Os crimes do comunismo

 

Nos séculos antecedentes poucos povos e poucos Estados ficaram totalmente isentos de violência infligida e sofrido o uma escale mundial. As principais potências europeias estiveram envolvidas no tráfico de negros, o republica francesa praticou uma colonização que, a despeito de certos contribuições positivas, ficou marcada, até ao fim, por um grande numero de episódios repugnantes. Os EUA continuam impregnados de uma certo cultura da violência que mergulha os suas raízes em dois crimes maiores: a escravatura dos negros e o extermínio dos índios.

            Mas o século XX foi o século das grandes catástrofes humanas - duas guerras mundiais; o império Otomano dedicou-se ao genocídio dos Arménios; a Alemanha ao dos Judeus e dos Ciganos e a Itália de Mussolini chacinou os Etíopes.

            Os regimes comunistas cometeram inúmeros crimes, crimes contra o espírito artes de mais nada, crimes contra a cultura universal e racional, e pior, assassínio em massa de homens, mulheres e crianças. Aqui vão alguns números;

-          URSS, 20 milhões de mortos:

-          China, 65 milhões de mortos:

-          Vietname, 1 milhões de mortos:

-          Coreia do Morte, 2 milhões de mortos;

-          Camboja, 2 milhões de mortos:

-          Europa oriental 1 milhões de mortos:

-          Américo Latina, 150000 mortos:

-          África, 17 milhões de mortos:

-          Afeganistão, 1,5 milhões de mortos.

O  total aproximo-se da fasquia dos cem milhões de mortos. Foram crimes de guerra e compreendem: o assassínio, os maus tratos ou a deportação para trabalhos forçados; o assassínio, os maus tratos infligidos a prisioneiros de guerra ou a pessoas no mar; execução de reféns; tortura...

 

Os inimigos prisioneiros

A URSS não tinha ratificado as Convenções Internacionais sobre os prisioneiros de guerra (Genebra, 1929). Em teoria, os prisioneiros estavam protegidos pela convenção, mesmo no caso de o seu país não a Ter assinado. Na URSS, esta disposição não tinha qualquer valor. Vitoriosa, conservava três a quatro milhões de prisioneiros alemães. Entre eles, contavam-se soldados libertados pelas potências ocidentais que, uma vez regressados à zona soviética, tinham sido deportados para a URSS.

Em Março de 1947, Viatcheslav Molotov declarou que um milhão de alemães (exactamente 1003974) tinham sido repatriados, restando ainda 890532 nos campos do seu país. Estes números foram contestados. Em Março de 1950, a URSS declarou que o repatriamento dos prisioneiros estava concluído. No entanto, as organizações humanitárias advertiram de que pelo menos 300000 prisioneiros tinham ficado retidos na URSS, bem como 100000 civis. A 8 de Maio de 1950, o governo Luxemburguês protestou contra o encerramento das operações de repatriamento, uma vez que 2000 cidadãos seus continuavam retidos na Rússia. Destinar-se-ia a ocultação de informações sobre esta questão a esconder a triste verdade sobre o destino destes prisioneiros? Podemos admiti-lo, considerando a mortalidade existente nos campos.

Uma estimativa feita por uma comissão especial (a Comissão Maschke) revelou que um milhão de soldados alemães presos na URSS morreram nos campos. Assim, dos 100000 prisioneiros feitos pelo Exército Vermelho em Estalinegrado, só sobreviveram cerca de 6000.

Ao lado dos Alemães, em Fevereiro de 1947 estavam vivos cerca de 60000 soldados italianos, O governo italiano informou que apenas 12513 destes prisioneiros a Itália até aquela data. É preciso igualmente assinalar que os prisioneiros romenos e húngaros que tinham combatido na frente russa conheceram situações análogas. Em Março de 1954, foram libertados cem voluntários da divisão espanhola «Azul». Esta visão geral não ficaria completa se não referíssemos os 900000 soldados japoneses feitos prisioneiros na Manchúria, em 1945.

