Fátima e Balasar
Duas
terras irmãs
3.a
Edição
(Com
aprovação eclesiástica)
EDIÇÃO
CAVALEIRO
DA IMACULADA
Unir os nomes destas duas localidades –Fátima e Balasar- não é coisa
arbitrária e sem fundamentada motivação.
É antes fruto dum estudo documentado e dum conhecimento directo dos
acontecimentos lá ocorridos.
A relação Fátima-Balasar foi-me confirmada pela carta que a Serva de Deus
Alexandrina Maria da Costa escreveu ao sacerdote P. Mariano Pinho, S.J., que me
precedeu na sua direcção espiritual. Ela escreve-lhe em 3 de Novembro de 1953:
“O Cardeal (D. Manuel Cerejeira), há dias, enviou-me palavras de conforto,
dizendo-me que inaugurando a Basílica de Fátima, pensou em Balasar, e me
colocou sobre a patena, oferecendo-me como vítima pelos pecadores, juntamente
com Jesus.”
O mesmo Cardeal Cerejeira, ao segundo director da Serva de Deus, que lhe
enviara este livrinho Fátima e Balasar, escrevia no dia 12-10-1975: “Já o passei
rapidamente e não me canso na contemplação deste mistério, que associa e
mutuamente confirma os dois centros da difusão. O Céu ajuda-o”. A quando da sua
morte, um jornal do Patriarcado publicava: “O último livro que o Cardeal leu,
foi “Cristo Gesú in Alexandrina”, do P. Humberto Pasquale, edição italiana
extracomercial, com a autobiografia da Serva de Deus de Balasar”.
Procurarei pôr em evidência os fios do trama celeste, que ligam os dois
nomes e os protagonistas da extraordinárias revelações.
As convergências seria muitas. Exporei as essenciais, como me é consentido
por um trabalho de divulgação.
Não receio afirmar que os privilegiados mensageiros, ignorando-se
mutuamente, se completam na sua missão.
Assim Balasar aparece, dum modo evidente, como uma explicação, uma
acentuação e um complemento de Fátima.
Faço votos para que a maravilhosa mensagem das duas localidades constitua
apelo a uma vida sempre mais cristã e um convite à reparação, hoje mais
necessária do que nunca.
Que esta documentação infunda nos seus leitores a certeza de que o Céu não
abandonou a terra, mas continua ainda e sempre a sua obra de amor para com
todos nós.
Fátima, no centro de Portugal, era uma pequena paróquia perdida entre as
montanhas. Tornou-se famosa em todo o mundo, graças à voz e aos factos de três
meninos, pobres e analfabetos, de quem o Céu se serviu para chamar os homens a
Deus.
A aldeia está ganhando fama mundial, graças ao nome da Serva de Deus
Alexandrina Maria da Costa, que viveu na prática de virtudes heróicas e dotada
de excelsos dons místicos.
Nasceu em sexta-feira santa, 30 de Março de 1904, e voou para o Céu em 13
de Outubro de 1955, aniversário da última aparição de Nossa Senhora aos
Pastorinhos de Fátima. Mimos divinos, sem dúvida, considerando o impulso extraordinário
que a Alexandrina deu, durante toda a sua vida, ao veemente apelo da Virgem em
favor dos pecadores.
Aos catorze anos, para defender a sua pureza das perversas intenções dum homem
que se introduzira em sua casa, lançou-se duma janela abaixo, à altura de
quatro metros do solo.
Uma mielite na coluna vertebral, depois de seis anos de sofrimentos, em 14
de Abril de 1925 imobilizou-a, consumindo-a, durante trinta anos, num doloroso
martírio.
Nessa forçada solidão, em 1928, a Alexandrina consagrou-se aos Sacrários
eucarísticos para reparar as profanações e o abandono em que é deixado Jesus.
Dizia-Lhe nas orações da manhã:
“Ó meu Jesus, eu me uno em espírito neste momento e deste este momento para
sempre a todas as santas Missas que de dia o de noite se celebram na terra.
Jesus, imolai-me conVosco ao Eterno Pai pelas mesmas intenções que Vós mesmo
Vos ofereceis”.
E a Nossa Senhora dizia todos os dias: “Ó Mãezinha, abri-me os vossos
santíssimos braços, tomai-me sobre eles, estreitai-me ao vosso santíssimo
Coração, cobri-me com o vosso manto e aceitai-me como vossa filha muito amada,
muito querida, e consagrai-me toda a Jesus. Fechai-me para sempre no seu Divino
Coração e dizei-Lhe que O ajudais a crucificar-me, para que não fique no meu
corpo nem da minha alma nada por crucificar... Ó Mãezinha, fazei-me humilde,
obediente, pura, casta na alma e no corpo. Fazei-me um anjo; transformai-me
toda em amor, consumi-me todas nas chamas do amor de Jesus”...
Movida pelo Espírito Santo, sem saber como, ofereceu-se ao Senhor como
vítima “preocupada somente em consolar Jesus e salvar-lhe as almas dos pobres
pecadores”.
Neste período (1928-1929), quando perguntava a Jesus o que devia fazer,
ouviu repetir várias vezes: “Sofrer, amar, reparar”.
Em 1924, o Senhor pediu-lhe expressamente para se dar a Ele, a fim de ser
crucificada à sua semelhança. Volvido um ano, recebeu de Jesus a ordem de pedir
ao Papa a consagração do mundo ao Coração de Maria.
Desde Outubro de 1938 até à morte, isto é, durante dezassete anos, sofreu a
Paixão física de Jesus (isto é, com sinais externos) e depois a sua Paixão
íntima.
Durante este período, todas as sextas-feiras, do fim de Março de 1942 até
25 de Dezembro de 1953, Alexandrina teve um êxtase falado em que Jesus, através
dos seus lábios, lançava ao mundo dos pecadores apelos ardentes de conversão.
Privada do seu primeiro director (1934-1941), da Companhia de Jesus, foi
dirigida durante quatro anos (1944-1948), por um Salesiano. Este a inscreveu
entre as Cooperadoras Salesianas (15-8-1944) e em 1946 entre as “Lámpadas
Vivas”, com o seu centro directivo em Milão (Itália).
Em 27 de Marzo de 1942, a Serva de Deus deixou de se alimentar; viveu
durante 13 anos e sete meses, isto é, até à morte, somente da Eucaristia. O
facto foi confirmado pela ciência médica.
Nos dois últimos anos foi visitada por muitos milhares de pessoas, a quem
ela falava, nos dias de maior afluxo, através dum microfone, com uma força e
uma unção impressionantes. Só Deus sabe as conversões obtidas. Delas se
conservam numerosos testemunhos nos arquivos de Balasar.
A sua missão de atrair almas a Deus continua ainda hoje. Instrumento de tal
chamamento é a legenda que ela escreveu para o seu túmulo:
“Pecadores, se as cinzas do meu corpo podem ser-vos úteis para vos salvar,
aproximai-vos, passai sobre elas, calcai-as até que desapareçam, mas não
pequeis mais, não ofendais mais o nosso Jesus!
Pecadores, tantas coisas queria dizer-vos! Não me chegaria este grande
cemitério para escrevê-las todas.
Convertei-vos! Não ofendais a Jesus, não queeirais perdê.lo eternamente!
Ele é tão bom! Basta de pecado! Amai-O! Amai-O!”
A sua biografia foi traduzida em várias línguas. As peregrinações de várias
nações ao quartinho onde se imolou e ao seu sepulcro, aumentam de ano para ano,
e as graças a ela atribuídas são numerosíssimas.
A sua irmã Deolinda escrevia já em 1957 ao director espiritual salesiano:
“Parece que não passa um dia sem que eu veja pessoas a rezar junto da campa de
Alexandrina. Sobretudo ao domingo e nos dias treze de cada mês há autênticas
peregrinações... Há uma grande sala junto do cemitério cheia de ex-votos”.
Em 14 de Janeiro de 1967 foi aberto o processo sobre as virtudes e fama de
santidade da Serva de Deus. Foi
encerrado e enviado a Roma em 10 de Abril de 1973.
Na sessão de encerramento do processo, o Arcebispo de Braga agradeceu a
todas as pessoas “que contribuiram para esta obra fatigante e difícil”,
acrescentando: “Mas os instrumentos deste trabalho, feito em comum com tantos,
são sobretudo os Salesianos.
Alegro-me com eles e agradeço-lhes. Alegro.me porque, Alexandrina era
também Cooperadora Salesiana; agradeço-lhes, porque ela era desta diocese: glória
desta diocese”.
No Outono de 1916, os três pastorinhos, na vertente da colina “Cabeços”,
depois da merenda, rezavam o Rosário, senão quando viram, numa nuvem luminosa,
um Anjo, tendo na mão um cálice... Deixando o Cálice e a Hóstia suspensos no
ar, o Anjo prostra-se ao lado deles e três vezes lhe faz repetir:
“Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, ofereço-Vos o
preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos
os Sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças,
com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Santíssimo
Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres
pecadores”.
A Lúcia interroga certo dia o pequeno Francisco:
-Mas que estás aquí a fazer tanto tempo?
-Estou a pensar em Deus que está tão triste, por causa de tantos pecados!
Se eu fosse capaz de Lhe dar alegria!
Quando, já muito doente, Lúcia lhe pergunta:
-Francisco, tu de que gostas mais? De consolar a Nosso Senhor ou converter
os pecadores, para que não vão mais almas para o inferno?
-Gostava mais de consolar a Nosso Senhor. Não reparaste como Nossa Senhora,
ainda no último mês, se pôs tão triste, quando disse que não ofendessem a Deus
Nosso Senhor, que já está muito ofendido? Eu queria consolar a Nosso Senhor e
depois converter os pecadores, para que não O ofendessem mais.
O pequeno pastorinho, para consolar a Jesus, passava horas e horas
prostrado sobre o solo em profunda oração. Quando Lúcia começou a frequentar a
escola, ele, tendo sabido que Nossa Senhora viria breve para o levar para o
Céu, durante as aulas preferia entrar na igreja e fazer companhia ao Senhor
“Escondido”, como costumava chamar a Jesus Eucaristia.
Jesus diz à Alexandrina, nos anos 1934-1935: “Escreve que eu quero que se
pregue a devoção aos Sacrários; que quero que se acenda nas almas a devoção
para com estas prisões de Amor...”.
“Queres consolar-Me? Vai aos Sacrários... Estou nos meus Sacrários tão só,
Tão desprezado, abandonado, ofendido,,, Eu estou encarcerado e encarcerado por
amor...”.
“Não acreditam na minha existência: não acreditam que Eu ali habito.
Blasfemam contra Mim”.
“Outros crêem, mas nào Me amam e não Me visitam; vivem como se Eu não
estivese presente... Escolhi-te para Me fazeres companhia nesses pequenos
refúgios; tantos, que são tão pobrezinhos!... Mas dentro deles, que riqueza! Aí
está a riqueza do Céu e da terra...
“Faze com que Eu seja amado por todos no meu Sacramento de Amor, o maior
dos Sacramentos, o maior milagre da minha Sabedoria (Das cartas ao seu primeiro
Director).
Mas a Serva de Deus havia já alguns anos que vivia espiritualmente unida a
Jesus Sacramentado.
Ela conta que em 1928, “enquanto pensava em Jesus no Sacrário”, disse-Lhe
assim:
“Meu bom Jesus, Vós preso e eu também. Estamos presos os dois. Vós preso
para meu bem e eu presa das vossas mãos. Sois Rei e Senhor de tudo e eu um
verme da terra. Deixei-Vos ao abandono, só pensando neste mundo que é das almas
perdição. Agora, arrependida de todo o coração, quero o que Vós quiserdes e
sofrer com resignação. Não me falteis, bom Jesus, com a vossa protecção”.
