Imigração ocidental (Norte da África e Oeste europeu)
Na segunda metade do século XIX, por volta de 1855, começou a modificar-se a situação judaica no Brasil.
A população israelita, até então reduzida unicamente ao remoto agrupamento amazonense, passou a crescer em número e a espalhar-se pelo território brasileiro.
Sem prejuízo do prosseguimento da imigração judaica norte-africana para a região amazônica, foram chegando para o Rio de Janeiro - de onde irradiavam para os estados vizinhos, especialmente para São Paulo e Minas Gerais - judeus procedentes de vários países da Europa Ocidental - franceses, ingleses, austríacos e alemães, sobretudo alsacianos - a tal ponto que, em 1857, já sentiram a necessidade de fundar uma sinagoga.
As duas aglomerações - da região amazônica e do Rio de Janeiro - não mantinham entre si quaisquer relações de grupo e apresentavam, aliás, características diferentes.
A coletividade amazônica era mais estável, eis que os judeus marroquinos vinham para o extremo norte do Brasil com a intenção de ali se radicarem, tendo eles, em conseqüência, alargado com o tempo o seu campo de atividades, de molde a abranger não somente o comércio interno e o de exportação e importação - este especialmente de tecidos - mas também o setor de navegação e da exploração de seringais, afora a participação nas atividades públicas e no exercício de cargos oficiais.
Já no sul, os judeus, originários do oeste europeu, vinham antes com o objetivo de prosperar e de em seguida regressar aos países de origem, embora muitos acabassem permanecendo no Brasil, fosse porque não houvessem logrado o desejado enriquecimento rápido, fosse porque já se sentissem dominados pelo apego à nova terra. Em face daquela predisposição inicial, limitavam-se os judeus do Rio de Janeiro e dos estados vizinhos às ocupações comerciais, sem nenhuma tentativa de integração em outras atividades econômicas, de feição mais estável e caráter mais fundamental, e muito menos procuravam imiscuir-se na vida pública do país.
Imigração oriental (Mediterrâneo oriental e Leste europeu)
Na última década do século XIX, a imigração judaica cresceu de vulto, multiplicando-se os países de procedência e também as regiões em que os imigrantes passavam a fixar-se no Brasil.
Enquanto, até então, os imigrantes judeus provinham quase exclusivamente do Norte da África e do Ocidente europeu, já agora, afora aquelas regiões, chegavam levas de judeus oriundos do Mediterrâneo oriental - Grécia, Turquia, Síria e Líbano (sefaradim) e da própria Palestina (sefaradim e asquenazim) - e ainda da Rússia e países vizinhos do leste europeu, localizando-se de preferência na zona sueste do país - Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais - mas também se disseminando por muitos outros estados, tanto do Sul como do Nordeste.
Ficou assim o Brasil, no final do século XIX, pontilhado de núcleos judaicos multicolores.
Conquanto ainda não existissem quaisquer ligações de grupo mais firmes entre essas diversas aglomerações judaicas, e nem mesmo se houvessem ainda estabelecido coordenações locais entre os elementos israelitas policrômicos - que tinham línguas, tradições e interesses diferentes - é entretanto fato digno de registro que, ao findar o século XIX, já existia no Brasil uma coletividade judaica em potencial, que abarcava todo o território nacional; uma rica infra-estrutura, sobre a qual viriam em breve apoiar-se as vastas e homogêneas ondas imigratórias do leste europeu - Bessarábia, Ucrânia, Lituânia, Polônia - as quais, nas primeiras décadas do século XX, ergueriam no Brasil o arcabouço de uma sólida comunidade israelita.
DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO JUDAICA
DO BRASIL, POR ESTADO, NO LIMIAR DO
SÉCULO XX
(Dados do censo de 1900)
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Última alteração: 30 de julho de 1998 |
Marcelo Ghelman |
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