Harry Potter e a Filha do Auror
by Talita Teixeira

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Capítulo 13 ~ A sexta-feira extraordinária

A primeira coisa extraordinária que aconteceu naquela Sexta-feira foi que os períodos de Estudos Avançados de Astronomia e Poções foram cancelados. A maioria dos alunos ficou sensivelmente eufórica, não por não terem aula com Luna, mas por evitarem os dois períodos com Snape.

_ Que ótimo! - Rony dizia, na sala comunal da Grifinória - vamos jogar uma partida de Snap explosivo, Harry?

Harry, no entanto, estava olhando para Hermione:

_ O que foi, Mione?

Hermione estava com uma cara de quem descobriu algo muito importante:

_ Raciocinem comigo: se Luna e Snape tiveram suas aulas canceladas, é porque fizeram alguma coisa errada.

Snape ia testar em nós a poção comprometedora, e Luna nos levou a Floresta Proibida.

_ Sim...- Harry continuou - ...mas os dois disseram que tinham permissão de Dumbledore.

_ Aí é que está, Harry...- Hermione prosseguiu -....mas você tem visto Dumbledore ultimamente?

Harry pensou por um instante e então se deu conta de que não via Dumbledore desde o dia da cerimônia de Seleção.

_ Calma, gente...não pode ser tão grave assim....- continuava Rony.

E então, pela passagem na parede entraram Fred e Jorge.

_ Ei, vocês também tiveram suas aulas canceladas? - perguntaram os dois, juntos.

_ Sim...- começou Hermione - ....esperem: o que vocês tem hoje?

_ Teríamos dois períodos de Transfiguração depois de Feitiços....- falou Fred.

_ ....mas resolvemos matar Feitiços e tentar aperfeiçoar uns caramelos explosivos que estamos inventando - continuou Jorge, entrando logo atrás de Fred no dormitório dos alunos do sétimo ano.

_ Então - falou Hermione, excitada, olhando para Harry e Rony - então a profª. McGonagall fará uma reunião com os Snape e Luna durante o horário de Poções!

Rony abriu um grande sorriso:

_ Precisamos ouvir o que ela dirá a eles!

A alegria de Hermione murchou na hora:

_ E como você pensa que faremos isso?

Rony não pensou nem meio segundo para responder:

_ Ora, Harry ainda tem a capa da invisibilidade, não tem? E nós sabemos onde fica a sala da profª. Minerva, porque estivemos lá depois que saimos da Câmara Secreta.

Era verdade: Harry, Rony, Gina e Gilderoy Lockhart foram todos para a sala da professora Minerva quando resgataram Gina do imenso basilisco que habitava a Câmara Secreta de Hogwarts, quase três anos antes.

_ Mas, Rony...- começou Hermione - ...não podemos abrir a porta simplesmente e entrar....

_ Bem...- pensou ele um pouco antes de responder -...acho que podemos esperar do lado de fora até eles chegarem.

Harry e Hermione consideraram todas as possibilidades de serem apanhados, até que Hermione achou melhor não irem.

_ Não vale a pena....

Mas Harry já estava decidido e foi buscar a capa da invisibilidade. Sabia que não seriam interrompidos porque o restante dos alunos da Grifinória ou estava em aulas ou estava pelo pátio. Fred e Jorge trancaram-se no dormitório dos alunos do sétimo ano e Harry sabia que não sairiam de lá tão cedo.

_ É muito arriscado, Harry! - Hermione protestava, resoluta, enquanto Harry e Rony metiam-se embaixo da capa. Ocorreu, no entanto, um problema pelo qual não esperavam.

A capa estava muito curta para os dois.

Harry não havia reparado no quanto Rony crescera no último ano, e só quando viu os enormes pés do amigo ultrapassando a bainha da capa é que caiu finalmente na realidade. Hermione parecia feliz:

_ Assim ninguém se mete em encrenca!

Rony estava muito abalado:

_ Que droga, Harry, que droga....

_ Talvez se andássemos bem abaixados....

Tentaram andar abaixados, e até conseguiram, mas logo tinham que parar porque Rony não conseguia manter a posição.

_ É melhor você ir sozinho, Harry...a reunião será daqui a pouco...- disse Rony, bastante chateado.

