Harry Potter e a Filha do Auror
by Talita Teixeira

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Capítulo 17 ~ O Poço do Esquecimento

_ Não é nada disso que o senhor está pensando! - disse Harry, afastando-se de Hermione, que ficara com o rosto mais vermelho do que o brasão bordado em seu casaco - Filch não é mais um aborto! Ele...ele ganhou poderes e....

_ Não me venha com bobagens, Potter! - sibilou o professor, em sua voz mais letal - eu sei muito bem que acabei de ver o senhor e a senhorita Granger atacando o pobre zelador depois de serem surpreendidos por ele.

Harry bufou e, esquecendo toda compostura, gritou para o professor:

_ Porque o senhor tem que agir sempre assim? Eu sei de onde o senhor está vindo! - disse, agitando a varinha, sem querer, para cima.

Snape ficou ligeiramente vermelho, mas logo retomou o sangue frio, fulminando Harry com o olhar:

_ O que você quer dizer com isso, menino? - Hermione também olhava para Harry, sem entender nada.

_ Eu...eu.... - Harry começou, mas foi interrompido. Outro bruxo saíra da sala do zelador, e então, numa fração de segundo, o menino entendeu tudo o que se passava.

_ Expelliarmus! - e as varinhas de Harry, Hermione e Snape voaram para a mão de Filch.

Snape olhou do Filch inconsciente no chão para o Filch que lhe arrancara a varinha, mas não teve tempo de completar o pensamento, porque foi violentamente acertado na cabeça por um imenso jarro de cerâmica. Pettigrew, transformado em homem, estava parado atrás do corpo do professor. Harry e Hermione ficaram sem ação por um segundo, e então o outro Filch tomou a iniciativa e, de sua varinha, jorraram cordas que prenderam e amordaçaram os dois.

_ Chega de brincadeiras, Pettigrew - falou Filch, nervoso - vamos embora!

Rabicho aproximou-se de Harry e Hermione, que contorciam-se em silêncio:

_ E quanto a menina? Vamos matá-la aqui? - e Harry sentiu um grande aperto no coração, seus pensamentos voando imediatamente para Cedrico Diggory.

Filch hesitou por um segundo e então falou:

_ Não...vamos levá-la conosco e nos divertirmos um pouco....

Harry imaginou, horrorizado, que tipo de divertimento teriam com Hermione, então, inesperadamente, foi levantado por Rabicho e atirado dentro de uma grande caixa de madeira. Hermione veio logo em seguida, e o inconsciente Snape, depois. Um caiu por cima do outro, e Harry percebeu que a caixa tivera seu fundo magicamente ampliado para que os três coubessem ali. As cordas o amarravam fortemente, e ele sequer conseguia respirar direito, mas percebeu que estavam em movimento. Filch - ou quem quer que fosse, com a aparência de Filch - os levava pelos corredores desertos de Hogwarts à uma hora da madrugada. Como tivera o azar de ficar com o fundo da caixa, percebia que se moviam sobre rodas. Então, em algum lugar do caminho, Filch parara de empurrar:

_ Sr. Filch? - Harry reconheceu a voz da professora Luna, e tentou agitar-se e bater com os pés na caixa para chamar a atenção.

_ Pois não, professora.... - quem quer que estivesse usando a aparência de Filch, não conhecia a nova professora de Estudos Avançados de Astronomia.

_ Luna...pensei que tivéssemos sido apresentados por Hagrid...o que o senhor tem nesta caixa, algum animal? - perguntou, desconfiada.

No instante seguinte, Harry ouviu uma pancada forte e rezou para que não tivessem assassinado a jovem mulher. A tampa da caixa se abriu de novo e jogaram a professora para dentro. Harry aliviou-se um pouco, apesar de estar quase esmagado no fundo da caixa, com Hermione respirando ofegante muito próximo a ele e Snape e Luna inconscientes, como dois pesos mortos. Harry tentava imaginar um meio de saírem dali quando, decorridos uns quinze minutos, pararam, e o garoto pode ouvir, muito claramente, Rabicho falar...

