BMV (Brasilia Muito Velha) X BMW
Very old Brasilia x BMW
Alguém teve a idéia de comparar uma Brasilia, maldosamente apelidada por alguns de "BMV", como "Brasilia muito velha", o que é sonoramente semelhate a BMW (W em alemão se lê V) e o resultado foi esta reportagem, publicada na web por uma revista eletrônica. Abaixo o texto em sua íntegra.
One day, someone had the nasty idea of comparing a Brasilia (in Brazil, badly nicknamed by some as "very old Brasilia" - in portuguese BMV is the abbreviation of that sentence, what is resemblant in pronounce to BMW, as eventually one may pronounce W like V in german - it´s complicated, but it´s a true joke in Brazil!) to a BMW, and the result is this article, published by an e-magazine. Below, you may read the full text.
Brasília
x BMW
texto e fotos/text
& pictures: Rubens
Maximiano
A
Revista UP convidou três leitores para um test-drive nada convencional. Algo
como ir do céu ao inferno no universo consumista. Primeiro, rodar alguns quilômetros
num dos carros mais desejados do planeta: a BMW série 5. Depois, descer ao
fundo do poço automobilístico: uma voltinha numa Brasília 1973. Apesar da
aparente injusta comparação, os dois carros têm números surpreendentes.
The UP e-magazine invited 3 readers for an unconventional test-drive. Something like going from heaven to hell in the consumist universe. First, to have a brief ride in one of the world´s most wanted cars: the 5 series BMW. After that, reach the lowest level in the automobile industry: a ride in a 1973 VW Brasilia. Despite the apparently unfair comparison, both cars have surprising numbers.
Brasília para uns, “Brasília
Muito Velha” (ou BMW) para outros. A primeira foi ícone do “milagre econômico”
nos anos 70, quando a Volkswagen do Brasil vendeu mais de 1 milhão de unidades
do modelo. Hoje, um exemplar em bom estado não vale mais do que R$ 3 mil. Assim
mesmo, provoca reações ambíguas: ao mesmo tempo que é condenada por
ambientalistas pelo elevado nível de emissão de poluentes e pelos motoristas
por provocar acidentes e congestionamentos, é adorada por gente simples que não
tem condições de comprar um carro mais caro, garimpada por colecionadores de
carros antigos e disputada “a unha” por ladrões que querem transformá-la
em sucata de reposição.
A segunda, uma referência ao carro luxuoso que fica no outro extremo das aspirações
de consumo (custa R$ 155 mil), está a quilômetros de distância de qualquer crítica.
Super-sofisticada, ao lado da Mercedes-Benz, é o símbolo maior de status sobre
quatro rodas.
Brasilia for some, 'very old Brasilia' (or BMV) for others. The first car was the icon of the "economy miracle" that happened in Brazil during the 70´s, when Volkswagen of Brazil sold more than 1 million units of the car. Today, an example in nice conditions costs no more than US$ 1,000. Even so, it reveals ambiguous reactions: by one hand the environmentalists convict the car for the high fuel consumption and polutive emissions, and also convicted by some drivers to cause accidents and traffic jams, by the other hand it is a beloved car for humble people who have no means to buy a more expensive car, it is also deeply searched by collectionists and quarreld "eye on eye" by car thefts who want another salvaged mainbody. The second car, the real BMW, is a referency in luxury cars, very distant in the dreams of any normal person (it costs in Brazil US$ 55,000) and free from any bad complaint. Ultra-modern, as a Mercedes-Benz, it´s the biggest status symbol on four wheels.
Apesar do abismo que separa
os dois modelos, curiosamente têm muitos pontos em comum. Começando pela
concepção. Nasceram no mesmo ano - em 1973 -, mas em berços bem diferentes. A
BMW série 5 foi projetada na Alemanha com cinco modelos, do 518i de 90 cavalos
de potência ao 5301 de 180 cavalos. Em 1981, veio a segunda geração, com opção
de seis motores, inclusive diesel. A terceira geração apareceu em 1988, com
motores de 2.0 a 3.5 litros, com potência de 115 a 211 cavalos - além de
turbodiesel.
