Analisa
a importância do desenvolvimento do potencial criativo das pessoas.
Evidencia a aceitação dos fatores hereditários e biológicos.
O conjunto de influências e interações estabelecidos
nos ambientes familiares, escolares e em organizações são
importantes para o desenvolvimento da criatividade. As soluções
para problemas necessitam da criatividade e esta impulsiona novas respostas
para os mesmos. A discussão está centrada na análise
da criatividade para o desenvolvimento da sociedade, especificamente relacionada
à área organizacional, como sobrevivência e diferencial
competitivo frente a turbulências impostas pelos processos de mudanças
advindos da globalização e de avanços tecnológicos
e científicos.
O cenário social
da vida humana altera-se em ritmo acelerado. Estudos sobre o desenvolvimento
da criatividade afirmam que a mesma pode modificar os ambientes de trabalho
e as atividades das pessoas. Essas mudanças incidem sobre o uso e interpretação
da informação que é a base das idéias, e isto
só é possível por meio da educação, que
antes de tudo, deve ser criativa.
Martínez (1997),
entende que o interesse pelo estudo e desenvolvimento da criatividade tem
sido acentuado em virtude do progresso e da complexidade que a humanidade
alcançou no âmbito sócio-econômico, nas artes,
nas tecnologias e nas ciências. A necessidade do desenvolvimento criativo
pode ter surgido em função de mudanças intensas advindas
da competição globalizada que vem exigindo uma preparação
do potencial humano para atender a demanda deste novo mercado.
O mundo dos negócios
e das instituições em geral, tem se revelado interessado no
desenvolvimento da capacidade de pensar aliado também com a educação.
Pesquisas e estudos, tais como: Getzels e Jackson (1962), Kneller (1978),
Rogers (1982), Campos e Weber (1987), Isaksen (1990), Goleman, Kaufmann e
Ray (1992), Alencar (1995, 1999), Valenti (1995), Martínez (1997),
Predebon (1998), Bono (2000), foram desenvolvidos apontando a criatividade
como não sendo um atributo de gênios ou de pessoas iluminadas,
sendo possível seu desenvolvimento por meio de determinadas condições
relacionadas a fatores sociais e culturais.
As influências
ambientais, ricas em estímulos e ações vivenciais, têm
demonstrado, reconhecidamente, que o potencial criativo pode ser desenvolvido.
Como qualquer outro traço ou característica humana, a criatividade
necessita de condições favoráveis, podendo ser desenvolvidas
em diferentes níveis e intensidade. (ALENCAR, 1995).
Isaksen (1990), citando
os autores Guilford e Torrance, coloca que em termos de implicações
educacionais há dois pontos principais a considerar: a educação
pode fazer algo sobre a nutrição da criatividade, e o contexto
educacional é o mais apropriado para enfocar a pesquisa em criatividade.
Seguindo esta linha
de pensamento Alencar (1995), baseando-se em Bradley observa que a liderança
científica depende de muitos fatores como da habilidade do sistema
educacional em descobrir e encorajar o talento científico desde os
primeiros anos de ensino.
Sendo assim, a criatividade
deve ser amplamente tratada na sociedade como um Macrosistema que influencia
diretamente as condições de trabalho, na família, como
incentivadora ou inibidora do potencial criativo, por meio do reflexo da conduta
dos pais e sistema de atividades e comunicação desenvolvidas
com maior grau de tolerância e liberdade, e, na escola, no seu papel
fundamental de desenvolvimento pleno do ser humano.
O desenvolvimento do
potencial criativo é um diferencial e uma necessidade atual em qualquer
organização. Deste modo, este artigo busca elucidar as questões
da criatividade e suas implicações educacionais nos diversos
contextos, na visão de estudiosos e pesquisadores.
No
decorrer da história, houve épocas e lugares em que as pessoas
se mostravam particularmente engenhosas e criativas. Estes períodos
apresentaram uma abundância de pontos de vista, tornando-se um meio
receptivo de mudanças e uma premente necessidade de solucionar problemas.
