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Jornal de Notícias     em: 01-NOV-1998

Nigéria tenta solução na crise guineense

Chefe de Estado nigeriano, general Abdulsalami Abubakar, tenta ultrapassar impasse em conversações entre "Nino" e Mané

A Nigéria tentava ontem quebrar o impasse nas negociações sobre o conflito na Guiné-Bissau, após o presidente "Nino" Vieira e o líder da Junta Militar, brigadeiro Ansumane Mané, manterem aparentemente posições irredutíveis quanto à presença de tropas estrangeiras no país, disseram fontes próximas da negociação citadas pela agência Reuters.

Delegados à cimeira da Comunidade para o Desenvolvimento Económico da África Ocidental (CEDEAO), que ontem terminaria na capital nigeriana, Abuja, admitiram a possibilidade de ser assinado um acordo de cessar-fogo entre os dois líderes guineenses, após "Nino" Vieira e Ansuamne Mané terem chegado juntos à cimeira regional.

"Foram os dois recebidos por breves momentos na sessão da tarde da cimeira, tendo depois Mané regressado ao hotel onde se encontra hospedado enquanto "Nino" Vieira continuou as conversações com os chefes de Estado", disse uma fonte à Reuters. De acordo com a mesma fonte, o líder da revolta repetiu em Abuja que a Junta Militar está pronta a assinar um cessar-fogo desde que as tropas do Senegal e da Guiné-Conacri presentes em Bissau sejam retiradas.

O presidente guineense reafirmou por seu turno os receios de que o seu Governo seja derrubado se as tropas estrangeiras que o apoiam partirem, pois a esmagadora maioria dos efectivos do Exército guineense passou-se para o lado da revolta.

Esforços de Abubakar

Segundo fontes em Abuja, o chefe de Estado nigeriano, general Abdulsalami Abubakar, iria tentar desbloquear o impasse, através de contactos com "Nino" e Mané à margem da cimeira. "A questão de Bissau exige uma aproximação informal, , pois Mané não é um chefe de Estado, e, por isso, não pode estar presente na sessão plenária", disse o ministro dos Negócios Estrangeiros da Costa do Marfim, Essy Amara, à Reuters.

"Por isso, o mais provável é que Abubakar, como presidente em exercício da CEDEAO, mantenha hoje contactos informais com os dois protagonistas", acrescentou. Fontes nigerianas adiantaram que a sessão de encerramento da cimeira, originalmente prevista para o fim da manhã, deveria ser adiada devido às negociação guineense, cujo conflito foi o último revés nas intenções da CEDEAO de criar um mercado comum das 16 nações para desenvolver a região.

Esboço de acordo?

As fontes citadas pela Reuters referiram que "Nino" Vieira e Ansumane Mané pretendiam que a cimeira avalizasse os acordos obtidos durante as conversações em Banjul, na Gâmbia, na quinta-feira, quando os dois mantiveram o primeiro frente-a-frente desde o início do conflito, em Junho.

De acordo com fontes gambianas, nessas conversações, mediadas pelo presidente da Gâmbia, Yahya Jammeh, que viajou com os dois para Abuja, teriam sido abordadas a extensão do cessar-fogo, a formação de um Governo de unidade nacional e a retirada das tropas estrangeiras.

As tropas do Senegal e da Guiné-Conacri foram chamadas por "Nino" Vieira, ao abrigo de acordos bilaterais, após a maioria do Exército ter apoiado o levantamento do brigadeiro Ansumane Mané, a 7 de Junho, após este ter sido acusado de traficar armas para os rebeldes da região de Casamança, no Senegal. Tanto o Senegal como a Guiné-Conacri são membros da CEDEAO.

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Aprovada prevenção permanente

Os chefes de Estado e de Governo da África Ocidental aprovaram ontem em Abuja a criação de um mecanismo permanente de resolução de conflitos na região. O projecto de tratado foi aprovado "quase sem debate", indicou um delegado à XXI Cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

O "mecanismo de prevenção, gestão e resolução dos conflitos, de manutenção da paz e da segurança da CEDEAO" visa detectar os focos de conflito, negociar soluções pacíficas para as crises declaradas e garantir a manutenção da paz. O tratado adoptado prevê uma estrutura permanente _ e não mais "ad hoc" _ de manutenção da paz, com a criação de um departamento de manutenção da paz no Secretariado da CEDEAO e uma estrutura de comando para uma força regional de intervenção.

Os dirigentes da África Ocidental decidiram ainda reforçar a Força de Paz da Comunidade (ECOMOG) na Serra Leoa, onde os rebeldes partidários da ex-Junta Militar deposta em Fevereiro último continuam a actuar. O Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Mali e Níger aceitaram enviar para a Serra Leoa reforços de tropas para a ECOMOG.

Sobre a Libéria, outro pólo de tensão na região após os combates de Setembro, os dirigentes da África Ocidental rejeitaram o pedido do presidente liberiano, Charles Taylor, que pretendia que um contingente da ECOMOG, presente na Libéria, ficasse sob o seu comando.

Na sessão inuagural da cimeira, anteontem ao fim da tarde, o presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo "Nino" Vieira, apresentou um relatório sobre a situação no país. O presidente senegalês, Abdou Diouf, declarou que, antes de retirar as suas tropas da Guiné-Bissau, queria uma solução global para o país.

A CEDEAO foi formada em 1995 para promover a integração regional, mas esse objectivo tem sido dificultado pelos permanentes conflitos na região. A organização obteve contudo reconhecimento internacional pela operação de manutenção de paz na Libéria, devastada por uma guerra civil durante sete anos, que acabaria com eleições supervisionadas pela CEDEAO, o ano passado, e com a restauração do Governo legítimo na Serra Leoa, após o golpe militar de 1997.

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