In O Livro Negro do Comunismo. 1998, Quetzal Editores

 

Os «Malgré-Nous»

Um ditado que circulava nos campos é bem demonstrativo da diversidade de origens da população concentracionária: «Se um país não está representado no Gulag, é porque não existe». Também a França teve os seus prisioneiros no Gulag, prisioneiros que a diplomacia não fez grandes esforços para proteger e recuperar.

A Alsácia-Lorena foi anexada, germanizada e inclusivamente nazificada. Muitos dos jovens moselenses e alsacianos, que não tinham o menor desejo de servir sob o uniforme alemão, tentaram escapar a esse «privilégio». Até ao final da guerra, foram feitas 21 mobilizações na Alsácia e 14 no Mosela, num total de 130000 jovens. Enviados na sua maioria, para a frente russa, 22000 «Malgré-Nous» tombaram em combate. Os Soviéticos, informados pela França Livre desta situação peculiar, apelaram à deserção, prometendo o regresso às fileiras da França combatente. Na realidade, e quaisquer que tenham sido as circunstâncias, 23000 alsacianos-lorenos foram feitos prisioneiros. Grande parte deles foi agrupada no campo 188, de Tambov, à guarda do MGB em condições terríveis de sobrevivência:

subalimentação, trabalho forçado nas florestas, alojamentos primitivos, ausência total d cuidados médicos. Os que escaparam destes campos de morte lenta calculam que 14000 dos seus companheiros de cativeiro lá morreram entre 1944 e 1945. Ao cabo de longas negociações, 1500 prisioneiros foram libertados e repatriados para Argel, no Verão de 1944. Se Tambov foi o campo onde esteve internado um maior número de alsacianos-lorenos, outros existiram onde estes últimos estiveram retidos em cativeiro, desenhando assim uma espécie de sub-arquipélago especial para estes franceses que n~o puderam combater pela libertação do seu país.

In O Livro Negro Do Comunismo, 1998, Quetzal Editores

 

Testemunho de Stanislaw Swianiewiz, Sobrevivente do massacre de Katyn.

«Apercebi-me de uma abertura no tecto, pela qual conseguia ver o que se passava lá fora [...]. À nossa frente via-se um terreno coberto de erva [...]. Estava rodeado por um cordão de elementos do NKVD, de baioneta calada.

            Era uma experiência nova. Mesmo na frente de batalha, logo depois de termos sido feitos prisioneiros, os forças que nos escoltavam não colocavam as baionetas nas espingardas [...]. Ao local chegou um simples autocarro. Era pequeno, sobretudo se comparado com os autocarros que se vêem habitualmente nas cidades ocidentais. As janelas estavam tapadas com cal. Devia ter capacidade para cerca de trinta passageiros e a entrada fazia-se pela parte de trás do veículo.

Perguntámo-nos porque é que as janelas tinham sido tapadas. Ao recuar, a carrinha aproximou-se o suficiente do vagão vizinho por forma a que os prisioneiros pudessem entrar directamente nela, sem descerem do vagão. Os soldados do NKVD, de baioneta calada, montavam guarda à entrada dos prisioneiros pelos dois lados do veículo [...]. De meia em meia hora a carrinha regressava, para carregar um novo grupo. Em consequência, o local para onde os prisioneiros eram transportados não ficava longe [...].

O coronel do NKVD, um homem muito alto, que me tinha tirado do vagão, estava de pé no centro do local, mãos nos bolsos do capote [...]. Era evidente ser ele a controlar a operação. Mas, em que consistia ela? Devo confessar que ria altura, iluminado por um belo dia de Primavera, a ideia de execuções não me passou sequer pela cabeça [...]».

A l‘ombre de Katyn, Institut Iittéraire, 1976.

 

Crianças numa prisão de distrito

O que tais nos comovia era a sorte de vinte crianças, sobretudo filhos de pessoas deportadas depois de 17 de Abril de 1915. Estas crianças roubaram porque tinham muita fome. Estavam presas não para serem punidas, mas para serem mortos de uma forma particularmente selvagem:

- Os guardas de prisco batiam-lhes ou davam-lhes pontapés até à morte;

            - Faziam delas brinquedos vivos; amarrootam-nos pelos pés, suspendiam-nas das traves do tecto, balouçavam-nos e depois tentavam estabiliza-las aos pontapés;

            - Perto da prisão havia um pantano: os carrascos atiravam pare lá os pequenos prisioneiros, empurravam-nos para o fundo com os pés, e quando os desgraçados eram atacados por convulsões, deixavam a cabeça emergir, pare recomeçarem de imediato a mergulhá-los à força na água.