Golemann,
Kaufmann e Ray (1992) citam o exemplo da fronteira americana; freqüentemente
eram necessárias respostas criativas, a engenhosidade era estimulada
por meio de um problema puramente prático, que podia estar relacionada
com a fronteira, fazenda ou selva, lugares onde não existiam precedentes,
manuais ou gente capaz de dar orientação, era preciso que as
pessoas jovens ou velhas buscassem caminhos em conjunto para encontrar soluções.
O marco referencial
da criatividade surge em 1950 com Guilford. Nesta conferência intitulada
creativity, Guilford (1950), proferiu uma palestra na qualidade
de presidente da American Psychological Association (APA),
em que enfatizou a negligência de estudos sobre criatividade. Relatou
o palestrante que, apenas 186 dos 121.000 artigos em psicologia tratavam
da criatividade. Este cenário se modifica um pouco e no período
de 1967 a 1984, surgem algo em torno de 5.628 citações da temática.
A partir daí, desencadeia-se um impulso em pesquisas, principalmente
nos Estados Unidos, onde este assunto passa a atrair a atenção,
não só de psicólogos, mas também de outros especialistas
como: filósofos, matemáticos, pedagogos, engenheiros e sociólogos.
(ISAKSEN,1990).
A partir deste
cenário surge um movimento criativo mundial, onde diversos centros
e universidades passam a interessar-se pela pesquisa deste tema, merecendo
destaque neste período trabalhos desenvolvidos e publicados pela universidade
da Geórgia.
Considera a
autora Martínez (1997), a criatividade um assunto complexo, até
mesma pela sua própria conceituação, que apresenta problemas
terminológicos. Segundo a Autora existem mais de 400 acepções
diferentes para o termo, além da utilização de significados
similares tais como: produtividade, pensamento criativo, pensamento produtivo,
originalidade, inventividade, descoberta e, atualmente inteligência.
O marco pioneiro
da criatividade pode ser considerado o ano de 1960, com os estudos de Getzels
e Jackson (1962), demonstrando a existência de um conjunto de traços
de personalidade associados ao pensamento divergente, que para outros estudiosos
se configura no suporte essencial da criatividade.
Pesquisas evidenciam
que os processos criativos no ser humano constituem um grande diferencial,
e isto só é possível de ocorrência num clima permanente
de autêntica liberdade mental, numa atmosfera global e estimulante,
privilegiando-se o desenvolvimento do pensamento divergente e autônomo,
exigindo-se com isto uma forma de pensar diferente da clássica educação.
Novo direcionamento passa a ter os estudos sobre a criatividade, segundo Amábile (1999), especificamente, as questões sobre influências sócio-ambientais na criatividade. Estudos até então existentes eram na grande maioria predominantemente centrados nas características da personalidade de indivíduos criativos e este novo enfoque atual dá uma perspectiva diferentes às pesquisas.
O desenvolvimento do potencial criativo tem
sido objeto de estudo de várias áreas do conhecimento: psicologia,
sociologia, filosofia, história, mas é na educação
que ela é mais apropriada para ser estudada. Conforme Predebon (1998,
p. 115), no campo da criatividade, “importa menos como nascemos do que como
nos educamos”. Isto significa que a educação tem papel fundamental
no desenvolvimento da criatividade na criança.
Torrance citado
por Isaksen (1990), dá uma especial atenção para a criatividade
em crianças, sob forma de avaliá-las, identificá-las
e em procedimentos que venham a facilitar sua manifestação
durante a infância. a experiência da criatividade na infância
é responsável pelo muito que as pessoas farão na idade
adulta, do trabalho à vida familiar.
Considerando, então, a criatividade
como parte de um processo de formação da personalidade, a família
e a escola são interações que possuem elementos essenciais.