Em 1930 conta:
“Fazia a Comunhão Sacramental poucas vezes (não ousava pedir ao Pároco
que lhe levasse Jesus com o temor de incomodar), mas vivia unida a Jesus o
mais possível. Para honrar a Jesus e a Mãezinha do Céu, escreveu sobre
bocandinhos de papel e imagens esta oração:
“Ó meu querido Jesus, queria-Vos ir visitar aos vossos Sacrários, mas não
posso, porque a minha doença me obriga a estar retida no meu querido leito de
dor. Faça-se a vossa vontade, Senhor; mas ao menos, meu Jesus, permiti que nem
um momento passe sem que eu vá em espírito dizer-Vos às portinhas dos vossos
Sacrários: -Meu Jesus, quero-Te amar! Quero abrazar-me toda nas chamas do vosso
amor e pedir-Vos pelos pecadores e pelas almas do Purgatório”.
Na capa dum livrinho, em Maio de 1930, escreveu: -“Ó minha amada Mãe do
Céu, vinde apresentar ao vosso e meu Jesus nos meus Sacrários, as minhas
orações e tornai mais eficazes os meus pedidos. Ó Refúgio dos pecadores, dizei
a Jesus que quero ser santa”.
Toda a vida da Alexandrina decorre à luz dos Sacrários eucarísticos. Os
documentos a este respeito são unumeráveis. Jesus podia dizer-lhe em 5 de
Janeiro de 1952:
“... Minha filha, luz e estrela eucarística... Fui Redentor, morri para dar
o Céu às almas, fiz-me o alimento das mesmas. Criei-te para de tal forma te assemelhar
a Mim. Escolhi-te para vítima, para continuares a minha obra redentora. Pus no
teu coração o amor, a loucura pela Eucaristia. É por ti, é à luz deste fogo,
que deixaste atear, que muitas almas guiadas por esta estrela por Mim
escolhida, levadas pelo teu exemplo, se transformarão em almas ardentes, almas
verdadeiramente eucarísticas. Aí do mundo sem as minhas vítimas, sem hóstias
coMigo continuamente imoladas”.
Em outra ocasião, Jesus pedia-lhe: “Procura-Me almas que te substituam
junto dos meus Sacrários depois da tua morte”.
Nas suas últimas disposições:
“Quero ser enterrada, se puder ser, de rosto virado para o Sacrário da
nossa igreja. Assim como na vida anseio por estar junto de Jesus Sacramentado e
voltar-me para o Sacrário as mais vezes possíveis, quero depois da minha morte
continuar a velar o meu Sacrário e manter-me voltada para Ele”.
No estio entre Julho e Agosto de 1916, os três Pastorinhos, à hora da
sesta, encontravam-se no quintal da Lúcia a brincar junto ao poço, quando
repentinamente viram ao seu lado o mesmo Anjo, que lhes disse:
-“Que fazeis? Orai muito! Os Corações de Jesus e Maria têm sobre vós
desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e
sacrifícios... de tudo que puderdes, oferecei a Deus sacrifícios em acto de
reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e súplica pela conversão dos
pecadores. Atraí assim sobre a vossa Pátria a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda,
o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai com submissão o sofrimento
que o Senhor vos enviar”.
Sobre os inocentes Pastorinhos de Fátima, como disse o Anjo, o Céu teve
desígnios de misericórdia, enquanto os tornou participantes duma mensagem de
salvação.
Mas à Alexandrina Jesus dizia mais:
“... És um canal por onde hão-de passar as graças que Eu hei-de distribuir
ãs almas e pelo qual hão-de vir as almas a Mim”. (4-10-1934). E explicava:
“Tu estás nos meus Sacrários de todo o mundo... Lá podes servir-Me como
vítima pelos pecados do mundo, neste tempo em que o mundo se revolta contra Mim
e contra a Minha Igreja” (8-11-1934)
Isto devia realizar-se através duma mística união da Serva de Deus aos
sofrimentos redentores de Jesus e de sua bendita Mãe.
Balasar torna-se assim uma revelação eloquentíssima e extraordinária do
amor do Coração de Jesus e do Coração Imaculado e doloroso de Maria.
Esta breve documentação o confirma:
“Minha filha, enche-te, conforta-te, prepara-te para mais dar. Dá-Me
reparação, pede ao mundo reparação, para o meu Divino Coração, e para o da
minha bendita Mãe. Pede ao mundo reparação para aplacar a Justiça divina”
(19-5-1950).
“Dá-Me a tua dor, não só para sarar o meu Divino Coração, mas também o da
minha Bendita Mãe. E permite-Me ficar ainda por mais tempo no teu coração a
espada e os espinhos que feriram O d’Ela. São as blasfémias proferidas contra a
Raínha do mundo” (12-5-1950).
“Se não fora a minha ignorância, quantas coisas eu poderia dizer, quantas
provas eu podia dar do grande amor... que Jesus nos tem. Mas para vergonha
nossa, se não fora a minha ignorância, quanto eu poderia dizer da dor pungente,
da dor dilacerante que tem o Coração Divino de Jesus é tão grande como Deus.
É ele mesmo todo, todo Amor!... Mas a dor é grande como a terra, mas chega
até Ele, poder infinito, grandeza infinita, a transformar-se em dor infinita”
(7-7-1950).
“Nesta mútua união de dor, amor e agonia, Jesus expirou. Pareceu.me que o meu
corpo tenha ficado sem alma. Passou um pouco de tempo nesta separação. Depois
recebi de novo a vida e ouvi a voz de Jesus:
“Compadecei-vos, compadecei-vos dos Corações dolorosíssimos de Jesus e
Maria... Tende dó... É infinita a sua dor. Reparai, reparai por tantos crimes e
iniquidades... Minha filha... A tua vida é a minha: é a vida de Cristo
Crucificado. Eu fui vítima... Fui vítima da humanidade com a minha bendita Mãe.
Tu continuas a sê-lo com Ela e coMigo. É a razão porque assim sofres”.
No diário de 1 de Outubro de 1954, Alexandrina deixou escrito: “... veio
Jesus e, num impulso, o seu amor fortaleceu-ma mais e falou-me assim: “Vem,
minha filha: Eu estou contigo. Está contigo o Céu com toda a fortaleza”.
Neste momento, pela Chaga do seu Divino Coração saiu um clarão tão grande e
uns raios tão luminosos que irradiavam tudo.
Pouco depois, de todas as suas Chagas divinas saíram raios que me vinham
trespassar os pés e as mãos! Da sua sacrossanta cabeça para a minha passava-se também
um “sol” que me trespassava todo o cerébro.
Falando do primeiro clarão e raios que saíam do seu Divino Coração, disse
Jesus com toda a clareza:
“Minha filha, à semelhança de Santa Margarida Maria, eu quero que
incendeies no mundo este amor tão apagado nos coraçóes dos homens. Incendeia-o,
incendeia-o. Eu quero dar, Eu quero dar o meu Amor aos homens. Eu quero ser por
eles amado. Eles não mo aeitan e não Me amam. Por ti quero que este amor
seja incendiado em toda a humanidade, assim como por ti foi consagrado o mundo
à minha Bendita Mãe. Faze, esposa querida, que se espalhe no mundo todo o amor
dos nossos Corações.”
“Como, Jesus? Como? Trabalhar dessa forma, se ele não é aceite por Vós,
como hão-de os homens recebê-lo por mim?”
“Com a tua dor, com a tua dor, minha filha! Só com ela as almas ficam
agarradas às fibras da alma e depois se vão deixar os corações incendiar no meu
amor.
Deixa que estes raios da minhas Chagas divinas vão penetrar nas tuas chagas
escondidas, nas tuas chagas místicas”.
A reforma litúrgica, a seguir à celebração da solenidad do Sagrado Coração
Imaculado de Maria: Coração que acolheu a Palavra de Deus e a fez desenvolver
em sumo grau. Há uma afinidade surpreendente entre o Coração de Jesus e o de
Maria. O Coração de Jesus é sacratíssimo, porque nele habita a plenitude da
Divindade; o Coração de Maria é Imaculado e Doloroso, e é templo “digno” do
Espírito Santo (oração colecta).
Há uma afinidade surpreendente também nos símbolos com que os dois Corações
se manifestaram: o primeiro em Paray-le Monial (1673-75); o segundo em Fátima e
em Pontevedra (1917-1925); o terceiro em Balasar (Coração trespassado por
espadas).
Em Jesus: chamas, coroa de espinhos, Coração aberto; as chamas indicam o
amor; a coroa de espinhos, o sofrimento; o Coração aberto, a fonte de graças;
do lado aberto de Cristo, como duma fonte, nasce a Igreja.
Igualmente em Maria: chamas, ramo circular de espinhos, espadas, amor e
dor.
O Coração de Jesus foi aberto pela lança. O de Maria, pela espada da doar.
Dois Caorações estreitamente unidos num único sacrifício de amor redentor e
santificador.
Nossa Senhora em Fátima disse: “Os pecados que ofendem ao Senhor ferem
também o meu Coração de Mãe”.
E a Alexandrina confirmou isto misticamente durante dezassete anos, no seu
corpo e na sua alma.
Nas seis aparições, Nossa Senhora recomendou aos três Pastorinhos que
rezassem todos os dias o Rosário com devoção, como pouco antes haviam feito, mas
que o rezassem para obter a paz do mundo (primeira aparição, Maio-1917).
Na segunda aparição, exprimiu-se assim: “Quero que venhais aqui no dia 13
do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa
Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela
lhes poderá valer”.
Em julho, no dia 13, Nossa Senhora insistiu: “Quero que venham aqui no dia
13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de
Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque
só Ela lhes poderá valer”.
Em 19 de Agosto, no lugar dos Valinhos, a Virgem ordena: “Quero que
continueis a ir à Cova da Iria no dia 13 (não haviam ido naquele mês, por
estarem presos) e que continueis a rezar o Terço todos os dias... Em
Outubro, farei um milagre para que todos creiam nas minhas aparições... Virá S.
José com o Menino Jesus para dar a paz ao mundo. Virá também Nosso Senhor para
abençoar o povo”.
Em 13 de Setembro, a SS. Virgem disse aos Videntes que perseverassem na
recitação do Rosário, para alcançarem o fim da guerra, e renovou a promessa da
vinda de S. José e do Menino Jesus.
Em 13 de Outubro, a Visão finalmente declara que era: “Quero dizer-te que
façam aqui uma capela em minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que
continuem sempre a rezar o Terço todos os dias. A guerra vai acabar e os
militares voltarão em breve para suas casas”.
Tomando depois um aspecto triste, com voz suplicante, acrescentou: “Não
ofendam mais a Deus Nosso Senhor, que já está muito ofendido!”
A Irmã Lúcia comenta que “as palavras de Nossa Senhora, que mais
profundamente nesta aparição lhe ficaram impressas no coração, foram aquelas
com que a nossa Mãe do Céu pedia que não se ofendesse mais a Deus Nosso Senhor,
que já está muito ofendido. Que amorosa lamentação ela contêm e que terna
súplica! Oh como desejaria que ressoassem por todo o mundo e que todos os
homens, filhos desta Mãe Celeste, escutassem a sua voz!”
A Alexandrina escreve no seu diário em 1 de Outubro de 1949: “Veio a
Mãezinha; cobria-A manto branco e doirado; tomou-me para os seus braços,
acariou-me e enrolou-me nas minhas mãos o Rosário que pendia das suas e deu-me
e enrolou-me nas minhas mãos a cruz que o rematava, depois de a beijar: -Minha
filha, eu sou a Virgem do Rosário. Esou contente contigo por aconselhares a
rezarem ao menos o Terço em minha honra. Continua: é devoção de salvação. O
mundo agoniza e morre no pecado. Quero oração, quero penitência. Enrola, minha
filha, neste meu Rosário os qsue amas e são teus, porque também Eu os amo e
Jesus os ama.
