Notícias de Jornais Electrónicos, via Internet
ÍNDICE ACTUALIZAÇÕES
em 30-OUT-1998
Delegações da Guiné-Bissau prestes a conferenciar
"Nino" e Mané na Gâmbia
As delegações do Governo e da Junta Militar guineense, chefiadas pelo Presidente "Nino" Vieira e pelo brigadeiro Ansumane Mané, chegaram ontem, com bastante atraso, a Banjul, capital da Gâmbia, para o primeiro frente-a-frente entre ambos desde o início do conflito. Ao fim do dia, os homens da Junta e a sua escolta de diplomatas esperavam ainda num hotel de Banjul o início da reunião: "Estamos lá em baixo a apanhar fresco", resumiu o comandante Zamora Induta.
O porta-voz da Junta não pôs de parte a hipótese de um regresso às armas se as negociações falharem. "Não excluímos isso. Há uma questão política fundamental que é a presença de tropas estrangeiras na Guiné. Para nós, falar de paz é falar da retirada dessas tropas. Temos que conseguir isso e vamos consegui-lo - pelas armas ou pelo diálogo", acrescentou Zamora Induta.
A Junta Militar viajou para Banjul com dezena e meia de pessoas, quase todo o seu estado-maior, e fez-se acompanhar do embaixador de Portugal na Guiné, Francisco Henriques da Silva, da encarregada de negócios da Suécia, Ulla Andren, e do bispo de Bissau, D. Settimio Ferrazzetta, além do chefe da diplomacia gambiana e de vários jornalistas. Com Ansumane Mané, estão em Banjul o tenente-coronel Emílio Costa, os comandantes Lamine Sanhá e Induta, assessores jurídicos e seguranças.
Desde as oito da manhã que a delegação estava pronta para viajar na base aérea de Bissalanca mas o Fokker-28 da Air-Vapia chegou a Bissau apenas às 13h40. A aterragem em Banjul aconteceu meia hora depois. "Nino" e a delegação governamental chegaram a seguir à capital gambiana, em dois helicópteros Puma franceses. Com o Presidente viajou o ministro guineense dos Negócios Estrangeiros, Delfim da Silva. As delegações ficaram instaladas em hotéis diferentes.
Os dois homens deverão abordar o prolongamento do cessar-fogo, a reabertura do aeroporto de Bissau nas mãos dos rebeldes e a criação de um governo de unidade nacional, uma vez que a Junta não exige a destituição do Presidente. "Isso cabe apenas à Assembleia Nacional Popular", explicou Zamora Induta.
O encontro "Nino"-Mané estava previsto para ontem, no Palácio Presidencial, mas ao fim do dia não havia nenhuma confirmação da sua realização nem do início de outros trabalhos. "Estamos lá em baixo a apanhar fresco e à espera de sermos contactados", informou o porta-voz da Junta contactado telefonicamente. O Presidente Yahya Jammeh é o anfitrião do encontro, o que poderia obrigar a iniciar o frente-a-frente a horas tardias, uma vez que o chefe-de-estado gambiano tinha previsto sair do país esta madrugada para Abuja, onde se realiza a cimeira da Comunidade Económica de Desenvolvimento da África Ocidental (CEDEAO).
No hotel, à espera de "Nino", a delegação da Junta mostrava-se descontraída, depois da tensão da espera na pista de Bissalanca, segundo um dos elementos que acompanham os revoltosos. O brigadeiro Mané parecia "calmo" e "decidido", não evitando referir-se várias vezes ao seu Presidente como "fantoche", na presença dos diplomatas e do bispo - remetidos ao papel de "fazer figura de corpo presente".
A Junta leva, na bagagem para o encontro de Banjul, a sua superioridade no terreno, numa altura em que controla todo o interior da Guiné e mantém o cerco a Bissau. Do outro lado está um Presidente acossado e é no seu campo que está a bola: "O brigadeiro ainda não sabe o que vai dizer mas veio a Banjul para ouvir o que "Nino" Vieira tem para propor", explicou ao PÚBLICO o comandante Zamora Induta. "Depois deste encontro vai ficar tudo esclarecido e aí agiremos em conformidade".
P.R.M.
(c) Copyright PÚBLICO Comunicao Social, SA Email:publico@publico.pt
ÍNDICE ACTUALIZAÇÕES
Contactos E-mail: Geocities: bissau@oocities.com
Outros endereços desta Página:
Guiné-Bissau, o Conflito no «site» FortuneCity
Guiné-Bissau, o Conflito no «site» Terràvista

|