Amabile (1999), identifica atitudes específicas que despertavam o
espírito criativo de jovens. Nas famílias que privilegiam o
tempo livre para a criança, entendendo este como um espaço
de liberdade livre de controle, a atmosfera é diferente. Pais de crianças
criativas dão-lhes uma liberdade para respirar, essa liberdade pode
representar uma colaboração e o desenvolvimento de impulsos
criativos das mesmas.
A história da ciência evidencia
casos em que um elemento aparentemente aleatório desencadeia grandes
idéias numa mente bem disposta. A importância da família
e da escola no desenvolvimento do potencial criativo é o elemento
fundamental para estimular a criatividade. (GOLEMAN; KAUFMAN; RAY, 1992).
Deduz-se pelas evidências referenciadas
que inicialmente cabe aos pais a responsabilidade em apoiar o talento e paixão
dos filhos, criando um ambiente favorável e livre de controle, com
liberdade e espaço, com respostas adequadas e claras ás perguntas
formuladas sobre todos os seus questionamentos.
Na educação
básica se resgata o exemplo de uma escola revolucionária italiana
que libera a criatividade das crianças, por meio da combinação
de dois métodos de aprendizagem, onde preferencialmente enfatizam
a espontaneidade individual e o trabalho em equipe. Comunga desta prática
todo o corpo docente, pois este tem conhecimento de que tipos de desafios
devem apresentar para diferentes idades a fim de mobilizar a energia das
crianças, envolvendo-as em projetos significativos. Uma das características
da escola é o pleno envolvimento dos pais, que se reúnem regulamente
para conversar sobre o desenvolvimento dos filhos, inteirar-se dos problemas
e propor novas idéias.(GOLEMAN; KAUFMAN; RAY, 1992).
Deveria o exemplo
da escola infantil italiana, servir para todos os tipos de escolas, nas diversas
etapas do ensino e, também, para organização empresarial.
Porque leva em conta um conjunto de influências educativas dirigidas
e estruturadas, fundamentalmente, centrado no desenvolvimento dos principais
elementos psicológicos que, Martínez (1997), apresenta como
essenciais para o desenvolvimento do comportamento criativo tais como: motivação;
capacidades cognitivas diversas, especialmente as do tipo criativo; autodeterminação;
autovaloração adequada, segurança; questionamento, reflexão
e elaboração personalizados; capacidade para estruturar o campo
de ação e tomar decisões; capacidade para propor metas
e projetos; capacidade volitiva para orientação intencional
do comportamento; flexibilidade; audácia.
Neste nível de desenvolvimento de idéias,
acredita-se ser fundamental que as instituições educacionais
devessem levar em consideração os elementos psicológicos
sobre o comportamento ideal para promover o desenvolvimento de habilidades,
visando estimular os talentos naturais das crianças e adultos procurando
prepará-los de um modo melhor para a vida. Para Becker (1994, p. 95)
“é importante uma proposta pedagógica relacional que visa sugar
o mundo do educando para dentro do mundo conceitual do educador”.
Para Isaksen
(1990), a criatividade é um recurso humano e natural, que leva a prática
educacional a lidar com o conceito em três formas básicas: incluir
criatividade no currículo existente, no ensino de pensamento criativo,
e nos perfis de solução de problemas, e ainda usar criatividade
no processo de planejamento da aprendizagem. O primeiro método inclui
aplicar nos programas institucionais, o que se conheça sobre a criatividade.
Por exemplo, a inclusão no programa, de questões e sugestões
de atividades que são favoráveis a leitura; a segunda abordagem
inclui unidades separadas de instrução, cursos ou programas
projetados para fazer emergir a criatividade. Muitos programas para estudantes
academicamente talentosos seguem esta abordagem. A terceira abordagem aplica
o uso da criatividade aos planejamentos das disciplinas.
Relevante torna-se
neste contexto citar o estudo de Martínez (1997), que agrupa as estratégias
utilizadas para a educação da criatividade em seis grupos básicos
que são: utilização de técnicas, cursos e treinamentos,
seminários vivências, jogos criativos, o desenvolvimento da
arte e modificações curriculares na solução de
problemas. Essas estratégias são descritas abaixo:
1.