Enrola os que às tuas orações se recomendam, enrola o mundo num molhinho o
como Eu a ti te enrolei, estreita-o ao teu coração, como Eu a ti te abracei”.
Na manhã do dia 13 de Outubro, dia da sua morte (será um simples acaso
esta data que recorda a última aparição de Fátima aos três Pastorinhos?), Alexandrina
foi visitada por um grupo de pessoas amigas, entre as quais o irmão do Cardeal Cerejeira.
Não pôde dizer mais nada senão estas palavras:
“Adeus, até ao Céu. Não pequem! O mundo não vale nada. Isto já diz tudo.
Comunguem muitas vezes! Rezem o Terço todos os dias!”.
Em Fátima, na terceira aparição, depois de haver mostrado o inferno, a
Virgem inculcou às três crianças: “Sacrificai-vos pelos pecadores e dizei
muitas vezes e em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: O Jesus, é
por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação dos pecados
cometidos contra o Imaculado Coração de Maria”.
A pequena Jacinta escolheu para si este compromisso: imolar-se pelos
pecadores.
Foi vissta muitas vezes sentada muito pensativa: “Em que coisa pensas?” “O
inferno! O inferno! Que pena eu tenho das almas que vão para o inferno!”.
Ajoelhada, de mãos postas, tremendo repetia dezenas de vezes a oração: “Ó
meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as alminhas todas
para o Céu, principalmente as que mais precisarem”.
Muitas vezes, entranado em si mesma, chamava: “Lúcia, Francisco, vocês
estão a rezar comigo? É preciso rezar muito, para livrar as almas do inferno.
Vão para lá tantas! tantas!”
Quando por mortificação não queria comer, Lúcia dizia-lhe: “Jacinta, anda,
agora come!”.
-Não. Ofereço este sacrifício pelos pecadores, que comem demais”.
A visão do inferno havia-a de tal modo aterrorizado que todas as
penitências e mortificações lhe pareciam nada para obter que qualquer alma lá
não caísse.
A Madre Maria da Purifição Godinho, de Lisboa, Superiora do Orfanato onde
Jacinta foi recebida em 1920, antes de ser internada no hospital onde depois
morreu, escreveu em 1937 estas palavras da pequena vidente:
“Nossa Senhora já não pode suster o braço de seu amado Filho sobre o mundo.
É preciso fazer penitência. Se a gente se emendar, ainda Nosso Senhor valerá ao
mundo, mas se não se emendar, virá o castigo... Coitadinha de Nossa Senhora! Ai
eu tenho tanta pena de Nossa Senhora! Se soubessem o que é a eternidade! Coitados!
Mal sabem o que os espera! Reze muito pelos Padres! Reze muito pelos
Religiosos! Minha madrinha, reze muito pelos Governos! Os pecados que levam
mais almas para o inferno são pecados da carne... Hão-de vir umas modas que
hão-de ofender muito a Nosso Senhor... Estas modas amarguram o Coração de Jesus
e de Nosssa Senhora. A Igreja não tem modas. Nosso Senhor é sempre o mesmo...“.
Em Balasar, a reparação pela salvação eterna dos pobres pecadores teve da parte
de Jesus exigências únicas, como se lêm na vida dos maiores místicos.
Em 20 de Julho de 1945, Jesus diz à Alexandrina: -“Filha, minha amada
filha, vou pedir-te agora uma grande reparação... Aceitas?”.
-“Tudo, tudo, meu Jesus... Eu sempre ferida, e Vós sempre amado!... “.
-“Desapareceu do meio dos lares, na maior parte, o verdadeiro temor de
Deus. Não há bons pais, não pode haver bons filhos... Que horror essas praias,
casinos, cinemas e casas de vícios. Não põe termo a isto quem lho podia põr,
não lhes acode quem lhes podia acudir.
Acode tu ao mundo, dá-Me a reparação que te peço, suaviza alegre a dor do
meu divino Coração”.
Do diário do mês de Agosto daquele ano, recortamos:
“Que o Céu seja comigo. Sinto-me como se estivesse condenada ao inferno. A
minha alma sente aqueles horrorosos suplícios. São os olhos da alma que vêm os
demónios atormentadores. E em todo o corpo me lparece sentir aquele fogonegro e
consumidor. Os meus ouvidos ouvem os urros dos demónios e todo aquele desespero
infernal. Por vezes fico como quem pára apavorada no meio da viagem. Não sei o
que fazer. Meu Deus, condenada ao inferno! Espero na vossa bondade infinita que
não falta!... Quando sinto que estou nesse desespero eterno, sinto sobre mim o
peso da justiça divina. Querer ver a Deus e não poder! É mais, milhões de vezes
mais doloroso do que todo tormento do inferno!” (13-8-1945).
E poucos dias depois, dita ela à irmã para o diário:
-“Que seria de mim, se por só momento perdesse a fé e a confiança! Perder a
Deus, nunca mais ver a Deus! De vez en quando, sem nisso pensar, sem reflectir,
é este o brado da minha alma... Continuo a sentir-me condenada ao inferno. E
ontem, dia da Mãezinha, bem doloroso este sofrimento foi. Senti-me naquele
cárcere infernal e presa a ele com cadeias de ferro... Sem poder conformar-me
com a perda de Deus, sentia uma tal desesperação (mas não era eu que estava
desesperada), que me obrigava a revoltar-me contra o próprio Deus, a
amaldiçoá-Lo, ao meu Anjo da Guarda, pais e companheiros de pecado, e caminhos
que me levaram a ele, amaldiçoava-me a mim mesma, todo o céu e toda a terra.
Que horror constante! Sabia que do inferno só era digna, mas não podia
conformar-me com aquela habitação e com a perda de Deus... Finalmente veio
Jesus:
“Não temas, minha filha, não estás condenada!
Os teus sofrimentos são para evitar que se condenem as almas... Coragem!
Coragem!” (16-8-1945).
Em 5-5-1950, a Serva de Deus escreve:
“Jesus me falou: “Eu venho pedir-te, minha filha, o que, em meu nome, veio
em Fátima pedir minha bendita Mãe: Penitência, oração, emenda de vida... O meu
Divino Coração pede amor; os crimes do mundo, as iniquidades pedem, exigem
reparação... Dá-Me a tua dor... exigem-no as vaidades. Para quê tanto
desperdício? Eu posso dizer e com toda a razão, o que Judas disse de Mim: Para
que tanto desperdício? Este desperdício brada ao Céu. O que se gasta em
vaidades, matava a fome a todos os famintos, cobria todos os desnudados.
Espalha, minha filha, diz ao mundo os meus queixumes”.
Em 5 de Setembro de 1953, Jesus explicou à Alexandrina:
“Suporta... esta tremenda eternidade, mas só temporária, para que muitas,
muitas almas, milhares, milhões de almas, não tenham que suportá-la
eternamente”.
“Nesse ano (1928), -escreve Alexandrina na sua autobiografia- o Sr. Abade
foi a Fátima e perguntou-me o que eu queria de lá. Pedi-lhe que me trouxesse
uma medalha; mas ele ofereceu-me um terço, uma medalha, o Manual do Peregrino e
alguma água de Fátima. Sua Re.a aconselhou-me a fazer uma novena a Nossa Senhora e
a beber água de Fátima, com o fim de ser curada. Não fiz uma, mas muitas...
“Como não consegui nada, morreram os meus desejos de ser curada e para
sempre, sentindo cada vez mais ânsias de amor ao sofrimento e só pensar em
Jesus.
“Sem saber como, ofereci-me a Nosso Senhor como vítima, e vinha desde há
muito pedindo o amor ao sofrimento. Nosso Senhor concedeu-me tanto, tanto esta
graça, que hoje não trocaria a dor por tudo quanto hà no mundo... A consolação
de Jesus e a salvação das almas era o que mais me preocupava.
Em Setembro de 1934 Jesus pediu-me:
“Dá-Me as tuas mãos, que as quero cravar coMigo; dá-Me os teus pés, que os
quero cravar coMigo; dá-Me a tua cabeça, que a quero coroar de espinhos, como
Me fizeram a Mim; dá-Me o teu coração, que o quero trespassar com a lança, como
Me trespassaram a Mim; consagra-Me todo o teu corpo; oferece-te toda a Mim...
“.
Alexandrina respondeu logo que sim ao convite de Jesus. Um ano depois
escreveu: “Jesus, sou toda vossa! Sou a vossa vítima! A vítima da Eucaristia...
Vítima pelos sacerdotes, pelos pecadores; vítima pelo mundo inteiro; vítima
pela paz; vítima pela consagração do mundo à Mãezinha!”.
Jesus dizia-lhe em 5 de Dezembro de 1947:
“Em ti aprendam as donzelas a guardarem para Mim o lírio cândido da sua
pureza. Em ti aprendam os velhos e novos, ricos e pobres, sábios e ignorantes:
em ti aprendam todos a amar-Me no sofrimento, a levar a sua cruz”.
Em 1948 ditou para o seu diário: “Levei a minha vida a sofrer e levarei o
meu Céu a amar e a pedir a Jesus por vós, ó pecadores. Comvertei-vos a amai a
Jesus amai a Mãezinha”.
Durante dezassete anos sofreu a Paixão de Jesus, o qual lhe dizia em 5 de
Dezembro de 1947: “Não é somente a minha Alexandrina a ser crucificada, mas
Cristo nela e com ela”.
Junto do leito da Serva de Deus, há ainda hoje uma fotografia de Jacinta de
Fátima, de quem era devota, e que com ela se havia imolado pela conversão dos
pecadores.
Alexandrina, em 11 de Agosto de 1953, escreve no seu diário:
“Eu queria gravar nas pedras na rua, das estradas, dos fontenários, nas
praças, nas praias, nos desgraçados casinos, nos cinemas, nas casas de pecado,
etc., etc., em toda a parte, isto: Pecadores, convertei-vos! Vinde a Jesus! Não
fomos criados para a terra, mas sim para o Céu! Não ofendais a Nosso Senhor!
Ah!, se soubésseis o que é uma ofensa feita ao seu Divino Coração! Eu vivi por
vós, sofri por vós, morri por vós e por vós vou continuar o meu Céu. Foram por
vós todas as minhas aspirações. Não queria um só momento de deixar de aos
vossos ouvidos falar do amor que Jesus nos tem e o que é a nossa ingratidão
para com Ele, quando pecamos. Queria dizer muita cosa para os não deixar cair
no pecado. Amai o Senhor! Amai o Senhor! Temei o inferno!”.
Jacinta de Fátima dizia a Lúcia: “Porque é que Nossa Senhora não faz ver o
inferno a toda a gente, para que mais ninguém se perca?”.
A Alexandrina escreveu no seu diário em 5 de Junho de 1953:
“Ó meu amantíssimo Senhor, sou a vossa vítima, mas quero que todas as almas
se salvem, as da minha famíllia, Jesus, as da minha terra,as que me são
queridas, as que me pedem orações e as do mundo inteiro, Jesus. Se me quereis
aqui, até ao fim do mundo, pressa, estou pronta. Já o sabeis, já vo-lo tenho
dito... Ai, meu Jesus! Se Vós mostrásseis uma vez o inferno para ver se todos
arrepiavam caminho! Eu não sei mais o que hei-de fazer, meu Jesus!”.
Escrevia isto depois de receber cerca de cinco mil visitantes e de haver falado,
grupo a grupo, durante cerca de nove horas.
Esta imolação da Serva de Deus havia sido prevista e preparada pelo Senhor.