_ Nada disso. Mione vai comigo.

 

Sob protestos, Hermione acompanhou Harry pelo corredor que levava a sala da profª. Minerva. Era dia claro e, apesar de praticamente todos estarem em aula, eles não podiam arriscar ser vistos por algum professor ou mesmo por Filch. A capa ajustava-se ainda muito bem aos dois.

_ É aqui? - perguntou, entre sussurros, Hermione.

_ É.

Haviam parado em frente a uma porta discreta e aguardavam a chegada de alguém para que pudessem entrar juntos. Não foi preciso esperar muito e a professora Luna apareceu, elegante como sempre. Bateu na porta e aguardou uns instantes; Harry e Hermione acharam que a professora Minerva não estava. Luna então abriu a porta decidida e nem reparou que Harry e Hermione estavam invisíveis logo atrás. Realmente, a professora Minerva ainda não estava na sala. Harry e Hermione sentaram-se silenciosamente em um banco de pedra entalhado na parede, e felizmente tinham muita experiência com a capa da invisibilidade para cometerem alguma besteira. Além disso, o banco ficava em um canto da sala particularmente escuro, e eles contavam com a sorte de ninguém aproximar-se deles.

A professora Luna não sentou-se em uma das cadeiras que haviam diante da mesa da professora Minerva; ao contrário, caminhou pela sala, observando com atenção as pinturas que se moviam, e houve um momento em que Harry e Hermione temeram que ela viesse para o lado deles. Harry reparou que a professora tinha os olhos um tanto vermelhos, e parecia que estava lembrando de coisas boas, pois tinha um sorriso de nostalgia nos lábios bonitos. Prendia os cabelos com sua habitual trança, onde um fio dourado entremeava-se harmoniosamente.

_....faz tanto tempo que eu estive aqui e parece que nada mudou...- falava baixinho.

_ É porque nada mudou.

Harry sentiu Hermione estremecer ao seu lado, e ele próprio levou um susto: há quanto tempo Snape estivera parado ali observando a professora?

_ Severo...porque você sempre tem que chegar assim? - disse Luna, virando-se para ele, com uma mão nervosa apertando o peito.

Snape adiantou-se alguns passos e parou, virando-se lentamente para o lado onde Harry e Hermione estavam sentados. Os olhos negros e frios do professor os atravessaram. O coração de Harry bateu muito forte e ele sentiu as unhas de Hermione cravarem-se em seu braço esquerdo. Um minuto depois ele voltou-se novamente para Luna, falando num tom irônico:

_ A senhorita tem idéia do que a vice-diretora quer nos dizer?

A professora Luna tinha as faces afogueadas e o sotaque acentuara-se consideravelmente quando respondeu:

_ Pensei que você pudesse me dizer alguma coisa. E pare de me chamar de senhorita como se eu fosse uma das suas alunas de treze anos!

Harry e Hermione vibravam por debaixo da capa da invisibilidade. Nesse momento, a professora Minerva entrou por uma porta lateral:

_ Bom dia. Desculpem o atraso. - e foi sentar-se atrás de sua escrivaninha, indicando a Luna e Snape as duas cadeiras a sua frente.

_ Bem, vamos direto ao assunto....estão aqui por terem cometido, cada um, graves faltas em sala de aula.

"Sei que as razões de ambos são justificáveis, mas não gostaria que isso se repetisse, até porque o diretor, como vocês mesmos sabem, está empenhado numa missão de paz com os gigantes. Ele não está sabendo do que se trata, e eu gostaria de esclarecer isso o quanto antes".

_ Não entendo o porquê da minha presença aqui, diretora....- começou Snape, num tom de voz desagradável.- Ao que me consta, não fui eu quem expôs os alunos aos perigos da Floresta Proibida...

Snape e Luna estavam de costas para Harry e Hermione, e assim eles não podiam ver a expressão do rosto de ambos. A professora Minerva observou Snape por cima dos óculos e então falou duramente:

_ Professor Snape....o senhor sabe que também faz coisas perigosas desde o seu primeiro ano em Hogwarts.
Harry e Hermione apertavam as mãos por debaixo da capa, numa espécie de entendimento solidário. Ambos sentiam-se como se estivessem assistindo a dois alunos serem punidos por namorarem escondido.

