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Pé ante pé, era assim que ele entrava em casa, como se pisasse em ovos. De que se esconde? eu pensava. Todos na casa achavam que eu dormia, mas já há alguns anos eu acompanhava o ritmo dos corpos vagos espremidos na escuridão dos cômodos. Quanto a ele, acho que nunca soube que eu o observava. E que o amava em silêncio. E que algumas vezes queria a sua morte. Outras, desejava apenas a sua vida. É que sou fera. É que sou anjo. É que meu corpo é feito de necessidade e desejo, matriz das minhas ausências.
Sou carioca, formada em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ, e amo o silêncio. E escrever. Participei das antologias Total e Dez, organizadas pelo poeta Cairo Trindade, e da recém lançada antologia O amor que move o sol e outras estrelas, organizada pela REBRA. Recebi menção honrosa pelo conto “Por um fio de sangue”, publicado na antologia TOTAL, tenho contos publicados em sites literários e um blog em http://www.inverdades.weblogger.terra.com.br, onde só falo verdades, ainda que inventadas. De madrugada, gosto de ficar passeando pela casa, nós duas imersas no breu, até conseguir sentir o calor desprender-se das paredes da sala que o sol castigou o dia inteiro e ouvir os gritos escondidos entre os tijolos, os sorrisos e gozos que o cômodo testemunhou. É quando percebo o quanto de barulho cabe num silêncio. E o tanto de luz que se esconde por trás da escuridão.
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