Eis as palavras que Jesus dirigiu à Alexandrina em 5 de Dezembro de 1947,
durante a minha direcção espiritual:
“És a minha vítima, a quem confiei a mais alta missão (a conversão dos
pecadores). E com prova disso atende bem no que te digo, para bem o saberes
dizer: “Quase um século era passado que eu mandei a esta privilegiada freguesia
a cruz para sinal da tua crucifixão. Não a mandei de rosas porque as não tinha,
eram só espinhos; nem de ouro, porque eses, com pedras preciosas, serias tu com
as tuas virtudes, com o teu heroísmo, a adorná-la. Estaba preparada a cruz;
faltava a vítima, mas já nos planos divinos estava escolhida: foste tu. O mal
aumentou, a onda dos crimes atingiu o seu auge, tinha que ser a vítima imolada.
Vieste, foi o mundo a crucificar-te. Foi a maldade humana a preparar-Me a
minha, e a mesma maldade preparou a tua; oh, como são grandes os desígnios do
Senhor! Como são grandes e admiráveis na minha sabedoria infinita; que encantos
eles têm! Poderia Eu assemelhar-te mais a mim? Desta cruz, desta imolação tive
dos proveitos: o amor à cruz, o amor à minha imagem crucificada e a grande
reparação”.
A referência de Jesus à cruz traçada sobre a terra foi por Ele repetida em
14 de Janeiro de 1955, poucos meses antes da morte da Alexandrina.
O facto levou-me à procura de elementos históricos relativos a uma capela
em honra da Cruz, existente na Paróquia, mas sempre fechada desde tempos
imemoriais. Finalmente, nos arquivos de Braga pude encontrar um acto notarial
datado com o ano de 1832. É uma relação detalhada assinada por testemunhas e
dirigida ao Pró-vigário Episcopal do governo da diocese, então vagante. Eis os
períodos que interessam:
“Comunico a V. Rev.a um caso inexplicável, ocorrido nesta paróquia de S. Eulália de Balasar. No dia
do Corpo de Deus próximo pretérito, indo o povo da missa de manhã por caminho
que passa no monte Calvário, divisou uma cruz escrita na terra: a terra que
demonstrava esta cruz era de cor mais branca que outra e parecia que tendo
caído orvalho em toda a mais terra, naquele sítio demonstrava a forma de cruz
em que não tinha caído orvalho algum.
“Mandei eu varrer todo o pó e terra solta que estava naquele sítio, e
começou a aparecer como antes no mesmo sítio a forma de cruz.
“Mandei depois lançar água com abundância tanto na cruz como na mais terra
em volta, então a terra que demonstrava a forma de cruz apareceu de uma cor
preta, que até ao presente tem conservado. A haste da cruz tem 15 palmos de
comprido e a travessa 8.
“Nos dias turvos, divisa-se com clareza a forma de cruz a qualquer hora do
dia, e nos dias de sol claro vê-se muito bem a forma de cruz, de manhã até às 9
horas, e de tarde, quando o sol declina mais para o ocidente, e no mais espaço
do dia não é bem visível.
“Divulgada a notícia do aparecimento desta cruz, começou a concorrer o povo
a vê-la e a venerá-la, adornando-a com flores e dando-lhe esmolas”.
Com o dinheiro recolhido, os habitantes, com licença da Cúria, erigiram uma
capela para conservar e defender, de modo respeitoso, aquele sinal sagrado. Uma
lembrança que bem depressa ficou sepultada no silêncio, excepto o nome
“Cálvario”, dado ao outeiro e ao lugar onde decorreu a vida da Serva de Deus
Alexandrina.
Chamado a uma vida nova, aquele lugar lança uma mensagem: “Do lenho da
cruz, a nossa salvação!”.
Leiamos no seu diário de 14-9-1949:
“Em toda a viagem (do Calvário) nunca senti a presença de Jesus; só no
Calvário, já pregada na cruz, e esta levantada ao alto, eu senti como se Jesus
se revestisse do meu corpo... Ele comunicava-me... as suas Chagas, espinhos e
lágrimas de sangue. E a Mãezinha, junto à Cruz, unia às de Jesus as suas
lágrimas também. Haverá nos seus Corações Santíssimos a mesma dor, as mesmas
ânsias; as ânsias de darem lugar de resguardarem para sempre neles o mundo inteiro
tão revoltado e cruel. Como Jesus amava, como amava a Mãezinha! Que amor
infinito!”.
No diário de Alexandrina, 10 de Janeiro de 1952, lemos:
“(No fim da Paixão) Jesus... falou no meu coração: Quantos avisos, quantos
pedidos do mendigo divino, e Jesus vai imolando a sua vítima. Jesus vai-a
crucificando continuamente. E o mundo, o cruel mundo continua com os seus
desvarios, continua na opulência, na vaidade, na devassidão... Ai do mundo sem
a Santa Missa, sem a Eucaristia, sem as minhas vítimas!... Minha filha, pede a
misericórdia, a compaixão da Santíssima Trindade!... O Senhor conta contigo. Da
dor do teu coração hão-de rebentar rebentos novos, como rebentaram na árvore da
cruz... “.
A relação da celestes revelações entre as duas localidades tem a sua
confirmação explícita num êxtase da Alexandrina. Nos dois últimos anos de vida,
a Serva de Deus sofreu no seu corpo e no espírito uma tremenda imolação pelos
“sem Deus”, que tentam o domínio do mundo, e pelas lutas internas da Igreja.
Foi nesse período, ainda antes que os êxtases públicos cessassem, que Jesus
disse à Alexandrina: Ó Portugal ingrato, ó mundo cruel, o que seria de ti sem a
vítima deste Cálvario! Portugal, quantas graças tens recebido do teu Deus! Fátima,
Fátima! Cálvario! Cálvario! (isto é, Baltasar) Este ditoso Cálvario, meios para
ti de grande reparação” (9-10-1953).
Referindo-se aos comunistas ateus, Jesus diz-lhe em 15 de Outubro de 1954:
“Ó minha filha, a tua reparação é pelos sem fé, pelos sem Deus, pelos
incrédulos. Tu reparas a Majestade divina por tudo e por todos... Foste
escolhida para a missão mais nobre, mas a mais difícil... A tua vida é
semelhante à da Santa Igreja sempre combatida, nunca vencida até ao fim dos
séculos”.
Quando à previsão clara das lutas no interior da Igreja, Jesus diz à vítima
de Balasar:
“Tem coragem. Tende coragem. Falo Eu pelos teus lábios. Qualquer coisa
desagradável que surge, nada é em compraração do bem. É o demónio raivoso a
querer queimar a semente divina; em vão ele teimará. Faça-se oração, faça-se
penitência. Principie a Igreja. O que ela tem que corrigir e aperfeiçoar!... As
Casas Religiosas, as Casas Religiosas! Frades e freiras não vivem a vida dos
seus Fundadores! Haja toda a vigilância dan Igreja!” (10-9-1954) (1).
Nas últimas páginas do diário da Alexandrina lê-se em um colóquio de Jesus:
“Lança as tuas redes em sangue, as tuas redes de tormentos indizíveis e
inegualáveis. Lança-as para os sacerdotes... São tantos a ofenderem-me, a
traírrem-me. Quanto sofren os Nossos Corações!” (29-7-1955).
Mais vezes, Jesus disse: “Sem a vítima deste Cálvario, pobre Portugal!”.
E eis a confirmação numa carta que me escreve o P. Fernando Leite, S.J.:
“As coisas em Portugal vão muito mal. Ai de nós, se o Senhor nos não
socorrre! Não temos posto em prática a Mensagem de Fátima e da Alexandrina! Não
nos temos voltado para o Imaculado Coração de Maria” (25-5-1975).
Em 17 de Dezembro de 1927, Jesus, com voz clara, fez ouvir à Irmã Lúcia
estas palavras: “Minha filha, escreve o que te pedem (o seu director); e tudo
que te revelou a SS. Virgem (Junho de 1917 em Fátima) na aparição em que falou
desta devoção, (ao Imaculado Coração de Maria), escreve-o também; quanto ao
resto do segredo, continua o silêncio”.
A vidente de Fátima, dez anos antes, havia dito à Branca Senhora:
“Queria pedir-Lhe para nos levar para o Céu”.
“-Sim, a Jacinta e o Francisco leo-os em breve, mas tu ficas cá mais algum
tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer
estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a
abraçar, prometo a salvação, e serão queridas de Deus estas almas, como
flores postas por Mim a adornar o seu trono”.
Nas primeiras publicações sobre os acontecimentos de Fátima, não se
falou nunca das manifestações do Coração de Maria aos Pastorinhos, porque
ligadas ao segredo recomendado por Nossa Senhora. Lúcia por isso não falou
disso, com medo de o violar.
Quando em 1926 e no início de 1927 Lúcia recebeu a ordem de manifestar a
revelação sobre a devoção ao Coração de Maria (1925), ela encontrou-se em
sérios embaraços “porque temia revelar parte do segredo”.
De facto, nose seus escritos sobre o Coração de Maria náo diz senão “ que deverá um dia propagar a sua devoção”.
Um dos seus primeiros directores escreve:
“Em 1927, a Irmã Lúcia falou-me da devoção dos cinco primeiros sábados de
cinco meses consecutivos. Perguntei-lhe se já havia falado disso a alguém.
Respondeu que sim e que havia posto tudo por escrito (por rodem do confessor
precedente) mas depois falou com a Madre Superiora, e sem dizer o que continha
o escrito, pediu licença para o
queimar; e assim fez imeditamente.
Então eu mandei que escrevesse tudo de novo e mo entregasse. Por humildade
mostrou repugnância de escrever em primeira pessoa; a isto respondi que
escrevesse em terceira pessoa. Eis a história autêntica e a razão pela qual tal
documento está escrito na terceira pessoa” (10-1-1938, P. Aparício, Jesuíta).
É portanto certo que até o fim deste ano, falando-se de Fátima, não se
falava nunca do Imaculado Coração de Maria.
Mas falou dele publicamente o Bispo em Setembro de 1939.
Em confirmação disto, transcrevemos este trecho duma carta da Irmã Lúcia,
escrita en Tuy em 31-8-1941:
“O Sr. Bispo exreveu-me, anunciando-me um interrogatório do Dr. Galamba e
mandou-me recordar tudo mais que me possa lembrar que tenha relação com a
Jacinta, para uma nova edição que querem imprimir. Esta ordem caiu-me no fundo
da alma como um raio de luz, dizendo-me que era chegado o momento de revelar as
duas primeiras partes do segredo e acrescentar à nova edição dois capítulos: um
sobre o inferno, outro sobre o Imaculado Coração de Maria. Mas a repugnância em
manifestá-lo faz-me duvidar. Os apontamentos estão tirados, mas duvido se os
entrego ou se, antes os meto no fogão. Não sei o que farei... nem o que é
melhor ou mais perfeito.
Não duvido que a revelação do inferno e das misericórdias do Coração
Imaculado de Maria vá fazer grande bem às almas, assim como a virtude que
isto levou a Jacinta a praticar. Mas, poderei ainda, desta vez, calar isto e
aproveitar coisas de menos inportância?
Volvidos 25 anos após as aparições em Fátima, a autoridade eclesiástica
julgou chegado o momento de tornar público, ao menos em grande parte, o segredo
para o bem das almas, e ordenou à Lúcia para escrever “quanto dele se podia
então tornar conhecido”.
A Irmã Lúcia, por mera obediência, escreveu: “O segredo consta de três
coisas distintas”, mas intimamente ligadas; “duas da quais vou revelar”,
devendo a terceira, por agora, permanecer no mistério.
“A primeira foi a vista do inferno” (Julho de 1917).
