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Jornal de Notícias    em 28-OUT-1998

"Nino" Vieira propôs encontro na Gâmbia

Poderá ter lugar hoje naquele país a reunião entre o presidente guineense e o líder dos rebeldes, brigadeiro Ansumane Mané

O presidente João Bernardo "Nino" Vieira, da Guiné-Bissau, e o líder rebelde Ansumane Mané deverão reunir-se hoje na Gâmbia, numa tentativa de resolver o conflito que assola o país desde 7 de Junho, a crer em fontes oficiais do Governo de Bissau citadas pela agência Lusa.

Apesar das fontes governamentais guineenes terem confirmado ontem a realização do encontro, fontes da Junta Militar disseram à Lusa que não tinham qualquer confirmação dessa informação. Caso o encontro venha a realizar-se, o transporte da delegação da Junta Militar competirá à mediação, adiantaram fontes da Junta.

O encontro, recorde-se, chegou a estar marcado para ontem, mas fracassou devido a divergências sobre o local da reunião. "Nino" Vieira propusera a delegação da União Europeia, na chamada zona das embaixadas, em Bissau, enquanto o brigadeiro Ansumane Mané propôs a Cúria Diocesana, em território controlado pelas forças governamentais, ou a missão católica de São João, em terreno rebelde.

Os dois locais foram mutuamente recusados na segunda-feira ao fim do dia, por qualquer deles se situar muito próximo da linha da frente.

Gama desdramatiza

O ministro português dos Negócios Estrangeiros, Jaime Gama, em declarações em Lisboa, desdramatizou ontem o adiamento do encontro, afirmando que há um "clima positivo" em torno da reunião dos dois líderes da crise da Guiné Bissau, garantindo que "não estava previsto para hoje (ontem)".

Jaime Gama afirmou que, na sua deslocação a Bissau, no fim-de-semana, foi obtido o acordo sobre a realização "sem data" do encontro entre o presidente "Nino" Vieira e o brigadeiro Mané. Por outro lado, disse, foi ainda obtido um mandato conjunto dos embaixadores de Portugal, França e da encarregada de negócios da Suécia, e ainda do bispo de Bissau, para a "organização logística" do encontro.

Sobretudo, sublinhou Jaime Gama, foi dada a garantia de que "até à realização do encontro haveria o acatar do cessar-fogo" acordado na passada semana. A propósito da realização do frente-a-frente num país estrangeiro, o ministro disse que o encontro estava "acordado" para a Guiné Bissau, escusando-se a comentar a alternativa de Portugal para a sua realização.

CEDEAO em Abuja

O ministro dos Negócios Estrangeiros admitiu ainda uma possível facilitação da resolução da crise com o encontro agendado para ontem em Abuja, na Nigéria, da Comunidade Económica para o Desenvolvimento da África Ocidental (CEDEAO).

Na reunião de Abuja, estariam presentes os coordenadores dos grupos de contacto da CEDEAO e da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), disse Gama, adiantando que ele próprio estabelecera anteontem contactos com os seus colegas de Cabo Verde, Senegal, Costa do Marfim e, por intermédio da Embaixada portuguesa, também com o seu colega da Nigéria.

MNE confirma encontro

O ministro guineense dos Negócios Estrangeiros, Delfim da Silva, confirmou ontem à noite à Agência Lusa a realização, hoje, do encontro entre o presidente "Nino" Vieira e o brigadeiro Ansumane Mané, em Banjul, em princípio à tarde.

Delfim da Silva adiantou que a escolha da Gâmbia para a realização da reunião surgiu de uma recomendação nesse sentido do Bureau Político do PAIGC, que se reuniu ontem para analisar o "processo de paz e os preparativos do encontro".

Delfim da Silva declarou que a delegação do presidente da República, de que fará parte, será transportada com apoio logístico francês, adiantando desconhecer a forma como se irá deslocar o brigadeiro Ansumane Mané. Segundo o titular dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, "não é de esperar um debate profundo no encontro sobre a crise político-militar do país."

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Hospital de Dacar esvaziado para receber feridos

Os doentes internados no Hospital Principal de Dacar tiveram alta antecipada, para dar lugar aos militares feridos em combate que chegaram da Guiné-Bissau, noticou a Imprensa senegalesa.

O diário "Wal Fadjri" deu grande destaque à evacuação do Hospital Principal, assim como "à viva emoção causada pela chegada de soldados feridos em Bissau". "Cada dia com o seu lote de djambaar (soldados) feridos", escreve o jornal de Dacar, comparando o Hospital Principal, o maior do Senegal, ao Muro das Lamentações, devido à presença junto às suas instalações de numerosos familiares das vítimas.

Três camiões das Nações Unidas deixaram entretanto a capital guineense carregados de auxílio alimentar para cerca de 80 mil deslocados que fugiram aos combates da última semana. De acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM), que coordena a acção humanitária, a partida do auxílio foi tornada possível devido a garantias de que o cessar-fogo aceite pela Junta Militar, em princípio por 48 horas, se irá manter.

O organismo da ONU adiantou que pretende enviar nos próximos dias mais 270 toneladas de arroz, para alimentar os deslocados pelo menos durante uma semana. "Estamos a enviar com carácter de urgência este auxílio a dezenas de milhares de refugiados apanhados em Prabis e Cumura pelo reacender das hostilidades", a semana passada, disse em Abidjan Hiro Matsumura, o representante do PAM para a Guiné-Bissau. Prabis fica 18 quilómetros a sudoeste de Bissau, e Cumura a 14 quilómetros para leste. O representante do PAM adinatou ainda que muitos dos deslocados estão feridos, e a maioria encontra-se em campos improvisados sem quaisquer condições.

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