A utilização
de técnicas específicas para a solução criativa
de problemas, tem maiores aplicações nos trabalhos de grupos.
as mais conhecidas e utilizadas são as técnicas de associação
livre, especificamente o brainstorming.
Para alguns segmentos estas técnicas demonstram pertinência,
essencialmente por que procura desenvolver indivíduos autodeterminados
e capazes de comportamentos criativos. (OSBORN, 1963)
2.
O objetivo da
utilização de cursos e treinamentos é o de ensinar alunos
a solucionar problemas de forma criativa, aprendendo a sensibilizar-se com
seus próprios problemas e identificar os tipos fundamentais de bloqueios
da criatividade. O trabalho pioneiro nesta linha é o de Parnes organizado
pela universidade de búfalo nos estados unidos e também experiências
interessantes foram desenvolvidas pela Universidade Católica de Milan
– Itália e nas Universidades de Santiago de Compostela e de Valência
na Espanha. (MARTÍNEZ,1997)
3.
A importância
dos cursos que ensinam a pensar tem a ver com a grande relevância das
operações cognitivas no processo criativo e com o bom nível
de desenvolvimento intelectual e a possibilidade de usar estratégias
de pensamento que rompam com esquemas rotineiros. Os autores Getzels e Jackson
(1962), Guilford (1980) e Bono (2000) são seus representantes.
4.
Um dos grandes
exemplos são os workshops e seminários que
tem a finalidade de mobilizar os elementos efetivos e motivacionais vinculados
à criatividade, liberando o indivíduo de possíveis bloqueios
por meio da interação e da capacidade de comunicação.
(MARTÍNEZ,1997)
5.
Uma das estratégias
que evoluiu de forma singular nos últimos anos foi à utilização
da arte com o objetivo específico de desenvolver a criatividade, através
de diferentes manifestações artísticas (dança,
expressão corporal, pintura, desenho, música, teatro, entre
outros). Um dos pioneiros estudos foi o desenvolvido por Maslow (1982), que
concebe que a educação por meio da arte, importante de forma
tanto para que se produza artistas ou produtos artísticos, mas para
que produza pessoas melhores.
6.
A modificação
no currículo escolar é necessário considerando por que
existem defasagens entre os avanços tecnológicos e os currículos
escolares de um modo geral. Seriam interessantes alterações
como, por exemplo, a incorporação de estratégias, como
a de solução criativa na resolução de problemas.
Algumas experiências no desenvolvimento da criatividade em currículos
e práticas pedagógicas são oriundas de países
como México, Venezuela e Brasil buscam desenvolver a criatividade
de forma explicita no processo docente. (MARTÍNEZ,1997)
Estudos apontam que
a expressão cotidiana da criatividade muitas vezes assume a forma de
uma abordagem nova de dilemas conhecidos. Se a criatividade é condição
natural da criança, o que acontece na passagem para a maturidade?
Ao retratar a história de Tereza Amábile, uma das maiores estudiosas
da criatividade organizacional, referindo-se ao jardim de infância,
teve detectado pelo professor seu potencial criativo em artes, e que ao ser
colocada numa escola rigorosa e tradicional, as coisas começaram a
mudar, tornando-a sem estímulo. Mas, na vida adulta esta pesquisadora
resgata esta passagem e, em função da inibição
deste potencial, tornou-se uma especialista conceituada no assunto, desenvolvendo
seus trabalhos como psicóloga na Universidade de Brandeis. (GOLEMAN; KAUFMAN; RAY, 1992).
Surgem questões
de como associar a criatividade e conhecer quais as implicações
da criatividade no ambiente organizacional.