Seguiu-se um silêncio mórbido, e então a professora Luna falou, numa voz que fez Harry perceber que a jovem mulher estava chorando, ainda que muito disfarçadamente:

_ Professora....eu não quis expor meus alunos a perigo algum....apenas pensei em apresentar-lhes Firenze e....

Snape remexeu-se nervosamente na cadeira, e a professora Minerva falou, um tanto transtornada:

_ Firenze é um centauro amigável, professora Luna....e o único! O que ocorreu há muitos anos atrás poderia ter-se repetido, e com qualquer um daqueles meninos! certamente, a senhorita não se deu conta de que tinha Harry

Potter entre seus alunos, e que o menino corre grave risco agora que....que....

A menção do seu nome, Harry engoliu em seco, mas já estava tão acostumado a viver com ameaças de morte que continuou ouvindo com atenção. Hermione apertava nervosamente sua mão.

_ ...que o Lord das Trevas voltou. - completou Snape, num tom de voz um tanto assustado e fascinado ao mesmo tempo.

_ Caso a senhorita não saiba - prosseguiu, mais calma, McGonagall - o menino sofreu um acidente sério entre seus parentes trouxas. Foi atingido por um balaço e caiu de um telhado, poderia ter quebrado o pescoço se não fosse por...bem..não vem ao caso agora...no entanto, tememos que já tenham descoberto onde o garoto mora. - completou, um tanto desolada.

A professora Luna olhava para baixo e parecia muito infeliz. Harry teve vontade de correr para consolá-la, dizer que estava tudo bem. Snape segurava a cadeira com ambas as mãos, lembrando muito Neville Longbotton.

_ Eu realmente sinto muito, professora. Isso não vai se repetir. - falou, numa voz controlada.

McGonagall então encarou Snape:

_ E quanto ao senhor, professor Snape....gostaria de saber quem foi que lhe autorizou a ensinar as poções comprometedoras aos alunos do quinto ano, se este não é definitivamente o conteúdo que o senhor teria que ensinar a eles? E porque somente para a turma da Sonserina e da Grifinória?

Harry imaginou que Snape encarava a professora com sua habitual frieza, mas seus dedos agarravam nervosamente o assento da cadeira:

_ Eu apenas pensei....- falou, num tom de voz letal - que seria interessante que alguns alunos conhecessem o uso destas poções...

_ Alguns alunos? quais alunos, professor Snape? O senhor refere-se a Draco Malfoy, que já tem antecedentes demais para as Artes das Trevas?

Snape hesitou por um minuto e então falou devagar:

_ Não. Eu pensei em Potter e Granger.

A professora Minerva encarou-o e perguntou:

_ Estou surpresa. E porque os dois?

Snape, que ainda agarrava-se com força na cadeira, respondeu na sua voz de sempre:

_ Granger é brilhante, embora um tanto irrtante....ela aprenderia a fazer qualquer poção sem a ajuda de ninguém. E Potter...ele precisava ver como essa poção agia, apenas isso....

Luna, que estivera calada até aquele momento, falou, irritada:

_ E foi por isso que você testou a poção no menino?

A professora Minerva arregalou os olhos:

_ Professor Snape! O senhor testou uma poção controlada pelo Ministério da Magia em Harry Potter?

Snape lançou um olhar gélido para Luna e os nós de seus dedos ficaram muito brancos:

_ Exatamente.

Harry e Hermione continuavam apertando as mãos fortemente sob a capa, mas Harry adivinhava que a amiga estivesse sorrindo. A professora Minerva considerou a situação por um minuto e então falou, num tom conciliatório:

_ Eu sinto muito por ter tido esta conversa com vocês....eu sei o quanto esta sala e a atmosfera de Hogwarts faz às pessoas....mas, nos tempos difíceis que estamos vivendo, não podemos nos dar ao luxo de perder mais ninguém para o lado das trevas...é só isso....

E então os três se levantaram e saíram pela porta, com Harry e Hermione nos calcanhares.

