Aqui você vai encontrar vários artigos, sobre os mais variados temas Espíritas. Os artigos que se encontram nesta Página foram extraídos de revistas, livros, jornais e de outras páginas da Internet.

QUADRO DE TEMAS

Anjos

O Centro Espírita tem Dono?

Compromissos Assumidos

Doutrinação

Evangelização

Um Convite Interessante

Mediunidade, da antigüidade aos dias atuais

Mediunidade Aflorada,

Obsessão ou Livre arbítrio?

Palestrantes e Palestras

A Proposta de Cristo

Inovações Perigosas

Reencarnação e educação

Dízimo no Centro Espírita

Reencarnação e Patologia do Sexo Homossexualismo

Culto do Evangelho no Lar

 Conflitos de Interesses

 Violência

 Espiritismo sem Mitos

 A Reencarnação

 Condição Sine Qua Non

Onde está a vossa fé?

As relações interpessoais na Casa Espírita

 

 

A N J O S

Por Warwick Mota

 

Os Anjos segundo a igreja

Ao longo dos tempos o homem tem buscado sempre a figura de um protetor invisível que o socorre e o orienta em todas as situações, independente de credo todas as religiões têm tido anjos sob vários nomes, isto é, seres superiores à humanidade, intermediários entre Deus e os homens.

Negando toda a existência espiritual fora da vida orgânica, o materialismo naturalmente classificou os anjos entre ficções e alegorias. A crença nos anjos é parte essencial dos dogmas da Igreja que assim os define :

"Acreditamos firmemente, diz um concilio geral e ecumênico, que só há um Deus verdadeiro, eterno e infinito, que no começo dos tempos tirou conjuntamente do nada as duas criaturas - espiritual e corpórea, angelical e mundana - tendo formado depois, como elo de ligação entre as duas, a natureza humana, composta de corpo e Espírito."

A crença nos anjos existe no seio mesmo do politeísmo e nas fábulas da mitologia, porque essa crença é tão universal e antiga quanto o mundo. O culto que os pagãos prestavam aos bons e maus gênios não era mais que a falsa aplicação da verdade, um resto degenerado do primitivo dogma. As palavras do concílio de Latrão contêm fundamental distinção entre anjos e homens: -- ensinam que os primeiros são puros Espíritos, enquanto que os segundos se compõem de um corpo e de uma alma, isto é, que a natureza angélica subsiste por si mesma não só sem mistura como dissociada da matéria, por mais vaporosa e sutil que suponha, ao passo que a nossa alma, igualmente espiritual associa-se ao corpo de modo a formar com ele uma só pessoa, sendo tal e essencialmente o seu destino.

Seu ser e movimentos não são localizados nem circunscritos a limitado e fixo ponto do Espaço. Desligado integralmente do corpo, ocupam qualquer espaço no vácuo; mas assim como a nossa alma existe integral no corpo e cada uma de suas partes, assim também os anjos estão, e quase integralmente, em todos os pontos e partes do mundo. Mais rápidos que o pensamento podem agir em toda parte num dado momento, operando por si mesmos sem outros obstáculos, senão da vontade do criador e os da liberdade humana. Enquanto somos condenados a ver lenta e limitadamente as coisas externas; enquanto as verdades sobrenaturais se nos afiguram enigmas num espelho. Na frase de São Paulo, eles, os anjos, vêem se esforço o que lhes importa saber, e estão sempre em relação imediata com o objeto de seus pensamentos.

Os padres da Igreja e os teólogos ensinam geralmente que os anjos se dividem em três grandes hierarquias ou principados, e cada hierarquia em três companhias ou coros.

Os da primeira e mais alta hierarquia designam-se conformemente às funções que exercem no céu; os Serafins são assim designados por serem como que abrasados perante Deus pelos ardores da caridade; outros os Querubins, por isso refletem luminosidade divina sabedoria; e finalmente Tronos os que proclamam a grandeza do Criador, cujo brilho fazem resplandecer.

Os anjos de segunda hierarquia recebem nomes consentâneos com as operações que se lhes atribui no governo geral do universo, e são: as Dominações, que determinam aos anjos de classes inferiores suas missões e deveres; as virtudes, que promovem os prodígios reclamados pelos grandes interesses da Igreja e do gênero humano; e as Potências que protegem por sua força e vigilância as leis que regem o mundo físico e moral.

Os de terceira hierarquia têm por missão a direção das sociedades e das pessoas, e são: - os principados, encarregados de reinos, províncias e dioceses; os Arcanjos que transmitem as mensagens de alta importância, e os Anjos de guarda, que acompanham as criaturas a fim de velarem por sua segurança e santificação.

RE F U T A Ç Ã O

O princípio geral resultante dessa doutrina é que os anjos são seres puramente espirituais, anteriores e superiores à humanidade, criaturas privilegiadas e votadas à felicidade suprema e eterna desde a sua formação, dotadas, por sua própria natureza de todas as virtudes e conhecimentos nada tendo feito, aliás, para adquiri-los. Estão por assim dizer no primeiro plano da Criação, contrastando com o último onde a vida é puramente material; e, entre os dois, medianamente existe a Humanidade, isto é, as almas, seres inferiores aos anjos e ligados a corpos materiais.

De tal sistema decorrem várias dificuldades capitais: em primeiro lugar, que vida é essa puramente material? Será a da matéria bruta? Mas a matéria bruta é inanimada e não tem vida por si mesma. Acaso referir-se-á aos animais e às plantas.

Neste suposto seria uma quarta ordem na Criação, pois não se pode negar que no animal inteligente algo há mais que numa planta, e nesta, que numa simples pedra

Quanto à alma humana, que estabelece a transição, essa fica diretamente unida a um corpo, matéria bruta, aliás porque sem alma o corpo tem tanta vida como qualquer bloco de terra.

Sobre o sentido atribuído às expressões deuses e demônios. Toda a antigüidade admitiu a existência dos deuses, expressão por que se designavam os Espíritos puros e elevados, e dos semideuses ou heróis, como pelas palavras demônios ou gênios estendia aos Espíritos em geral.

Os cristãos mesmos se serviam dessas designações. Diz S. Pedro (I Coríntios, VIII, v. 5, 6): "Porque, ainda que haja alguns que se chamem deuses, ou no céu, ou na terra, não teremos senão um único Deu, o Pai, de quem tiveram o ser todas as coisas."

Em seus comentários sobre S. João (liv. II n. 2), diz Orígenes: " O Deus eterno tem direito a maiores homenagens; somente ele tem direito à verdadeira adoração e não os outros deuses que com ele vivem e são seus ministros e subordinados, sendo ele próprio seu Deus e seu criador."

Santo Agostinho diz (De civitate Dei), I, VIII, cap. XXIV: "Os demônios (maus Espíritos) não podem ser amigos dos deuses cheios de bondade, a que nós chamamos santos anjos."

É no mesmo sentido que S. Justino, em seu Discurso aos gregos, n. 5, assim se exprime: "Cultivando bem a fé, nós podemos "nos tornar deuses" e S. Irineu (Contra hocreses, I IV, cap. XXXVIII) diz: "Nós ainda não somos mais do que homens, mas um dia seremos deuses."

Os anjos segundo o Espiritismo

Na questão 128 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indaga as entidades venerandas. Os seres a que chamamos anjos, arcanjos, serafins, formam uma categoria especial, de natureza diferente da dos outros Espíritos? "Não; são os Espíritos puros: os que se acham no mais alto grau da escala e reúnem todas as perfeições."

A palavra anjo desperta geralmente a idéia de perfeição moral. Entretanto, ela se aplica muitas vezes à designação de todos os seres, bons e maus, que já estão fora da Humanidade. Dizes: o anjo bom e o anjo mau, o anjo de luz e o anjo das trevas. Neste caso o termo é sinônimo de Espírito ou de gênio. Tomamo-lo aqui na sua melhor acepção.

Questão 129 de O Livro dos Espíritos. "Os anjos hão percorrido todos os graus da escala?"

"Percorrem todos os graus, mas do modo que havemos dito: uns, aceitando sem murmurar suas missões chegaram depressa; outros, gastaram mais ou menos tempo para chegar a perfeição."

"Que haja seres dotados de todos as qualidades atribuídas aos anjos, não restam dúvidas. A revelação espírita nesse ponto confirma a crença de todos os povos, fazendo-nos conhecer ao mesmo tempo a origem de tais seres."

As almas ou Espíritos são criados simples e ignorantes, isto é, sem conhecimento nem consciência do bem e do mal, porém, aptos para adquirir o que lhes falta. O trabalho é o meio de aquisição, e o fim - que é a perfeição - é para todos o meio, conseguem mais ou menos prontamente em virtude do livre-arbítrio e na razão direta de seus esforços, todos tem os mesmos degraus a franquear, e o mesmo trabalho a concluir

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O texto "Anjos" é uma síntese do assunto, encontrado na seguinte bibliografia:
O céu e inferno. cap. VIII 1a parte. - Allan Kardec - FEB
O Livro dos Espíritos . 2a parte cap. 1 - Allan Kardec - FEB
Cristianismo e Espiritismo - Leon Dennis. - FEB

 

O CENTRO ESPÍRITA TEM DONO?

Por Warwick Mota

 

Dá conta de tua administração."- Jesus. (Lucas, 16:2.)

 

Procurando subsídios para uma palestra, folheava o livro Os Mensageiros ¹, quando me detive de forma mais demorada no capitulo 34 intitulado "Oficina de Nosso Lar". O que alguns anos atrás não me chamou a devida atenção ao ler o livro, desta feita me prendeu de forma especial, mas especificamente à frase em que Isidoro se dirige hospitaleiro a André Luiz:

"Entrem!

­ A casa pertence a todos os cooperadores fieis do serviço cristão"

Tal assertiva nos reportou-me imediatamente a um diálogo que tive com um confrade amigo meu, acerca da construção de um Centro Espírita, em que o mesmo fazia questão de afirmar a todo o momento; vou construir o meu próprio Centro. Pois não se encontrava muito à vontade na instituição a que pertencia.

Tais afirmações, levou-me fazer, uma análise do assunto.

Alguns irmãos, ao se sentirem melindrados por algum motivo nas instituições a que pertencem, libertam sentimentos negativos, como, o egoísmo e o personalismo e saem a falar em altos brados: Vou fundar o meu próprio centro. Não estou colocando em questão a iniciativa altruísta cristã de construir um centro, mas sim a ênfase dada ao pronome possessivo MEU, que nos dá a clara idéia de posse.

E estes irmãos, após terem construído os "seus centros," usam de forma mal disfarçada do termo MEU, para imporem regras e empecilhos aos que desejam integrar-se às tarefas enobrecedoras da casa, colocando explicitamente o personalismo nas tarefas que foram distribuídas anteriormente. Quando estes donos, presidentes e detentores também de outras tarefas e "cargos" da casa, são procurados por trabalhadores da instituição que discordam das suas linhas de pensamento, fazem prevalecer as suas condições de "donos de Centro" e suas opiniões se sobrepõe a tudo. Quem não estiver satisfeito que procure outra casa, aqui eu mando.

Esquecem porém que um grupo espírita é um templo aberto à necessidade e à indagação de todas as criaturas, que não se resume, simplesmente, a simples propriedade particular, mas na sua profundidade maior, à condição de escola de amor cristão, de hospital, de oficina de trabalho e, especialmente, de nossos irmãos desencarnados, que trabalham para o Cristo. Tais lembranças reportam-me a ensinamentos de Emmanuel, no livro Fonte Viva, "Na essência, cada homem é servidor pelo trabalho que realiza na obra do Supremo Pai, e, simultaneamente, é administrador, porquanto cada criatura detém possibilidades enormes no plano em que moureja".

1 - Os Mensageiros, livro da série André Luiz (FEB)

(Publicado na revista O Espírita em 1995)

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COMPROMISSOS ASSUMIDOS

Por Warwick Mota

 

"O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir."
- Jesus. (Marcos, 10:45.)

 

Estamos aqui para colaborar na Seara do Mestre, dizia-me um certo amigo, todas as vezes em que eu lhe indagava sobre suas atividades na Instituição que este freqüentava, todavia, alegava que estava com muitos compromissos no trabalho e em casa, e que no momento não dispunha de muito tempo para as tarefas espíritas, mas assim que as coisas folgassem...

Muitos irmãos ao chegarem pela primeira vez à Casa Espírita, ficam deslumbrados, empolgados com as realizações ali presentes. A palestra edificante, as orientações do plano mais alto, chamam à atenção ao trabalho nobilitante e regenerador, e de pronto assumem ou prontificam-se a colaborar em qualquer setor da Casa, querem fazer tudo, "mostrar serviço", tomam para si várias tarefas, assumem diversos compromissos, pois transpiram boa vontade e desejam trabalhar,

Se convidados ao estudo aceitam de imediato, pois a sede de esclarecimento é muito grande, no entanto é a freqüência e a participação que revela o verdadeiro interessado. Quando o assunto então é mediunidade, deixam à mostra a grande ansiedade por uma oportunidade em um grupo mediúnico, seja na esperança de manter contato direto com algum ente querido que já partiu, ou mesmo para que possam ser veículos de transmissão de mensagens esclarecedoras provenientes de Espíritos de escol, poucos ainda são os que buscam estes grupos, na simples intenção de prestar auxílio aos Espíritos sofredores.

Porém, já diz a sabedoria popular que, "o tempo é o senhor da razão", a prova disso é que alguns meses depois de toda essa empolgação, estes irmãos sentem-se arrefecidos pelo desânimo que as dificuldades do dia-a-dia os impõe e começam a faltar aos compromissos assumidos na Seara Espírita, já não dispõem mais da mesma disposição inicial, os compromissos familiares e sociais reclamam-lhes a presença, e a falta de tempo torna-se a desculpa mais cômoda para o afastamento do trabalho com Cristo.

Alguns percebem, outros não, o quanto é difícil desenvolver consciência espírita aliada à capacidade de planejamento, a empolgação inicial que os leva a assumir mais tarefas do que podem abraçar, redunda no afastamento da Casa, e quando indagados sobre o motivo do "sumiço", alguns chegam a responder sem rebuços que agora são "espíritas free lancers", ou seja, visitam um Centro ou outro de vez em quando sem compromisso com a casa, mas com a causa.

A Doutrina Espírita não requer de nós dedicação em tempo integral, no que tange ao desenvolvimento de tarefas dentro do Centro, pois temos as nossas obrigações sociais e familiares, também não é objetivo da Doutrina Espírita o profissionalismo religioso, em contrapartida os Espíritos pedem responsabilidade naquilo que assumimos, pois o envolvimento com as realizações a que nos propomos transcende ao aspecto material da questão. Há por parte da espiritualidade maior, uma preparação antes da realização de qualquer tarefa no campo do auxílio, que obviamente conta com a anuência do Cristo, portanto a ausência não reflete apenas no trabalho em si, mas no chamado do Mestre Jesus, daí a necessidade de equacionarmos melhor o nosso tempo, visto que sempre dispomos de espaço para o trabalho na Seara do Mestre.

