Poesia de Albino
José Alves Filho, genro de BG
Anima Volaris
(A Prisciliana Duarte)Há peitos em que tudo
é neve fria
—
Priscilina Duarte —
Oh, poeta não sou!
Pressinto às vezes
Na febre do delírio que minh’alma
Anela esvoaçar... Gozar de calma,
Distante deste mundo de revezes...
E
lá, no empírio, no éter, na alvorada,
Sorver a haustos, sôfrega,
arquejante,
Raios de luz... e brisas do levante...
Junto a Vênus que oscula a madrugada
Certeza
eu tenho, pois que ela há de
Ausente deste mundo de maldade,
De inveja, de torpeza e hipocrisia
Vives
uma outra vida — vida crente —
E jamais balbuciar em fogo a mente
“Há peitos em que tudo é neve fria”.
São Paulo, 16-8-1888
(Publicada em “A Verdade”
de 6 de setembro
de 1888)
N.E.: Prisciliana
Duarte de Almeida nasceu na cidade de Pouso Alegre, MG, a 3 de junho de 1867,
filha do coronel Joaquim Roberto Duarte e de Rita de Almeida Duarte.
Foi casada com seu primo, o poeta e filólogo Sílvio Tibiriçá de
Almeida. Obras:
Rumorejos, Sombras (prefaciada pelo Conde de
Afonso Celso), Páginas
infantis o
Livro das aves, em prosa e verso.
Em novembro de 1909, Prisciliana Duarte de Almeida é convidada, com o
marido, para fundar a Academia Paulista de Letras, onde ingressa na cadeira n° 8,
patrocinada por Bárbara Heliodora. Segundo informa Aureliano Leite, sucessor de
Prisciliana, ela teria feito
a escolha
de Bárbara Heliodora não só porque admirasse a poetisa inconfidente,
como também, pelo fato de ter sido ela sua tia-trisavó.
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