Nós, os outros prisioneiros e eu próprio. chorávamos em segredo o sorte destas pobres crianças que tinham abandonado este mundo de um modo 1-ao atroz. Navio oito carrascos guardas de prisão Bun, o chefe, e Lân (só retendo na memória estes dois nomes) eram os mais selvagens, mas todos participaram resta tarefa ignóbil, todos rivalizaram em crueldade para fazer sofrer os seus compatriotas.

testemunho de um antigo funcionário in Kên Khun.

 

Extractos do corto enviada por Mikhaíl Cholokbov a Estaline, em 4 de Abril de 1933.

Camarada Estaline !

 

Em dezembro último, o Comité regional do Partido enviou, paro «acelerar» a campanha de colecto de cereais o camarada Ovtchinnikov. Quando as requisições se iniciaram, os camponeses começaram a esconder e a enterrar o trigo. Agora, algumas palavras acerca dos resultados quantificados de todas estas requisições. Cereais «encontrados»: 5930 quintais... E eis alguns métodos utilizados para obter estas 593 toneladas desde 1918!

O método do frio.., despe-se o kolkhoziano e coloca-se o indivíduo «ao frio», todo nu, num telheiro.

O método do quente. Rega-se os pés e os bordos dos saias das kalkhazianas com petróleo e pega-se-lhes fogo. depois apagam—se as chamas e recomeça-se...

No kolkhoze Napolavsky, um certo Plotkine, «plenipotenciário» do Comité do distrito, forçava os kolkhozianos interrogados o estenderem-se sobre um fogão aquecido ao rubro. Seguidamente «esfriava-os» fechando-os nus num telheiro...

No kolkhoze Lebiajensky, alinhavam-se os kolkhozianos ao longo de uma parede e simulava-se uma execução...

Podia multiplicar até ao infinito este género de exemplos. Não são «abusos», não, é o método corrente de colecta de trigo...

            Se lhe parecer que a minha carta é digna de merecer o atenção do Comité Central, envie para aqui verdadeiros comunistas que tenham a coragem de desmascarar todos os que neste distrito deram um golpe mortal à construção kolkhoziana... O camarada é a nosso única esperança

Seu Mikhail Cholokhov

(Arquivos presidenciais 45/1/827/7-22)

 

Relatório do adjunto do chefe do departamento operacional do Gulag sobre o estado dos campos de Siblag. 2 de Novembro de 1941.

Segundo as informaç5es recebidas pelo Departamento operacional do NKVD da região de Novossibirsk, verificou-se um forte crescimento da mortalidade entre os detidos nos departamentos de Akhlursk, de Kuznetsk e de Novossibirsk do Siblag...

A causa desta elevada mortalidade, coincidente com um alastramento maciço dos doenças entre os detidos, é incontestavelmente um emagrecimento generalizado devido o uma carência alimentar sistemática em condições de trabalho físicas penosas, acompanhado de pelagra e um enfraquecimento da actividade cardíaca.

            O atraso nos cuidados médicos prestados aos doentes, a penosidade das trabalhos efectuados pelos detidos, com alongamento do horário de trabalho e ausência de alimentação complementar, constituem um outro conjunto de causas que explicam as fortes taxas de morbilidade e mortal idade...

Verificaram-se numerosos casos de mortalidade, de magreza pronunciada e de epidemias entre os detidos remetidos pelos diferentes centros de triagem para os campos.

Nestes últimos tempos, têm sido descobertas, nos campos do Siblag, numerosas sabotagens por parte do pessoal médico formado por detidos. Um grupo de quatro detidos encarregado de sabotar a produção enviavam detidos doentes para os trabalhos mais duros, não os tratando atempadamente, esperando desse modo impedir que o campo cumprisse as suas quotas de produção.