A segunda coisa extraordinária daquela Sexta-feira ocorreu minutos depois que eles saíram da sala da professora McGonagall. Harry e Hermione teriam que descer, como todos os alunos, para almoçar no salão principal. Hermione, no entanto, dissera que precisava ir para a Biblioteca e Harry, certificando-se de que não havia mais ninguém nos corredores, resolveu sair também de debaixo da capa.

Só que, no momento em que ele ia tirar a capa, alguém falou o seu nome muito claramente:

_ Potter.

Era o verdadeiro Olho-Tonto Moody e, tanto ele, quanto sua réplica do ano anterior, podiam ver através de capas de invisibilidade.

Harry odiou-se por alguns segundos, e perguntava-se de onde diabos saíra o professor.

_ De onde você está vindo, Potter? - seu tom de voz era tão frio quanto o de Snape.

Harry engoliu em seco e então saiu de debaixo da capa.

_ Eu...eu estive espiando os treinos de quadribol da Sonserina, só isso....não queria que me vissem.... - falou, duvidando muito de que o professor fosse acreditar naquela sua mentira deslavada.

O olho normal e o olho mágico de Moody examinavam atentamente Harry, e se demoraram algum tempo na cicatriz. Harry sentia-se como se estivessem vendo-o nu.

_ Sei, Potter, sei....vamos a minha sala.

_ Mas professor....eu preciso descer para almoçar e....

_ Agora.

Harry não teve outra escolha e seguiu o professor pelos corredores até a sala onde o falso Moody ocupara no ano anterior. Quando iam dobrar um corredor, no entanto, esbarraram com a professora Luna. A conversa que se seguiria seria a segunda coisa extraordinária daquela Sexta-feira:

_ Moody. Como você está? - Harry notou que ela parecia muito triste. - Ei, onde você está levando Harry?
Olho-Tonto Moody pareceu bem contrariado:

_ Como está seu pai, senhorita....Cortazar? - Harry achou estranho que ele falasse assim com a professora Luna.

_ O senhor sabe perfeitamente que meu pai morreu há alguns anos. - falou, olhando-o gelidamente.

_ Certamente, senhorita...mas um nome tão... honrado....nunca morre, não é? Porém, pelo visto a senhorita já o esqueceu..... - falou ironicamente Moody.

A professora Luna desviou o olhar por um segundo e parecia tentar se controlar:

_ Professor Moody....eu me surpreendi de ver o senhor por aqui....mas quanto ao nome de meu pai....ele está enterrado com ele....Cortazar é o nome de solteira de minha mãe.

Moody então abriu um sorriso que o deixou assustador:

_ Pensei que a senhorita tivesse orgulho do seu pai....ao menos, foi o que sempre pareceu.....o que será que Severo Snape pensa disso, hein?

Luna ficou com o rosto vermelho e Harry lembrou-se do dia em que assistira o falso Moody repreender Snape, enquanto ele, Harry, ficara com a perna trancada na escada:

_ Chega, professor! - disse, séria - O que este menino está fazendo com o senhor? Ele precisa descer para almoçar! Com licença! - E, dizendo isso, agarrou a mão de Harry e arrastou-o pelos corredores. Moody ficou para trás, com uma cara muito feia.

_ Harry - falou a professora, parando quando estavam longe de Moody. _ por favor, esqueça o que você ouviu.

_ Tudo bem, professora.

E então aconteceu uma terceira coisa extraordinária. A professora Luna lhe deu um beijo na bochecha.

 

Na Sexta-feira à tarde, Harry, Rony e Hermione estavam conversando sobre tudo o que ouviram sobre Luna e Snape:

_ Tudo isso é muito estranho...- falou Hermione -....os dois terem mentido sobre a aprovação de Dumbledore....

_ Vai ver - disse Rony, comendo um sapo de chocolate - vai ver os dois estão mancomunados com Você-Sabe-Quem.

_ Não, Rony...acho que não é isso....parece que eles já se conheciam antes de darem aulas aqui em Hogwarts....- disse Hermione, pensativa.

Nesse instante, Edwiges entrou como um furacão na sala comunal da Grifinória.

_ É a resposta de Sirius! - Harry disse, correndo para apanhar a carta na perna da coruja.