_ Dissendium. - Harry achou que estavam na passagem secreta que levava a Dedosdemel, e, naturalmente, Rabicho a conhecia, pois era um dos autores do Mapa do Maroto. Um segundo depois, Harry ouviu a voz de Filch:

_ Vingardium Leviosa! - e sentiu que a caixa erguia-se do chão, virando-se suavemente de lado. Estavam flutuando, e Harry não sentia mais o peso dos outros lhe comprimindo.

Por quanto tempo flutuaram, Harry não soube precisar, mas percebeu que Snape recobrava lentamente os sentidos.

_ Hum...ai...o quê.... - disse, desorientado, e então se deu conta do que acontecera._ Potter...o que...o que você fez....

Mas Harry não podia responder, porque estava fortemente amordaçado. O professor percebera isso e Harry sentiu quando a mão fria de Snape tateou por seus cabelos e óculos, tentando forçar as cordas que lhe prendiam a boca.

_ Não consigo... - falou, raivoso - ...Potter, veja onde você nos meteu.... ai! Granger, cinqüenta pontos a menos para a Grifinória por causa disso!

Harry indignou-se com o que o professor dissera, mas sorriu por baixo da mordaça ao imaginar que Hermione metera um belo chute em alguma parte do corpo de Snape. Estavam, agora, muito próximos um do outro, e Harry podia sentir o nariz de Hermione lhe cutucando no rosto. Estava muito calor e a escuridão dentro da caixa era absoluta. Harry sentia os cabelos grudando na nuca e a respiração ficando cada vez mais difícil, quando finalmente pararam de flutuar e desabaram violentamente, a caixa estraçalhando-se no chão com um baque estrondoso. Harry sentiu uma dor aguda quando as lascas da madeira da caixa enterraram-se em suas costas, fazendo o sangue escorrer rápido e lhe empapar o pijama. Hermione não se movia ao seu lado, mas Snape, cambaleando, levantou-se no meio dos destroços da caixa.

_ Onde estamos... - murmurou Snape, desorientado. A escuridão era absoluta, mas Harry podia sentir que caíram sobre um chão úmido e frio. _ Potter?

Harry agitou-se na direção em que achava que o professor estivesse, fazendo ruídos com a garganta.

_ Eu nem deveria desamarrá-lo, Potter, veja onde sua estupidez nos trouxe! - disse Snape, numa voz fria, tateando as cordas que prendiam Harry - Agora pare de se mexer! - sua voz era um tanto trêmula. Harry forçava a barriga para dentro na tentativa de afrouxar as cordas.

A professora Luna, em algum lugar na escuridão, dava sinais de estar lentamente voltando a si.

Por fim, depois de alguns minutos, Snape conseguiu desamarrar Harry e lhe tirar a mordaça.

_ Obrigado. - falou, contrafeito, para o professor, ao que Snape respondeu-lhe com um barulhinho de impaciência.

Que lugar era aquele onde estavam? Quando ouviu Rabicho pronunciar Dissendium, Harry achara que haviam entrado pela passagem secreta que levava a DedosdeMel, em Hogsmeade, mas não lembrava-se de que houvesse um poço no caminho.

_ Sabe onde provavelmente estamos, Potter? - perguntou Snape, rancoroso - Na antiga rede de esgotos de Hogwarts!

_ Eu não tenho culpa de estarmos aqui! Pare de falar como se estivesse me acusando! - indignou-se Harry, pois, como se não bastasse suas costas estarem feridas, ainda tinha que agüentar o sarcasmo do professor.

_ Parem de discutir, Hermione não está nada bem! - falou Luna, com uma nota de urgência na voz. Snape voltou-se para o lugar de onde viera a voz da professora e Harry levantou-se, desajeitado.

