FORÇAS ELÉTRICAS E CAMPOS
Uma carga q1 produz um campo elétrico E1; uma carga q2 produz um campo E2. O que acontece quando essas duas cargas são colocadas próximas uma da outra?

A carga q1, na presença do campo E2, vai sentir uma força F1 que é representada pela equação:

F1 = q1 × E2

Por sua vez, a carga q2 vai sentir uma força F2 que é provocada pelo campo E1:

F2 = q2 × E1

Essas forças podem ser de atração ou de repulsão, dependendo dos sinais de q1 e q2; em qualquer dos dois casos, possuem a mesma intensidade, mesma direção, e sentidos opostos. Em linguagem matemática, fica assim:

F1 = - F2

Vamos deduzir uma fórmula para descrever a grandeza física "campo elétrico", baseando-nos na discussão já feita sobre as forças elétricas entre q1 e q2.

Pensemos apenas no aspecto das intensidades, ou seja, que F1 e F2 são iguais em intensidade (se uma das forças vale 1 N, a outra também vale 1 N; se uma delas vale 3 N, a outra idem; e assim por diante). Então escrevemos:

F1 = F2

(desprezamos aqui o sinal de menos, que servia para indicar o sentido da força)

Nessas alturas pode surgir a seguinte dúvida: como é possível que F1 seja igual a F2 se a fórmula para cada uma delas é diferente?

Primeiramente é preciso lembrar da lei da ação e reação (também conhecida como Terceira Lei de Newton): toda ação gera uma reação igual e oposta. Um exemplo simples é o que acontece quando tentamos "empurrar" uma parede: quanto mais força fazemos contra a parede, mais somos empurrados no sentido oposto, e só não deslizamos para trás por causa do atrito dos sapatos contra o chão. Mas é melhor não tentar fazer isso de meias, sobre um assoalho bem encerado!

Com as cargas é o mesmo: o campo gerado pela carga q1 provoca uma força em q2, e o campo gerado por q2 provoca uma força em q1. Essas duas forças têm a mesma intensidade, mesma direção, e sentidos opostos.

Agora vamos usar equações. Se as intensidades são as mesmas, podemos escrever:

F1 = F2 = Fel

onde Fel é a mesma força já descrita pela Lei de Coulomb, vista há dois capítulos atrás:

Fel = ko (q1 × q2) ÷ d2

sendo ko a constante de proporcionalidade, e d a distância entre as duas cargas.

Examinemos primeiramente a força F1. Igualando as suas duas expressões (aquela dada pelo campo elétrico e aquela dada pela Lei de Coulomb):

q1 × E2 = ko (q1 × q2) ÷ d2

Isolando E2 (é um cálculo simples) chegamos à fórmula:

E2 = (ko × q2) ÷ d2

Repetindo o procedimento para F2, obtemos para E1:

E1 = (ko × q1) ÷ d2

Substituindo as expressões que acabamos de obter para E1 e E2 nas duas primeiras equações deste capítulo, vemos que realmente F1 = F2. Mais uma vez é bom lembrar que, nesses cálculos, só nos preocupamos com as intensidades (desprezamos os sentidos).


Comentários

As expressões obtidas para E1 e E2 estão corretas e são muito úteis para os cálculos, mas temos de manter o nosso espírito crítico e perceber que, na dedução acima, misturamos duas maneiras bastante diferentes de ver o fenômeno da interação elétrica.

Como foi feita essa mistura? Igualamos duas expressões diferentes para a força. Uma delas, a expressão que usa o conceito de campo, diz que as cargas não interagem à distância, mas sim através da mediação de um campo; a outra, que é a fórmula de Coulomb, admite como verdadeira a interação à distância.

Existem maneiras mais consistentes de calcular campos elétricos, onde não existe "mistura" de abordagens, mas a matemática exigida é muito mais complicada.


Introdução Cargas Elétricas Antimatéria Magnetismo Forças Elétricas e
Lei de Coulomb
O Conceito de Campo

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