A Brasília foi o primeiro Volkswagen inteiramente projetado e desenhado fora da
Alemanha. Também foi o primeiro carro totalmente planejado por uma montadora no
Brasil a ser exportado para outros países. Em 1978, a Brasília vendeu 157.695
unidades - recorde só superado pelo Fusca em 1972, com 223.453 unidades
vendidas. Já a série 5 da BMW fez a alegria e satisfação de quase 3 milhões
de proprietários no mundo todo.
Despite the abyss beetween the two cars, they amazingly share some aspects. First for its conception, both were created in the same year - 1973 -, but at distinct places. the 5 series BMW was designed in Germany with 5 models, from 518i 90Hp to the 530i 180Hp. In 1981, the second generation brought 6 new engines, including diesel. The third generation came up in 1988, with engines ranging from 2.0 to 3.5 liters, and power rated from 115 to 211Hp - beyond the turbodiesel. The Brasilia was the first car enterely projected and designed outside Germany. It was also the first car planned by an auto assembler in Brazil to become an export model. In 1978 the Brasilia sold 157,695 units - a record only beated by the Beetle in 1972, with 223, 453 units sold. And the 5 series BMW gave pride and satisfaction to circa 3 million owners worldwide.
O test-drive / The test drive
|
Juliana |
Os leitores convidados
iniciaram o test-drive em frente ao Jornal Cruzeiro do Sul, no Alto da Boa
Vista, em frente ao Paço Municipal. O circuito incluía as retas da Rodovia
Castelinho, as curvas da estrada de Itu e o trânsito urbano da Avenida
Engenheiro Carlos Reinaldo Mendes. A primeira a guiar os veículos foi a
publicitária Juliana Moraes de Souza. Na opinião da leitora, a Brasília tem
no campo de visão seu ponto mais positivo. “Não dá para comparar os dois
carros, por motivos óbvios, mas fiquei impressionada com a imensa área envidraçada
da Brasília”, ressalta. Juliana elogia também os retrovisores automáticos
da BMW, que compensam o menor campo de visão. Já os retrovisores da Brasília,
segundo Juliana, são muito pequenos. A publicitária ficou, também,
impressionada com o desempenho da BMW. “É super-rápida na arrancada”,
elogia.
A secretária Eliza Marques Silva foi a segunda a andar nos carros. Apreciou a
voltinha na Brasília pelo conteúdo nostálgico: “Meu avô tinha uma Brasília.
Parece que estou vendo meu pai pedindo o carro emprestado para namorar”. Se a
Brasília foi uma volta ao passado, a BMW surpreendeu pelo moderno câmbio automático.
“É muito legal. Você pode escolher entre o câmbio automático ou o manual
no mesmo carro.” O elogio da secretária tem fundamento. O câmbio da BMW é
um dos mais modernos. Na opção câmbio automático, o sistema troca as marchas
esportivamente ou mais suavemente, de acordo com a escolha do motorista. No modo
manual, o motorista muda as marchas com um simples toque na alavanca. A cada
toque para a frente, ele aumenta as marchas. Se desejar reduzir, basta dar um
toque para trás.
Eliza também apreciou o espaço interno da BMW. “Meu chefe iria adorar.
Parece carro de executivo”, exalta. E é. O revestimento em couro e as
poltronas largas e macias são itens imprescindíveis quando a mira são
consumidores de alto poder aquisitivo. Na Castelinho, a Brasília avaliada não
ultrapassou os 110 km/h. Já a BMW, segundo as especificações da fábrica,
passa dos 230 km/h.
The invited readers started the test-drive in front of the Cruzeiro do Sul Journal headquarters. The circuit included long straight motorway lanes at Castelinho Highway, the curves at the Itu roadstrip and the city traffic at the Carlos Reinaldo Mendes Ave. The first person to drive both cars was the advertiser named Juliana Moraes de Souza. At her opinion, the Brasilia has the visibility as a top feature "It´s obvious we cannot compare both cars in an equal basis, but I´m impressed how the Brasilia provides a good driving visibility all around", she says. But the rear view mirrors according to Juliana, are too small. She was also impressed with BMW power displacement. "It´s very fast at the startup" that´s her appraisal.