(Publicado na revista O Espírita n. 93 jul/set , 96 )

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ESCLARECEDORES

Por Warwick Mota

 

Questão de predominantes estudos e cuidadosa acuidade, a doutrinação ou esclarecimento, é sempre tema de discussão comentários ou críticas por parte de componentes de trabalhos mediúnicos. A abordagem feita pelos doutrinadores ou esclarecedores, aos Espíritos, em reuniões mediúnicas nem sempre é feita de maneira adequada, causando muitas vezes embaraços ou constrangimento aos Espíritos, que se manifestam nestas reuniões.

Em minha modesta experiência em grupos mediúnicos, tive a oportunidade de conhecer muitos estudiosos, como também muitos outros pouco afetos ao estudo. Utilizando-me dessa experiência e de diálogos mantidos com amigos e confrades, acerca do caráter das abordagens realizadas pelos esclarecedores, pude tirar uma série de conclusões que ao meu ver são de muita valia para o assunto em questão.

Herminio C. Miranda em seu livro "Diálogo com as Sombras" edição da FEB, reforça com muita propriedade as considerações de Kardec em, "O Livro dos Médiuns" cap. XXV item 80, e faz valer o subtítulo de sua obra, Teoria e Prática da Doutrinação, obra essa que muitos esclarecedores tiveram pouca ou nenhuma preocupação de lê-la, sequer folheá-la. Nessa obra o autor fala, desde formação dos grupos até os trabalhos, propriamente ditos.

Uma das figuras chaves para um bom desempenho de um grupo, é a do dirigente, pois cabe a ele a distribuição de tarefas, e o encaminhamento dos participantes ao estudo, se for o caso. Distribuir tarefas dentro de um grupo mediúnico, implica no conhecimento do potencial de cada componente, o que vai exigir destes, a preparação necessária ao tipo de trabalho que vão realizar.

Grupos mediúnicos não são com certeza os locais mais adequados para acolher pessoas indolentes e despreocupadas com o estudo da Doutrina Espírita. É óbvio que não estou fazendo alusão a pessoas perfeitas, mas sim que reúnam condições mínimas de participação nesse tipo de atividade. "O Espiritismo será o que os homens fizerem dele¹".

O objetivo básico de um grupo mediúnico é prestar assistência aos desencarnados, que nada mais são do que almas de homens que viveram na terra, com vícios, paixões, dores, aflições, perseguições, etc. Não seria necessário recordar que, os irmãos desencarnados e até encarnados, são levados aos grupos, para que recebam: auxílio, esclarecimento e atendimento fraterno. Para isso é necessário requisitos básicos, dos quais podemos citar dois.

Em primeiro lugar o médium psicofônico. Este é sem dúvida nenhuma o primeiro doutrinador, pois a manifestação se dá através dele, o controle é indispensável, e só é conseguido com muito estudo aliado a pratica.

Em segundo lugar, o esclarecedor tem por obrigação estudar Doutrina Espírita, pois é de seus argumentos adquiridos em obras idôneas, quanto da sua reforma moral, que depende o Espírito comunicante para se reabilitar..

A falta de estudo, o despreparo aliado à falta de tato, a despreocupação com o trabalho a realizar, inibe a boa performance do esclarecedor, não permitindo que o grupo evolua em tarefas mais complicada por falta de preparo deste. Diante do quadro surgem nos grupos mediúnicos os mais diversos tipos de "doutrinadores", como por exemplo:

"O autoritário", é aquele que procura se impor aos Espíritos pela altivez das palavras, e não pela moral dos atos ou do esclarecimento evangélico; adora dar ordens aos desencarnados como as do tipo: "eu te ordeno que saias em nome do Cristo" quando o Espírito demonstra alguma renitência no trato, alguns lembram muito os "exorcistas", que tratam Espíritos desencarnados como "demônios".

"Os torturadores", são aqueles que por total despreparo não se preocupam com a condição psicológica do atendido, iniciam o atendimento expondo a condição de desencarnado que se encontra o Espírito, e sem qualquer coerência de análise requisitam da espiritualidade quadros de vidas passadas, sem se preocupar que tais revelações podem colocar o desencarnado em desespero, proporcionando-lhes mais perturbações diante de revelações que não estava preparado para ter.

Existe a figura do "apressadinho", esse adora falar, mal a entidade se manifesta, já sai a doutrinar, monopoliza a palavra não dando ao interlocutor a oportunidade de manifestar-se. Logo de chofre lhes expõem os motivos do sofrimento, a necessidade de perdoar, o valor do trabalho, recitam textos meramente decorados do evangelho, ou de alguma obra Espírita. Esquecem que o esclarecimento é um diálogo e não um monólogo, chegam a ponto de doutrinar até o Mentor do grupo. Lhes falta ainda o desprendimento para servir e ajudar.

Muito interessante também é "o curioso", esse, adora fazer perguntas, a maioria de caráter bem pueril, como as do tipo: qual o seu sexo? de que você desencarnou? quem são seus parentes aqui na terra? qual é sua idade? e tantas outras indagações que transformam o esclarecimento em um verdadeiro interrogatório. Interessante seria rever o cap. XXVI de O Livro dos Médiuns, Das Perguntas que se Podem Fazer aos Espíritos, itens 288, 289 e 290.

O esclarecimento ou doutrinação, é nada mais do que um diálogo fraterno, em que os personagens expõem as suas idéias, e que obviamente cabe ao esclarecedor manter o nível desse diálogo, através da compreensão, do tato, da psicologia dos fatos, justamente por ter do outro lado, alguém muitas vezes revoltado, que sabe de nossas fraquezas, tanto quanto nós. Ele nos vigia, observa-nos, analisa-nos, estudando-nos, de uma posição vantajosa, na invisibilidade. Percebe com facilidade as nossas intenções, a intensidade e a sinceridade dos nossos sentimentos, é conhecedor do nosso comportamento e tem objetivos definidos. Às vezes é um intelectual, com conhecimentos muito superiores aos nossos até mesmo de Doutrina Espírita, embora o "confronto" não seja de inteligência nem de cultura, necessário se faz que o postulante a doutrinador conheça os fundamentos básicos da Doutrina e, sobretudo que seja humilde.

Logicamente, há outros tipos de esclarecedores que o leitor conhece até melhor do que eu, mas, por enquanto ficaremos por aqui.

(Publicado na revista O Espírita n. 92 - abril/jun, 96)

1. No Invisível - Introdução - Léon Dennis - 15ª edição FEB

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EVANGELIZEMOS NOSSAS CRIANÇAS

Por Warwick Mota

 

"Deixai vir a mim os pequeninos não os impeçais
pois deles é o reino dos céus". - Jesus. (Mateus, 19:14.)

Não induzo meu filho a seguir qualquer religião, quando ele crescer ele mesmo escolhe a doutrina que quer seguir, dizia-me sempre, um determinado amigo.

É prática comum em algumas famílias, inclusive espíritas, esperar que os filhos cresçam, para que definam por si próprios a religião que desejam seguir. Alegam estas, que não tem o direito de interferir na liberdade de escolha dos filhos, que religião é objeto de escolha pessoal e de gosto diversificado, e que o indivíduo tem na idade adulta, maiores condições de definir o que melhor lhe apraz nesse aspecto.

O resultado desse pensamento reflete-se na maioria das vezes, no dia-a-dia de nossa sociedade, onde uma boa parte dos jovens desligados de qualquer sentimento de religiosidade, tem a cabeça voltada apenas para o que eles chamam de "agitos", onde a tônica é dada pelos tóxicos, álcool, sexo e violência como uma forma de auto-afirmação e porque não dizer, de preenchimento do vazio causado por essa falta de religiosidade; sem contar na contribuição funesta, que o jovem tem dado para o aumento das estatísticas de suicídios, onde atualmente ele lidera os índices.

O desconhecimento de valores espirituais aliado a despreocupação dos pais com este fator contribuem de forma contundente para o agravamento deste quadro, resultando muitas vezes, em complicados processos obsessivos e até reencarnatórios, devido a falência das partes envolvidas no contexto.

Buscar o conhecimento dos postulados espíritas, observando-se o aspecto família, implica em outras variáveis, que a priori, visa a conscientização dos pais sobre o grau da responsabilidade assumida perante os Espíritos superiores, com relação àquele espírito que aceitaram como filho na presente encarnação.

Vale ressaltar, que essa responsabilidade não se limita apenas à participação no processo reencarnatório, que basicamente divide-se em duas etapas, que se dão a seguir:

Na parte primeira, dá-se uma sistemática de envolvimento, onde são observados entre outros, os seguintes aspectos: a ficha do reencarnante para que se estabeleça os mapas cármicos, o grau de simpatia ou animosidade com relação aos genitores, a composição de mapas genéticos, o desenvolvimento de reuniões entre as partes no plano espiritual, enfim, todas as medidas que podemos pensar e que não podemos, são tomadas pelos técnicos reencarnacionistas, para que se cumpra o proposto nas Leis Divinas.

A parte segunda seria a condução desse Espírito, já encarnado, pelas mais diversas problemática da vida, seja no campo social, familiar, religioso, proporcionando-lhe meios para que desenvolva em si os aspectos, cognitivo, afetivo, intelectivo, moral, etc...

É tábula rasa para nós espíritas que a primeira infância, que é o período compreendido entre zero aos sete anos, é sem dúvida nenhuma a época em que a criança está mais sensível às sugestões dos pais, é nessa fase que devem ser ministrados através de muito amor e carinho, os conceitos de valores morais e cristãos.

Neste sentido, a evangelização espírita-infantil é de fundamental importância no processo de formação da criança, pois os vícios de personalidade se encontram adormecidos, constrangidos pelo envoltório infantil. O Espírito neste momento é comparado ao terreno fértil da parábola do semeador, as sementes que ali semearmos, germinarão fortes e viçosas, contribuindo de forma preponderante na formação moral do futuro adulto.

Não podemos esquecer que a tarefa da semeadura começa cedo, aos quatro anos a criança já pode ser encaminhada às aulas de evangelização, que parte da seguinte seqüência: inicia-se pelo maternal, dos quatro aos cinco anos, depois o jardim, dos seis aos sete anos, primeiro ao terceiro ciclo da infância que vai dos oito aos treze anos , pré juventude, primeiro e segundo ciclo da juventude, dos catorze aos vinte um anos, e finalmente, depois de uma longa caminhada, por todos esses ciclos, o jovem está pronto para o Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita.

Ainda a cerca da reencarnação, nos esclarece o Espírito Manoel Philomeno de Miranda, no livro Temas da vida e da Morte, 1ª edição da FEB, página 19 que, "apesar da reencarnação se completar aos sete anos ela ainda vai se fixando lentamente até o momento da transformação da glândula pineal, na sua condição de veladora do sexo".

A esse respeito, André Luiz, no livro Missionários da Luz, 22ª edição da FEB, cap. 2º, nos dá a seguinte informação: "Enquanto no período de desenvolvimento infantil, fase de reajustamento desse centro importante do corpo perispiritual preexistente, a epífise parece constituir freio às manifestações do sexo; entretanto, há que retificar observações.

Aos catorze anos, aproximadamente, de posição estacionária, quanto às suas atribuições essenciais, recomeça a funcionar no homem reencarnado. O que representava controle é fonte criadora e válvula de escapamento. A glândula pineal reajusta-se ao concerto orgânico e reabre seus mundos maravilhosos de sensações e impressões na esfera emocional. Entrega-se a criatura à recapitulação da sexualidade, examina o inventário de suas paixões vividas noutra época, que reaparecem sob fortes impulsos ".

Diante desse quadro, podemos afirmar que em qualquer família, a fase da puberdade é com certeza uma das mais difíceis para os pais. É nesse momento que o espírito vai começando a reencontrar a sua verdadeira personalidade, iniciando-se com o chamado conflito da adolescência, que pode ser atenuado ou mesmo evitado, com uma bem estruturada educação religiosa na infância.

Deixai vir a mim os pequeninos não os impeçais pois deles é o reino dos céus, disse o Cristo aos apóstolos, que tentavam barrar a passagem de crianças até Ele. O pedido de Jesus, reverbera em nossas consciências, e entendemos que o Mestre pede que não lhes cerceemos os ensinamentos, achando que não os são necessários ainda, que deixemos que eles conheçam o Cristo, logo na infância, que é fase mais pura, mais humilde, onde os corações espargem inocência, e estão mais abertos aos preceitos cristãs.

Pensar na criança é pensar no adulto, portanto, é de vital importância que a Casa Espírita tenha essa preocupação com as crianças e com os jovens, no sentido de promover a evangelização destes, como propõe o Mestre Jesus. A FEB tem demonstrado essa preocupação, participando e promovendo cursos nessa área, é importantíssimo que as Federativas Estaduais também promovam e desenvolvam em suas regiões, programas e cursos nesse intento, não só como meio de suprir a carência de evangelizadores que é muita, como também de conscientizar os dirigentes das Casas Espíritas da importância desse trabalho, e este com certeza não um desejo apenas nosso, mas principalmente do Cristo.

(Publicado na revista Reformador de junho de 1996)

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UM CONVITE INTERESSANTE

Por Warwick Mota

 

Allan Kardec ao publicar a primeira edição de O Evangelho Segundo o Espiritismo em abril de 1864, legava para a humanidade a chama confortadora da lei evangélica interpretada à luz dos ensinos espíritas, então iniciados em 18 de abril de 1857 com a publicação de O Livros dos Espíritos, como também viabilizava sua relação interativa com os mais diversos problemas do homem.

A publicação de O Evangelho, veio sem qualquer receio de afirmar, ampliar o toque de amor dado a obra de Kardec, compondo a trilogia, Evangelho, Mediunidade e Espiritismo. O conteúdo moral explícito em suas páginas propõe ao homem a necessidade imediata da reforma íntima, através da assimilação pela exemplificação, dos ensinos propostos pelo Cristo.

Apesar da grande dificuldade que temos em exteriorizar ensinamentos evangélicos por intermédio dos exemplos, dado à nossa pouca evolução, o Evangelho nos convida à mudança interior balizada nas propostas do Mestre Jesus, que se resume no exercício diário de amor ao próximo.

As proposições orientadoras contida nesta obra, não se prestam a uma simples leitura fortuita, mas a um envolvimento maior no sentido de estudo e absorção de suas máximas, nos levando a reflexões, que só os ensinamentos de Jesus podem proporcionar.

O Codificador percebendo a grandeza da obra e a sua importância para a humanidade, nos chama a atenção para os seguintes ensinamentos, já na introdução, item primeiro, parágrafo último, dos objetivos da obra.

"Esta obra é para uso de todo mundo; cada um nela pode achar os meios de conformar sua conduta à moral do Cristo. Os espíritas nela encontraram por outro lado, as aplicações que lhes concernem mais especialmente. Graças às comunicações estabelecidas, de hoje em diante de um modo permanente com o mundo invisível, a lei evangélica, ensinada a todas as nações pelos próprios Espíritos, não será mais letra morta, porque cada um a compreenderá, e será incessantemente solicitado em praticá-la pelos conselhos dos seus guias espirituais. As instruções dos Espíritos são verdadeiramente as vozes do céu que vem esclarecer os homens e convidá-los à prática do Evangelho".

