AO LEITOR
A direcção das almas é
uma das mais delicadas missões. Mas, torna-se ainda mais exigente e é de maior
responsabilidade, quando a alma dirigida é uma daquelas chamas que Deus acende
para colocar sobre o candelabro, a fim de que sirvam de luz aos outros.
É esta a convicção que se me arreigou –e que em muitos,
se vai arreigando cada vez mais- a respeito da Alexandrina Maria da Costa.
Estando, em 1944, a substituir o Rev. Padre Mariano
Pinho, S.J., no cargo de director desta alma, podendo testemunhar então a sua
rara virtude, tive a feliz inspiração de recolher a documentação mais abundante
possível para um estudo pessoal.
Pouco a pouco, pórem, fui considerando aquela inspiração
como um dever de consciência para com Deus, Autor de toda a virtude, e para com
o mundo das almas, necessitado de estímulo para o bem.
Foi assim que, durante onze anos, se foram amontoando nas
nossas gavetas quase cinco mil páginas, escritas à máquina com jubilosa fadiga
pelos Salesianos, que copiaram <ad litteram> as coisas que a Alexandrina
ditava à sua irmã, ao autor destas páginas ou à Professora de Balasar.
Conservo este monte de escritos como um precioso
monumento da obediência da Alexandrina e da irmã para com os directores
espirituais.
Não podendo utilizar toda a correspondência da
Alexandrina ao seu primeiro Director, parece-me, porém, que as cartas de três
anos, que estão em meu poder, são suficientes para delinear os primeiros passos
da sua ascensão na vida contemplativa.
O leitor dirá se uma pessoa, que frequentou somente a
primeira classe, podia inventar uma história tão bela e de tão alta mística sem
a haver vivido antes.
Ele dirá ainda se errei no juízo formulado sobre a vida
íntima desta minha filha espiritual, embora o veredicto mais tranquilizador o
esperemos todos, ansiosos e submissos, da verdadeira Mestra, a Igreja.
Enquanto me sinto grato para com aqueles que de qualquer
modo me ajudaram a recolher os documentos e a rever este livro, apresento
reverentemente os meus agradecimentos a Sua Eminência o Cardeal Patriarca de
Lisboa, pela compreensão e apoio moral de que sempre foi paternalmente generoso.
Um agradecimento ainda mais vivo pelas palavras ambicionadas com que agradeceu
a dedicatória, que senti o dever de apo à biografia desta alma pertencente à
nobre Nação de que Sua Eminência é ornamento preciosíssimo.
Ao Coração Imaculado de Maria confio com humilde e
fervorosa prece a semente e a colheita destas páginas ricas de dolorosas
imolações, e, assim o espero, fecundas de vida para as almas de tantos irmãos.
O AUTOR
Turim, 11 de Fevereiro de 1957
Festa
da Aparição de Nossa Senhora em Lourdes.