The secretary, named Eliza Marques Silva, was the second driver to ride both cars. She enjoyed the ride on the Brasilia for the nostalgia: "My grandfather had a Brasilia. I feel like seeing my father as a young teenager asking his father the car to go out for a date". If the Brasilia represents a brief flasback, the BMW susprises for its modern features, specially the automatic transmission. "It´s really cool. You can choose beetween the auto or the manual tranny in the same car." The secretary´s appraisal has a good reasoning. BMW gearbox is one of the most recent. At the auto option, the system shifts the gears both sportly or economy, according to the driving requests. At manual, the driver shifts the gears with a simple touch at the knob. Each touch forward increases shifting, and to shift down, just touch backwards. Eliza also enjoyed the inner room of the BMW. "My boss would certainly love it. It really looks like an executive´s car.", she says. Actually the BMW really is, by featuring genuine leather seats and door panels and luxury carpets all around. Those items are quite usual for upscale cars. At the Castelinho highway, the Brasilia couldn´t run faster than 68Mph. The BMW on its way, according to factory specifications reaches, 145Mph.
|
Fernando |
O último leitor a fazer o test-drive foi o estudante Fernando Ávila. Foi quem
pisou um pouco mais na Rodovia. Segurança é o adjetivo desta supermáquina. Os
air bags frontais dianteiros são chamados “inteligentes”. O sistema
controla o funcionamento, inflando-os de acordo com a intensidade do acidente.
Através de sensores, o equipamento identifica a gravidade da colisão e
“escolhe” entre dois diferentes estágios ao inflar as bolsas. Nos air bags
convencionais, não existe este tipo de sensor e eles são sempre inflados no
seu ponto máximo, podendo oferecer riscos de ferimento aos ocupantes dos bancos
dianteiros em colisões mais leves. A estabilidade nas curvas da BMW também foi
apontada por Fernando como digna de menção.
O proprietário da Brasília cedida para o test-drive, Carlos José Oliveira de
Souza, conhecido como Potira, comprou o veículo há mais de 5 anos. Pintou de
amarelo em homenagem ao conjunto Mamonas Assassinas. Potira lembra que a Brasília
já foi o carro preferido da família brasileira e até já foi carro de playboy
(na sua época a Brasília era a nossa BMW).
Para o diretor de uma das maiores lojas especializadas em autopeças de
Sorocaba, Luiz Antônio Rodrigues, atender proprietários de Brasília é um
excelente negócio. “Prefiro vender peças para Brasília do que para BMW.”
Luiz explica a preferência pela quantidade de veículos existentes na cidade.
“Ainda existem milhares de Brasílias rodando. Diariamente, vendemos peças de
motores, acessórios e lataria de Brasília. Já da BMW, a única peça que eu
me lembro de ter vendido é uma pastilha de freio”, justifica.
The last of the readers to perform the test-drive was the student named Fernando Avila. He was the only one to step hard and speed a bit more on the higway. Safety is an adjective to this supermachine. The front airbags are denominated "intelligent". The system controls its functions, and inflates them porportionally according the strenght at the moment of the impact. Through electronic sensors, the device identifies how severe the collision was and inflate the airbags at two different stages. There´s no such device in conventional airbags, and they could be fully inflated, causing sometimes risks to front seat passengers in light collisions. BMW handling in curves was also very responsive, according to Fernando.
The owner of the Brasilia used in the test-drive, Carlos Jose Oliveira de Souza, nicknamed Potira, purchased the car back to some 5 years ago. He resprayed it into yellow in heritage to the music band "Mamonas Assassinas". Potira recalls the Brasilia once was the most wanted car for the Brazilian families, and it was also young boy car (at his days, back to the 70´s, the Brasilia sounded like a BMW). In the opinion of a Sorocaba car parts shop manager, Mr. Luiz Antonio Rodrigues, it´s a profitable business to supply Brasilia owners. "I´d rather sell Brasilia parts than BMW ones". Mr. Rodrigues explains his preference due to the amount of Brasilias running around the town. "There are thousands of Brasilias everywhere. I daily sell engine parts, metal sheets and accessories for the Brasilia. For a BMW instead, the very single part I ever recall selling was a brake pad", justifies Rodrigues.
Carros velhos na mira / Old cars on target
|
Eliza |
Se uma grande parcela da
população, formada por consumidores de baixa renda, sonha com uma Brasília na
frente de sua casa, um outro grupo prefere criticar os veículos velhos,
incluindo as Brasílias, que rodam na cidade. Um dos maiores críticos aos
carros sem conservação é o ex-prefeito Theodoro Mendes. Em sua opinião,
deveria haver uma fiscalização maior nos carros em circulação.