Diante de tais palavras, a necessidade de reforma cala fundo em nossas consciências, propondo mudanças urgentes, principalmente em nós espíritas que a tanto propalamos, mas que, temos tristemente dado maus exemplos, seja pelas dissensões que causamos no movimento espírita, pela adulteração dos postulados Kardequianos, pela comercialização indevida daquilo que não nos pertence, e por tantos outros fatores que não vale a pena citar.

As palavras do Mestre lionês dispensam qualquer comentário, e suas afirmações são claras quando diz. "As instruções dos Espíritos são verdadeiramente as vozes de céu que vem esclarecer os homens e convidá-los à prática do Evangelho".

(Publicado na revista Reformador de agosto, 1996)

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A MEDIUNIDADE, DA ANTIGUIDADE AOS DIAS ATUAIS

Por Warwick Mota

 

Allan Kardec no cap. XIV de O Livro dos Médiuns, fala que todo aquele que sente em qualquer grau a presença dos espíritos é por isso mesmo médium. Para nós espíritas é ponto pacifico afirmar, que a mediunidade, é uma faculdade natural, inerente ao ser humano, que independe da crença religiosa e se fez presente em todas as épocas da humanidade, sendo inúmeras vezes, confundida e deturpada pelos homens ao longo dos séculos.

Nas antigas civilizações do oriente no Egito, na Pérsia, na Síria e nas do ocidente na Grécia e em Roma, citada também nos vedas e nos livros sagrados de outras religiões, a mediunidade era tida como crença geral, e os médiuns vistos como seres privilegiados pelos deuses, e por esse fato semideuses. Denominados como pitons, pitonisas, oráculos, magos, sacerdotes, etc., eram avidamente consultados em busca das mais variadas informações que atendessem aos diversos interesses daqueles que os procuravam.

Os relatos, inclusive os citados na bíblia, referem-se à aparição de anjos, demônios e possessões variadas que marcaram a fenomenologia da época, sedimentando conceitos atávicos e ritualísticos, que ainda fazem parte dos nossos dias. Era comum na Grécia antiga e em outros povos os médiuns atuarem como conselheiros do reis, como também era comum, os retiros do homem para a natureza ou para o insulamento em monastérios buscando o estudo e a prática da filosofia, como fazia Platão, que galgava a montanha do Imec, buscando lá o refúgio e tranqüilidade para suas conjecturas, ou mesmo Moisés, que subiu ao monte Sinai no intuito de obter respostas que atendessem às suas necessidades espirituais mais prementes.

Mas é com o Cristo, que a mediunidade adquire um maior substrato moral e vem orientada pela disciplina que a sua condição de médium de Deus proporciona, visto que Ele confabulava diretamente com Deus, e que, esse fato por si só, já era suficiente para promover uma nova disposição moral nas atitudes e no comportamento do homem, em função da aplicação da Lei do Amor, inquestionavelmente traduzida em seus ensinamentos.

A ignorância, no que se refere à mediunidade e os interesses espúrios que o fanatismo religioso produzia, detonaram perseguições implacáveis aos médiuns, tanto ao tempo de Jesus quanto na Idade Média, quando ela é tachada de intervenção demoníaca e os médiuns levados ao martírio da fogueira como ocorreu com Joana D'arc, por não abjurar de suas vozes, que revelavam a sobrevivência da alma e a comunicabilidade da mesma.

Os acontecimentos de Hydesville em 1848 nos EUA, e em seguida os fenômenos das mesas girantes que invadiram a Europa, que inicialmente servia a fins fúteis, trouxeram novos enfoques sobre a mediunidade, pois os fatos como sabemos, estavam obedecendo a uma previa programação do mundo espiritual, tanto que, em 1854, chegam ao conhecimento do Insigne professor, Hyppolyte Leon Denizard Rivail, em Paris, que após análise rigorosa, se propõe aprofundar as investigações sobre o tema, comparando, observando e julgando, para apresentar ao mundo a mediunidade como uma faculdade de natureza orgânica inerente ao ser humano, que se exterioriza pela ação dos espíritos. Inquestionavelmente a prudência e o bom senso de Kardec, resultaram em uma pesquisa refinada, de rara qualidade, que nos deixou como grande legado sua maravilhosa obra.

A obra de Kardec despertou um interesse bombástico pelo assunto, e isso descambou em grandes pesquisas, como as de César Lombroso, Ernesto Bozzano, Gabriel Dellane, e tantos outros pesquisadores de renome que contribuíram de forma magnífica para o enriquecimento da Doutrina nesse contexto.

De Kardec aos nossos dias muito se tem estudado acerca da mediunidade, embora alguns, teimem em manter vivos conceitos atávicos oriundos de outros tempos em virtude da falta de estudo. Contudo, a espiritualidade maior não descansa nos ensinamentos e a Providência Divina não nos deixa órfãos de missionários que alavanquem o nosso crescimento espiritual, se atentarmos para a grande produção mediúnica no campo literário, através de Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco, Ivone A. Pereira e tantos outros espíritas sérios, perceberemos que o nosso conhecimento sobre a mediunidade é ainda ínfimo, diante desse manancial de luz.

(Artigo publicado pelo CELE - Centro Espírita Luz Eterna - www.cele.org.br)

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MEDIUNIDADE AFLORADA

Por Warwick Mota

"Alimpai-vos pois do fermento velho,
para que sejais uma nova massa".

Paulo. (I Coríntios, 5:7.) 

Faculdade inerente a todos nós, em maior ou menor grau, a mediunidade tem sido ao longo dos anos motivo de estudo, auxilio, curas, crescimento espiritual e derrocada moral, quando utilizada para fins espúrios. Metodizada pelo Codificador em "O Livro dos Médiuns", a mediunidade sempre existiu independente da época da humanidade, ou de qualquer segmento religioso.

Allan Kardec ao metodizar o estudo da mediunidade em "O Livro dos Médiuns", propõe ao estudioso ou ao estudante de Doutrina Espírita, a preparação e o conhecimentos de suas nuanças tão necessárias àquele que pretende desenvolver esta faculdade. Com o surgimento de grandes estudiosos, grandes médiuns e o desenvolvimento da Doutrina Espírita, somos contemplados com novas informações e estudos que buscaram e buscam o aprimoramento e o melhor conhecimento deste sublime dom.

Grandes são os números de grupos mediúnicos que surgem nos Centros Espíritas, maior ainda o número de pessoas necessitadas de auxílio, que procuram estes grupos. Entretanto como qualquer expansão requer critérios sob pena de cometer erros ou falhas na sua estrutura, temos observado que o crescimento por vezes desordenados dos grupos mediúnicos tem contribuído para o aumento dos necessitados de auxilio espiritual e em alguns casos, até de auxilio médico psiquiátrico.

A exemplo disso, me vem à memória uma situação que presenciei na saída de um Centro Espírita algum tempo atrás. Estava eu saindo de uma Instituição, quando fui abordado por uma senhora, que precisava informar-se de como encaixar sua filha em um grupo mediúnico, visto que a mesma vinha sofrendo convulsões violentas e que nestas convulsões falava coisas estranhas, algumas vezes em outra língua, e que, tendo procurado ajuda em um Centro Espírita, fora informada que o problema era simples, a jovem estava com a mediunidade aflorada e precisava desenvolvê-la urgente, perguntei-lhe onde fora atendida, e fiquei estarrecido com a falta de conhecimento e despreparo daquele que lhe dera aquela informação ou que fizera aquele diagnóstico.

Infelizmente não podemos considerar o fato ocorrido como um caso isolado, visto que o cotidiano nos mostra que muito comum ainda, pessoas com distúrbios mediúnicos receberem esta informação quando procuram ajuda nos Centros Espíritas (sem generalizar).

É de fundamental importância que os grupos de triagem e de atendimento fraterno na casa espírita estejam melhor preparados para atender os necessitados. Introduzir um neófito ou um obsidiado em um grupo mediúnico pode trazer sérias conseqüências tanto para o obsidiado quanto para o neófito e até mesmo para o Grupo. No caso citado percebemos que a jovem era um médium em potencial, mas, quando a comunicação se dá por meios violentos sem a anuência do médium, é obsessão grave, e o encaminhamento deveria ser para a desobsessão e não desenvolvimento mediúnico.

A recomendação de que é preciso trabalhar, a todos que chegam ou que já estão na casa espírita, é plenamente procedente, no entanto não significa que deve ser necessariamente no campo mediúnico, visto que há requisitos a serem cumpridos para o desenvolvimento dessa tarefa, não basta apenas ser candidato é fundamental estar preparado, pois a charrua da mediunidade requer conhecimentos e equilíbrio para o seu manuseio.

A propósito do assunto, André Luiz na obra "Nos Domínios da Mediunidade", (ed. FEB), dedica um capítulo, ao problema do recém chegado à casa espírita que é levado imediatamente à mesa de desenvolvimento mediúnico, tal capitulo intitula-se "Sonambulismo torturado" e relata o drama de três Espíritos comprometidos com o passado. O prematuro desenvolvimento mediúnico de uma jovem senhora envolvida no drama, demonstra que, para que o médium produza no campo do auxilio, faz-se necessário o seu reequilibrio interior, pois nos diz o Assistente Áulus. "Os templos espíritas vivem repletos de dramas comoventes, que se prendem ao passado remoto e próximo" (1)

(Publicado na revista O Espírita n° 94 out/dez-96)

1. - Nos Domínios da Mediunidade Francisco Cândido Xavier / André Luiz - cap. 10 - 15a edição - FEB

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OBSESSÃO OU LIVRE ARBITRÍO?

Por Warwick Mota

 

Tem se tornado prática entre nós espíritas, atribuirmos toda e qualquer ação de outrem, a Espíritos desencarnados, principalmente, as de caráter negativo que nos levam a emitir considerações ou mesmo à expressão direta de opinião acerca do assunto. Eu diria até, que estamos nos assemelhando em muito, a irmãos de outras crenças, que atribuem tudo que é negativo ao "demônio".

Talvez pelo fato de acharmos mais cômodo, buscar respostas fáceis ou delegar culpas que ao primeiro deslize do próximo, já estabelecemos um paradigma em relação ao comportamento alheio, estigmatizando qualquer comportamento diferente em comportamento obsessivo ou desequilibrado.

Para tal nada melhor que o uso de frases tão bem conhecidas no vocabulário espírita, que inconseqüentemente popularizamos o uso, sem atentar para coerentes critérios de observação.

"Fulano? Está obsidiado, você não percebeu o comportamento dele?" Ou então: "eu tenho tanta pena do nosso irmão, ele está totalmente desequilibrado". E mais ainda: "beltrano precisa passar por um processo de desobsessão urgente! Isso é coisa de espírito obsessor!"

Todos nós sabemos, conhecemos, vivemos ou já vivenciamos, dramas obsessivos, seja com nós próprios, com parentes, amigos, vizinhos etc, sem contar que dispomos na literatura espírita, de vasto material a nos dar o suporte necessário para o estudo e a pesquisa séria, acerca da problemática obsessiva, orientando-nos quanto as suas minúcias, graus, processos e áreas visadas.

A obsessão tem se constituído ao longo dos séculos como um dos maiores males que assola a humanidade, mas não é em função disso que devemos considerar qualquer ação praticada, como obsessão a rigor, se assim fosse, não haveria mérito para aqueles que conseguem realizar a reforma íntima, bastaria o simples fato de afastar o obsessor, para que o individuo lograsse imediatamente a condição de homem novo, pois as imperfeições não seriam inerentes a ele, mas sim ao Espírito que o obsidiava.

Se partirmos da premissa o fato de algumas pessoas, ao levantarem querelas, ou terem um comportamento antiespírita dentro das instituições a que pertencem, ou mesmo no meio social em que convivem, ressaltando-se, que via de regra temos por hábito acusar principalmente os espíritas, quando esses fazem parte do contexto, rotulando-os é claro, de obsidiados ou desequilibrados. Obviamente estamos sendo parciais em nossa observação, ao atribuir toda culpa nesse processo aos Espíritos desencarnados, eximindo logicamente tais pessoas de quaisquer vícios ou defeitos. Tal afirmativa não condiz com a verdade, portanto essa premissa é falsa. As imperfeições como já foi dito, são inerentes ao ser humano e que, os desencarnados fazem uso delas, amplificando-as para seus fins.

A alegação de que essas pessoas são conhecedoras do postulados de Kardec, é bastante inconsistente, só conhecer Kardec não é o suficiente, faz-se necessário entender Kardec. É em virtude da falta de entendimento que surge no movimento espírita pessoas descomprometidas com a Doutrina, dando suas interpretações pessoais a esta. Certamente a conseqüência desse comportamento é a exteriorização de vícios como o personalismo, apego aos poderes temporais, presunção de conhecimentos profundos da Doutrina, o que nos leva a concluir que tais indivíduos estariam mais propensos à prática da filantropia do que à caridade propriamente dita.

Quando nos referirmos à caridade, busquemos ampliar nosso entendimento em relação ao termo. Será que estamos sendo caridosos para como os desencarnados atribuindo-lhes todas as culpas? Ou será que estamos suprimindo, dos encarnados o poder de livre arbítrio que estes têm e que por estarem instalados na matéria as factíveis de erros? O Espírito é herdeiro de suas próprias conquistas e transferir todas nossas derrocadas a outros é fugir à responsabilidade do automelhoramento

 Publicado na revista "O Espírita" nº 89 Jul/Set 95 - Brasília - DF

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PALESTRANTES E PALESTRAS

Por Warwick Mota

 

Sempre que se fala em reunião pública, pensamos logo em palestra, e por via de conseqüência imaginamos quem será o expositor e qual será o tema a ser apresentado no dia. É sempre motivo de expectativa, por parte do público assistente, o tema a ser abordado pelo palestrante.

A palestra espírita constitui-se nos dias atuais um dos grandes mecanismos de divulgação da Doutrina, principalmente para as pessoas que estão chegando pela primeira vez à Casa. A mensagem renovadora e esclarecedora que passa o expositor têm como objetivos principais, o despertar de consciências e a valorização de aspectos espirituais esquecidos que conduzem o homem a uma participação efetiva no processo evolutivo da humanidade.

Como sabemos, muitas pessoas buscam a Doutrina Espírita na certeza de que vão encontrar respostas concernentes para suas dúvidas e aflições, é aquela famosa frase, se não chegamos pelo amor, chegamos pela dor. Os conceitos impostos ao longo dos tempos pelas religiões ortodoxas trazem o questionamento pessoal de valores espirituais e levam pessoas a procurarem um argumento forte que satisfaça suas dúvidas.

Há um dito popular que diz que a primeira impressão é a que fica, e no caso o papel do expositor é de extrema importância para a transmissão de conceitos renovadores, a exposição balizada no evangelho de Jesus, nas obras básicas de Kardec, ou em obras de alto cunho doutrinário, como as de: Léon Dennis, Gabriel Delanne, André Luiz, Emmanuel, etc., realçam o caráter da pureza doutrinária, dirimindo dúvidas, e por extensão, trazendo esperança e conforto a corações aflitos.