“... Nossa Senhora disse que era preciso rezarem o terço para alcançarem as
graças precisas durante o ano. E continuou: “Sacrificai-vos pelos pecadores e
dizei muitas vezes, em especial sempre que fizerdes algum sacrifício: Ó Jesus,
é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação pelos pecados
cometidos contra o Imaculado Coração de Maria. Ao dizer estas últimas palavras,
abriu de novo as mãos, como no dois meses passados. O reflexo pareceu penetrar
a terra e vimos como que um mar de fogo. Mergulhados em ese fogo, os demónios e
as almas, como se fossem brassas transaparentes e negras ou bronzeadas, com
forma humana; deveu ser, ao deparar-me com esta vista, que dei esse ai! Que
dizen ter-me ouvido”.
Marto, o pai de Jacinta, afirmava ao autor deste livrinho que também a sua
filha soltou um grito e se tornou branca como um cadáver, de tal modo que ele
se queixou em voz alta: “A minha filha morre, a minha filha morre!”.
“Esta vista foi um momento, escreve Lúcia; e graças à nossa boa Mãe do Céu,
que antes nos tinha prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na
primeira aparição)! Se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e
pavor”.
“A segunda coisa refere-se à devoção ao Imaculado Coração de Maria”.
A Vidente continua: “... levantámos a vista para Nossa Senhora, que nos
disse, com bondade e tristeza:
“Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores; para as
salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado
Coração. Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz.
A guerra (1924-1918) vai acabar. Mas se não deixarem de ofender a Deus, no
reinado de Pio XI começará outra pior. Quando virdes uma noite alumiada por uma
luz desconhecida, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai punir o
mundo de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e
ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia ao meu
Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos primeiros sábados. Se atenderem a
meus pedidos, a Rússia se converterá e terão a paz; se não, espalhará seus
erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão
martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão
aniquiladas...”.
A Irma Lúcia escreve:
“Foi nesta época que Nossa Senhora me avisou de que era chegado o momento
em que queria participasse à Santa Igreja o seu desejo de consagração da Rússia
e a sua promessa de a converter... A comunicação foi assim: “13-6-1929 –Eu tinha
pedido licença das minhas Superioras e confessor para fazer a Hora Santa das 11
à meia noite, de quintas para sexta-feiras... Estando uma noite só... A única
luz era a da lâmpada. De repente, iluminou-se toda a capela com uma luz
sobrenatural... (Nesta luz, a Vidente tem várias ilustrações, e continua):
Depois, Nossa Senhora disse-me: “É chegado o momento em que Deus pede para
o Santo Padre fazer, em união com todos os Bispos do mundo, a Consagração da
Rússia ao meu Imaculado Coração, prometendo salvá-la por este meio”...
Dei conta disto ao confessor que me mandou escrever o que Nossa Senhora
queria se fizesse.
“Mais tarde, por meio duma comunicação íntima, Nossa Senhora disse-me,
queixando-se:
“Não quiseram atender ao meu pedido!... Como o rei de França,
arepender-se-ão, e fá-la-ão, mas será tarde. A Rússia terá já espalhado os seus
os seus erros pelo mundo, provocando guerras, perseguições à Igreja: o Santo
Padre terá muito que sofrer”.
o Bispo de Leiria-Fátima, D. José Correia da Silva, somente em 1937
escreveu a Pio XI:
“ ... Existe nesta diocese o santuário de Nossa Senhora de Fátima, que é o
maior centro de piedade em Portugal, e cuja devoção está espalhada por muitas
nações. Segundo as recomendações feitas pela Santíssima Virgem em 1917,
especialmente a devoção do Santo Rosário, aversão à luxúria e penitência, vê-se
que Nossa Senhora preparava a luta contra o comunismo de que Portugal tem sido
até agora preservado, apesar da sua proximidade da Espanha. Os Bispos
Portugueses prometemos no ano passado, depois do nosso retiro que fizemos neste
santuário, promover uma grande peregrinação nacional, se até ao fim de 1937 não
invadisse o nosso país a terrível calamidade do comunismo. Graçaas à Santíssima
Virgem temos estado em Paz.
“Das 3 crianças a quem Nossa
Senhora apareceu, faleceram 2 e a sobrevivente é religiosa no Instituto de
Santa Doroteia, em Espanha.
Esta religiosa pede-me para comunicar a Vossa Santidade que segundo uma
revelação celeste o Bom Deus promete terminar a perseguição na Rússia se Vossa
Santidade se digna facer e mandar que o façam igualmente todos os Bispos do
mundo católico –um solene e público Acto de Reparação e Consagração da Rússia
aos Santíssimos Corações de Jesus e Maria, e aprovar e recomendar a prática da
devoção reparadora, que consiste em durante cinco meses seguidos, no primeiro
sábado, receber a Sagrada Comunhão, rezar o terço do Rosário, fazer 15 minutos
de companhia a Nossa Senhora, meditando nos mistérios do Rosário”.
A Irmã Lúcia, por sua vez, em 2 de Dezembro de 1940, escreveu a Pio XII:
“... Sou a única sobrevivente das crianças, a quem Nossa Senhora se dignou
aparecer na Fátima (Portugal), nos dias 13, de Maio a Outubro de 1917...
“Venho, Santíssimo Padre, renovar um pedido que foi já levado várias vezes
junto de V. Santidade. O pedido, Santíssimo Padre, é de Nosso Senhor e de nossa
boa Mãe do Céu. Em 1917, na parte das aparições que temos designado o
“segredo”, a Santíssima Virgem revelou o fim da guerra, que então afligia a
Europa, e anunciou outra futura, dizendo que, para a impedir, viria pedir a
consagração da Rússia a Seu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos
primeiros sábados. Prometeu, se atendessem a seus pedidos, a conversão dessa
nação e a paz. De contrário, anunciou a propagação de seus erros pelo mundo,
guerras e perseguições à Santa Igreja, o martírio de muitos crstãos, várias
perseguições e sofrimentos reservados a V. Santidade e o aniquilamento de
várias nações.
“Santíssimo Padre. Até 1916 ficou isto em silêncio, segundo a ordem
expressa de Nossa Senhora. Então, depois duma revelação, em que pediu se
propagasse no mundo a comunhão reparadora nos primeiros sábados de cinco meses
seguidos, fazendo, com o mesmo fim, uma confissão, um quarto de hora de
meditação sobre os mistérios do Rosário, e rezando um Terço com o mesmo fim de
reparar os ultrajes, sacrilégios e indiferenças cometidos contra o Seu
Imaculado Coração. Às pessoas que practicarem esta devoção, promete a nossa boa
Mãe do Céu assistir, na hora da morte, com todas as graças necessárias para se
salvarem.
“Expus o pedido de Nossa Senhora ao Confessor, que empregou alguns meios
para que se realizasse; mas só a 13 de Setembro de 1939, Sua Ex.a Rev.ma o Sr. Bispo de Leiria se
dignou, em Fátima, tornar público este pedido de Nossa Senhora.
“Aproveito, Santíssimo Padre, este momento para pedir a Vossa Santidade se
digne estender e abençoar esta devoção a todo o mundo.
“Em 1929, Nossa Senhora, por meio de outra aparição, pediu a consagração
da Rússia ao seu Imaculado Coração, prometendo, por este meio, impedir a
propagação dos seus erros, e a sua conversão.
!... Em várias comunicações íntimas, Nosso Senhor não tem deixado de
insistir neste pedido, prometendo ultimamente, se Vossa Santidade se digna
fazer a consagação do mundo ao Imaculado Coração de Maria, com menção
especial pela Rússia, e ordenar que em união com Vossa Santidade, e ao mesmo
tempo, a façam também todos os Bispos do mundo, abreviar os dias de tribulação,
com tem determinado punir as nações de seus crimes, por meio da guerra, da fome
e de várias perseguições à Santa Igreja e a Vossa Santidade.
“... Agora, Santíssimo Padre, permita-me fazer mais um pedido, que é apenas
um desejo ardiente do meu pobre coração: Que a festa em honra do Imaculado
Coração de Maria se estenda a todo el mundo, como uma das principais na Santa
Igreja”.
Desta documentação se deduz:
_Que Nossa Senhora, em 1917 em Fátima, prometeu que voltaria a pedir, em
previsão duma nova guerra, a consagração da Rússia ao seu Imaculado Coração;
-Que Nossa Senhora voltou, segundo a promessa, em 1929, a pedir tal
consagração que teria impedido que a Rússia propagasse os seus erros no mundo;
-Que o Bispo de Leiria (Fátima), em 1937, enviou a Pio XI o pedido para
esta consagração;
-Que somente em 13 de Setembro de 1939 o Bispo de Fátima tornou de domínio
público este desejo de Nossa Senhora e anunciou a prática dos primeiros
sábados;
-Que Irma Lúcia, somente em 1940, renovou ao Santo Padre o pedido feito
pelo Obispo em 1937;
-A Irmã Lúcia, no pedido, acrescenta como su desejo pessoal que a
festa em honra do Coração de Maria seja estendida a todo o mundo.
De Balasar o Celeste Convite à Consagração do Mundo
Desde 1928, como se lé na sua autobiografía, a Alexandrina narra: “Todas as
manhãs me consagrava a Nossa Senhora, dizendo-Lhe assim:
“Mãezinha, eu vos consagro meus olhos, meus ouvidos, minha boca, meu
coração, a minha alma, a minha virgindade, a minha pureza, a minha castidade...
Aceita, Mãezinha, é vossa, sois Vós o cofre sagrado, o cofre bendito da nosssa
riqueza. Consagro-Vos o meu presente e o meu futuro, a minha vida e minha
morte... Ó Mãezinha, abri-me os vossos santíssimos braços, tomai-me sobre eles,
estreitai-me ao vosso santíssimo Coração, cobri-me con o vosso manto, e
aceitai-me como vossa filha muito amada, muito querida, e consagrai-me toda a
Jesus... Mãezinha, falai no meu coração e nos meus lábios, fazei mais
fervorosas as minhas orações e mais valiosos os meus pedidos...”.
No início de 1952 escreve no diário: “Jesus e Mãezinha, não saio dos vossos
Corações. Não haverá ninguém capaz de me arrancar deles. Vós bem o sabeis que
prefiro o inferno eternamente do que ofender-vos um só instante; sou a vossa
vítima” (22-2-1952).
Poucos meses depois, em 13-6-1952, assim se exprime:
“Não tenho coisas grandes. Aproveito todas as migalhinhas de sacrifícios
para oferecer a Jesus pelas mãos, lãbios e Coração Imaculado da Mãezinha, por
muitas, muitas coisas e para sua glória e bem das almas”.
A Serva de Deus ensina que a Consagração a Nossa Senhora não é tanto a
recitação e a repetição de uma fórmula, mas o viver em Maria, com Maria, por
Maria. Tal estilo de vida levou-a à união mística com Jesus e com a Santíssima
Trindade.
Foi certamente no viver esta experiência que Jesus lhe confiou o encargo de
pedir ao Papa a consagração do mundo ao Coração de Maria, e que o Espírito
Santo a guiou desde 1935 até oferecer-se como vítima para obter este grande benefício
para a humanidade.
Lúcia de Fátima, a quem foi pedido por Nossa Senhora em 1929 a consagração
da Rússia, somente em 1940 diz na sua carta ao Santo Padre:
“O nosso Bom Deus... prometendo ultimamente, se Vossa Santidade se digna
consagrar o mundo al Imaculado Coração de Maria, com menção especial pela
Rússia, abreviar os dias de tribulação com que tem determinado punir o mundo de
seus crimes...”.
