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Jornal de Notícias    em Última hora: 29-OUT-1998

Guiné-Bissau

"Nino" Vieira e o brigadeiro Mané estão a discutir na Gâmbia um plano que contempla o cessar-fogo, a instalação de uma força de interposição, ou de observadores, e a reabertura do porto e do aeroporto de Bissau. «Nino» e Mané abraçaram-se quando se encontraram.



"Nino" Vieira e Mané chegaram a Banjul

A retirada das tropas do Senegal e da Guiné-Conacri de Bissau é para a Junta o principal assunto em debate na capital gambiana

O presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo "Nino" Vieira, chegou ontem ao princípio da noite a Banjul para um encontro com o líder da Junta Militar, brigadeiro Ansumane Mané, que se encontrava já desde o início da tarde na capital gambiana.

O presidente guineense e comitiva viajaram para a Gâmbia a bordo de dois helicópteros franceses, onde chegaram já depois de ter aterrado o aparelho gambiano que transportou a delegação da Junta, acompanhada por várias outras personalidades, como o embaixador português em Bissau, Francisco Henriques da Silva.

"Nino" Vieira fez-se acompanhar pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Delfim da Silva, e pelos deputados do PAIGC Fátima Fati e Manuel Mané, este último líder da bancada parlamentar do partido. A delegação do brigadeiro Ansumane Mané integra 15 elementos e inclui o comandante Zamora Induta, o tenente-coronel Emílio Costa, o capitão-de-fragata Lamine Sanhá, Francisco José Fadul e guarda-costas do líder da Junta Militar.

A delegação da Junta Militar guineense aguardou num hotel de Banjul a chegada da comitiva governamental, e esperava ainda ser contactada pela delegação de "Nino" para a concretização do primeiro frente-a-frente desde o início do conflito.

"Nino" Vieira e Ansumane Mané tinham previsto para ontem o primeiro frente-a-frente desde o início do conflito guineense, no passado dia 7 de Junho, que deveria decorrer no palácio presidencial da capital gambiana. A retirada das tropas estrangeiras do território guineense é a questão fundamental que será abordada no encontro.

Retirada na agenda

O porta-voz da Junta Militar, comandante Zamora Induta dissera anteriormente à Lusa que, se a questão da retirada das tropas estrangeiras do país não fosse debatida, "ou se não fizer parte da agenda do encontro, nem sequer vale a pena ir lá (a Banjul)".

Na altura, a delegação da Junta revoltosa aguardava a proposta governamental de agenda do encontro. Questionado sobre a possibilidade de figurar na agenda a eventualidade de "Nino" Vieira abandonar o poder, Zamora Induta disse que essa matéria era do foro constitucional, cabendo ao Parlamento uma tomada de posição sobre esse tema.

O desconhecimento da agenda da reunião foi uma das questões levantadas pela Junta para pôr em dúvida a deslocação a Banjul. Segundo a Lusa, a marcação do encontro entre "Nino" Vieira e Ansumane Mané motivou, durante o dia de anteontem, intensas diligências diplomáticas em Bissau, para pôr fim ao clima de incerteza que se vivia nos últimos dias.

Primeiro, foi a questão levantada pela Junta Militar em relação ao transporte do brigadeiro Ansumane Mané para Banjul, com a recusa da utilização do seu helicóptero, apesar de uma alegada autorização dada pelo próprio ministro senegalês da Defesa para sobrevoo do espaço aéreo do Senegal.

A França, que assegurou o transporte do presidente guineense para Banjul, desculpou-se em relação a Ansumane Mané alegando a falta de um pedido formal nesse sentido. A questão do transporte só viria a ficar desbloqueada com a intervenção do presidente gambiano, Iaha Djamet, que, depois de vários contactos com os governos da sub-região, conseguiu disponibilizar um avião nigeriano para transportar o comandante da Junta Militar.

O presidente guineense recebeu ainda em audiência, antes de partir para Banjul, o delegado da União Europeia, Miguel Amado _ acabado de regressar à Guiné-Bissau _ e que foi portador de uma mensagem comunitária sobre a posição dos 15 em relação ao conflito guineense.

CEDEAO reúne

O ministro do Interior do Senegal, Lamine Cissé, esteve também em Bissau, anteontem, para encontros com o presidente guineense e com o comandante da Junta Militar. Lamine Cissé, cuja deslocação foi mantida em segredo, deixou Bissau ao final da tarde de anteontem, acompanhado pelo primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Carlos Correia, e pelo ministro da Defesa, Samba Lamine Mané, num dos dois helicópteros franceses que desde a manhã estavam estacionados no porto de Bissau e que partiram ao final do dia.

Segundo fontes não oficiais, o primeiro-ministro guineense teria saído de Bissau para participar, em Abuja, na Nigéria, na cimeira de chefes de Estado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que se realiza este fim-de-semana.

Também o presidente da República de Cabo Verde partiu ontem para Abuja, a solicitação expressa do chefe de Estado nigeriano. Em declarações aos jornalistas, Mascarenhas Monteiro disse que as autoridades nigerianas pediram a presença do presidente em exercício da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) na reunião, que terá como tema principal o conflito na Guiné-Bissau.

"Não costumo participar nas cimeiras da CEDEAO, mas desta vez fui solicitado para ir tratar da questão da Guiné-Bissau", disse o presidente de Cabo Verde. Na cimeira de Abuja participa também o ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo verde, José Luís de Jesus, que é o coordenador do Grupo de Contacto da CPLP, que tem liderado o processo de mediação pela paz na Guiné-Bissau.

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