Logicamente nós Espíritas sabemos que o papel das palestras não se resume simplesmente em esclarecer os encarnados, pois que há um envolvimento maior no contexto, e que essa dinâmica gira entre o plano físico e extrafísico; é aí que entram as nossas companhias espirituais. Cabe-se observar ainda, que quando nos acomodamos em um banco, de um salão de palestras, trazemos a nossa psicosfera pessoal alterada em função dos nossos problemas vividos ao longo do dia, e que as pessoas que nos cercam trazem problemas idênticos ou diferentes dos nossos, o que já envolve a psicosfera do ambiente.

Nós carregamos conosco nossas companhias espirituais, que nos acompanham ao Centro e se acomodam junto a nós, nos bancos do salão tendo participação efetiva na psicosfera do local. À medida em que o expositor desenvolve o assunto, acontece a mudança espiritual no ambiente, pois se modifica o teor das vibrações, através da uniformização dos pensamentos.

É justamente a figura do expositor que nos chama atenção. A falta de preparo e o pouco conhecimento da Doutrina podem trazer sérios problemas, a responsabilidade de quem assume a tribuna espírita é muito grande, pois os comprometimentos são muitos. A abordagem de forma pessoal, de assuntos que requerem conhecimento doutrinário, pode afastar para sempre aquele que chega pela primeira vez à Casa.

A ambição de alguns em subir a tribuna é no mínimo preocupante, pois o objetivo no caso não é levar o Espiritismo ao público, mas sim buscar o status de orador espírita. Para isso usam dos mais variados artifícios; esquecem que devem ter estilo próprio, e se preocupam em imitar grandes expositores, inclusive nos gestos, ou então, limitam-se em decorar longos trabalhos recheados de um vocabulário altamente prolixo, que logicamente vai prender o público mais no significado das palavras, do que na mensagem cristã.

A preparação do palestrante é de fundamental importância, a observação cuidadosa dos assuntos a serem abordados e o cuidado em citar Jesus e Kardec nas exposições, trazem com certeza a boa inspiração por parte da espiritualidade maior, e um melhor feedback com o público.

(Publicado na revista O Espírita, n. 90 - out/dez 1995)

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A PROPOSTA DE CRISTO

Por Warwick Mota

 

Seria impossível para nós, mensurarmos a grandeza dos ensinamentos do Mestre Jesus, mas podemos afirmar, que a proposta destes, e nortear o comportamento individual de cada um de nós, proporcionando-nos ensinamentos, que provocam profundas reflexões ensejando orientações, que despertam para o desenvolvimento espiritual.

Para lograr objetivos, a mensagem do Evangelho fundamenta-se, em dois grandes aspectos: A autoridade moral e a autoridade espiritual. A primeira, refere-se, a exemplificação dos ensinamentos através dos atos, a segunda interagente a primeira, além de denotar a grandeza moral do Cristo que transcende aos atos e palavras, faculta a modificação do ser, pelo envolvimento fluídico que provoca a sua superioridade espiritual. A exemplo disso nos narra Lucas cap. 19 v. 1 a 10, a passagem de Jesus por Jericó.

"E tendo Jesus entrado em Jericó, ele atravessava a cidade .

Havia um homem chamado Zaqueu, que era rico e chefe dos publicanos. Ele procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, pois era de baixa estatura. Correu então à frente e subiu num sincômoro para ver Jesus que iria passar por ali. Quando Jesus chegou ao lugar, levantou os olhos e disse-lhe: "Zaqueu desce depressa pois hoje devo ficar em tua casa". Ele desceu imediatamente e recebeu com alegria. A vista do acontecido todos murmuravam, dizendo: "Foi hospedar-se na casa de um pecador!" Zaqueu, de pé disse ao Senhor: "Senhor, eis que dou a metade de meus bens aos pobres, e se defraudei a alguém, restituo-lhe o quádruplo". Jesus lhe disse: Hoje a salvação entrou nesta casa, porque ele também é um filho de Abraão. Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido ".

O diálogo que aparentemente manifesta-se como que de caráter simplista, revela grandes ensinamentos que para muitos passam despercebidos, mas que, destaca claramente o ensinamento moral e o ensinamento espiritual. O fato de Zaqueu procurar uma melhor forma de ver Jesus, revela uma predisposição a mudança dos atos, pois a simples presença do Rabi Galileu provocava profundas reflexões. Outro ponto indiscutível, é que a mudança de Zaqueu já fazia parte dos objetivos do Mestre, tanto que ao entrar em Jericó, o percebe facilmente em cima de uma árvore ansioso por um olhar, ao que Jesus corresponde, demonstrando profundos conhecimentos de psicologia transpessoal, levantando o olhar, se dirige a ele dizendo:

"Zaqueu desce depressa pois hoje devo ficar em tua casa", neste momento o vocábulo casa adquire outra conotação, visto que, ele vem antecedido de uma afirmativa verbal, "pois hoje devo ficar em tua casa", na frase, o verbo devo, é aplicado no sentido de certeza e não de hipótese. Entendemos com isso, que o Mestre, se refere a casa mental de Zaqueu, pois a hospedagem que desejava Jesus, não era apenas no lar físico de Zaqueu, mas principalmente no seu coração, a fim de que este se modificasse. Convém ressaltar, a imensa facilidade, com que Jesus manipula os fluidos, pois, subentende-se, que ele altera a psicosfera pessoal de Zaqueu, permitindo, que este, compreenda a mensagem de natureza espiritual na sua perfeita essência, e ele a entende como se Jesus a propusesse: "Desse depressa pois hoje devo ficar em teu coração para sempre".

O envolvimento fluídico na questão é tão patente, que bastou alguns momentos em contato com o Mestre para que se processasse profundas modificações morais em Zaqueu, não apenas pelo compromisso público de restituir quadruplamente (segundo a lei de Moisés), aqueles a quem prejudicou anteriormente, mas por despertar nele, o sentimento de caridade e desprendimento, levando-o a doar aos pobres, metade dos bens que lhe pertenciam.

A autoridade espiritual de Jesus se faz presente, ao afirmar: "A salvação entrou nesta casa, porque ele também é filho de Abraão. Com efeito, o filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido". Não obstante demonstrar claramente o conhecimento da ficha espiritual de cada Espírito encarnado na Terra, visto que, conhecia as mazelas que marcavam o caminho espiritual de Zaqueu, percebia nos seus pensamentos a vontade de mudar. Se não fosse verdade estaria Jesus interferindo no livre arbítrio daquele, modificando-o intimamente contra sua vontade.

A receptividade de Zaqueu as sugestões fluídicas do Mestre, modifica instantaneamente seu comportamento para com Deus, para com o próximo e para consigo mesmo, salvando aquela encarnação e por conseguinte reformando-se pela conversão, através de atos e não de promessas.

É oportuno recordarmos que a passagem de Zaqueu é de grande alcance e importância na condução de nossas atitudes, subir no sincômoro representa a predisposição para a mudança, que funciona como agente facilitador da reforma íntima, reforma esta, que constitui-se no preparo da morada de nossos corações, onde o Cristo com certeza pedirá pousada.

(Publicado na revista Reformador em fev/97)

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INOVAÇÕES PERIGOSAS

Por Warwick Mota

 

Não obstante as continuas e esclarecedoras orientações do além-túmulo para que sigamos uma coerência doutrinária, no que diz respeito aos modismos e inovações, introduzidas às casas Espíritas por adeptos menos esclarecidos, que; no afã de verem lotadas as casas a que dirigem deixam-se iludir por perspectivas imediatistas de um grande público, em função da enxertia perniciosa proposta à pureza dos alicerces já levantados pela codificação Kardequiana

Vemos com certa apreensão, que alguns irmãos movidos por uma curiosidade estapafúrdia, ou por estarem ainda presos a atavismos, superstições, formalismos e expressões de culto exterior, em virtude do pouco convívio ou mesmo do desconhecimento dos postulados do Mestre lionês, engendram em suas instituições "novidades" que vão, da terapia de vidas passadas, até as cores das roupas usadas em reuniões de trabalho; novidades estas totalmente incongruentes com os ensinamentos propostos nas obras do Codificador.

Sejamos verdadeiros! O fato de existirem terapias alternativas como, a cromoterapia, radiestesia, cristalterapia, terapia de vidas passadas e tantas outras que possam vir a ter a sua eficácia comprovada, não significa que tais terapias tornem-se partes integrantes dos tratamentos e reuniões realizados em Casas Espíritas Cristãs.

Os relatórios da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, dirigida por Kardec e orientada pelo Espírito São Luiz, além de mostrarem o critério cientifico das pesquisas, esclarecem-nos que os instrumentos de pesquisa eram mediúnicos e não mecânicos, que dispunham de requisitos fundamentais, como a prece o recolhimento e a fé. Aí fica a lição de Espiritismo puro. E que, aliados a estes requisitos façamos uso da terapêutica Espírita, não de terapias alternativas que se encontram em voga.

Outro ponto que nos prende à atenção, é o aspecto dos médiuns que carregam consigo a preocupação com as cores das roupas que devem usar em trabalhos mediúnicos; uns acham que o branco é a cor ideal, outros tem lá as suas preferências variadas, atavismo puro. Herança clara de cultos formalistas. Ora! Kardec nos esclarece Espiritismo é questão de fundo não de forma, de nada adianta vestirmos branco se nossas vibrações estão negras.

Cabe ainda ressaltar que a máxima; " Espíritas instrui-vos " não é sequer lembrada muito menos praticada, ficando claramente patenteada a falta do estudo que se dá pelo comodismo ou pela presunção de que Kardec está ultrapassado. Daí a importância do estudo na Casa Espírita, para reforçar tal afirmativa nada melhor do que as palavras de Viana de Carvalho em o Reformador, de dezembro de 1981.

1- O Espiritismo precisa ser melhor estudado e bem divulgado pelos próprios Espíritas nas bases nobres com que no-lo apresentou Kardec.

2- Todas as graves problemáticas encontradas no Movimento Espírita são conseqüências da inobservância deste primeiro item.

(Publicado na revista O Espírita)

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REENCARNAÇÃO E EDUCAÇÃO

Por Warwick Mota

 

Nos diz uma afirmativa contida em O Evangelho Segundo o Espiritismo cap. V, item 4, que de duas fontes promanam as causas das atuais aflições, que podem ser: dessa ou de outras vidas. Obviamente tal afirmativa pode ser aplicada a diversas situações, mas, pode-se dizer, que no sentido de reencarnação e educação, ele compreende as mais variadas nuanças do tema em questão.

O binômio reencarnação e educação deve ser visto pelos pais como um processo, onde as partes se interagem resultando em conquistas evolutivas para aqueles que vivenciam este processo.

Sendo as Leis Divinas perfeitas e imutáveis, o Espírito rebelde é conduzido a uma nova vida sob a égide da Lei da causa e efeito, que se manifesta pelo processo educativo da reencarnação, proporcionando-lhe, por acréscimo de misericórdia Divina, a bênção de um novo aprendizado na escola terrena.

Há de se entender que as diversas tendências ou inclinações, heranças de conquistas pessoais do Espírito, fazem-se presente nas encarnações atuais de forma positiva quando não negativa, em virtude da invigilância dos pais na condução dos processos educativos.

Mas o que devemos entender por educação? Vinícius, na obra, o Mestre na Educação dá o seguinte conceito. "Educar é tirar de dentro para fora e não introduzir de fora para dentro. Todos possuem em estado de latência poderes e faculdades maravilhosas cujo desenvolvimento harmônico e progressivo deve constituir objeto da educação".

A educação deve ser entendida, como a representação de meios conscientes e contínuos que proporcionem a retomada de consciência de si mesmo, de modo que esta possibilite a procura de novos caminhos de auto-realização e integração dentro da sociedade em que em que vive o indivíduo.

Vale ressaltar que a criança não é apenas um pequeno ser de aparência angelical e frágil, mas, sim um ser racional, moral e espiritual, que depende de uma aquisição de conhecimentos, para que possa estabelecer sua escala de valores, pautada dentro de nobres princípios morais. Cabe aos pais ajudá-los nessa tarefa fornecendo condições e critérios que viabilizem a devida valoração dos princípios que vão nortear suas vidas.

A Doutrina Espírita além facultar ao homem o conhecimento sobre a reencarnação e suas conseqüências, propõe a este a reforma íntima, que seria o mesmo que dizer que ela reeduca o homem. Seria redundante afirmar, que na maioria da vezes, é necessário que os pais primeiro se reeduquem, para que possam educar os filhos.

A grande preocupação dos pais quando iniciam o processo educativo de seus filhos é enfatizar o aspecto intelectual, negligenciando o aspecto moral e o resultado desse processo é a formação de um adulto tecnicamente qualificado mas que se corrompe com facilidade perante os prazeres materiais e as ciladas da vida, devido a essa educação desprovida de valores elevados.

É de importância capital para o espírito reencarnado, receber dos pais logo na primeira infância uma educação balizada em valores morais, pois é nessa fase que o espírito está mais aberto a assimilação desses ensinamentos, tanto que, Allan Kardec profundo conhecedor da importância da educação no período infantil, indaga às entidades venerandas na questão 383 de O Livro dos Espíritos. Qual a utilidade para o Espírito sua passagem pelo estado de infância? A reposta dada, adquire um caráter pedagógico perante as Leis divina.

"Encarnado, com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito durante esse período, é mais acessível às impressões que recebe capazes de lhe auxiliarem o adiantamento, para o que devem contribuir os incumbidos de educá-lo."

Convém destacar, que a fase infantil, principalmente a primeira infância, que compreende o período que vai do zero aos sete anos, é o melhor momento para o lançamento das bases educativas, visto que, a reencarnação na Terra com raras exceções, é primordialmente de caráter educativo.

O retorno à matéria é cercado de expectativas, que vislumbram o sucesso do reencarnante no resgate das faltas cometidas em vidas anteriores, a oportunidade de voltar em um novo corpo constitui-se uma benção Divina, que proporciona ao Espírito reencarnado o esquecimento do passado, de modo que o recomeço se dê longe do contato com a vida anterior.

Provas como o meio social, o ambiente familiar e os males físicos requisitarão do ser reencarnado, resignação e força de vontade, pois, a dor é invariavelmente, um grande recurso pedagógico que dispõe a Providência Divina para a educação e evolução do Espírito.

Dentro deste contexto cabe aos pais o dever de bem educarem seus filhos de acordo com os compromissos assumidos perante à espiritualidade maior e os ensinamentos do Mestre Jesus, baseando-se sempre na máxima do Espírito de Verdade contida em O Evangelho Segundo o Espiritismo: "Espíritas! amai-vos, este é o primeiro ensinamento; instruí-vos, este é o segundo."

