versiones, versiones y versiones...renovar la aventura de compartir la vida con textos, imágenes y sonidosDirector, editor y operador: Diego Martínez Lora    Número: 50 junho/julho 2003


Delane Guimarães:

Nossas origens e a música


 

Na maior parte das vezes, o homem  descobre, não inventa. Ele recorre à sua experiência do mundo exterior e interior e a criação dos instrumentos musicais é um dos grandes milagres da humanidade.

Yehudi Menuhin, violinista e um dos grandes nomes da história da música, estava um dia num país da África, quando ouviu o som de dois tambores ecoando nas colinas.

Perguntou ao seu guia, que música era aquela, e ele respondeu simplesmente : “Ah! são dois bons amigos dizendo boa noite!”.

Essa é uma prática que remonta à origem da música e da fala e a uma era em que a quietude e o sossego, que agora perdemos, permitiam aos tambores que ecoavam, enviar mensagens através da calma do anoitecer.

O homem sente uma infinita curiosidade pelos sons que as coisas produzem; desde os primeiros meses de idade, o bebê ouve cantigas de ninar, e a partir daí, reproduz as canções, participa de brinquedos de roda, passa a percurtir instrumentos e vai se interessando cada vez mais pelas actividades ligadas à música.

E é através da experimentação, do reconhecimento das  coisas que produzem som, que levou o homem à moldagem de uma enorme quantidade de instrumentos musicais.

Os vestígios mais antigos de ferramentas específicas para fazer música vieram  das escavações da Sibéria, e datam de trinta e cinco mil anos atrás. Incluem um conjunto de ossos de mamute, as enormes juntas dos quadris e dos ombros, com marcações mostrando os locais onde podiam ser obtidas as melhores ressonâncias . Junto com elas, foram encontrados um osso entalhado, como uma baqueta e duas pequenas flautas, também de osso, com quatro orifícios em cima e em baixo, sugerindo que eram seguros pelo polegar e mais dois dedos de ambas as mãos.

Isto já implica a existência de um aprimorado sistema de dedilhar, e por extensão, de uma escala musical – a existência de melodias primitivas muito antes da ultima grande Era Glacial.

Pode ser que estes achados constituam o fragmento da mais antiga orquestra que se tem conhecimento, tão excitante para os músicos como para os antropólogos.

Em tempos pré históricos as flautas eram consideradas símbolos da própria vida. Essa qualidade pessoal e íntima, até os dias de hoje é evidente em todos os instrumentos de madeira.

Os tocadores de flauta da Idade da Pedra e o flautista da moderna orquestra são irmãos na música.

A música nasceu com a natureza, ao considerarmos que seus elementos formais, o som e o ritmo, fazem parte do universo, e particularmente da estrutura humana.

O homem pré-histórico descobriu os sons que o cercavam no ambiente e aprendeu a distinguir os timbres característicos da canção das ondas se quebrando na praia, da tempestade se aproximando, e das vozes de vários animais selvagens.

Encantou-se com seu o próprio instrumento musical – a voz.

Mas a música pré-histórica não se configurou como arte : teria sido

uma impulsiva e institiva reação do movimento sonoro ou expressivo meio de comunicação, sempre ligada às  palavras, aos ritos e à dança.


 Bibliografia :

A música do homem – Yehudi Menuhin e Curtis W.  Davis

Pequena história da música  - Mário de Andrade

O som e o sentido – José Miguel Wisnik        


(*)Delane Guimarães, escritora brasileira


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