Mesmo escasseando as afirmações dos responsáveis pela nossa diplomacia, é inequívoco o princípio de que Portugal não reconhece a soberania espanhola sobre o território de Olivença. Nos últimos sete anos apenas se conhecem três testemunhos públicos da nossa diplomacia relativamente à titularidade dos direitos de soberania sobre a região de Olivença, mas que são suficientemente claros para se compreender a posição oficial do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
![]()
«Portugal nunca reconheceu oficialmente a situação. Olivença, do ponto de vista legal, continua a ser nossa. Daí que correspondendo a contactos pontuais da Espanha sobre problemas da região respondemos sempre que "de Jure" é portuguesa».
Mais próximo de nós, esta posição foi reafirmada a propósito da Ponte da Ajuda, uma obra manuelina, destruída nos inícios do século XVIII durante a Guerra da Sucessão e que permaneceu intransitável até aos nossos dias, dificultando a ligação entre Elvas e Olivença sobre o Rio Guadiana, hoje a fronteira "de facto", mas não a fronteira juridicamente aceite por Portugal. «o Estado português não se pode envolver em nenhum projecto que envolva o reconhecimento do traçado da fronteira num local em que não há consenso quanto a ela». «Participar neste empreendimento, explicou ao PÚBLICO uma fonte das Necessidades, equivaleria a reconhecer a soberania espanhola sobre Olivença.» A forma astuciosa como a Espanha pretendia alcançar o reconhecimento da sua ilegal ocupação sobre Olivença acabou por se transformar numa afirmação inequívoca dos nossos direitos sobre o território. Considerando o estado português que o território de Olivença se inclui no seu espaço de soberania, o Ministério dos Negócios Estrangeiros conseguiu impôr à Espanha a realização da obra exclusivamente por Portugal e não como um empreendimento conjunto de carácter transfronteiriço. A forma silenciosa como os estados peninsulares gostam de tratar a questão oliventina conduziu a que o acordo final fosse tratado na Cimeira Ibérica do Porto em Novembro de 1994, sem que à comunicação social chegassem grandes ecos dos atritos e melindres que o problema levantou.
A mais recente afirmação oficial de que Olivença e o seu termo fazem parte integrante do território nacional ocorreu em 1995. Na sua origem está o projecto da Barragem do Alqueva, cuja albufeira inundará cerca de 2.400 hectares de superfície nos municípios espanhóis de Badajoz, Cheles, Alconchel e Villanueva del Fresno, a que acrescem aproximadamente 1.000 hectares em Olivença.
|
![]() ![]() ![]() |