EGITO
Em seus templos, os antigos egípcios utilizavam perfumes com fins exclusivamente sagrados. Logo, no entanto, perceberam que seria possível conseguir bons lucros preparando perfumes também para os homens, ao invés de deixá-los como privilégio unicamente de deuses e mortos. Assim, os sacerdotes acabaram aos poucos transformando seus templos em autênticos laboratórios de perfumaria "abertos ao público."
Isso ocorreu por volta de 2000 a.C. Os primeiros clientes, é claro, foram os faraós e os membros importantes de sua corte, mas o uso do perfume logo se difundiu, trazendo um agradável toque de frescor ao clima quente e árido do Egito. A necessidade de contar com essências refrescantes tornou-se tão fundamental que a primeira greve da história da humanidade foi protagonizada (por volta de 1330 a.C.) pelos soldados do faraó Seti I, que parara de fornece-lhes unguentos aromáticos. Pouco depois, em cerca de 1300 a.C., coube ao faraó Ramsés II enfrentar uma revolta de peões em Tebas, que estavam indignados com a escassez das rações de comida e unguentos.
Os egípcios cuidavam muito de sua higiene pessoal; no fundo de suas casas sempre reservavam espaço para as suas abluções. Tinham o hábito de lavar-se ao acordar, e também antes e depois das principais refeições. Além de água, os egípcios usavam uma pasta de argila e cizas, a suabu, que era uma espécie de precursora do atual sabonete. A seguir, friccionavam o corpo com incenso perfumado.
Os sacerdotes preparavam os incensos com receitas que mantinham em segredo, registrando-as somente nas paredes dos templos; mais tarde foi adotado o costume de escrevê-las sobre papiros. O arqueólogo Edwin Smith encontrou, em meados do século XIX, alguns desses papiros, ainda em bom estado: uma receita prescrevia a aplicação de mel e perfume em caso de ferimentos na cabeça. Outra dava até instruções para preparar "um óleo que transforma um velho em jovem."
Esses papiros também traziam receitas de unguentos aromáticos para conservar a pele suave e instruções para realizar defumações de incenso e azeite para proteger os olhos da luz cegante, que no Egito constituía um sério problema. Para as mulheres também eram preparadas pomadas e cosméticos para os olhos. Uma invenção muito original foi a dos cones de gordura e resinas aromáticas, chamados de cones tebanos, que eram apoiados no centro da cabeça antes dos banquetes; com o calor no transcorrer da festa, as resinas se dissolviam aos poucos e escorriam sobre os ombros das pessoas, exalando desse modo fragrâncias refinadas.