da primeira dupla techno/crooner influenciou diretamente quase todo
o casamento entre pop e eletrônica que aconteceram nos vinte anos seguintes
à sua primeira vinda, na década de 80. Mas uma vez que o elemento alien
desaparece, junto vai a importância da banda? Longe disso: o Soft Cell era
tão experimental quanto radiofônico e esta coletânea só mostra que eles se
tornaram o que sempre fingiram ser: uma banda de pop perfeito num futuro
apocalíptico pós-eletrônico. Fora as artimanhas techno, sobra ao grupo o
belo e seguro vocal de Marc Almond, que convence até sussurrando versos
feitos para Diana Ross. Fora os remixes baba grudados ao final do disco,
este Very Best faz jus ao nome e à banda, que entra definitivamente para a
história, desta vez pela porta da frente. Almond e David Ball estão de volta
e prometem disco novo para este ano. Não se assustem se eles se derem melhor
que o New Order. Afinal, foram eles que começaram esta história...
Alexandre Matias
               (
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