(Publicado na revista O Espírita jan/mar 2000)

1 - O Mestre na Educação - Pedro de Camargo -Vinícius - cap. 23 - ed. FEB

Referências bibliográficas:

- O Livro dos Espíritos - Allan Kardec - FEB
- O Evangelho Segundo o Espiritismo - Allann Kardec - FEB
- O Mestre na Educação - Pedro de Camargo ((Vinícius) - FEB
- Depois da Morte - Léon Dennis - FEB
- Pensamento de Emmanuel - Martins Peralva - FEB
- Didática Moderna - Fundamentos - Egídio FF. Schmitz - Livros Técnicos e Científicos S.A.
- SOS Família - Divaldo Pereira Franco/ Joaanna de Angelis e outros Espíritos - Vereda Familiar - J. Raul Teixeira/ Tereza de Brito - Editora FRATER
- Diálogo - Diálogo com dirigentes e traballhadores espíritas - Edições U.S.E.
- Estudos Espíritas - Divaldo Pereira Francco/Joanna de Ângelis - FEB

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REENCARNAÇÃO E PATOLOGIA DO SEXO - HOMOSEXUALISMO

Por Ricardo di Bernardi

 

Ao contrário do que muitos possam imaginar, a posição da doutrina espírita não é de condenação ao homossexual. Aliás, a filosofia espírita não possui a característica da condenação de quaisquer atos ou posturas. Ao invés disto, estuda e compreende a origem dos problemas procurando esclarecer os indivíduos e não condená-los.

Todas as tendências, vocações ou inclinações psicológicas não são decorrentes apenas das experiências da nossa vida atual. Nossa história é muito mais antiga e complexa do que possa parecer. Se é verdade que a gestação é uma fase extremamente importante na transmissão de energias mentais da mãe para o filho e vice-versa, se é real que nosso psiquismo se consolida através das experiências das diversas etapas infantis e juvenis, há muito além disto. Trazemos nos mais profundos arquivos do inconsciente um somatório de vivências tanto felizes como desagradáveis. Alegrias, decepções, momentos de enlevo ou traumas violentos foram por nós assimilados em vidas passadas. Construímos energias, em nós mesmos, que poderão permanecer conosco durante séculos.

Não é possível segundo a ótica do conhecimento reencarnacionista, nos limitarmos a uma visão reducionista relativa a poucas décadas de uma existência quando temos informação que somos seres humanos que reencarnam há muitos milhares de anos.

Não se trata de dogma de fé ou crença cega. Trata-se de documentação através de relatos de espíritos desencarnados, documentação através de processos de memória extra-cerebral na qual pessoas se recordam espontaneamente de vidas passadas e documentação obtida por terapias regressivas a vivências pretéritas. Há uma infinidade de experiências , das mais diversas ordens, que comprovam ser nosso psiquismo a resultante de uma longa caminhada.

Assim, qualquer peculiaridade comportamental nossa, seja na esfera sexual, seja em qualquer outra esfera, necessita ser entendida pela cosmo visão espírita. A homossexualidade, portanto, não fará exceção pois trata-se de uma característica bastante expressiva e determinante de importantes repercussões individuais, familiares e sociais.

Torna-se importante frisar que a homossexualidade não ocorre, simplesmente, pela mudança de sexo biológico de uma encarnação para a seguinte. Isto quer dizer, se uma mulher necessitar renascer como homem, ou vice-versa, este fato por si só jamais determinará qualquer comportamento na esfera da homossexualidade.

Homem e mulher que estão harmonizados e em sintonia com sua sexualidade ao reencarnarem no sexo oposto continuarão a emitir harmoniosamente sua energia sexual. O chakra genésico que trabalha em equilíbrio expressará esta normalidade pelo veículo corporal conforme a sua fisiologia e anatomia pelas quais se expressa na nova existência física.

A adaptação faz-se automaticamente quando não há distúrbios anteriores. A espiritualidade superior sempre nos esclarece que a reencarnação em sexo diferente do anterior não acarreta distúrbios homossexuais, e, a própria lógica nos leva a esta conclusão, pois a lei universal do renascimento visa harmonizar as criaturas e não gerar dificuldades e conflitos desnecessários

Conforme já comentamos em outros escritos, em nosso planeta existem apenas 2 sexos biológicos: o masculino, proveniente da união de um espermatozóide y com um óvulo, e o feminino, proveniente da união de um espermatozóide x também com um óvulo. Apesar de, em sua natureza íntima, o espírito não ter sexo, as experiências das vidas passadas determinam uma nítida polarização energética do espírito reencarnante, com características masculinas ou femininas. É verdade, também , que o espírito humano possui nas energias sexuais, um dos mecanismos de seu próprio progresso espiritual, mesmo porque são aquisições seculares, e constantemente renovadas pelas novas encarnações. Espíritos em fase evolutiva compatível com o planeta Terra possuem, normalmente, as forças sexuais inclinadas ou para a polarização masculina ou para a polarização feminina. Quem visualiza a respeitável figura de Bezerra de Menezes sempre o vê como uma figura masculina inclusive com barba etc...Da mesma forma, nas visões que podemos ter dos espíritos da falange de Maria eles são tipicamente femininos. Em nível mais periférico, e pessoal, diria que não há como confundir a figura do meu pai desencarnado com, por exemplo, da minha tia. Observamos, portanto, que os espíritos masculinos bem como os femininos expressam em suas energias a tendência sexual que lhes é natural e de conformidade com suas inclinações psíquicas.

As peculiaridades psico-sexuais de um espírito determinam, desta forma, a sua expressão física ou sua organização biológica no que tange ao aspecto do seu corpo astral. Portanto, o corpo espiritual é reflexo de sua mente. Conforme já estudamos, ao reencarnar o espírito ligando-se ao óvulo transmite suas vibrações tipificando, automaticamente, sua polaridade sexual. Em razão desta polaridade sexual transmitida pelo corpo espiritual ao óvulo, este irá atrair o espermatozóide X (feminino) ou Y (masculino) que determinará o sexo biológico da futura encarnação. Conclui-se, por este motivo, que o sexo biológico será sempre o adequado as características psico-sexuais do espírito.

A homossexualidade é uma dificuldade de adaptação do espírito a sua condição biológica. Neste grupo, estamos incluindo todos os indivíduos em desequilíbrio sexual com seu organismo que procuram exercer a fisiologia sexual com parceiros do mesmo sexo, em prática incompatível com a natureza que elaborou dois sexos opostos e complementares. Trata-se de um desajuste, algo a ser corrigido, amparado com respeito e tratado. Não perseguido ou discriminado mas também não encoberto sob a falsa interpretação de " uma livre opção sexual ". Não existe 3º, 4º ou outro sexo. Existem, em nosso planeta, apenas dois de polaridades opostas.

A não discriminação do homossexual e o respeito que se deve ter para com estes irmãos não exclui, no entanto, que se trata de uma dificuldade sexual dos mesmos. Dificuldades ou desajustes emocionais (ou físicos), constituem-se sempre em uma patologia. Quando se menciona o termo patologia há, imediatamente, uma reação de determinados grupos pois logo associam à discriminação. Voltamos a insistir, o homossexual não está sendo, pela doutrina espírita, excluído, pelo contrário, compreendido e amparado. O que constitui patologia é, pois, sua inadaptação psíquica a uma realidade biológica programada para a existência atual.

A origem do comportamento homossexual deve-se a um conflito entre a estrutura do consciente, ou organização biológica, e as regiões do inconsciente ou estruturas espirituais, em desarmonia energética. Conforme sabemos, qualquer postura mental gera núcleos de vibração nas estruturas do inconsciente. Posturas mentais, reforçadas por atitudes, intensificam esses campos de vibração. Desta forma, compreende-se que atitudes de exacerbação sexual com desvios de conduta, especialmente quando prejudicam outros indivíduos, gravam-se indelevelmente nos campos energéticos do espírito. Ao reencarnar, estes desvios energéticos, ou exacerbações da polaridade sexual, determinam conflitos psico-sexuais sérios especialmente se o espírito necessitar renascer em sexo oposto ao da encarnação anterior.

Os conflitos entre o consciente (físico), e o inconsciente (espírito), podem ter, também, origem em vivências desta existência atual.

Se é verdade que distúrbios das vidas anteriores podem ser determinantes de desarmonias energéticas na esfera psico-sexual, o inconsciente também registra inúmeros fatos da existência presente. Podemos dividir, didaticamente, o inconsciente em duas faixas principais: inconsciente presente e inconsciente pretérito. No inconsciente presente, ou atual, estão arquivadas as experiências desta encarnação que, por serem recentes, possuem grande influência na configuração psicológica de todos nós. O inconsciente pretérito constitui uma faixa muito mais ampla porém, em certos casos, podem ter uma expressão menos preponderante que as vivências mais recentes. Cada caso é estritamente pessoal portanto diferente de um indivíduo para outro.

Desde o início da gestação, passando pela infância e adolescência, o espírito vivencia as mais diferentes situações na área da sexualidade. Assim como muitos problemas tem origem na vida atual, freqüentemente situações pregressas são relembradas ou reforçadas nesta vida por erros de educação, pais violentos, abandono, agressões do meio ambiente etc, que conforme as particularidades de cada psiquismo, geram ou repulsa ou identificação com o sexo oposto.

A homossexualidade, ou inadaptação ao sexo biológico, é, portanto, decorrente de um conflito entre zonas do inconsciente (atual e ou pretérito) com as estruturas da zona consciencial. Em determinada ocasião, quando fomos convidados para proferir uma palestra sobre o tema a um grupo de adolescentes, um jovem solicitou-me uma explicação, sob o ponto de vista energético, do porquê a homossexualidade não ser normal. Surgiu-me uma idéia que na ocasião me pareceu adequada:

_ Se você olhar aquela tomada na parede, observará que há dois orifícios; por que?
__ Todo mundo sabe, uma é para o fio positivo e outro para o negativo.
__ Por que, não podem ser dois fios positivos ou dois negativos?
__ Porque a corrente para se processar necessita de pólos opostos.
__O que aconteceria se eu colocasse só fios de polaridade igual?
__Ou o Sr. leva um bruto choque (disse ele rindo), ou a lâmpada não vai acender.

__ Pois é isto mesmo que acontece com relação ä sexualidade. É preciso entender que também há comunhão de energia entre os parceiros. Estabelece-se um circuito fluidico-vibratório intenso entre os envolvidos. Um homem e uma mulher permutam cargas magnéticas de polarização complementar que os realimenta psiquicamente. Um casal, normalmente adaptado a sua fisiologia, ao se amar e manter relações sexuais intercambiam, intensamente, ondas de energia que ao se completarem absorvem outras, por sintonia, dos planos energéticos superiores. O próprio êxtase sexual é uma abertura magnética para a absorção destas energias que os ampara em termos de vibração psíquica. Como nas ligações homossexuais a polaridade energética não é complementar, há dificuldade em ocorrer o processo descrito. É comum nos homossexuais uma insatisfação íntima ou sensação de vazio interior por ausência da complementaridade energética nas relações, o que pode determinar conseqüências mais ou menos graves.

Não pretendemos esgotar tema tão complexo e doloroso. Em termos de terapêutica, recomendaríamos um acompanhamento minucioso, psicológico e espiritual fosse feito aos irmãos com esta dificuldade. Tomemos por exemplo um homossexual do sexo masculino. Ao invés de buscar relações sexuais na qual desempenharia o papel inverso ao de sua fisiologia, deverá drenar estas forças para atividades compatíveis com esta energia feminina. Um erro comum, cometido por muitos pais, é matricular o garoto em aulas de box ou outro esporte para "machos". Tal atitude agrava as dificuldades do jovem que está a precisar de uma canalização sadia dos instintos opostos a sua morfologia. Devem ser-lhe oferecidas atividades que se afinizem com seu psiquismo. Não abafar ou reprimir, mas direcionar sob supervisão, para a arte, a música, ou até para a ciência conforme o caso.

Este artigo é uma especial colaboração do Dr. Ricardo di Bernardi , Presidente da AME SC para a Warwick's Home Page

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DÍZIMO NO CENTRO ESPÍRITA

Por Warwick Mota

 

É pedra batida nos arraiais Espíritas, a questão da subsistência dos Centros, todos nós sabemos que esta grave problemática exige acurados exames e profunda reflexão. Allan Kardec, em Obras Póstumas, nos fala sobre a constituição do Espiritismo, e nos mostra em uma inspirada exposição de motivos, que devemos ser prudentes e sensatos, e que não façamos dos recursos da Sociedade Espírita, fonte de especulação para qualquer de seus membros, faz-se necessário que estabeleçamos prioridades, e como estamos falando de Espiritismo, a prioridade em questão, é a pureza doutrinária.

De nada adianta combatermos em nosso meio costumes atávicos oriundos de outras crenças, se implantarmos nos Centros Espíritas práticas concernentes a estas. O que logicamente, nos leva a incorrermos novamente em erros do passado onde certamente a maioria de nós estagiou e comprometeu-se pelos corredores de templos ortodoxos com práticas totalmente incongruentes aos exemplos dados pelo Cristo. Como conseqüência disso trazemos para a presente encarnação vícios religiosos, apesar de termos abraçado a responsabilidade e o dever para com doutrina consoladora dos Espíritos.

Atinente a isto, nos vem a perplexidade, diante da postura assumida por alguns dirigentes de Casas Espíritas, que em virtude de suas poucas habilidades em comunicar-se com os trabalhadores da casa, o que resultaria em mobilização de forças e idéias nobres no sentido de promover a manutenção desta, arbitram valores baseados em índices econômicos, hierarquizando o pagamento das contribuições à Casa, de acordo com posição exercida pelo trabalhador. Se este tem cargo o percentual é um, se não tem o percentual é outro, respeitando-se é claro, o valor mínimo contributivo. Contribuições abaixo disso não devem ser aceitas.

Não devemos em hipótese alguma questionar o dever de cada um de nós, em colaborar para a manutenção da instituição a que pertencemos, já que nos beneficiamos da Doutrina Espírita, sem contar que vivermos em um mundo material onde os recursos, principalmente para Casas Espíritas são muito limitados, além de não aceitarmos o profissionalismo religioso. Apoiados nisso, colaboramos então de acordo com as nossas posses e o nosso coração, é aí que devemos ter a consciência espírita, se não podemos colaborar com numerário, que colaboremos então com o trabalho, pois este é necessidade permanente em todo o movimento espírita.

Sabemos é óbvio, que as atividades desenvolvidas nas Instituições Espíritas requerem gastos, e que esses gastos demandam recursos, daí a necessidade de uma fonte de renda para a sustentação destas, logicamente é lícito que casas até cobrem uma mensalidade de seus freqüentadores, e que seja respeitado um valor mínimo para isso, para que não haja casos de contribuições ridículas por parte daqueles que "criam escorpiões nos bolsos." O perigo dessas cobranças está no arbitramento hierarquizado de valores, que se balizam em índices salariais. Não podemos olvidar que a tarefa espírita requer uma doação especial, que é a doação íntima dos valores mais nobres, necessário se faz que esse tipo de doação seja mais valorizada, sem a preocupação com prédios suntuosos e amplos salões, que se valorize o aspecto humano e não o aspecto material.

