CLEÓPATRA

A história diz que Cleópatra era "mais atraente do que bela", e Plutarco não a achava tão formosa, escrevendo que "sua beleza não impressionava muito a quem se limitasse a olhá-la, mas sua conversa fascinava de maneira irresistível". De fato, devia ter razão a julgar pelo soberbo nariz com que é retratada na sua estátua exposta no British Museum de Londres. Para a época, nem era considerada tão jovem; tinha exatamente 21 anos quando conheceu Júlio César e 28 quando começou a sua história de amor com Antônio. Além do mais, já tinha tido dois maridos, reinava havia pelo menos 10 anos e devia enfrentar inúmeros problemas; o suficiente para destruir qualquer pessoa e, principalmente uma mulher mediterrânea como ela. Não obstante, escreve Cássio: "Antônio, que percorria a Ásia, viu Cleópatra na Cilícia e apaixonou-se por ela; desde aquele momento perdeu completamente seu sentido de honra para se tornar escravo da egípcia, abandonando-se de corpo e alma pelo seu amor".
Se não era bela, Cleópatra devia ter uma habilidade excepcional para se apresentar em primeiro lugar perante o grande César, que tinha entrado em Farsália como conquistador e, sete anos mais tarde, diante de Marco Antônio, que acabava de chegar ao Oriente. Evidentemente, sabia vestir-se, maquiar-se e pentear-se para fascinar qualquer homem. Mas, acima de tudo, sabia perfumar-se: "perfumes embriagadores flutuavam...", escreveu Plutarco para descrever o momento em que Marco Antônio entrou no barco de Cleópatra em Tarso e, imediatamente, se apaixonou por ela.
Os romanos não estavam habituados ao Oriente e, em particular, Marco Antônio, que pertencia ao exército desde a sua juventude e não estava acostumado a tantos refinamentos; mas, ao subir no barco real de Cleópatra, ficou imediatamente transtornado. Como escreve mais uma vez Cássio: "...sentiu-se confuso e embriagado".
Mas como se perfumava Cleópatra?
Untava-se com essências aromáticas da cabeça aos pés ou deixava que o perfume flutuasse em torno dela. Não há nada escrito e nunca saberemos se preferia violeta ou o feno grego, a lawsonia ou então a mirra com mel e resinas. Pensando nela como a primeira mulher que conseguiu usar os perfumes para seduzir, podemos formular uma hipótese: usava um bouquet com todos esses aromas e, por ser astuta, acrescentava rosa e absinto, as fragrâncias mais apreciadas em Roma naquela época.

MENU