A criatividade é uma das formas de
realização do ser humano, e pode ser bloqueada por diversos
fatores tanto sociais quanto culturais. Nas organizações, funde-se
com o processo de decisão e pode ser limitada pelas relações
de poder ou mesmos procedimentos que inibem o potencial criativo. Por uma
questão de sobrevivência do homem e das organizações,
este é obrigado a enfrentar e reagir ou até mesmo lutar com
o mundo, alterando este e sendo alterado por ele.
Observa-se, que nos últimos séculos,
muitos países passaram por uma tríplice transformação.
Uma primeira fase caracterizada por uma sociedade rural na qual o poder estava
centrado nas mãos dos proprietários da terra. Uma segunda fase
em que o poder se transferiu para os donos das fábricas. E uma terceira
fase, a sociedade pós-industrial, em que as idéias contam mais
do que qualquer outra coisa para as riquezas das nações. (MASI,
1998).
Valenti e Silva (1995, p. 24), apresentam
o consenso que “na crise do mundo do trabalho, aparece uma lacuna nas análises
e interpretações, no que se refere ao ser humano e suas potencialidades.
Esse lugar terá de ser ocupado por um novo homem mais consciente e
autônomo”. Pode-se dizer que existe uma grande distância entre
o interesse pela criatividade quando se compara a escola com o mundo empresarial.
Segundo Alencar (1995, p. 99), a escola se
mantém “refratária às mudanças e resistentes
a propostas que impliquem o desenvolvimento de habilidades criativas dos
alunos”. Para essa Autora, o mesmo não ocorre em nível empresarial,
pois estas organizações necessitam do potencial criativo dos
indivíduos pela necessidade de competitividade que requer a eficiência
em um cenário marcado por novas tendências impostas pelo mercado,
mudanças nas leis reguladoras do governo, novas composições
da força do trabalho e pelo próprio avanço científico
e tecnológico.
O interesse por questões que dizem
respeito à criatividade tem despertado a atenção das
organizações. Isto pode estar relacionado às características
do momento da história, em que esta passa a ser um recurso importante
na busca de soluções criativas para problemas marcados por
rápidas mudanças e por uma competição empresarial
nunca antes vivenciada.
Este tema tem
sido objeto de muitas discussões e está relacionado a fatores
que inibem a criatividade no contexto organizacional e também a importância,
de despertar a criatividade dos indivíduos. Para Amábile (1999),
em seus estudos, sufocar a criatividade é mais fácil do que
estimulá-la em nível empresarial.
Estudos recentes têm demonstrado a importância
da criatividade nas grandes empresas mundiais, segundo o sociólogo
Masi (1998), a inflexibilidade da burocracia e a interminável jornada
de trabalho são prejudiciais à criatividade; para o Autor,
a escola e a família preparam apenas para o trabalho, para desenvolvimento
do potencial criativo é necessário que os empregados tenham
mais tempo livre para esta atividade.
Na relação
de empresas e negócios, Amábile (1999, p. 114), considera que
as práticas gerenciais que estimulam a criatividade dividem-se em
seis categorias gerais, que são: desafio, liberdade, recursos, características
dos grupos de trabalho, encorajamento da supervisão e apoio organizacional.
Para a Autora, as práticas gerenciais que comumente podem matar a
criatividade são: “não dar aos funcionários trabalhos
adequados, os resultados acabam sendo insatisfatórios para todos;
a mudança ou falta de definição clara de objetivos,
prazos falsos ou impossíveis de cumprir; falta de elogios a esforços
criativos dos subordinados”. Estes fatores acima elencados como prejudiciais,
são consenso para os estudiosos Amábile (1999) e Masi (1998).
Desta maneira,
para se construir uma organização criativa, são necessárias
práticas gerenciais que estimulem a criatividade, que haja incentivo
na família e que a escola possibilite o desenvolvimento deste potencial.
Com base nas idéias de Maslow, Predebon (1998, p. 34) menciona que
a criatividade é característica da espécie humana, destacando
que “o homem criativo não é o homem comum ao qual se acrescentou
algo; o homem criativo é o homem comum do qual nada se tirou”.