Theodoro lembra que uma Brasília velha bateu violentamente na traseira do carro
de um amigo no farol. Segundo Mendes, a Brasília não tinha pára-choque
dianteiro nem documentação e a única atitude do motorista foi pedir
desculpas, justificando o acidente pela ausência de freios.
No entender do ex-prefeito, o carro em circulação não pode oferecer perigo a
terceiros. “Longe de mim o elitismo. Há veículos fabricados em 1973 que estão
em ótimo estado de conservação. O problema não é o ano do carro, mas como
foi cuidado.” Teodoro também cobra das autoridades de trânsito mais
fiscalização: “só a inspeção veicular não basta. É preciso tirar das
ruas os carros sem documento. Afinal, se o carro não passar pelo licenciamento,
não poderá ser inspecionado”, adverte.
If in one hand a big part of the population, mostly composed by less fortunate people in the social level, dream of a Brasilia parked in front of their homes, on the other hand, some people tend to criticize the old vehicles, including the Brasilias, which run around the town. One of the biggest critics to mistreated cars is the former mayor Theodoro Mendes. At his opinion, there should be a more severe inspection at any licensed car. Theodoro recalls that an old Brasilia hit fast and strongly a friend´s car stopped at a traffic light. According Mendes, the Brasilia had no bumpers neither the documents were up to date, and all the Brasilia driver did was to apologize for the incident, justifiyng it due to a brake malfunction.
However, in the ex-mayor mind, any licensed and running car should offer no third part danger. "Don´t blame me for an exigent selection. There are 1973 cars in great conditions. The problem is not how old the car is, but how it has been maintened indeed." Theodoro expects from the authorities more inspection: "the vehicle inspection itself is not enough. It is necessary to make unlicensed and cars without documents to be banned from the roads. After all, if the car can´t obtain the license titles, it would not be inspected", he says.
Programa de Inspeção
Veicular / Vehicle Inspection Program
A inspeção veicular parece ser a saída para os carros fora dos padrões de
conservação. Só no Estado de São Paulo são cerca de 4 milhões de veículos
com mais de 20 anos de fabricação. A partir deste ano, todos os veículos do
Estado de São Paulo terão que passar pelo Programa de Inspeção Veicular, o
PIV, para aferição dos níveis de emissão de poluentes e ruídos para poderem
renovar seu licenciamento.
O PIV será vinculado ao sistema de registro e licenciamento anual. Os veículos
reprovados na inspeção não poderão ser licenciados até que se faça o
reparo das causas que originaram sua reprovação.
Outros benefícios da implantação do programa é a redução significativa nas
emissões de ruído da frota circulante, redução dos índices de mortalidade
por doenças respiratórias e geração de empregos, como mecânicos de
oficinas, inspetores e instrutores. Mas vale lembrar que, quando o PIV entrar em
vigor, a avaliação dos veículos não incluirá nenhum tipo de desmontagem e
precisará de cerca de 20 minutos para ser feita.
The Vehicle Inspection Program seems to be the most suitable action to verify old and mistreated cars. Only in the São Paulo State, there are circa 4 million units of 20 years of manufacture vehicles running. From this year on, all cars in São Paulo State should be submitted the Vehicle Inspection Program - codenamed PIV , to check pollutive emission and noise level to get their updated license. The PIV will be added as part of the annual licensing and registry system. The vehicles which fail the inspection should not be licensed until they get any repair to the damaged and not approved items. Other benefits from the program is the posibility of a reduction in pollutive emissions and noise of the actual vehicles, also to avoid the increase of breath problems caused by polution and face a higher employment level of proper personell, like mechanics, inspectors and instructors. And just to remind, when the PIV comes up, any disasemble will not be necessary and it won´t be longer than 20 minutes per car.
Veículos em circulação no Estado de São Paulo Licensed cars in São Paulo State |
Abaixo de 1980/ Before 1980 |
3.168.962 |
1980
- 1984 |
1.771.394 |
1985
- 1989 |
2.014.968 |
1990
- 1994 |
2.083.464 |
1995 |
767.853 |
1996 |
780.618 |
1997 |
939.788 |
1998 |
701.770 |
1999 |
555.973 |
2000 |
239.485 |
TOTAL
|
12.696.919 |
*dados coletados no site do Detran/SP * from the source of the SP State Traffic Department |
HOME |