Em Balasar, pelo contrário, este desejo do Senhor foi expresso por Jesus à
Alexandrina em 30 de Julho de 1935. Ela narra que, depois da Sagrada Comunhão,
ouviu Jesus dizer-lhe:
“Manda dizer ao teu Pai espiritual que em prova do amor que dedica à minha
Mãe Santíssima, quero que seja feito, todos os anos, um acto de Consagração do
mundo inteiro num dos dias das suas festas escolhido por ti: ou Assunção, ou
Purificação, ou Anunciação, pedindo a esta Virgem sem mancha de pecado, que
envergonhe e confunda os impuros, para que eles arrecuem caminho e não Me
ofendam. Assim como pedi a Santa Margarida Maria para ser o mundo consagrado ao
meu Divino Coração, assim o peço a ti para que seja consagrado Ela com una
festa solene(2).
Durante um ano, o Pai espiritual, Padre Mariano Pinho, calou o assunto,
causando dúvidas e indizíveis sofrimentos à Alexandrina.
Um ano depois a Serva de Deus, em 10 de Outubro de 1936, escreve ao seu
Director: “Num destes dias, Jesus disse-me: Vou dizer-te os meus desejos, os
meus divinos desejos. Manda, filhina, manda dizer ao teu pai espiritual que
espalhe já, que faça ir aos confins do mundo, que este flagelo (a revolução
comunista espanhola) é um castigo, é a ira de Deus. Eu castigo, para os
chamar: a todos quero salvar. Morri por todos. Eu não quero ser ofendido e
sou-o tão horrorosamente, na Espanha e em todo o mundo, que crueldade! Corre
tanto perigo de se espalhar estas barbaridades (guerra mundial e outras
coisas que se lhe seguirão)... “Eu vou dizer-te como será feita a
consagração do mundo à Mãe dos homens e minha Mãe Santíssima, que Eu amo tanto.
Será em Roma pelo Santo consagrado a Ela o mundo inteiro, e, depois, pelos
Padres em todas as igrejas do mundo...
Não haya receios que os meus desejos serão cumpridos”. (3) (Dum documento
de 10-9-1936).
Em 5 de Maio de 1938, enquanto o P. Pinho, em Fátima, se preparava para
pregar os Exercícios espirituais a todo o Episcopado português, a Alexandrina
escrevia-lhe:
“Jesus disse-me: ...Dou-te todos os tesouros do meu Coração. Pega-os, são
teus. Dá-os a quem quiseres.
Alexandrina perguntou a Jesus: “Posso dá-los ao meu Pai espiritual... para
que ele os reparta como ele quiser às pessoas que me são tão queridas... e aos
Senhores Bispos para eles os darem cada um aos seus Padres e os padres às
almas? –Sim, minha amada...
“A fornalha do meu Coração hoje está muito viva, mas é só fogo. Tudo o mais
parece que está morto. Deixá-lo. São os miminhos do meu Jesus. Eu tudo lhe vou
oferecendo pelo bom resultado do retiro dos Senhores Bispos, que quase não me
sai da ideia. Não sei pelo que é; mas sim estou a ajudã-lo com os meus
sofrimentos do corpo e alma, que são muitos, muitos”.
No fim do Reito, os Bispos Portugueses, por proposta do P. Mariano de
Pinho, dirigim-se ao Santo Padre: “... Humildemente prostrados aos pés de
Vossa Santidade, pedem insistentemente, logo que julgue oportuno, que o
mundo inteiro seja consagrado al Coração Puríssimo de Maria, a fim de que seja
liberto dos muitos perigos que de toda a parte o ameaçam, pela Mediação da Mãe
de Deus”.
O texto desta carta foi redigido em língua latina pelo próprio P. Mariano
de Pinho. Apenas uma frase foi atenuada pelo Servo de Deus D. Manuel Mendes da
Conceição Santos, Arcebispo de Évora e grande Cooperador Salesiano.
Foi depois desta insistência, com tantas particularidades, que no dia 11 do
mesmo mês o Padre Pinho enviava ao Santo Padre o pedido para a Consagração.
É interessante notar como na fórmula que Pio XII usou para esta Consagração
aí se encontram os títulos preditos pela Alexandrina “Rainha do Céu e da terra,
Rainha da Paz, Senhora da Vitória, isto é, vencedora das grandes batalhas de
Deus”.
No mês de Maio de 1942, a Alexandrina, num êxtase, prediz, referindo
palavras de Jesus, a consagração do mundo que o Papa faria, em língua
portuguesa, em 31 de Outubro seguinte:
“O coração do Papa, o coração de ouro –disse-me Jesus- está resolvido a
consagrar ao mundo al Coração de Maria! Que dita, que alegria para o mundo ser
consagrado, pertencer mais que nunca à Mãe de Jesus. Todo o mundo pertence ao
Coração Imaculado de Maria” (12-5-1942).
Através da íntima união com Jesus, Alexandrina chegou a uma indentificação
com Ele que a tornou participante, qual esposa, do seu domínio real. Maria, por
sua vez, fá-la participar da sua missão de dispensadora de graças, como o confirma,
entre muitos outros, esta passagem do diário:
“Veio a Mãezinha: era o Imaculado Coração de Maria... Mostrou-me novamente
o seu Santíssimo Coração coroado de espinhos. Pedi-lhe que mos desse... Ela...
passou todos os espinhos para o meu coração e disse-me: -Minha filha, peço-te o
mesmo que te pediu Jesus: dolor e reparação. Consola-nos sempre e pede às almas
piedosas que se afervorem e nos amem, e aos pecadores que se convertam e não
nos ofendam. E como prémio do teu sofrer e para poderes dar às almas as braças
celestes, e modelares os corações, faço-te à semelhança de Jesus, depositária
das minhas graças...” As mãos da Mãezinha estavam cheias, pendiam delas as
graças como raios de sol. Uniu-as às minhas, palma com palma, e disse-me: “São
tuas, minha filha, as minhas graças: reparte-as com quem quiseres. Dá-as aos
que te são queridos. Quero que o faças, porque também Eu os amo, como o meu
Jesus. Dá-os a todos quantos tas pedirem, à medida que tas forem pedindo.
Distribui-as pelo mundo inteiro. Faço-te rica com as minhas riquezas e com as
de Jesus”... Já se passou muito tempo. Ainda sinto em cada mão um peso imenso”
(Diário, 5-5-1951).
Em Fátima, no mês de Julho de 1917, Nossa Senhora dissera aos Pastorinhos:
“Para os salvar (os pecadores) Nosso Senhor quer estabelecer no mundo a devoção
ao meu Imaculado Coração”.
Em Balasar, no ano de 1935, Nosso Senhor pede à Alexandrina que se consagre
o mundo à sua Mãe Bendita.
O facto é hoje confirmado pela Sagrada Congregação para a Causa dos Santos,
que no perfil biográfico da Serva de Deus proclama oficialmente:
“No ano de 1936, por ordem de Jesus, a Alexandrina pediu ao Santo Padre,
por meio do P. Pinho, a Consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria.
Este pedido foi renovado mais vezes até ao ano de 1941, pelo que a Santa Sé
interrogou três vezes o Arcebispo de Braga acerca da Alexandrina: e o fim a
Consagração foi feita por Pio XII em Roma, no dia 31 de Outubro de 1942”.
Ninguém ignora que o acto da Consagração foi transmitido pela rádio em
língua portuguesa, em Fátima, estando presentes centenas de milhar de
peregrinos.
Por amor da verdade, deve rectificar-se o que anda errado no fulgamento de
muitas pessoas,que atribuem à Irmã Lúcia o pedido do Céu para esta consagração.
Tendo eu visitado a vidente de Fátima no seu Carmelo de Coimbra, no dia 4
de Agosto de 1978, dirigi-lhe propositadamente a seguinte pergunta:
_Gostava me dissesse, se o puder fazer, se alguma vez Nossa Senhora lhe
pediu a Consagração do mundo ao Seu Imaculado Coração. Se não o puder fazer...
paciência.
E logo a Irmã Lúcia:
-Nossa Senhora nunca me pediu essa Consagração. Só me pediu a Consagração
da Rússia.
Na quinta aparação, Nossa Senhora havia prometido aos Pastorinhos que voltaria
em Outubro com S. José e o Menino Jesus. Era, despedindo-se a Virgem
Santíssima, os pequenos continuavam a segui-La com o olhar enquanto subia no
esplendor da luz solar: e quando Ela desaparece na lonjura imensa do espaço,
eis que se lhes mostra, ao lado do sol, a Sagrada Família. À direita, a Ss.
Virgem, vestida de branco com manto cerúleo e o rosto mais brilhante do que o
sol. À esquerda, S. José com o Menino, com a aparência de um a dois anos de
idade, os quais pareciam abençoar o mundo com o gesto das mãos.
Várias vezes, Jesus pede à Alexandrina reparação dos pecados cometidos
pelos cônjuges e pelas famílias. Por meio da Serva de Deus, o Senhor convidou a
imitar as virtudes da Sagrada Família: Jesus, Maria, José.
Mas no seu diário de 19 de Março de 1948 escreve:
“... de repente, como caídos do Céu, ficaram à minha frente a Mãezinha e S.
José. A Mãezinha vestia azul e branco; S. José, com cores mais escuras,
sustentava na mão esquerda uma grande açucena; ... No meio da Mãezinha e de S.
José, apareceu então Jesus formosíssimo, e continuou a falar: -Pede-Me, minha
filha, o que quiseres, em nome do que na terra foi meu pai adoptivo: pede a diz
aos homens que em seu nome Me peçam...”
A Mãezinha aproximou-se de mim, beijou-me, acariciu-me; S. José inclinou-se
para mim e deixou-me sobre o peito a bela açucena que trazia, e desapareceram;
ficou só Jesus, mas, como de costume, já não era pequenino...”.
Em 19 de Março de 1954, Alexandrina escreve ainda: “Jesus veio como de
costume comunicar-me a sua vida. Vinha acompanhado de S. José... Jesus
disse-me: -“O que fizeres à minha bendita Mãe e a meu pai adoptivo, a Mim o
fazes”.
Na última aparição de Outubro (1917), após a visão de Sagrada Família,
Lúcia vê ainda Nosso Senhor a abençoar o povo e novamente Nossa Senhora, mas
sob dois aspectos: “Parecia a Senhora das Dores, mas sem a espada no peito,
e creio ter visto ainda uma outra figura: a Senhora do Carmo”.
Em 12 de Novembro de 1954, Alexandrina narra no seu diário: “Apareceu ao
lado de Jesus a Mãezinha querida, a Mã das Dores. Jesus deu-lhe o lugar e
desapareceu:
“Minha querida filha, sofro infinitamente com Jesus, com os males do mundo.
Aceita as minhas setas, sofre, deixa-mas colocar no teu coração; e assim
consolas o Coração da Mãe e o Coração do Filho”.
“Aceito tudo, Mãezinha, para vos alegrar.
Num rápido momento, a Mãe das Dores transformou-se em Nossa Senhora do
Carmo, com Jesus pequenino ao colo; e então continuou Ela: “Minha filha,
fala às almas e dize-lhes que todas as coisas pedidas a Jesus em meu nome e me
nome das almas do Purgatório, todas, todas as coisas mesmo que sejam a
conversão dos pecadores, serão concedidas”.
O Menino Jesus estava inquieto nos braços da Mãezinha; queria vir para mim.
A Mãezinha fez-lhe a vontade. Passou para os meus braços. Ele, muito pequenino,
beijou-me, acariciou-me e, deitando-se sobre o meu peito, disse-me:
“Deixas-me ficar aqui?”
“Ó Jesus, no exterior não; mas sim dentro do coração, sempre, sempre! Nunca
vos ausenteis de mim!”.
Fiquei sozinha. Ele desapareceu-me com a Mãezinha e eu bradei-lhes: “Amo a
Jesus! Amo a Mãezinha! Creio! Creio eternamente!”
