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Jornal de Notícias    em 29-OUT-1998

Delegação da Junta vai hoje a Banjul

Nigéria disponibilizou à última hora avião para transporte dos rebeldes, que alegavam não poder ir a encontro com "Nino"

Os rebeldes guineenses informaram ontem ao princípio da noite que uma delegação da Junta Militar estará hoje de manhã na capital da Gâmbia, Banjul, para um encontro com o presidente "Nino" Vieira, após a Nigéria, que preside à Comunidade para o Desenvolvimento da África Ocidental (CEDEAO), ter disponibilizado um avião para transportar os seus negociadores.

Segundo declarações do porta-voz dos rebeldes, comandante Zamora Induta, à agência Lusa, a Nigéria disponibilizou um avião que deverá estar em Bissau hoje às 9h00, para levar para Banjul a delegação do brigadeiro Ansumane Mané, composta por 15 elementos.

Além do comandante da Junta, a delegação inclui o comandante Zamora Induta, o tenente coronel Emílio Costa, o capitão-de-fragata Lamine Sanhá, Francisco José Fadul e guardas-costas do líder dos revoltosos. O embaixador português em Bissau, Francisco Henriques da Silva, e a encarregada de negócios da Suécia, Ulla Andren, também deverão seguir no mesmo avião, pois a Junta exigiu garantias de segurança para atravessar o espaço aéreo senegalês.

Contudo, o comandante Zamora Induta afirmou que "estão à espera que lhes chegue a qualquer momento a agenda governamental do encontro", que deveria ser analisada ainda ontem.

Encontro "tremido"

A declaração do porta-voz da Junta põe aparentemente fim aos adiamentos que o frente-a-frente entre os dois líderes sofreu nos últimos dias. A realização do encontro em Banjul esteve em dúvida, devido à recusa da Junta em viajar para a capital gambiana. Ainda ontem à tarde Zamora Induta afirmara à Lusa que a ida a Banjul estava "totalmente fora de questão" por razões de segurança", alegando falta de garantias para atravessar o espaço aéreo senegalês, mesmo após uma proposta apresentada pelo bispo de Bissau, segundo a qual o próprio D. Settimio Ferrazzetta e a encarregada de negócios da Suécia em Bissau, Ulla Andren, se terem disponibilizado para acompanhar Ansumane Mané na deslocação a Banjul, para o encontro com o presidente "Nino" Vieira.

"A nossa posição já foi transmitida à representante da Suécia. Se não houver meios de transporte do exterior, não iremos a Banjul, e aguardamos uma resposta a todo o momento", disse ainda Zamora Induta, referindo que estavam a ser efectuados contactos com Portugal e com a Nigéria para que se conseguisse rapidamente a cedência por um destes países de meios aéreos para a deslocação a Banjul.

"Guerra" de locais

Este pareceu ser o último da lista de argumentos de uma parte e outra para adiar o encontro. O comandante Zamora Induta alegara anteriormente, para justificar a recusa da deslocação à Gâmbia, que a Junta Militar não recebera dos representantes dos países da União Europeia em Bissau, que têm intermediado as partes em conflito, qualquer indicação concreta quanto à realização da reunião, à agenda de trabalhos e a garantias de transporte.

Por outro lado, Zamora Induta sublinhou que, no encontro com o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Jaime Gama, durante o fim-de-semana, quando se abordou a possibilidade do encontro se realizar fora da Guiné-Bissau, foi então sublinhada a necessidade do apoio português. "Não estamos preparados para ir a Banjul", disse então Zamora Induta à Lusa, recordando não ter havido qualquer acordo entre as duas partes, Governo e Junta, para a deslocação à capital da Gâmbia. Segundo o porta-voz da Junta Militar, a hipótese de uma reunião na capital gambiana fora já avançada por Ansumane Mané, tendo então sido recusada pelo presidente guineense.

O porta-voz da Junta acrescentou na ocasião que o Comando Supremo dos rebeldes iria reunir-se, possivelmente ainda ontem, para tomar uma decisão sobre a continuação do cessar-fogo.

Apelo do Papa

O papa João Paulo II pediu entretanto "uma solução pacífica" para os conflitos armados na Guiné-Bissau e na República Democrática do Congo. "Rezamos à Virgem Maria para que as partes em conflito se comprometam a encontrar soluções de paz, que acabem com o longo sofrimento" nestes países, disse o Papa, após a audiência geral das quartas-feiras na Praça de S. Pedro, em Roma.

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França forneceu munições ao Senegal, reconhece embaixador em Dacar

A França forneceu munições "em qualidade, quantidade e custo" ao Exército do Senegal, desde a sua intervenção no conflito da Guiné-Bissau, admitiu o embaixador francês em Dacar, em declarações ontem publicadas pelo diário "Wal Fadjri".

André Lewin referiu que a intervenção militar senegalesa na Guiné-Bissau ocorreu sem o conhecimento de Paris, e salientou que a primeira intervenção do seu país consistiu em preparar e realizar, através da sua Marinha, a evacuação de cidadãos estrangeiros de Bissau, em colaboração com as marinhas portuguesa e senegalesa. Interrogado sobre o que pensa a França da intervenção senegalesa na Guiné-Bissau, o diplomata disse que "compreendo por que o Senegal o fez. O chefe de Estado da Guiné-Bissau solicitou apoio, e sei que o Senegal interveio na base dos acordos assinados entre os dois países".

Por outro lado, Lewin justificou que o Senegal não podia ficar indiferente ao que se passava no país vizinho, dada a situação em Casamança, com a qual o conflito guineense tem ligações directas.

"Nós compreendemos por que o Senegal e a República da Guiné empreenderam esta operação", disse ainda o diplomata, referindo que, no âmbito da sua cooperação com Dacar, a França continua a fornecer equipamentos médicos, coletes antibala "e a nossa Aviação participa no repatriamento de feridos".

"Os fornecimentos que fizemos nos últimos meses são consideráveis em quantidade, qualidade e custos", disse o embaixador da França, afirmando também que o seu papel é trabalhar para o restabelecimento da paz na Guiné-Bissau, e sublinhando que a resolução do conflito passa pela via do diálogo e não pela solução militar.

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