Não podemos de modo algum cometermos simonia, sob pena de desvirtuarmos totalmente o caráter da Doutrina Espírita. Arbitrar valor, é estabelecer dízimo, estabelecer dízimo significa nada mais nada menos, do que pagar para poder participar.

(Publicado na revista O Espírita )

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CULTO DO EVANGELHO NO LAR

Por Warwick Mota

 

"Onde que se encontrem duas ou mais pessoas reunidas
em meu nome, eu com elas estarei " - Jesus (Mateus 18:20)

 

Tornou-se notório nos arraiás espíritas, que há duas formas de se conhecer a Doutrina: uma pelo amor, outra pela dor. Levando-se em consideração o atual estágio do Planeta, a dor ainda tem sido a grande responsável pelo aporte de almas aflitas às Casas Espíritas, que vem em busca e respostas que mudem o norte de suas vidas.

Estes irmãos, após os primeiros contatos, descobrem que a Doutrina Espírita não é em absoluto a chave mágica que promete girar as engrenagens de suas vidas, modificando-as num piscar de olhos, mas sim que esta promove a modificação interior, que é uma doutrina de amor e sobretudo de esclarecimento, que viabiliza a libertação de posturas equivocadas trazendo como conseqüente lógico a reforma íntima.

É com a familiarização continua dos postulados espíritas, que estes irmãos vão descobrindo aos poucos a necessidade de harmonizarem-se, principalmente em família, pois esta é a mola propulsora, o mecanismo renovador para o desenvolvimento de preceitos critãos, é principalmente no lar que o homem tem a oportunidade maior de reencontro como os companheiros do passado, é no lar, no seio da família que desenvolve-se o mecanismo de reajustamento e amor ao próximo.

Diante destes primeiros entendimentos, surgem então as primeiras indagações. Onde entra o Culto do Evangelho no Lar neste processo? Como devo fazê-lo? Toda a família pode participar?

O estudo do Evangelho de Jesus realizado no ambiente doméstico, é valiosa ferramenta de aperfeiçoamento, foi sob o aconchego e a simplicidade da casa de Simão Pedro, através dos exemplos do cotidiano que o Mestre Jesus exortou a importância dos valores familiares dando "a casa do homem a qualidade de legitima exportadora de caracteres da vida comum¹".

Nos diz Joanna de Angelis que, "quando a família ora, Jesus se demora em casa²". A prece no lar tem um papel fundamental na psicosfera do ambiente doméstico, é entre outras, a oportunidade de agradecimento, a prece em família é poderoso influxo magnético que envolve o lar em eflúvios de luz.

Como toda e qualquer tarefa espírita, o Culto do Evangelho no Lar requer disciplina e seriedade, vontade deliberada por si só nas basta, é necessário entregar-se ao estudo e ao esclarecimento a fim de que, a reunião ocorra de forma natural, sem os mecanicismos e ritos oriundos de outras crenças.

Não há necessidade de um manual que normatize esta reunião familiar, contudo, devem existir regras básicas que norteiem o processo, de modo que, este não se perca em procedimentos inúteis. Um dia e horário fixo deve ser definidos para a realização do Culto, visto que contamos com o concurso do bons espíritos nesta tarefa enobrecedora e que estes não estão a nossa inteira disposição quando se trata da questão de horário.

Chegado então o dia da realização do Culto, desligue pelo menos uma hora antes, os aparelhos de televisão e som, ponha sobre a mesa uma jarra com água pura, faça uma leitura de uma mensagem de caráter edificante para a preparação do ambiente, após a leitura faça a prece inicial e na seqüência, abra ao "acaso" uma página de O Evangelho Segundo o Espiritismo, ou se preferir estude-o de forma sistematizada.

O tempo de duração do Culto deve durar entre trinta e sessenta minutos no máximo, para que não se torne monótono ou desinteressante, se tiver crianças em idade de sentarem à mesa é de essencial relevância a participação destas, não se intimide se chegarem visitas inesperadas, explique a o sentido da reunião e convide-as a participarem, se alguém da família se nega a participar, não desanime, se necessário for faça o estudo sozinho, o tempo é senhor da razão e a semente plantada com amor logo dará frutos pela força do exemplo.

Cabe salientar que determinados procedimentos e práticas cabem apenas às Casas Espíritas e que o ambiente doméstico não é o lugar propício para irradiações ou fenômenos mais ostensivos, como a psicofonia por exemplo, o lar em nenhum momento deve ser confundido com Centro Espírita.

Meditar nas palavras do Mestre Jesus pelo menos uma vez por semana junto àqueles que dividem conosco o ambiente familiar, fazer da nossa casa um santuário doméstico, onde possamos compartilhar do exame sempre novo dos problemas que inquietam os nossos entes queridos, é sem dúvida um exercício de sublimação dos valores que permeiam a mais importante célula da sociedade, que é a família.

____________________

1 Jesus no Lar , Cap. 1 Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Neio Lúcio - FEB
2 SOS Família pág. 59 Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Angelis

 (Artigo Publicado na revista O Espírita Set/Dez 2000 - nº 107)

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CONFLITOS DE INTERESSES

Por Warwick Mota

 

Tema já muito conhecido e discutido nos arraiais espíritas é a questão administrativa dos Centros Espíritas, o que tem sido motivo de animosidades e querelas dos mais diversos matizes.

Enquanto algumas Casas Espíritas buscam uma linha de trabalho que se aproxime do ideal cristão, onde os conflitos naturais de idéias sejam resolvidos de forma que nós espíritas tanto propalamos, ou seja, que sejamos realmente espiritas na resolução de nossos problemas. Outras teimam, através de seus dirigentes em cultivar uma postura totalmente incongruente com os preceitos que pregam.

Tudo vai muito bem em determinados Centros Espíritas, até que se aproxime as eleições para a nova diretoria da Casa, a partir desse momento, pasmem! Surgem os grupos de oposição, que encaram a eleição como uma verdadeira batalha campal, e, onde deveria existir a concórdia júbilo pelo cumprimento da tarefa de alguns e o inicio da tarefa para outros, passa a existir a maledicência e intrigas, e todos esquecem que se encontram em uma Casa Espírita, onde deveria prevalecer o ideal cristão e não o ideal personalista.

Imaginemos nós, o grande contra-senso que é, uma Casa Espírita oferecer através de uma equipe de implantação do evangelho no lar, se esta vive em guerras internas por motivos pífios. Não conseguimos entender, como pessoas que debruçam-se na leitura de textos evangélicos, ou vivem cercados pelas luzes esclarecedoras da literatura espírita, ou até mesmo preparando e ouvindo palestras e às vezes orientando os aflitos, não conseguem vivenciar na prática, com os próprios companheiros de Seara os ensinamentos mais básicos da Doutrina que professam, como oferecer evangelização àqueles que procuram a Casa se a própria Casa não é evangelizada o suficiente para seus trabalhadores?

Sabemos perfeitamente que estamos muito distantes da perfeição, e que, conflitos entre pessoas que trabalham juntas é muito natural, desde que não ultrapasse o limite do administrável, contudo, não dá para conceber, que justamente os espíritas se digladiem por aquilo que mais combatemos, que é o orgulho e o egoísmo, por que tanto desejo de conseguir cargos? Se o que necessitamos é de encargos?

É de vital importância o equilíbrio emocional da Casa Espírita, é preciso que haja harmonia entre os trabalhadores, interessante seria se o estudo antecedesse à prática espírita, é de fundamental importância que a psicosfera do Centro Espírita esteja em equilíbrio, tal fato permite que a espiritualidade atue com êxito em qualquer atividade prática da Casa, pois o trabalho dos Espíritos é estruturado na manipulação de fluidos, e, uma instituição desarmonizada, tem sua emissão de fluidos mesclada por impurezas o que vem dificultar a ação dos bons Espíritos.

A propósito deste assunto, Bezerra de Menezes na obra "Dramas da Obsessão", parte terceira, edição da FEB, psicografia de Yvone A. Pereira, nos alerta quanto à importância dos exemplos e ações no Centro Espírita, prestando-nos os seguintes esclarecimentos acerca dos fluidos emitidos nos ambientes espíritas:

"As vibrações disseminadas pelos ambientes de um Centro Espírita, pelos cuidados dos seus tutelares invisíveis; os fluidos úteis necessários aos mais variados quão delicados trabalhos que ali se devem processar, desde a cura de enfermos até a conversão de entidades desencarnadas sofredoras e até mesmo a oratória inspirada pelos instrutores espirituais, são elementos essenciais, mesmo indispensáveis a certa série de exposições movidas pelos obreiros da imortalidade a serviço da Terceira Revelação."

 Publicado na revista "O Espírita" nº 97 Jul/Set 97 - Brasília - DF

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VIOLÊNCIA

Por Warwick Mota

 

Nos causa assombro e perplexidade ligarmos a TV e ou abrirmos um jornal e nos depararmos com cenas de extrema selvageria e barbárie. Fatos como linchamentos de delinqüentes por parte da população a pretexto de "justiça com as próprias mãos", crescem estatisticamente nas crônicas policiais, sem falar em tantos outros crimes hediondos que se tornaram matérias cativas dos veículos de comunicação existentes.

Tal situação leva pessoas a indagarem, se a Terra estaria retrogradando moralmente, e se, valores como, o amor ao próximo, respeito à vida e a crença em Deus, já não fizessem mais parte do programa evolutivo da humanidade, outros chegam mesmo a afirmar: que estamos em situação em pior situação que no passado e que milênios de cultura e civilização nada contribuíram em benefício do homem.

A escalada da violência na Terra assume proporções assustadoras, exigindo de pessoas sensatas e lúcidas, como também dos organismos governamentais, religiosos e sociais, uma acurada reflexão sobre o assunto.

O Espiritismo a seu turno, nos traz com muita propriedade, orientações preciosas, além de esclarecedoras informações acerca da problemática da violência, desvelando dúvidas e esmiuçando o comportamento agressivo do homem, seja este de caráter endógeno ou exógeno.

Não tenhamos dúvidas, de que traumas psicológicos recalques e frustrações provenientes do próprio Espírito, fazem eclodir sensações grosseiras e primitivas que emergem dos porões da alma em função da intoxicação dos miasmas e fluidos deletérios, cultivados por estas criaturas dadas ao comportamento perverso.

Nos esclarece a espiritualidade superior que os mecanismos de reencarnação em massa, são de alta complexidade e que o ingresso no corpo físico por parte de Espíritos ainda neófitos na escala evolutiva, requer um acompanhamento cuidadoso, tanto por parte dos desencarnados quanto dos encarnados que estejam qualificados para o mister.

A necessidade de melhora íntima e de ajuda, para que logrem progresso e evolução, é de vital importância para os Espíritos encarnados, não as encontrando, são conduzidos a assumirem um comportamento agressivo e violento em virtude das sensações primitivas e grosseiras que vivenciam dentro de sua psicosfera pessoal.

Combater os efeitos da violência sem as preocupações com as causas, é semear em terreno ácido, não existe condições de boa colheita, se não houver anteriormente a devida preparação do solo para o plantio, portanto, o efeito da repressão indiscriminada pode se tornar uma causa a mais para o aumento da violência.

Nos diz Joanna de Angelis no cap. sétimo do livro "Após a Tempestade": "a terapêutica para tão urgente questão há de ser preventiva, exigindo dos adultos que se repletem de amor nas inexauríveis nascentes da Doutrina de Jesus, a fim de que, moralizando-se, possam educar as gerações novas, propiciando-lhes clima salutar de sobrevivência psíquica e realização humana.

A valorização da vida e o respeito pela vida conduzirão pais, mestres, educadores, religiosos e psicólogos a uma engrenagem de entendimento fraternal com objetivos harmônicos e metódicos - exemplos capazes de sensibilizar a alma infantil e conduzi-la com segurança às metas felizes que devem perseguir.

Os homens são, pois o seus feitos.

A sociedade são os homens que a constituem.

A vida Humana resulta dos Espíritos que a compõem".

Publicado na revista "O Espírita" nº 95 Jan/Mar 97 - Brasília - DF

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ESPIRITISMO SEM MITOS

 

Cultura e espiritualização humanas vencem o fanatismo e os misticismos populares

 

Por Warwick Mota

 

 

Joanna de Ângelis, ao referir-se, à questão dos mitos na obra Dias Gloriosos¹, abre discussão para uma questão de suma importância para nós espíritas, não só pela importância dos aspectos antropológico e sociológico no desenvolvimento do homem, como também pela abordagem quanto ao desenvolvimento dos aspectos psicológico e espiritual deste mesmo.

 

São muitos os estudos da ciência oficial, que vêm nos revelar a questão da inserção dos mitos dentro da história evolutiva do homem, seja no estudo da mitologia oriental, seja no estudo da mitologia egípcia, quanto da mitologia greco-romana, todos esses estudos vêm revelar a herança arquetípica desses enredos, que povoam a mente humana até os dias atuais.

 

Herculano Pires na obra O Espírito e o Tempo2, ao tratar do horizonte agrícola, procura demonstrar o desenvolvimento mental do homem, através de um processo de racionalização anímica, que se dá inicialmente pela personificação de aspectos e elementos da natureza. Nesse processo o homem primitivo envolve dois elementos gerais do Universo: a Terra-mãe e o Céu-pai, surgindo assim, as primeiras formas de fetiche do homem primitivo, formas essas que segundo Herculano Pires, devem constituir a base de todo processo de racionalização anímica.

 

O deus sol, a divindade lunar, o trovão, a montanha sagrada, os espírito da água, do fogo e do vento, são evidências de que as tribos realizaram a personificação dos elementos da natureza através do mediunismo, pois este era um aspecto que tinha influência na sobrevivência dos povos; isso era fruto de experiências concretas e não apenas para permitir que o mundo exterior fosse compreendido de forma racional como querem os materialistas, ou seja, existia a crença que as forças e os elementos da natureza eram obras ou manifestações de entidades in­visíveis e que os fenômenos e forças da natureza eram capazes de intervir nos assuntos humanos.

 

Segundo o antropólogo inglês Edward Burnett Tylor, na obra Primitive Culture (A Cultura Primitiva -1871), a questão do animismo presente entre as sociedades primitivas, vem demonstrar que a noção de alma é desenvolvida pelo homem da época que, ao observar as experiências do sono, da doença, da morte e sobretudo, dos sonhos, é levado a imaginar a existência de uma alma ou de um “duplo etérico”, se assim podemos chamar, e que esse elemento insubstancial podia atuar com in­dependência e até sobreviver ao corpo depois de sua morte. Essa crença de que a alma sobrevive à morte explica as primeiras manifestações de culto aos ancestrais.

