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Director, editor y operador: Diego Martínez Lora    Número 55 - Abril - Mayo 2004


Maria do Céu Costa(*)

Uma sociedade que já não tem capacidade de distinguir os sentimentos


Falo-vos da Joana, uma pessoa reservada, com um coração doce e enorme.

Por brincadeira, Joana um dia começou a escrever. Certo dia e passados alguns anos de o ter iniciado ao arrumar umas papeladas da sua secretária, encontrou os seus trabalhos que ia fazendo e guardando nessa mesma secretária. Ao vê-los sentiu um impulso, daqueles impulsos fortes e que parece que agem por nós, o impulso dizia-lhe «dá a conhecer esses teus trabalhos».

Joana sem dizer nada a ninguém enviou-os para umas tantas editoras. Já não se lembrando disso, continuou a levar a sua vida no dia a dia normal.

Decorridos alguns meses começa a receber respostas à apreciação do seu trabalho. O que parecia uma brincadeira começava a ocupar uma parte mais séria. Aceitaram publicar o seu trabalho. Então Joana com certo receio, o que é normal, aceitou o desafio. Via agora os alicerces de um sonho seu.

Meia entorpecida, pois isto representava um desejo profundo, e ainda não desperta do que se estava a passar, deu luz verde para o início do processo da edição do livro.

Até aqui pode parecer-vos que esta história da Joana nada tem de novo e até a estejam achar um pouco maçuda, mas vou continuar, e espero que ainda aí estejam e continuem comigo até ao final, até ao núcleo desta história.

Continuando então, e entre os acertos de detalhes e das provas do livro, a editora lembrou Joana de fazer uma dedicatória no livro, caso quisesse. Respondeu de imediato afirmativamente pois já tinha em mente desde o início desse projecto fazê-lo. 

Dedica o livro a uma das poucas pessoas que na sua vida têm uma verdadeira importância. Fá-lo dedicando-o à sua Melhor Amiga, além de o ser, foi também a primeira pessoa a dizer à Joana que ela tinha jeito para a escrita, foi ainda a primeira pessoa a ler os seus poemas e a tecer as primeiras opiniões, foi uma grande parte impulsionadora do projecto da Joana.

O livro saiu e as primeiras reacções começam a chegar-lhe, recebe reacções que positivamente superaram as suas expectativas.

Joana e já conhecendo muito bem o meio em que estava inserida profissionalmente, estava com renitência de ai dar a conhecer este seu lado criativo. Mas fê-lo…

Então no seu meio profissional começa a receber as primeiras reacções; de pessoas surpresas; de pessoas com alguma “dor de cotovelo”, reacções normais e para as quais Joana já se encontrava preparada.

Só que a “maior” de todas as reacções e a qual jamais imaginava era que nesse meio, meio esse onde as pessoas se dizem e acham cultas, a reacção fosse em relação à “dedicatória” que fez no livro e não ao livro em si. Por ter dedicado o livro à sua Melhor Amiga a reacção que recebeu no meio em que se insere profissionalmente foram as insinuações de que a “Joana é homossexual”.

Vou escrever-vos a dedicatória, leiam-na e vejam se encontram nela algo mais do que tão-somente uma prova de amizade que se quis dar a uma grande amiga.

Joana só tem a dizer que tem nojo desta sociedade em vive… que tem pena dessas pessoas que não se dão conta que têm os sentimentos embrutecidos.

Resta deixar-vos a dedicatória:

“Dedico este livro à pessoa que me fez acreditar no “maior milagre do mundo”…, a minha Melhor Amiga”.

Já agora e para esses embrutecidos Joana quer dar-se ao trabalho de lhes explicar ainda que “o maior milagre do mundo” são as potencialidades com que cada um nasce ou que as adquire, e em que alguém de alguma forma, nos ajuda e nos faz acreditar nelas.  

 

 

Tenho pena de vós!

Assinado: Joana


(*)Maria do Céu Costa,  1970, Mafra. Actualmente mora em Amarante. Publlicou recentemente: Sentimentos no Silêncio.


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