Já no primeiro sábado, 5 de Dezembro de 1953, Alexandrina havia ditado para
o seu diário: “Recebi a Jesus e falui-me assim: minha filha, minha jóia, pupila
dos meus olhos, está no teu coração o Esposo fiel, fidelíssimo. Estou aqui a
prender, a enlear mais, muito mais, com fortes cadeias de amor o meu divino
Coração ao teu.
“Vou e fico, minha filha. Ausento-me e estou presente. Vou deixar-te e não
te abandono um momento. Custa-me proceder desta forma. São as almas, são os
pecadores que necessitam do teu martírio. Custa-me muito esta fingida
separação... Digo-te o que disse aos meus discípulos: “Vou mas fico”. Parti
para o Céu e fiquei na Eucaristia... Vou e fico no sacrário do teu coração. Tem
sempre presentes as palavras, os pedidos, as exigências de Jesus...”.
Veio depois a Mãezinha: “Vem, filhinha, predilecta de Jesus...; sou a
Mãe do Rosário, sou a Mãe do Carmelo. Depois de te colocar no meu regaço,
depois de te estreitar ao meu Coração, mais uma vez eu deixo nas tuas mãos o
Rosário que pende das minhas benditas mãos: sobre ele coloca o Escapulário”.
Pio XII chama ao Escapulário “o nosso sinal de consagração ao Imaculado
Coração de Maria”.
Na mensagem enviada ao primeiro Congresso Mariano, que teve lugar após a
promulgação da Lumen Gentium, Paulo VI, explicando o parágrafo 67: “Todos
os fiéis da Igreja tenham em grande estima as práticas e os exercícios de
piedade para com Ela (Nossa Senhora), recomendadas ao longo dos séculos pelo
magistério da Igreja”, disse: -Entre elas, julgamos oportuno acentuar de modo
particular o Rosário Mariano e o uso devoto do Escapulário do Monte
Carmelo... Uma forma de piedade esta que, pela sua simplicidade, se adapta
verdadeiramente ao espírito de cada um, e está larguissimamente espalhada entre
os fiéis para obter um aumento de frutos espirituais”.
S. João da Cruz, doutor da Igreja, empenhado em praticar as virtudes de
Maria simbolisadas no Escapulário, disse: “O Senhor fez-me compreender
toda a ternura do seu Coração... Nunca tinha sabido que neste Coração Divino
houbesse tanta ternura para com os homens!”
Assim acontece aos priviligeados meninos de Fátima que receberam, quase de
improviso, um milagre de luz sobre o mistério eucarístico.
A mesma coisa acontece à Alexandrina, transfomada em Serafim de Jesus
Sacramentado, graças à sua total consagração a Maria. O escapulário, quando
pedido e trazido como expressão de filial intimidade com Maria, torna-se sinal
de graça celeste, porque oferecido por Ela com este fim.
Maria torna-se moralmente presente; e para quem o traz, o Escapulário é
sinal externo de consagração Àquela que quer obter para todos os seus filhos o
encontrar Jesus e o crescer, sob a accão do Espírito Santo, na identificação
com o Filho de Deus, seu segundo a carne.
Nos meses de Janeiro e Fevereiro, a Jacinta, quando se encontrava em
Lisboa, para ser internada no hospital, parecia ter debaixo dos seus olhos a
guerra futura. A Superiora do Orfanato, onde fora recolhida, escreveu no
depoimento feito em 30 de Novembro de 1937 que Jacinta lhe dissera e repetira
que se os homens não se emendam, Nosso Senhor mandará ao mundo um castigo, como
jamais se viu igual; e primeiro em Espanha; e falava de grandes
acontecimentos mundiais, que aconteceriam à volta de 1940, sem os
especificar. Dizia também que o Santo Padre teria muito que sofrer.
Por sua vez, a Irmã Lúcia escreveu ao Rev.do P. José Bernardo Gonçalves,
S.J: o seguinte, que tiramos do livro “Jacinta de Fátima” pelo P. Fernando
Leite, 4a. Edição, Braga 1966, pags. 219-220:
“A guerra terminará quando o sangue derramado pelos mártires for bastante
para aplacar a Divina Justiça” 21-1-1940.
“Ele (Nosso Senhor) se quiser, pode fazer que a causa (da consagração da
Rússia) ande depressa, mas para castigo do mundo deixará que vá devagar. A sua Justiça,
provocada pelos nossos pecados, assim o exige” (24-4-1940).
“Suponho que é do agrado de Nosso Senhor que haja quem se vá interressando
junto do seu Vigário na terra pela realização dos seus desejos (Consagração da
Rússia e do mundo ao Imaculado Coração de Maria). Mas o Santo Padre não o fará
já; duvida da realidade e tem razão. O Nosso bom Deus podia, por meio de algum
prodígio, mostrar que é Ele quem o pede, mas aproveita-se deste tempo para com
a sua Justiça punir o mundo de tantos crimes e prepará-lo para uma volta mais
completa para si. A prova que nos concede é a protecção especial do Imaculado
Coração de Maria sobre Portugal, em vista da consagração que lhe fizeram.
Essa gente, de que me fala, tem razão de estar assustada. Tudo isso nos
aconteceria se os nossos Prelados não tivessem atendido aos pedidos do nosso
Bom Deus e implorado tanto de coração a sua misericórdia e a protecção do
Imaculado Coração da nossa boa Mãe do Céu. Mas na nossa Pátria há ainda muitos
crimes e pecados e como agora é a hora da Justiça de Deus e na protecção do
Imaculado Coração de Maria, a necessidade da oração acompanhada do sacrifício,
sobretudo aquele que é preciso fazer para evitar o pecado. É o pedido da nossa
boa Mãe do Céu, desde 1917, saído com uma tristeza e ternura inexplicável do
seu Imaculado Coração: Não ofendam mais a Nosso Senhor, que já está muito
ofendido” (18-8-1940).
“Numa comunicação íntima, Nosso Senhor fez-me conhecer que o momento da graça,
de que me havia falado em Maio de 1938, estava para acabar. A guerra com todos
os seus horrores que a acompanham, começaria depressa... Prometeu uma protecção
especial do Imaculado Coração de Maria para Portugal, em atenção ao acto de
consagração que o Episcopado fez a este Coração Imaculado... Mas porque também
é culpado, deverá por isso sofrer algumas consequências da guerra, a qual
terminará quando o número e o sangue dos mártires tiver aplacado a Justiça
divina...” (6-2-1939).
Em 20 de Junho do mesmo ano, escreve ao P. Aparicio:
“Nossa Senhora prometeu adiar para mais tarde o flagelo da guerra, se for
propagada e praticada esta devoção. Vemo-la afastando esse castigo, à maneira
que se vão fazendo esforços para a propagar. Mas eu tenho medo que nós possamos
fazer mais do que fazemos, e que Deus, pouco contente, levante o braço da sua
Misericórdia e deixe o mundo assolar-se com esse castigo que será, como nunca
houve, horrível, horrível!”.
O Director comenta: “As palavras são sublinhadas pela Lúcia”. Fez-me
impressão o modo como afirma e prognostica os acontecimentos. Não duvida, fala
categoricamente, como quem está vendo o futuro. Penso que Nossa Senhora lhe
tenha mostrado”.
Mas porquê, perguntar-se-à, se esperou tanto para tornar públicas estas coisas?
A própria Lúcia responde num escrito datado de Tuy em 6-9-1942: “Pode ser...
que a alguém pareça que eu devia ter manifestado todas estas coisas há mais
tempo, porque, a seu parecer, teriam, há alguns anos antes, dobrado valor.
Assim seria, se Deus tivesse querido apresentar-me ao mundo como profeta. Mais
creio que tal não foi o intento de Deus, ao manifestar-me todas estas coisas.
Se assim fosse, penso quem quando em 1917 me mandou calar, a qual ordem foi
confirmada por meio dos que O represantavam, ter-me-ia mandado falar. Julgo
pois... que Deus quis apenas servir-se de mim para recordar ao mundo a
necessidade que há evitar o pecado e reparar a Deus ofendido, pela oração e
pela penitência”.
Alexandrina, já em 1936, numa carta ao seu director, em 10 de Setembro,
prediz: “Corre tanto perigo de se espalhar estas barbaridades!” Referia-se aos
acontecimentos de Espanha.
Em Janeiro de 1939 insiste: “O mundo está suspenso por um fio finíssimo”.
Na festa do Coração de Jesus, em 16 de Junho de 1939, o Senhor trata a
Serva de Deus como responsável e representante da humanidade e ameaça-a,
dizendo-lhe: “Em que montão de ruínas não fica o mundo!... Converte-te! Arripia
caminho! Eu te peço, no dia do meu Divino Coração... Converte-te!... Peço-te
contas de tudo!”.
Na noite passei-a sempre alerta; poucos minutos tive de descanso. Não sinto
consolação; mas gosto tanto de não dormir, para estar alerta, sempre alerta;
sempre alerta, com o meu Jesus nos Sacrários.
“Não sei bem, mas parece-me que seria das duas às três horas da manhã: Meu
Deus! Que horror! Não sabia o que era, mas era a destruição do mundo. Tudo
se arrasava: casas, árvores, telhados; ficava tudo aos montões de ruínas. Caso
assustador! Atulhados em tudo isto, via número sem conta, parecia gente
remexer-se, debaixo daquele telhaço, e por cima deles medonhas serpentes: eram
grandes, tão feias! Mas nem sequer uma pessoa vi sair daquelas ruínas.
Passou-se um bocado, principiei a ver ao longe a querida Mãe do Céu. Vinha
suspensa no alto, não sei dizer como, vestida de branco, a cabeça baixa, com
olhar triste. Vinha caminhando para a frente e todas as ruínas desapareceram,
ficou tudo plano. O que até então eram medonhas ruínas, estava agora
iluminado... Passado algum tempo, tornou-se a repetir a destruição, as ruínas,
mas não a vista da querida Mãezinha”.
A guerra estalou em toda a Europa.
Em 4 de Julho de 1940, Alexandrina foi arrebatada em êxtase. Estava
presente o seu director espiritual, a quem ela ditou, logo em seguida:
“Depois duma breve oração e da oferta de mim mesma com as outras vítimas,
em união com a Mãe do Céu, para obter que Jesus libertasse Portugal do terrível
flagelo dda guerra, fui subitamente escutada. Jesus teve pressa em responder-me:
“Pedi e recebereis. Pedi com confiança. Portugal será salvo. Mas ai dele, se
não corresponde a tão grande graça! Confia: é Jesus quem o diz, e não
engana”.
E a profecia verificou-se.
No êxtase de 6 de Novembro de 1940, Alexandrina suplica a Jesus para dar a
paz ao mundo o poupar o Papa. O Senhor responde-lhe:
“A paz vem, mas à custa de muito sangue. O Santo Padre será poupado; o
dragão soberbo e raivoso, que é o mundo, não ousará tocar no seu corpo. Mas a
sua alma será vítima dele”.
Quando, em 1943, Hitler havia já preparado tudo para raptar Pio XII, a
Serva de Deus escreve uma longa carta ao Santo Padre, para lhe assegurar que
nada lhe aconteceria.
É uma linguagem tanto mais actual e eloquente.
Sinto dever de falar do assunto, para desfazer a afirmação daqueles que
consideram ultrapassado o tempo da mística e para responder aos grupos de
sociólogos improvisados, que contradizem esta minha recente experiência.
“Uma tarde tive a ideia de participar numa mesa redonda. Adiscussão era
mantida por um padre ainda novo, de cabeleira comprida, por três rapazes
barbudos e por algumas raparigas pintadas de modo excêntrico. Os termos que
mais frequentemente bailavam na conversa eram: horizontalismo, alienação, espiritualidade
de evasão, cómo misticismo. A substância da conversa foi esta: o contacto com
Deus pode constituir um alibi para não nos ocuparmos dos irmãos. O olhar virado
ao céu distrai da empresa de construção do mundo. Menos misticismo e mais
disponibilidade aos sofrimentos dos outros”.