 

Deve-se ficar claro que as idéias de Tylor tiverem grande influência à época, contudo, foram contestadas por estudos posteriores que mostram, por exemplo, que em algumas comunidades primitivas, a crença em um ser superior surgiu sem terem esses povos, estagiado pela fase do animismo. Não podemos negar, entretanto, que a importância do culto aos ancestrais inspirou filósofos e historiadores como Evêmero, no século IV a.C., a considerá-lo a origem da religião. As sepulturas datadas do período paleolítico reforçam essa opinião, pois comprovam já haver naquele período uma crença na vida após a morte e no poder ou influência dos ancestrais sobre a vida cotidiana do clã familiar. Os integrantes do clã obrigavam-se a praticar ritos em homenagem a seus mortos pelo temor a represálias ou pelo desejo de obter benefícios, ou ainda, por considerá-los seres divinizados.

 

É interessante observar que os estudos das mitologias, principalmente os da mitologia egípcia, mostram que pessoas que tinham algum poder oculto não compreendido pelo vulgo, ou tinham influência entre as famílias, tornavam-se após a morte deuses familiares, como é o caso de Bês “o anão”, que originalmente era o deus protetor da realeza do Egito, mas que gradualmente tornou-se um deus popular nas casas de todo Egito, especialmente entre as massas comuns.

 

Cabe lembrar que os deuses familiares, com o tempo, passam à condição de deuses universais, em virtude de serem vistos mediunicamente por outras pessoas, fora dos clãs familiares, tornando-se assim populares com o tempo, até atingir a condição de cultuados por toda uma nação, processo este similar aos santos da igreja católica.

 

É imperioso ressaltar que os espíritos responsáveis pela codificação informam claramente a Kardec na questão 521 de O Livro dos Espíritos, que as Musas nada mais eram do que a personificação alegóricas dos espíritos protetores da ciência e das artes, assim como os deuses Lares e Penates cultuados na mitologia romana, não eram senão a personificação alegórica dos espíritos protetores da família.

 

O Codificador aprofunda o tema politeísta, quando na questão 667 de O Livros dos Espíritos, indaga as entidades venerandas: “Por que razão, não obstante ser falsa, a crença politeísta é uma das mais antigas e espalhadas?”, ao que os Espíritos lhe respondem:

 

"A concepção de um Deus único não poderia existir no homem, senão como resultado do desenvolvimento de suas idéias. Incapaz, pela sua ignorância, de conceber um ser imaterial, sem forma determinada, atuando sobre a matéria, conferiu-Lhe o homem atributos da natureza corpórea, isto é, uma forma e um aspecto e, desde então, tudo o que parecia ultrapassar os limites da inteligência comum era, para ele, uma divindade. Tudo o que não compreendia devia ser obra de uma potência sobrenatural. Daí a crer em tantas potências distintas quantos os efeitos que observava, não havia mais que um passo. Em todos os tempos, porém, houve homens instruídos, que compreenderam ser impossível a existência desses poderes múltiplos a governarem o mundo, sem uma direção superior, e que, em conseqüência, se elevaram à concepção de um Deus único."

 

Diante da resposta dos Espíritos à questão 667, fica-nos muito claro que o aspecto mitológico não é apenas um processo de racionalização, pois demonstra claramente a participação dos Espíritos na História, além de ser também, uma fonte de esclarecimentos dos problemas religiosos e principalmente da mitificação que se perpetua nos dias atuais ainda que subliminarmente.

 

É imensurável em todos os aspectos o esforço de Allan Kardec no sentido de legar à humanidade uma doutrina livre de atavismos, vícios religiosos e dogmas de qualquer  espécie, porém, como as pessoas não estão habituadas ao estudo sério e profundo dos temas do espírito e sim voltadas para os assuntos do cotidiano, continuam a criar novos mitos e heróis que venham completar esse vazio causado pala ausência de uma cultura mais espiritualizada.

 

É por esse fato, que nos deparamos com esse tipo de comportamento nos ambientes espíritas. A mitificação de espíritos desencarnados e a inserção da práticas atávicas à doutrina têm se tornado comum para muitos espíritas que, pela falta de estudo, perdem a capacidade de análise dos fatos e introjetam o posicionamento dos desencarnados para qualquer situação, deixando de ter uma opinião própria quando se faz necessária, ou como diria Kardec uma fé raciocinada.

 

Começam então a surgir os “emanuelistas”, os “andreluizistas”, e tantos outros “istas”, que colocam tais espíritos na condição de gurus pessoais; obviamente que nada temos contra esses espíritos e nem contras suas obras, pois sabemos da envergadura espiritual que eles detêm e que as suas obras têm importância fulcral para os estudo do Espiritismo, isso é fato; contudo, dar a estas entidades a condição de mitos, colocá-las muitas vezes acima do Codificador, beira àquilo que chamamos de absurdos doutrinários.

 

Como se isso não fosse suficiente temos também os mitificadores  de espíritos encarnados; agora já existem os “chiquistas”, os “divaldistas”, os “teixeiristas” e outros mais. As pessoas estão endeusando esses missionários do plano espiritual, justamente por desconhecerem a codificação, alguns inclusive introjetam-se de tal forma nesses companheiros, que até a forma de falar e os trejeitos, são claramente copiados em palestras públicas.

 

Mitos como, Pe. Cícero, Antônio Conselheiro  e outros, foram criados pelo povo nordestino, que os julgavam legítimos representantes de Deus  aqui na Terra, com poderes para amenizar suas misérias e sofrimentos causados pela seca e abandono dos governantes. Será que nós também não estamos criando mitos para servirem de embaixadores, junto a divindade para cuidarem dos nossos interesses assim na terra como no céu? Será que as excursões para lugares “santos”: Uberaba, Bahia, etc, não se constituem no fundo, verdadeira romarias?

 

Definido como recurso ideológico o mito não constitui a negação das coisas. Ao contrário, o mito penetra na linguagem para falar das coisas; é por isso mesmo que o Mestre Jesus utilizava-se de figuras alegóricas, não para aprisionar o homem ao símbolo, mas para ilustrar um fato através dele. O que se percebe frente ao que está acontecendo é que muitos espíritas estão tão presos a símbolos, mitos e fantasias quanto os irmãos de outras crenças.

 

Faz-se necessário, então, que as instituições espíritas busquem uma melhora qualitativa nos campos da divulgação e formação doutrinária, oferecendo tanto aos neófitos, quanto aos demais cooperadores da casa espírita, uma informação segura e plenamente balizada no legado Kardeciano, a fim de que, a Doutrina possa seguir firme, livre de sincretismos e fantasias.

 

Artigo publicado pela RIE – Revista Internacional de Espiritismo Ano LXXVII – Nº 8 – MATÃO, setembro 2002 – Editora: O Clarim  - www.oclarim.com.br

 

 


1-     FRANCO, Divaldo P., Dias Gloriosos – Pelo Espírito Joanna de Angelis – Salvador (BA): Livraria Espírita Alvorada 1999, p. 207-211

2-     PIRES, José Herculano. O Espírito e o Tempo – Edicel, cap. 1 e 2

 

Bibliografia

1-     Enciclopédia Barsa

2-     Enciclopédia Britânica

3-     Atlas da História Universal

4-     SAVELE, Max, História da Civilização Mundial

5-     KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos

6-     CAMPBEL, Joseph. O Poder do Mito

7-     JUNG, Carl Gustav. O Homem e Seus Símbolos

8-     FRANCO, Divaldo P. O Ser Consciente – Pelo Espírito Joanna de Ângelis

9-     FRANCO, Divaldo P. O Homem Integral – Pelo Espírito Joanna de Ângelis

10- PIRES, José Herculano. O Espírito e o Tempo

 

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A REENCARNAÇÃO

 

Mecanismo de justiça e evolução, a pluralidade das existências constitui uma das leis divinas

Por  Warwick Mota

 

 

Indubitavelmente a reencarnação constitui-se em uma das crenças mais antigas da humanidade. Ponto comum a muitas religiões, a idéia da reencarnação é difundida sob as mais diversas formas. Reencarnar significa voltar à carne outra vez, nascer de novo; podemos conceituar então reencarnação, como renascimento.

 

Se fizermos uma análise desapaixonada do assunto, poderemos observar que a doutrina da reencarnação, é, entre todas as doutrinas filosóficas, aquela que melhor se pode aceitar nas bases de investigação de natureza científica. Já são muitos os cientistas que estudam a problemática reencarnacionista, dentre os quais podemos citar grandes pesquisadores como o Dr. Jan Stevenson da universidade de Virgínia, U.S.A.,o Dr. H. N. Banerjee, da Universidade da Índia, o Dr. Hernani Guimarães de Andrade, do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas, de São Paulo e tantos outros não me­nos importantes, com boas obras publicadas, que destacam o caráter científico deste maravilhoso tema.

 

Não podemos esquecer que dentro de uma análise religiosa, a reencarnação é a única doutrina que se mostra compatível com a Justiça de Deus. Diante da reencarnação caem por terra as arbitrariedades dogmáticas, as in­justiças, os absurdos teológicos, os problemas psicológicos, as anomalias genéticas, as incongruências de natureza social; todas essas situações encontram uma resposta diretamente proporcional para com a dignidade humana, pois somente uma explicação plausível pode-se encontrar para tais situações: a reencarnação, que por dedução lógica é a resultante da lei de causa e efeito, ou seja, sabemos que o homem tem várias vidas e que cada vida é vivida como efeito das causas de outras vidas; se assim não o fosse, a Justiça Divina seria completamente injusta.

 

Dentro desse mesmo contexto religioso, vamos encontrar na Bíblia, no antigo testamento, indícios claros de que a reencarnação já era conhecida também pelos israelitas, onde está escrito: “visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborreceram - Êxodos 20:5”. Podemos entender, em outras palavras, que o sofrimento atual das pessoas é na maioria das vezes uma conseqüência direta dos erros come­tidos no passado, que sensibilizaram as leis naturais; o resultado dessa sensibilização reflete-se diretamente no próprio infrator, que deverá em uma nova existência adequar-se às mesmas leis que infringiu; para isso, volta várias vezes no mesmo círculo familiar.

 

Sem fugir ainda deste contexto, vamos encontrar aqueles que combatem a reencarnação, afirmando que esta não fazia parte dos ensinamentos do Cristo; esse posicionamento está equivocado, pois ao buscarmos no novo testamento, Mateus 11:14, vemos os discípulos perguntarem ao Cristo: “esse é o Elias que há de vir? “ Ora! Elias tinha morrido há mais de quinhentos anos; essa pergunta seria uma insanidade se os discípulos não conhecessem a reencarnação.

 

A crença na reencarnação era um conceito tão difundido no oriente próximo e médio que o povo a aceitava como algo perfeitamente normal; essa aceitação está tão explicita, que no caso do homem cego de nascença, os discípulos chegam a ser contundentes. “Rabi, quem pecou, este ou os seus pais, para que nascesse cego? (João 9:1:12)”.

 

O paralelo entre Elias e João o “Batista”, tão mal compreendido por irmãos de outras crenças, é muito rico em evidências reencarnacionistas; basta querer enxergar. Elias foi um homem de muita importância dentro do seu cenário histórico, visto que teve ele, uma grande ascendência na religião e na política de Israel, entre os anos de 874 a 853 a.C., período em que Achab governou Israel. O ponto alto dessa história começa com o Rei Achab, casando-se com Jezabel, filha do Rei Etibaal da Sidônia.

 

Na Sidônia prestava-se culto ao deus Baal e Jezabel era uma adoradora desse deus; após seu casamento com Achab, ela entendeu que como rainha de Israel, poderia introduzir naquele país o culto ao deus Baal, o deus pagão de seu país de origem. Tal decisão atingiu em cheio as concepções religiosas dos israelitas e com isso Elias posicionou-se radicalmente contra essa inserção pagã, deflagrando uma guerrilha pessoal contra Jezabel, que resultou em uma morte trágica da mesma, como está descrito em Reis 9:30/37: “Jeú, o general do Rei, a jogou de uma janela de uma torre do palácio e, ao cair seu corpo despedaçou-se, sendo devorado pelos cães; só lhe sobrando as palmas das mãos e a caveira.”

 

Trezentos anos após a morte de Elias, o profeta Malaquias afirma em uma de suas profecias que Elias iria voltar. “Eis que vos envio o profeta E/ias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor.” Foram quase quinhentos anos para que essa profecia acontecesse, o que veio ocorrer ao tempo de Jesus; Elias reencarnou como João o “Batista”, comprovado pelo Cristo, em Mateus 11:14.

 

Ao que tudo indica, a querela entre Elias e Jezabel não ficou lá mui­to bem resolvida, pois, Elias, ao retornar como João o “Batista”, reencontra a inimiga do passado, Herodias. E impossível negar, as evidências são irrefutáveis entre os dois episódios, envolvendo Jezabel Herodias e Elias/João Batista. Vejamos: ambas casaram-se com Reis de Israel; Jezabel casou-se com Achab e Herodias com Herodes; as duas cometeram o mesmo “pecado”: ofenderam as leis religiosas de Israel, uma tentando introduzir culto ao deus Baal, a outra, cometendo o incesto, ao casar-se como cunhado. A primeira, foi perseguida por Elias e a segunda, por João Batista. Jezabel, que no primeiro episódio desencarnou de forma trágica, como Herodias, desta feita inverteu os papéis, induziu sua filha Salomé a convencer Herodes a ordenar a decapitação de João Batista, cuja cabeça foi entregue a Salomé em uma bandeja.

 

Muita água rolou e, ao contrário do que muitos pensam, a crença na re­encarnação foi aceita pela igreja cristã primitiva até o ano de 553 d.C, quando foi abolida pelo Quinto Conselho Ecumênico, reunido em Constan­tinopla, por três votos a dois. posteriormente, o reverendo G. Nevin Drinkwater, um sacerdote católico liberal, esclareceu, que o Conselho jamais declarou que a reencarnação fosse herética; o fato é que, em um sínodo local, o Conselho condenou os ensinamentos que foram propostos por Orígenes, em suas obras De principiis e Confra Celsus; entretanto, o reverendo esclarece que a decisão do Concilio foi apenas local, não sendo assim compulsória, para toda a Igreja Universal1.

 

Alguns estudiosos da Bíblia informam que após o Concílio, os textos do antigo e novo testamento, que referiam-se à reencarnação, foram considerados esotéricos, sendo de­cifráveis apenas pelos iniciados ou pelos que detinham o conhecimento para a interpretação das escrituras; dessa forma a reencarnação foi aos poucos caindo no esquecimento do povo e só nos séc. XII e XIII d.C, foi novamente difundida pelos cátaros (palavra de origem grega que significa “puro”), ou albigenses, devido à cidade de Albi. Além da crença na reencarnação, os cátaros não admitiam qualquer tipo de intermediário entre o homem e Deus; essas crenças afrontavam diretamente os interesses da Igreja e do regime feudal; por isso passaram a ser perseguidos ferozmente pela Igreja Católica, que os considerava hereges.

 

Apesar das tentativas das teologias tradicionais em abafar a crença na reencarnação ao longo dos séculos, a Providência Divina não nos deixa órfãos de conheci­mento e envia no tempo preciso, missionários como Allan Kardec, que vem revelar para a humanidade carente de conhecimentos coerentes, a doutrina da reencarnação, ensinada pelo espíritos superiores, como um elemento pedagógico dentro do processo de evolução individual das criaturas.

