HÁBITOS COTIDIANOS
No Antigo Egito, os perfumes eram usados por toda a família. Os homens os utilizavam principalmente para as lavagens do corpo, que eram realizadas na sala de banho situada na parte posterior da casa, descrita como a "sala mais fresca de todas". Naqueles tempos, as banheiras ainda não existiam, mas há representações que remontam ao terceiro milênio a.C. que mostram a prática das lavagens de forma semelhante a das saunas atuais. Os homens sentavam-se em bancos e encostavam-se na parede enquanto alguns escravos jogavam água perfumada por cima e outros queimavam aromas prefumados em incensários.
As mulheres utilizavam os perfumes em outra sala da casa, que se chamava "de unção"; a dona da casa deitava-se no chão sobre esteiras e as donzelas friccionavam os cabelos dela com uma pomada aromática chamada abra; outras untavam o corpo com óleo para clarear e suavizar a pele; outras ocupavam-se da maquiagem, executando autênticas obras-primas de pintura: primeiro desenhavam o contorno dos olhos com um produto negro chamado maslim; depois, sobre as pestanas e as sombrancelhas, estendiam um produto verde; avivavam os lábios com carmim; pintavam a testa de branco e as têmporas de azul, para realçar a cor das veias; finalmente usavam hena para pintar de vermelho alaranjado as palmas das mãos. Os cosméticos eram colocados em pequenos vasos de alabastro, fechados com um pedaço de tecido fixo com um cordel, em conchas ocas ou até em saquinhos de linho, o que permitiu a sua conservação no decorrer de milênios. Com isso, os arqueólogos puderam analisá-los, descobrindo que as pastas que serviam para essas maquiagens eram compostas por minerais que eram mesclados com os perfumes oferecidos pelos próprios sacerdotes. Segundo uma crença egípcia, as fórmulas para a elaboração dos perfumes foram reveladas pelo próprio Toth, que indicava aos sacerdotes quais eram os aromas mais apreciados pelos deuses.