Se o túmulo da Alexandrina é prova da sua incomensurável caridade
espiritual para com os pecadores e um apelo à sua conversão, o quartinho, onde
viveu e morreu, é um apelo a quantos a visitam para a prática da caridade para
com os necessitados e os que sofre: um apelo a realizar quanto ela realizou
durante toda a sua vida.
Na série dos impressos encaixilhados em quadros à entrada do quarto, lemos
alguns pensamentos que esta excepcional mística escreveu nos seus diários:
“Pobres homens e pobres almas, se nos preocupamos somente do Céu! Quantos
morreriam de fome e de frio! Quantas almas cairiam no desespero! Não fostes
Vós, ó Jesus, a pregar e ensinar a caridade?”.
“A esmola, e a caridade bem praticada é a base de todas as coisas. Nada há
que ajude o espiritual como auxiliar no material, quanto este é necessário. Ai
quanto bem se podia fazer às almas, matando-lhes a fome, cobrindo-lhes o corpo,
e encobrindo-lhes tantas misérias. E não merece Jesus tudo isto?”.
“Queria consolar e confortar a todos; queria dar alegria a todos os
corações”.
“Quero praticar o bem, quero que todos os meus actos levem em si toda a
bondade e doçura. Não posso saber que os pobrezinhos têm fome e não têm com que
se cobrir. Não posso saber que os meus semelhantes estejam em grandes aflições,
sejan elas quais forem. O meu coração, apesar de ser tão mau, sofre, morre por
não poder desfazer-se em pão, agasalhos, conforto e alegria, consolação e
bálsamo para quantos sofrem. Jesus, amo a todos e a todos quero consolar por
vosso amor”.
Transcrição dum monte de testemunhos:
“Lembro a Alexandrina, não tanto como mística, mas pelas suas virtudes
cristãs e humanas, que soube praticar dum modo admirável”.
“Em horas de graves angústias, eu estava segura de encontrar sempre na
Alexandrina um coração semelhante ao do meu Deus: fazia prodígios de caridade”.
“Nas escolas pensa o Governo, ao passo que seria muito melhor construir
casas para os pobres”.
“Quem amava tanto o Pai Celeste, devia necessariamente amar o próximo. Era
comovente observar a generosidade e bondade com que recebia junto do seu leito
de dor tanto os ricos como os pobres, as pessoas cultas e as ignorantes, os
amigos e os estranhos”.
Devia ser assim, porque a Serva de Deus costumava dizer: “Amemo-nos em Deus
e com o seu amor”.
O seu coração, precisamente porque sempre unido ao Coração de Cristo, até
à mística identificação com Ele, dilatou-se desmedidamente e abraçava a todos,
comovia-se com tudo, sentia em si tudo quanto era do próximo e dava sempre e
dava-se completamente.
Os seus conterrâneos, na sua morte, vestiram-se de luto durante um mês e
comentavam: “Morreu a mãe de Balasar!”.
No dia 10 de Setembro de 1936, Jesus fazia à Alexandrina esta profecia e
promessa:
“Vou dizer-te como vai ser feita a Consagração do mundo à Mãe dos homens e
minha Mãe Santíssima, que Eu amo tanto. Será em Roma pelo Santo Padre
consagrado a Ela o mundo inteiro e, depois, pelos padres em todas as igrejas do
mundo sob o título de Rainha do Céu e da terra, Senhora da Vitória. Se o mundo
corrompido se converter e arrepiar caminho, Ela reinará e a Vitória por Ela
será ganha”.
Aos testemunhos de Balasar queremos unir quanto a história narra sobre a
extrarodinária consagração ao Coração de Maria da paróquia parisiense de “Nossa
Senhora da Vitória” e a fundação da Arquiconfraria do Coração de Maria.
Para o leitor atento, o “título” da paróquia não é novo: recolheu-o dos lábios
proféticos da Alexandrina e ouviu-o pronunciar por Pio XII na oração de
Consagração do mundo. Não podemos deixar de ver aqui o trama duma Providência
divina. Tanto mais que o conteúdo desta narração não vem senão provar quanto
foi pedido e prometido em Fátima e em Balasar.
Eis o desenvolvimento dos factos.
Em 1832, o Arcebispo de Paris, D. De Quelen, confiou aquela Paróquia ao
jovem sacerdote Carlos Des Genettes que se dedicou com todo o coração e zelo ao
bem das almas daquela zona árida e indiferente.
Desanimado perante a inutilidade dos seus esforços, pediu repetidas vezes
ao seu Prelado que o fransferisse dali. O Arcebispo respondia-lhe sempre:
-“Reze e confie”.
Volvidos quatro anos, vem do Céu a resposta. É ele mesmo a descrever:
“Corria o mês de Dezembro de 1836, pela festa da Imaculada (3). Era pároco
desde algum tempo, e a pobre paróquia encontrava-se num estado miserável: cerca
de 18 mil habitantes, e nem uma só pessoa na igreja: trinta e cinco mulheres na
missa solene do domingo; nenhum homem cumpria o preceito pascal. Eu estava
desolado. Invadiu-me o desânimo. Temendo que os meus pecados fossem a causa
deste triste estado de coisas, decidi-me a pedir a demissão.
“Num dia de Dezembro, sexta-feira, achava-me eu mais triste e abatido do
que nunca. Comecei a missa só com o meu pequeno ajudante. Chegado ao
“Sanctus”, assaltou-me uma perturbação
extraordinária.
Fui obrigado a parar. Estava para continuar a missa, quando de repente oiço
uma voz forte e distinta que me diz: “Consagra a tua igreja e paróquia ao
Santíssimo e Imaculado Coração de Maria”. Espantado, volto-me para trás com
vivacidade: não vejo ninguém. O ajudantezinho brincava tranquilamente com os
dedos. Acabou-se, digo de mim para mim, estou a ficar louco. Não há mais
dúvidas, é preciso ir hoje mesmo apresentar a minha demissão ao Senhor
Arcebispo. Um pouco tranquilizado com esta resolução, terminei a Santa Missa,
sem prestar mais atenção à voz estranha que tinha ouvido. Dei a minha acção de
graças. Estava totalmente só na capela-mór. Preparava-me para me levantar;
tinha já erguido um joelho, quando a mesma voz, ainda mais forte e mais
distinta, me repete num tom de comando que me causa calafrios: “Consagra a
tua paróquia ao Santíssimo e Imaculado Coração de Maria”.
Desta vez convenci-me. Não havia ilusão. Tinha entendido bem. Coisa
estranha! Não tinha tido nunca o menor gosto por esta devoção. Havia-me
parecido sempre pueril. Quase ridícula.
“Recai de joelhos, cheio de reconhecimento e de emoção. Depois de longa
oração, voltei para casa resolvido a escrever sem demora os Estatutos duma
Confraria em honra do Imaculado Coração de Maria, para a conversão dos
pecadores. Pus mãos à obra, e eu, que sempre achei difícil o trabalho de
redacção, fiquei maravilhadíssimo ao ver que escrevi dum só fôlego, sem
correcção alguma os Estatutos projectados. Uma potência invisível guiava
evidentemente a minha mão. São os mesmos Estatutos que existem hoje e forma
aprovados pela Santa Sé. Não sabia o que dizer. Pedi à Virgem que me desse uma
prova de que tudo vinha de Deus. Disse para mim: Se o Senhor Arcebispo aprovar
a Confraria, será o sinal de que a obra é de Deus.
Fui naquele mesmo dia ao Senhor Arcebispo, temendo um pouco que Mons. De
Quelen se risse de mim e da minha ideia. Não ousei falar-lhe da voz misteriosa
que tinha ouvido por duas vezes. Contentei-me com apresentar-lhe o projecto dos
Estatutos. Com grande espanto meu, Mons. De Quelen, sem reflectir um momento,
disse-me: “Meu caro Padre, não somente aprovo esta Confraria, mas ordeno que a
estabeleça e quero que a comece a partir do próximo domingo”.
“Estávamos na sexta-feira. Parti surpreendido, mas alegre. Dois dias
depois, anunciei do púlpito na Missa solene, às trinta ou quarenta mulheres que
compunham o auditório, que naquela mesma tarde começariam as reuniõnes da
Confraria do Santíssimo Coração de Maria para a conversão dos pecadores. No
fundo do coração, com meu pesar, não tinha muita confiança. Ao descer, encontro
aos pés do púlpito um senhor, que não tinha visto quando subira; aproxima-se e
pergunta-me –cosa inaudita!- onde e quando o poderia atender de confissão.
“De tarde, batia-me ansioso o coração. Não encontrarei ninguém na igreja,
dizia ao dirigir-me para lá; farei uma bela figura com a Confraria. Qual não
foi a minha surpresa quando, ao entrar, vi a minha pobre igreja quase cheia, e
havia mais de um terço de homens e jovens. Não podia acreditar. Li e expliquei
os Estatutos. Cantaram-se as ladainhas de Nossa Senhora. E eis que, chegando à
invocação: “Refugium peccatorum, ora pro nobis; Refúgio dos pecadores, rogai
por nós”, eu chorava como uma criança. A Confraria estava fundada.
O Padre Des Genettes pretendia mais; queria que a Confraria se estendesse
ao mundo inteiro. Assim aconteceu realmente, distribuindo por seu meio a
Santíssima Virgem multidão de graças e conversões espantosas.
O prodígio ocorrido em Paris no século passado e as graças que dele
provieram, estimulem as paróquias, as instituições e fiéis a consagrarem-se ao
Coração Imaculado de Maria.
Com conclusão deste humilde trabalho, parece-me enquadrar-se perfeitamente a oração escrita e divulgada por S. João Bosco, grande devoto do Coração Doloroso de Maria, e que previu as batalhas dos inimigos da Igreja e profetizou que por meio de Maria virá a vitória:
“Ó
Maria, Virgem poderosa,
Vós,
grande e ilustre defesa da Igreja,
Vós,
Auxílio admirável dos Cristãos,
Vós,
terrível como um exército em linha de batalha,
Vós,
que sozinha destruistes todos os erros do mundo,
Vós,
nas angústias, nas lutas, nas necessidades,
Defendei-nos
do inimigo,
E na
hora da morte
Acolhei-nos
nas alegrias eternas. Amen”.
Notas
(1) O Concílio Vaticano II apresentará precisamente este apelo: “Os
Religiosos mantenham a fisionomia do próprio Instituto... Conservem fielmente o
seu género de vida” (Doc. Sobre a renovação da vida religiosa, No. 9).
(2) Cf. Pág. 14, em que Jesus, em 1954, confirma “Por meio de ti foi
consagrado o mundo à minha bendita Mãe”. A frase “com uma festa solene”
significa o modo com que deve ser feita a consagração e a instituição duma
festa lutúrgica em honra do Coração de maria? O primeiro director não nos
deixou nenhuma explicação sobre o assunto. Ao autor escapou esta
particularidade e nada perguntou à Alexandrina. A Irmã Lúcia é mais explícita
(cf. Pág. 38), e pede a Pio XII uma festa, extensiva a todo o mundo, em honra
do Coração de Maria.
(3) 1832: O P. Carlos Des Genettes toma posse da paróquia parisiense; em
Balasar, no mesmo ano, aparece a cruz misteriosa (cf. Pág. 25). Em 1836, o
mesmo sacerdote ouve o convite de consagrar a paróquia ao Coração de Maria; em
Balasar, em 1936 (cf. Pág. 41) Jesus diz que os sacerdotes consagrarão ao
Coração de Maria as suas paróquias e que o Papa invocará Maria “Senhora da
Vitória”. Puras coincidências ou realizações dum plano divino?