 

Quando, no desdobramento da questão 330 de “O Livro dos Espíritos”, o Codificador, evoluindo em seu raciocínio acerca da necessidade da reencarnação, pergunta aos Espíritos superiores: “a reencarnação é uma necessidade da vida espírita, como a morte é da vida corpórea?” Ao que os Espíritos lhes respondem sem rebuços: “Certamente, assim o é”.

 

Artigo publicado pela RIE – Revista Internacional de Espiritismo Ano LXXVII – Nº 12 – MATÃO, janeiro 2003 – Editora: O Clarim  - www.oclarim.com.br

 

 


1- Revista Planeta “REENCANAçÃO” 1ª edição Mar/85, extraído de Robertson, Church Histroy 1, pág. 157, e Hefele, History of the Councils of the Church IV, pág. 223.

 

Bibliografia sugerida

 

1- Hermínio C. Miranda — Os Cátaros e a Heresia Católica Ed. La Châtre

2- A Bíblia de Jerusalém

3-  Allan Kardec - O Livro dos Esp fritos Ed. FEB

4- Revista Planeta “REENCANAÇÃO” -Ed. Três P edição Mar/1985

 

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CONDIÇÃO SINE QUA NON

 

Por Warwick Mota

                                                                      

 

"Por isso te lembro despertes o dom de Deus

que  existe em ti." - Paulo. (II TIMÓTEO, 1:6.)  

 

           

O colaborador teve uma desavença no campo das idéias com o presidente do Centro Espírita, resultado! procurou uma outra instituição para continuar seu trabalho.

 

Anos depois é convidado por uma outra pessoa  a colaborar novamente com a antiga Casa, o convite é aceito, ele é inserido na escala de palestras.

 

Dia marcado, o colaborador chega para realizar a palestra, porém antes que tome posição à mesa, é chamado discretamente em um canto pelo dirigente da reunião pública, que lhe informa: "lamento! você não vai poder falar, o presidente disse que aqui você não fala"!

 

* * *

Muito embora seja um absurdo sem tamanho, esse tipo de episódio ainda ocorre em algumas Casas Espíritas, motivado por ressentimentos diversos. Alguns dirigentes de Instituições Espíritas, não conseguem separar o campo das idéias do campo pessoal e terminam misturando tudo, trazendo prejuízos de toda a sorte para o movimento espírita.

 

Cabe ressaltar sempre, que o trabalho na seara não é nosso, é do Cristo, que a Casa Espírita não é um bem tangível do qual possamos nos arvorar donos, não me recordo de ter lido em local algum, que a primitiva igreja de Antioquia, tão bem retratada na obra da Paulo e Estevão editada pela FEB, tivesse um dono, um mandatário qualquer, que fechasse às portas a quem se interessasse de forma sincera em colaborar na disseminação do Evangelho de Jesus.

 

Ao que parece, a máxima, "amai-vos e instruí-vos" é entendida por muitos como "armai-vos e destrui-vos". Pode até ser um trocadilho batido, mas é impossível negar que muita gente pense dessa forma. É preocupante ver como aqueles que deviam dar o exemplo são os primeiros a desvirtuá-lo, é impressionante como muitos "espíritas" são melhores destruidores do que defensores do evangelho de Jesus, enchem a boca para dizer que são criaturas em franco processo de evangelização, mas não conseguem vivenciar o evangelho dentro da própria Casa Espírita, que dirá no meio social ou quiçá na  família.

 

Precisamos entender que fraternidade é o principal tempero da convivência, e que dele não podemos economizar, seja na Casa Espírita, no Movimento Espírita ou principalmente nas relações pessoais. Fraternidade não é uma palavra vazia que se presta a ilustrações de palestras públicas ou de matérias colocadas na imprensa espírita, é sobretudo, a condição sine qua non, que deve nortear as relações humanas em qualquer aspecto ou nível, é portanto, uma grande ferramenta de apoio as nossas aspirações evolutivas.

 

Propor-se a realizar uma tarefa espírita, preocupado apenas com o que interessa a sentimentos próprios  e não a Doutrina, é propor-se ao inócuo, pois com certeza  trabalhos assim não dão bons frutos, não é através de atitudes intempestivas que o espírita coordena tarefas, sejam estas de cunho doutrinário ou não, para tudo é preciso bom senso, refletir antes para não arrepender-se depois.

 

É fazendo um paralelo entre a frase de Vinícius[1]: "Todos possuem em estado de latência poderes e faculdades maravilhosas cujo desenvolvimento harmônico e progressivo deve constituir o objeto da educação", com a frase do apóstolo Paulo: "por isso te lembro despertes o dom de Deus que existe em ti", para entendermos que a grande tarefa do espírita consiste em modificar primeiro a si próprio, o restante é conseqüência desse processo, até mesmo porque o espírita dispõe de elementos preciosos, para facultar-lhe o processo de auto-educação, se não o faz, é por puro comodismo ou mera presunção.

 

           

1 CAMARGO, Pedro de (Vinícius) - O Mestre na Educação, cap. 22 4ª edição FEB

 

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ONDE ESTÁ A VOSSA FÉ?

 

Por Warwick Mota

 

 

 

 

É praticamente impossível eleger entre os vários episódios da vida de Jesus, o que detenha mais importância, ou que traga uma fonte de ensinamento maior, todos eles indistintamente adequam-se e contextualizam-se às mais diversas necessidades de aprendizado do homem.

 

Particularmente nos chama a atenção nos dias hoje, talvez até pela conjuntura atual do planeta, a passagem que envolve Jesus e seus discípulos na travessia do Lago de Genesaré, narrada pelo evangelista Lucas no  cap. VIII, vv. 22 a 25 , o qual transcrevemos  a seguir:   

 

Certo dia, tendo tomado uma barca com seus discípulos, disse-lhes ele: Passemos à outra margem do lago. Partiram então. Durante a travessia, ele adormeceu. - Então, um grande turbilhão de vento se abateu de súbito sobre o lago, de sorte que, enchendo-se d’água a barca, eles se viam em perigo. Aproximaram-se, pois, dele e o despertaram, dizendo-lhe: Mestre, perecemos. Jesus, levantando-se, falou,  ameaçador, aos ventos e às ondas agitadas e uns e outras se aplacaram, sobrevindo grande calma. Ele então lhes disse: Onde esta a vossa fé? Eles, porém, cheios de temor e admiração, perguntavam uns aos outros: Quem é este que assim dá ordens ao vento e às ondas, e eles lhe obedecem? ”

 

Tanto nessa, como em outras passagens do Evangelho marcadas pelos fatos prodigiosos do Mestre, tais como a questão das curas e outros fenômenos promovidos por Ele, trazem, segundo o entendimento das teologias tradicionais elementos caracterizadores dos chamados milagres, os quais a Doutrina Espírita nos esclarece não serem atos sobrenaturais, tampouco milagres, mas apenas a manifestação de um conhecimento imensurável de Jesus Cristo acerca  das leis naturais.

 

Não obstante a importância desse aspecto no estudo do campo científico, é imperioso ressaltar que todos estes eventos trazem também, importantes ensinamentos  no campo moral,  que são perfeitamente aplicáveis a diversas  situações da vida,  em que se contextualizam.

 

Vivemos na atualidade momentos que variam da calmaria aos turbilhões avassaladores que balançam a "nave  Terra", na sua travessia rumo a categoria de mundo de regeneração, estas mesmas tempestades, guardando as devidas proporções, refletem-se também na vida pessoal de cada um, balançando as estruturas morais e psicológicas do homem,  são os momentos em que nos falece a fé.

 

Inúmeras vezes durante a nossa trajetória terrena a barca que conduz as nossas vidas é sacudida por ventanias e ondas que promanam dos nossos compromissos do passado e das nossas imperfeições morais que ainda teimam em subsistir, alimentadas pelas dificuldades que temos em nos reformar intimamente. São os filhos problemas, que constituem-se tormentas para pais aflitos e desesperados pelas situações e confusões de toda ordem, criadas por estes jovens descompromissados com valores morais, que em uma grande maioria dos casos não lhes foram ensinados.

 

São as enfermidades do corpo, que desestabilizam famílias inteiras em virtude, do despreparo de seus membros, ao se desesperarem perante a ameaça da morte ao abrir lentamente a suas asas sombrias,  a envolver o enfermo, que em muitos casos malbaratou a saúde em virtude excessos cometidos, ou mesmo, que tal enfermidade constitui-se apenas na aplicação da lei de causa e efeito ou no cumprimento de compromissos já referendados pelo próprio espírito em momentos que precederam a sua reencarnação.

 

Sejam as dificuldades de natureza financeira, de natureza familiar, ou quaisquer outras, todas parecem a princípio ondas gigantescas a nos tragar as forças e a testar a nossa fé. Falta em nós a mesma confiança que faltou aos discípulos não apenas na passagem da barca, mas também na cura do lunático, na negação de Pedro e no ceticismo  de Tomé. Em todos esses momentos o Mestre aproveitou o ensejo para nos ensinar a paciência e nos infundir confiança. 

 

A passagem da barca traz em si, um simbolismo de rara beleza, que ilustra perfeitamente a trajetória do planeta e especialmente a nossa trajetória pessoal pois somos nós os habitantes da Terra, a barca que nos conduz tem como timoneiro o Cristo e como tripulantes os seus prepostos de luz, cabe a nós a confiança plena no timoneiro e em sua tripulação, trabalho e confiança traduzem-se em fé com obras, de tal sorte que diante das dificuldades passageiras o nosso desespero não nos impeça de ver, onde está a nossa fé.

 

Artigo publicado pela RIE – Revista Internacional de Espiritismo – MATÃO, janeiro 2005 – Editora: O Clarim  - www.oclarim.com.br

 

 

Bibliografia sugerida

 

O Evangelho Segundo o Espiritismo – cap 15 – Allan Kardec – FEB

 

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AS RELAÇÕES INTERPESSOAIS NA CASA ESPÍRITA

 

Por Warwick Mota – Brasília - DF

 

 

 

            É de conhecimento comum entre os espiritistas, as bênçãos e orientações preciosas que a  literatura espírita nos contempla, versando sobre a nossa conduta na condução das tarefas na Seara, como também, das relações interpessoais mantidas entre os companheiros de ideal cristão. O cap. 7º, da obra, “Opinião Espírita”, psicografia de Chico Xavier e Waldo Vieira, pelos Espíritos, Emmanuel e André Luiz – ed. CEC, traz, no primeiro e segundo parágrafos as seguintes observações:  1) “O espírita deve ser verdadeiro, mas não agressivo, manejando a verdade a ponto de convertê-la em tacape na pele dos semelhantes”. 2) “Bom, mas não displicente que chegue favorecer a força do mal, sob o pretexto de cultivar a ternura.”

 

            Sermos verdadeiros e bons, obviamente implica em pontos que cabem observação capciosa sobre a postura que devemos tomar em situações que pedem a nossa manifestação mais efetiva, há momentos em que o bom senso e a ponderação são de fundamental importância, saber falar ou o que falar a alguém, implica em saber observar o curso dos fatos, em saber ouvir o outro, em aceitar o outro e a nós mesmos, a verdade não é ferramenta de ataque é antes de tudo uma ferramenta de esclarecimento, quantos melindres poderiam ser evitado se tivéssemos um pouco de tato com as palavras? Também não devemos “passar a mão na cabeça” daqueles que comentem equívocos, isso não quer dizer que devamos fazer juízo de valor daqueles que cometem falhas, existem formas fraternas de orientar sem criticar.   

 

            As relações interpessoais no ambiente de trabalho, especialmente no trabalho espírita, requer uma afinada interação entre as pessoas, isso se faz necessário tendo em vista que em qualquer grupo sempre afluem várias diferenças como conhecimentos em níveis diferentes, informações, opiniões, preconceitos, atitudes, gostos e experiências anteriores, o que provoca em cada situação vivida pelo grupo, uma leitura diferenciada em níveis de percepção, opinião e sentimento em relação à situação compartilhada. A necessidade de uma boa comunicação entre as partes fica patente em cada processo relacional e nesse contexto elementos de auxilio ao processo devem ser utilizados, um bom exemplo, são os programas de atendimento e o acolhimento fraterno  que devem ser estendidos também ao publico interno da casa, imprimindo assim, qualidade as relações interpessoais.

 

As casas espíritas, indistintamente, se não tem, deveriam ter um programa de atendimento fraterno, para aqueles que chegam pela primeira vez à instituição, é impressionante como este trabalho quando bem orientado funciona bem, o sentimento de acolhimento que o visitante ou iniciante experimenta ao ser recebido de forma acolhedora na Casa, desperta uma sensação de confiança e de bem-estar. Porém, a maioria destes programas espelha apenas um lado da moeda, o lado do acolhido, é necessário que se veja também as necessidades  do trabalhador.

 

Poucas casas espíritas destinam um tratamento diferenciado a  seu maior patrimônio, os seus trabalhadores, pois estes, também passam por dificuldades emocionais, psíquicas e físicas, quando uma situação problema é detectada, na maioria das vezes o trabalhador se encontra desestimulado ou descontente com a instituição que freqüenta, porque ele próprio não se sente acolhido, falta-lhe em muitos casos o apoio que ele tanto carece, caridade começa em casa, olhamos tanto para aqueles que estão fora, que muitas vezes esquecemos que os grandes necessitados se encontram dentro de casa.

 

            Temos visto ao longo dos anos muitas agremiações espíritas esvaziarem-se, e pasmem, até fecharem as portas por falta de trabalhadores, isso é muito triste. Em muitos casos os colaboradores começam um trabalho sério, envolvente,  para logo começarem surgir dificuldades, são dirigentes autoritários, personalistas, são os donos de coordenações, que acham que os seus departamentos são um centro espírita à parte, é o “centro dento do centro”, falta a estes, sentimento de equipe, é necessário acabar com esta “síndrome de propriedade”, não somos donos de nada tudo nos é concedido por empréstimo, o trabalho espírita não tem donos apenas colaboradores, independente do cargo que ocupem.

 

            Fraternidade, com certeza este é um sentimento que deve imperar em todas as relações interpessoais, verdade como instrumento de esclarecimento, bondade sem displicência, sem subserviência, firmeza nas posições é fundamental, mas sem a agressividade da imposição, o bom desenvolvimento do trabalho espírita se fundamenta em dois aspectos de grande importância: a) o aspecto doutrinário, é necessário conhecer a fundo a Doutrina; b) o aspecto moral, é imperioso buscar sempre o aprimoramento moral, desarmar-se das vaidades. Temperando estes aspectos com  ponderação e bom senso as relações interpessoais darão   um grande salto qualitativo que resultará em instituições espíritas cada vez mais humanizadas no relacionamento entre seus pares  e mais espiritualizadas em um contexto maior.

 

Matéria publicada no Jornal O CLARIM, edição de Novembro/2004 Editora: O Clarim  - www.oclarim.com.br

 

 

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[1] CAMARGO, Pedro de (Vinícius) - O Mestre na Educação, cap. 22 4ª edição FEB