Portanto, sempre será necessário constituir
um ambiente no qual a criatividade não seja coibida, mas sim estimulada,
difundida e ampliada. as bases estão em constituir ambientes tanto
familiares, educacionais, profissionais, culturais para que se possa aflorar
o indivíduo em sua essência – um ser humano.
A criatividade
é um processo em que se utiliza um conjunto de habilidades mentais
que não são patrimônios exclusivos dos inspirados. Nas
organizações, a criatividade pode ser um risco ou uma expectativa,
em que as pessoas procurarão jogar com novas idéias. Se, por
um lado, essa cultura não for difundida do ser criativo, será
considerado um risco, um fator que poderá desencadear problemas políticos
e territoriais. Bono (2000), menciona que os processos criativos no ser humano
constituem um grande diferencial, e isto só pode ocorrer num clima
de permanente e autêntica liberdade, numa atmosfera global e estimulante.
É importante
ser criativo no mundo empresarial, pois há carência de trabalhadores
de mente independentes, que queiram correr o risco de falar e se sintam livres
para responder com imaginação a uma mudança. A criatividade
exige que a cultura empresarial encoraje a expressão mais livre e
segura daquilo que, às vezes, pode ser irritante ou inovador. Também
se exige que as pessoas se organizem em equipe para colaborar (GOLEMAN; KAUFMAN;
RAY, 1992).
Nota-se que os países mais avançados, e com
visão de futuro, têm dispensado atenção e tirado
proveito sistemático deste tema, o que não acontece lamentavelmente
no Brasil. A educação brasileira pouco tem acompanhado o avanço
a ela imposto, como expressa Alencar (1995b, p. 7), que “apesar de vislumbrar
um novo milênio, a nossa escola qualifica o indivíduo apenas
parcialmente para a vida moderna, uma vez que o ensino continua praticamente
nos moldes da primeira metade do século, com ênfase na reprodução
e memorização do conhecimento”.
Espera-se que esta reflexão sobre a criatividade
auxilie e seja vista com seriedade pela família, pela escola e pelas
demais organizações, e que as mesmas propiciem ambientes adequados
para se colocar em práticas estratégias para o desenvolvimento
deste potencial, por meio de ações pedagógicas, do trabalho
docente e de métodos de ensino inovadores. Quanto às organizações
empresarias espera-se que elas despertem e preparem os seus recursos humanos
necessários para acompanhar as exigências de um mundo criativo
e responsável pelo que se faz, como se faz e principalmente pelo que
permite pensar diferente e possibilitar o ambiente de incentivo e desenvolvimento
da criatividade humana.
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CREATIVE DEVELOPMENT IT IMPORTANCE
WITHIN EDUCATIONAL AND ORGANIZATIONAL ENVIRONMENT
Analyze the importance of people creative potential development
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are important for the development of the creativity. It considers the solutions
for the problems if show quickly inadequate and the creativity can give some
answers for the same ones. From there, it centers the discussion in the analysis
of the creativity for the society development, specifically related to the
organizational area, as survival and competitive differential front the turbulence
imposed for the happened processes changes because the globalization and
scientific and technological advances.
Keywords: Creativity,
Organizational Environment, Education.
__________________________________________________
Marli Dias De
Souza Pinto
Programa
de Pós Graduação em Engenharia de Produção
-
Universidade Federal de Santa Catarina
Mestre
em Administração pela Universidade Federal de Santa Catarina
E-mail:
marli@eps.ufsc.br
Ursula Blattmann
Doutora
em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa
Catarina
Mestre
em Biblioteconomia pela Pontifícia Universidade Católica de
Campinas
Professora
do Departamento de Ciência da Informação
Universidade
Federal de Santa Catarina
E-mail: ursula@ced.ufsc.br
__________________________________________________
Revista ACB: Biblioteconomia
em Santa Catarina, Florianópolis, v.7, n.1/2, p. 59-72, jan./dez.2002