Novidades de ciência

Genética

A proteína do aprendizado

Cientistas americanos acabam de descobrir a causa de certos casos de retardamento mental: a falta de uma proteína que forma as sinapses, ou seja, as ligações entre os neurônios. "Isso está por trás de 1 em cada 2000 casos de retardamento", diz o professor William Greenough, da Universidade de Illinois, nos Estados Unidos. Segundo ele, indivíduos que produzem pouca proteína do X frágil, como é chamada a substância, apresentam um retardamento leve, que geralmente se traduz como uma enorme dificuldade de aprender as lições da escola. "Pois sempre que aprendemos algo novo, novas ligações entre os neurônios se formam", explica o cientista. "Mas, nesses indivíduos, é como se não houvesse matéria-prima o suficiente para formá-las direito." Existem ainda pessoas que não produzem uma molécula sequer da proteína cerebral e, no caso, acabam com um retardamento mental grave. "É improvável que meus estudos levem a cura desses casos mais sérios", diz Greenough. "No entanto, acho que no futuro existirão remédios capazes de completar o estoque da substância nos casos de retardamento leve."

Artigo da revista Super Interessante




Astronomia

Um cometa para mudar a história

Quando foi descoberto por dois astrônomos amadores americanos, em julho de 1995, o Hale-bopp parecia só um cometa a mais; uma bola de gelo sujo que sobrou da formação do Sistema solar, há 4,5 bilhões de anos. Mas não demorou muito e o astro ambulante já empolgava os estudiosos por dois motivos. Primeiro, por ser o maior bólido já estudado pela ciência. Seu núcleo, com diâmetro estimado em 40 quilômetros é quatro vezes maior que o do Halley, que passou por aqui pela última vez em 1986. O segundo motivo da empolgação é que as informações trazidas pelo Hale-Bopp estarão mais acessiveis graças aos excepcionais instrumentos de observação hoje disponíveis, como o Telescópis Espacial Hubble e outros mirantes orbitais ou do solo. O que mais surpreende os astrônomos é que o Hale-Bopp carrega grande quantidade de substâncias orgânicas. São coisas como metano, acetileno, cianeto de metila, ácido fórmico e etileno. Vários desses compostos são produzidos por organismos vivos. O etileno se forma no amadurecimento das frutas O ácido fórmico é extraido das formigas. E o metano aparece no estômago dos ruminantes durante o processo de digestão. O raciocínio dos astrofísicos é o seguinte: se a maioria dos cometas contiver tanta matéria orgânica assim, a vida pode mesmo ter sido plantada na Terra por esses mensageiros cósmicos.

Artigo da revista Super Interessante




Astronomia

Um vizinho no sistema solar.

Acaba de ser descoberto um novo membro do Sistema Solar, cuja órbita, uma elipse extremamente alongada, se estende muito além de Plutão a mais de cem vezes a distância média entre a Terra e o Sol. O novo objeto, denominado 1996TL66, foi descoberto por uma equipe de astrônomos de várias universidades, Jane Luu, Brian G. Marsden, David Jewitt, Chadwick A. Trujillo, Carl W. Hergenrother, Jun Chen e Warren B. Offutt, usando um telescópio de 2,2 metros da Universidade do Havaí. O diâmetro do planeta é estimado em cerca de 500 km e sua órbita tem uma forte inclinação relativa ao plano da eclíptica (plano que contém as órbitas dos planetas em torno do Sol). O novo objeto está numa região situada entre a faixa de Kuiper (uma população de objetos situados além da órbita de Netuno que não chegaram a agregar-se aos planetas) e a nuvem de Oort (um conjunto de cometas e asteróides). Os autores consideram provável a existência de outros objetos massivos nessa região, sugerindo que a nebulosa solar original da qual se formou o sistema solar possa ter sido mais extensa e mais massiva do que se acreditava até agora.

Nature, vol. 387,p. 573 (1997)




Astronomia

Incandescentes rios subterrâneos .

A sonda Soho, que observa o Sol a 1,6 milhão de quilômetros da Terra, detectou rios de plasma abaixo da superfície solar. São correntes de gases superaquecidos e carregados de eletricidade, que viajam a cerca de 24 000 quilômetros de profundidade em torno dos pólos e do equador do Sol, com uma largura que varia de 27 000 a 64 000 quilômetros. Segundo Craig De Forest, da Universidade de Stanford, que analisou as observações da Soho, os rios podem explicar as enormes erupções solares. Periodicamente, esses jatos de material incandescente que saem da superfície solar para o espaço lançam fortes tempestades magnéticas sobre a Terra, afetando os sinais de telecomunicação e danificando satélites em órbita do nosso planeta.

Artigo da revista Super Interessante




Física

Conexões fantasmagóricas à distância .

Uma demonstração espetacular de um dos efeitos mais misteriosos da teoria quântica, cuja possibilidade era negada por Einstein, acaba de ser obtida pelo cientista Nicolas Gisin e colaboradores, da Universidade de Genebra (Suíça). Verificou-se a existência de conexões aparentemente instantâneas entre dois fótons, chamados gêmeos, separados por uma distância de 11 km. Os fótons gêmeos são criados a partir de um único fóton de radiação ultravioleta, ao atravessar um cristal especial. No caso, foi usado o niobato de potássio. O processo é conhecido como "conversão descendente". Uma vez criados, os dois fótons que se encontram em um estado quântico idêntico, conhecido como "emaranhado", viajam através de fibras óticas até vilarejos situados ao norte e ao sul de Genebra. Chegando a seus destinos, cada fóton atravessa um aparelho, chamado interferômetro, que permite a escolha entre dois caminhos possíveis, um mais curto do que o outro. Segundo a teoria quântica, a escolha se dá inteiramente ao acaso, como num jogo de cara e coroa. O experimento permite comparar as escolhas feitas pelos dois fótons. Com o aparelho ajustado convenientemente, verifica-se que ambos fazem exatamente a mesma escolha, ou seja, ambos percorrem o caminho mais curto ou ambos percorrem o caminho mais longo. A escolha se dá num tempo tão curto que um sinal luminoso, viajando à velocidade de 300 mil km/s, não teria percorrido nem a décima milésima parte da distância de 11 km que separa os dois interferômetros. Tudo indica que é uma conexão instantânea à distância, do tipo que Einstein chamou de fantasmagórica. O efeito é conhecido como o paradoxo de Einstein, Podolski e Rosen (EPR), no qual os cientistas contestaram a conexão entre partículas emaranhadas, argumentando que, segundo a teoria da relatividade, nada pode viajar com velocidade maior que a da luz. Entretanto, a conexão não viola o princípio básico da relatividade. Experimentos análogos haviam sido feitos anteriormente, mas nunca a distâncias superiores a 100 metros. A descrição detalhada do experimento ainda não foi publicada. Uma aplicação possível diz respeito à chamada "criptografia quântica". Dois observadores separados detectam a mesma seqüência de escolhas dos fótons gêmeos, que pode assim ser tomada como chave de um código criptográfico à prova de intercepção. Gisin está desenvolvendo um sistema de criptografia baseado nesse efeito, com o apoio da Agência Suíça de Telecomunicações.

The New York Times - Science Times, 22/7/97



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