O chefe-adjunto do Departamento Operacional do Gulag, Capitão das forças de Segurança, Kogenman.

 

Testamento dos prisioneiros patriotas do Vietname (excertos)

Temos de insistir na denúncia das condições de detenção absolutamente inimagináveis. Na prisão de Chi Hoa, a prisão oficial de Saigão, havia cerca de 8000 pessoas encarceradas sob o Antigo Regime, e este facto era severamente criticado. Hoje, esta mesma prisão encerra mais de 40000 pessoas. Com frequência, os prisioneiros morrem de fome, de falta de ar, sob tortura ou suicidam-se. [...]

Há duas espécies de prisões no Vietname: as prisões oficiais e os campos de concentração. Estes últimos estão perdidos na selva, o prisioneiro é ali condenado perpetuamente a trabalhos forçados, nunca é julgado e nenhum advogado pode assumir a sua defesa.[...]

Se é verdade que a humanidade actual recua com temor face ao desenvolvimento do comunismo, e principalmente da pretensa «invencibilidade» dos comunistas vietnamitas que «venceram o todo-poderoso imperialismo americano», então nós, prisioneiros do Vietname, pedimos à Cruz Vermelha Internacional, às organizações humanitárias do mundo, aos homens de boa vontade que enviem com urgência a cada um de nós um comprimido de cianeto a fim de que possamos por fim ao nosso sofrimento e à nossa humilhação. Queremos morrer imediatamente! Ajudem-nos a realizar este acto: ajudem-nos a morrer imediatamente. Ficaremos imensamente reconhecidos.

feito no Vietname, do mês de Agosto de 1975 ao mês de Outubro de 1977

 

 O inferno de Pitesti

A Securitate, a polícia política romena, utilizou durante os interrogatórios os instrumentos «clássicos» de tortura: espancamentos, pancadas nas solas dos pés, com a cabeça para baixo. Em Pitesti a crueldade da tortura ultrapassou em muito estes métodos: foi praticada toda o gama - possível e impossível - de suplícios. O corpo era queimado com cigarros; partes do corpo de alguns prisioneiros começavam a gangrenar, caíam como as dos leprosos; outros eram obrigados a ingerir excrementos e, se os vomitassem, o vómito era-lhes enfiado pela garganta abaixo.

A imaginação delirante de Turcanu encarniçava-se sobretudo com os estudantes crentes, que recusavam renegar Deus. Alguns eram «baptizados» todas as manhãs da seguinte maneira: enfiavam-lhes a cabeça numa tina cheia de urina e fezes enquanto os outros presos recitavam em volta a fórmula do baptismo. Para que o torturado não asfixiasse, levantavam-lhe de tempos a tampos a cabeça do tina para respirar e de novo a mergulhavam no magma repugnante. Um dos que sistematicamente sofreram esta tortura criara o seguinte automatismo, que durou cerca de dois meses: era ele próprio que todas as manhas imergia a cabeça na tina, para grande chacota dos reeducadores.

Quanto aos seminaristas, Turcanu obrigava-os o oficiar nas missas negras que ele próprio encenava, sobretudo durante a Semana Santa, na vigília pascal. Alguns desempenhavam o papel de meninos de coro, outros de padres. O texto litúrgico de Turcanu era, evidentemente, pornográfico e parafraseava de forma demoníaco e original. A Virgem Maria era referida como «a grande prostituta» e Jesus «o imbecil que morreu na cruz». O seminarista que desempenhava o papel de padre devia despir-se completamente, sendo depois envolvido por um lençol sujo de excrementos e pendurado ao pescoço, um falo confeccionado com sabão, miolo de pão e pulverizado com DDT. Na noite que antecedeu a Páscoa de 1950, os estudantes em curso de reeducação foram obrigados a passar diante do «padre» e a beijar o falo, dizendo: «Cristo ressuscitou.»

(V. Ierunca, op. cit, pp. 59-61.)

