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em: 02-NOV-1998
"Nino" Vieira e Mané sem solução à vista
Mediadores admitem que os revoltosos, em vantagem no terreno mas sem objectivo político, vão optar por pressão militar
O presidente "Nino" Vieira e o brigadeiro Ansumane Mané continuavam ontem em Abuja as negociações iniciadas sexta-feira sob o patrocínio da Conferência para o Desenvolvimento Económico dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), decorrendo agora os encontros com apoio de uma comissão de negociadores nomeada pelo presidente nigeriano, Abdulsalam Abubakar.
"Nino" Vieira terá recusado, segundo fonte diplomática, todas as propostas para uma renúncia sem perder a face, e uma solução militar é tida como quase certa. No comunicado final da cimeira da CEDEAO, que decorreu no fim-de-semana, os 16 países membros da comunidade confessam a impotência para resolver o conflito, adiantando que "Nino" Vieira e Ansumane Mané aceitaram tentar consolidar o cessar-fogo e permitir a colocação de uma equipa de observadores.
Uma comissão composta por negociadores da CEDEAO "vai prosseguir as negociações com as duas partes, durante a sua estada em Abuja, e vai tentar encontrar uma solução final para a crise" na Guiné-Bissau, destaca o comunicado.
Negociações sem limite
As conversações em Abuja entre os dois contendores "não têm data limite", disse fonte oficial nigeriana, embora fontes diplomáticas admitam uma "solução militar" da situação. "Não há data limite para estas discussões. Daremos a este caso tanto tempo quanto o necessário", declarou ontem o porta-voz da Presidência nigeriana, Mohammed Haruna.
Diplomatas que participam nas negociações disseram que não estão optimistas quanto a uma saída positiva destes encontros, sublinhando que a Junta Militar controla a maior parte da Guiné-Bissau.
Ansumane Mané "quer que (o presidente guineense, "Nino") Vieira ceda. Se não ceder, ele aumentará a pressão militar", comentou uma fonte diplomática. O ministro interino dos Negócios Estrangeiros guineense, João Cardoso, disse que o Governo guineense pede a reposição do cessar-fogo decretado em Agosto e a instalação de uma força tampão neutra. Mas fontes diplomáticas dizem que as negociações são complicadas pela falta aparente de um objectivo claro da Junta Militar.
Mané pede a publicação do relatório parlamentar sobre o alegado tráfico de armas para a rebelião senegalesa de Casamança, e a retirada das tropas senegalesas e da Guiné-Conacri que apoiam o regime.
"Um dos problemas é que Mané dá versões diferentes do que quer a pessoas diferentes. Na cimeira da CEDEAO, afirmou que se contentaria com a publicação do relatório parlamentar. Como esse relatório contém também provas esmagadoras sobre a implicação de ("Nino") Vieira (no tráfico), este último recusa", disse uma das fontes diplomáticas.
"O problema é que Mané, que mantém que não quer tornar-se nem presidente nem governador, quer em contrapartida a partida do presidente", ainda segundo a fonte diplomática. Fonte diplomática citada pela agência Reuters comparou a situação na Guiné-Bissau à da Libéria em 1990, quando o então presidente Samuel Doe rejeitou apelos para a demissão quando cercado pelos rebeldes em Monróvia, acabando por ser torturado e morto pouco depois. De acordo com as mesmas fontes, o conflito não terá fim enquanto "Nino" não abandonar o poder.
Diouf sugere intervenção
O presidente senegalês, Abdou Diouf, afirmou entretanto que aceitaria retirar as suas tropas da Guiné-Bissau caso uma força de intervenção da CEDEAO garanta a segurança na fronteira sul.
No regresso da cimeira de Abuja, anteontem à noite, Diouf reafirmou que as tropas do Senegal e da Guiné-Conacri estão na Guiné-Bissau legitimamente, a pedido de um Governo eleito.
O presidente senegalês acrescentou contudo que "se, após os encontros na CEDEAO, for sugerido que forças da organização devem ser enviadas (para a Guiné), o Senegal não porá qualquer problema, desde que sejam salvaguardados os seus interesses e a segurança no Sul garantida".
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