_ Ela está sangrando e inconsciente - Harry ouviu novamente a voz de Luna, e tentou caminhar até onde ela estava, mas a dor nas suas costas era terrível, e ele caiu para a frente, num baque surdo contra o solo frio.

_ Fique parado aí, Potter, você mal consegue ficar em pé! - falou Snape, raivoso, enquanto ele e Luna tentavam desamarrar Hermione. Harry podia ouvir a professora balbucindo baixinho palavras em espanhol.

Harry sentou-se sobre uma pedra e começou a massagear as costas, enquanto Snape e Luna lutavam no escuro para poderem desamarrar Hermione. Quando finalmente conseguiram, Luna falou, numa voz muito trêmula:

_ Você lembra de algum encantamento que possamos pronunciar para fazer Hermione acordar, Severo? - perguntou, nervosa - porque eu não me lembro de nenhum!

Harry ainda não aprendera a realizar encantamentos sem a varinha, que eram, obviamente, bem menos poderosos.

_ O que há com esse lugar? -falou Snape, intrigado, e Harry percebera que o professor tateava as paredes em volta deles - não consigo lembrar de nenhum encantamento...

Só então Harry se deu conta de que também não lembrava-se de nada...de nenhuma poção, de nenhum feitiço, de nenhuma palavra mágica...nada...simplesmente nada...sua mente parecia vazia...

E então ouviram uma voz que vinha do alto, e não era nem a de Filch, nem a de Rabicho.

Era a voz de Avery, o Comensal da Morte que se humilhara aos pés de Voldemort.

_ Você estão em um poço de esquecimento, meus caros amigos...mas você já esteve em um, não é Severo? - falou, irônico. Snape não respondeu e Avery prosseguiu, num tom jovial - Bem-vindos! é claro, temos duas damas que não foram convidadas, mas serão bem-vindas também...Lux! - e, dizendo isso, duas fracas chamas se acenderam nos archotes das paredes do poço onde eles estavam.

_ Avery...- começou Snape, cobrindo os olhos com as mãos - ...o que significa isso?

Com a claridade, Harry pode perceber que estavam em uma espécie de poço amplo. Haviam sido atirados de uma altura considerável, e por isso a caixa se destroçara. Avery falava do alto do poço, ainda usava o casaco puído de Filch:

_ Meu bom Snape...será que você não percebe? Alguém compadeceu-se de você e o quer de volta ao seio do rebanho....- disse, e sua voz ecoava, fantasmagórica, até onde eles estavam.

Snape ergueu-se, e Harry percebeu que o professor tinha um filete de sangue escorrendo pelo canto da boca. Seu rosto estava endurecido numa expressão muito fria:

_ O que você quer dizer com isso, Avery? - perguntou, recuperando-se completamente.

Avery descompassou-se um pouco, mas ainda observava Snape bem dentro dos olhos:

_ O que eu quero dizer, Severo... - falou, sorrindo desdenhosamente - ...é que um dos seus antigos amigos não esqueceu-se de você...e quer lhe dar uma...segunda chance...mas, para isso, você terá que fazer alguma coisa em troca...

Então Avery apontou com o queixo para Harry, e o menino entendeu tudo. Snape teria que entregá-lo para Voldemort. Luna abraçou o corpo inerte de Hermione, enquanto Snape voltara um atônito olhar rapidamente para onde Harry estava sentado, ainda em volta dos destroços da caixa. Avery prosseguiu:

_ Agora nós vamos deixá-los, Severo...eu e Pettigrew vamos para um lugar mais confortável esperar o nosso anfitrião chegar... pois ele não gostaria de perder isto por nada....infelizmente, irá demorar um pouco, mas não estamos com pressa, não é? Afinal, esperamos quinze anos pelo seu retorno com o rabo entre as pernas, Severo.... - terminou, desaparecendo da vista deles.


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