 

Prisões nazis e prisões comunistas

1.            Nyeste, húngaro e residente, dirigia depois da guerra uma organização de jovens; recusou-se a aderir ao PC. Condenado depois de processo, cumpriu a sua pena no campo de trabalho de Resz, onde permaneceu até ao ano de 1956; testemunhou que os detidos passavam doze horas por dia no Inverno, e dezasseis no Verão, o partir pedra. O mais difícil de suportar era no entanto a fome:

«A diferença entre a polícia secreta comunista e a dos nazis - sou um dos felizes eleitos a Ter experimentado ambas - não reside nos seus níveis de crueldade e de brutalidade. O local de tortura de uma masmorra nazi era idêntico ao de uma masmorra comunista. A diferença não está aí. Se os nazis o prendiam como dissidente político, queriam geralmente saber quais eram os suas actividades, quem eram os seus amigos, quais eram os seus planos e assim por diante. Os comunistas não perdiam tempo com isso. Sabiam já, ao prendê-lo, que tipo de confissão iria assinar. Mas o senhor não sabia. Eu não podia imaginar que me ia transformar num «espião americano!»

(Entrevista para a emissão «The Other Europe», Janeiro de 1988, citada in Jacques Rupnik, l’autre Europe. Crise et fin du communisme,

Paris, Odile Jacob, 1990, p. 147)

 

 Sobreviver ao horror

Pelo crime de falar inglês, fui preso pelos Khmers Vermelhos e levado, de corda no pescoço, coxeando e titubeando, para a prisão de Kach Roteh, perto de Battambang. Era apenas o começo. Fui acorrentado com todos os outros prisioneiros, com ferros que me cortavam a pele. Os meus tornozelos ainda conservam as marcas. Torturaram-me repetidamente, durante meses. O meu único alívio era quando desmaiava.

Todas as noites, os guardas irrompiam nas celas e chamavam os nomes de um, dois ou três prisioneiros. Levavam-nos, e não os voltávamos a ver - eram assassinados por ordem dos Khmers Vermelhos. Que eu saiba, sou um dos raríssimos prisioneiros a Ter sobrevivido em Kach Roteh, um verdadeiro campo de tortura e de extermínio. Só sobrevivi graças ao meu jeito para contar as fábulas de Esopo e contos clássicos animalistas khmers aos adolescentes e às crianças que eram os nossos guardas.

Kassie Neu, director do Instituto Cambojano dos direitos Humanos, 20 de Setembro de 1996.

 

A pazada

Quem se encarrega das execuções? A escolha é deixada ao critério dos agentes de Segurança, que fuzilam quando não querem sujar as mãos, ou matam lentamente se pretendem acompanhar a agonia. Assim, tive conhecimento de que se pode matar à paulada, à pedrada ou com uma pá.

            Chegou-se ao ponto de matar os prisioneiros como se de um jogo se tratasse, organizando um concurso de tiro em que eles servem de alvos. Também aconteceu forçar os supliciados a baterem-se entre si e a despedaçarem-se mutuamente. [...] Vi várias vezes com os meus próprios olhos cadáveres atrozmente trucidados: as mulheres raramente morrem em paz. Vi seios rasgados à facada, partes genitais dilaceradas por um cabo de pá. nucas despedaçadas à martelada [...] No campo, a morte é algo muito banal. E os «criminosos políticos» batem-se como podem para sobreviver. Fazem o que quer que seja para conseguir mais milho e banha de porco. Todavia, apesar desta luta, morrem diariamente no campo, em média, quatro ou cinco pessoas, de fome, por acidente ou... executadas.

 

            É praticamente impensável fugir de um campo. Um guarda que prende um fugitivo pode esperar entrar para o Partido e depois frequentar a Universidade. Alguns obrigam prisioneiros a trepar vedações de arame-farpado. Nessa altura, disparam e fingem tê-los detido.

Além dos guardas, há cães a vigiar os criminosos políticos. Servem-se destes terríveis animais, muito bem treinados, como máquinas de matar. Em Julho de 1988, no campo n0 13, dois prisioneiros foram atacados pelos cães. Dos seus corpos só restaram os ossos. Também em 1991, dois rapazes de quinze anos foram, devorados por esses cães.

In O Livro Negro do Comunismo, 1998, Quetzal Editores.