Caro Harry

Você deveria ter me contado antes sobre o seu acidente. Isso é muito grave. Eu e Lupin estamos em Hogsmeade e esperaremos vocês três na gruta que vocês já conhecem. Tragam as fotos e alguma coisa para comer, também. Quanto aquele outro assunto, acho que poderei lhe dar algumas aulas.
Sirius

_ Ei - disse Rony - que outro assunto é esse?

Harry ficou muito vermelho e então apontou para o próprio rosto. Não queria falar na frente de Hermione, mas não teve escolha:

_ É que....pedi a Sirius para me ensinar a fazer a barba....sabem, não quero acabar como Neville...
Rony e Hermione riram muito. No fim, Harry acabou rindo também.

 


Na hora do jantar, todos desceram para o salão principal. Depois que comessem, Harry, Rony e Hermione esperavam dar um pulo na cozinha para ver se conseguiam alguma comida extra com os elfos domésticos para levar para Sirius e Lupin.

O salão estava bastante cheio, e Harry sorriu timidamente ao ver que Cho olhava para ele.

_ Veja, Harry...a professora Luna não está na mesa...mas Dumbledore voltou...- apontou-lhe Hermione.

Harry então sentiu que um grande peso estava sendo tirado de sua cabeça, porque confiava em Dumbledore acima de tudo. Antes de se iniciar o jantar, o diretor pediu silêncio:

_ Prezados alunos: gostaria de justificar a minha ausência dizendo-lhes que estive numa missão muito importante, que por ora não me cabe revelar a vocês. O que tenho para lhes dizer é que este ano realizaremos uma Festa do Dia das Bruxas realmente inesquecível.

O salão inteiro prorrompeu em vivas. Dumbledore, sorrindo, prosseguiu um minuto depois:

"Eu acredito que, nestes momentos difíceis que estamos todos vivendo, nada melhor do que a alegria para combater o mal e a tristeza. Por isso, faremos uma bela festa do Dia das Bruxas e, depois, os alunos do quarto ano em diante terão uma comemoração especial, muito parecida com o Baile de Inverno que tivemos no ano anterior".

O salão principal veio abaixo, com gritos, assobios e palmas. Harry, que aplaudia freneticamente olhando para Dumbledore, reparou quando uma coruja marrom entrou voando por uma janela e largou uma carta na frente de Snape. O diretor observou o vôo da coruja e então abriu um largo sorriso.

_ Bem, vamos agora ao nosso delicioso jantar! - e então, magicamente, surgiram vários tipos de pães, bolos de frutas, geléias, biscoitos, sucos de abóbora e maçã e outras coisas gostosas.

O jantar foi muito agradável, e o clima geral no salão era ótimo. Se Dumbledore tentava manter Hogwarts funcionando perfeitamente, apesar de Voldemort ter ressurgido, estava conseguindo.

_ Vamos agora até a cozinha? - perguntou Hermione a Harry e Rony.

_ Vamos. É melhor aproveitarmos que estão todos ainda jantando. - Rony respondeu.

E os três saíram sem serem notados, pois o salão estava ainda muito cheio de gente e todos riam e falavam alto.

Para chegarem à cozinha, Harry, Rony e Hermione precisavam fazer praticamente o mesmo trajeto que os levava às masmorras onde tinham aula com Snape. Naquela noite seguiam, cautelosos, pelos corredores desertos:

_ Será que Winky permaneceu trabalhando aqui em Hogwarts? - perguntou Hermione, num tom de preocupação.

_ Acho que não, Mione.... - considerou Harry - ....você lembra como ela ficou depois do que aconteceu com os Crouch.

_ Espero que Dobby esteja por lá....aquele bolo de cerejas estava tão bom.... - falou Rony, estalando a língua.

_ Você só pensa em comida, Rony....- Hermione ensaiou um protesto, mas então estacou. Harry e Rony também pararam.

Ouviam mais passos no corredor, e não eram os seus.

_ Depressa - falou Harry, desesperado, a Rony e Hermione - vamos nos esconder nas masmorras! - Algo lhe dizia que eles deveriam se esconder, e rápido.

E os três desceram as escadas aturdidos e entraram na masmorra onde tinham aula de Poções, indo rapidamente se esconder embaixo das carteiras no fundo da sala. Para o horror dos três, o dono dos passos desceu as escadas e entrou nas masmorras também.

_ Estamos perdidos...estamos perdidos - balbuciava Hermione, baixinho.

Quem quer que fosse, esperava em pé. Então, novos passos apressados surgiram, e os garotos perceberam que as pessoas que estavam na sala além deles mesmos eram Snape e Luna.

_ Gostaria de saber o que a senhorita deseja comigo - falou Snape, numa voz que fez Harry gelar. Então era isso: Luna mandara uma coruja para Snape na hora do jantar.

_ Eu já lhe disse - falou, no mesmo tom gelado - que não suporto ouvir você me tratando como uma garota de treze anos de idade!

Um silêncio mórbido se seguiu, e só a respiração apressada da professora Luna era bem audível.

_ Bem, se estamos aqui para discutir tolices.....- Snape começou, mas foi interrompido por Luna. A jovem mulher estava muito brava, e não conseguia nem mesmo controlar o sotaque espanhol.

_ Não, não são tolices, e você sabe muito bem disso! Como foi que McGonagall soube que levei os alunos do quinto ano para ver Firenze?

Snape caminhou alguns passos e parou próximo a classe onde Rony se escondera:

_ Ora...como posso saber, se nem sei como ela soube sobre a minha aula de Poções....- disse, irônico.

Luna caminhou até onde Snape estava e falou numa voz descontrolada:

_ Não seja cínico, Severo! Foi você quem contou a ela sobre a minha aula, como...como...como aquela vez! - e prorrompeu em lágrimas.

E então, ocorreu a quarta e última coisa extraordinária naquela Sexta-feira.

Snape se virou e falou num tom de voz que não era frio, nem de desdém, nem de humilhação. Parecia um tom de voz de quem está muito arrependido:

_ Luna...- disse ele, e deu uns passos em direção a professora - ...você ainda guarda esse ressentimento de mim...eu nunca pude esclarecer o que aconteceu naquele dia, porque seu pai transferiu você para Beauxbatons...e só fomos nos ver tanto tempo depois....e em circunstâncias tão tristes...
Harry ouviu os soluços abafados da professora e imaginou, com um certo desespero, que Snape a tivesse abraçado:

_ Não fui eu quem falou a Minerva sobre Firenze...nem hoje, nem antes...mas eu sei que foi você quem falou a ela sobre as minhas aulas...eu vi você conversando com Patil, ela deve ter-lhe contado que apliquei a poção comprometedora em Potter....

E então, se a professora estava abraçada em Snape, ela deveria ter quase o jogado longe, porque seus passos foram duros e sua voz era decidida:

_ Minta o quanto quiser, Severo, mas não invente coisas tolas sobre mim! - e então, inesperadamente, um sonoro tapa se fez ouvir.

O silêncio reinou entre eles por alguns segundos tensos, e então Snape falou, e sua voz tornara a ser fria e cruel:

_ Eu esperava isso de você, Luna Palomba....mas o seu pai batia mais forte.

E então a professora Luna virou-se e saiu pisando duro da masmorra.

Snape, porém, puxou a cadeira de sua própria mesa e sentou-se. Permaneceu ali alguns minutos, e Harry imaginou que estivesse com os braços cruzados e a cabeça baixa, como ele mesmo, Harry, fazia tantas vezes.

 

_ É coisa demais para uma Sexta-feira só! - Rony falava, excitado, enquanto entravam pelo quadro da Mulher Gorda.

_ Não sei como não fomos pegos - prosseguiu Hermione, olhando atravessado para Rony - , aquele tapa deve ter afetado a cabeça de Snape.

Harry estava muito pensativo.

_ Você tinha razão, Mione...ela e Snape já se conheciam...e como foi que ele chamou ela memo?

_ Luna Palomba....- Rony completou - ....é um nome espanhol, Mione?

A garota assentiu com a cabeça:

_ Isso mesmo. Estive consultando na biblioteca alguns dicionários de espanhol, só para me familiarizar com as palavras.

_ Talvez Sirius possa nos esclarecer sobre ela....

_ É melhor irmos dormir então, Harry - começou Hermione -...foram coisas demais para uma Sexta-feira.



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