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em: 02-NOV-1998
A CEDEAO insiste na procura de uma saída para a Guiné-Bissau
"Nino" e Mané Reféns da Nigéria
Por JORGE HEITOR
Segunda, 2 de Novembro de 1998
A cimeira da CEDEAO foi incapaz de encontrar solução para o drama da Guiné-Bissau, mas o general Abubakar não quer deixar "Nino" Vieira e Ansumane Mané sair de Abuja sem que eles aceitem um compromisso apadrinhado pela maior parte dos regimes existentes na região. Quanto ao Senegal, exige garantias de segurança para a sua fronteira meridional.
O general Abdulsalam Abubakar, actual chefe da Nigéria, o mais populoso dos países africanos, determinou ontem que o Presidente João Bernardo Vieira e o brigadeiro Ansumane Mané não deveriam deixar a cidade de Abuja sem se comprometer a dar um conteúdo mais substancial ao cessar-fogo na Guiné-Bissau, tão duramente conseguido por medianeiros lusófonos, como o cabo-verdiano José Luís de Jesus e o português Jaime Gama.
Sexta-feira e sábado a cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), reunida na capital federal nigeriana, tentou em vão ultrapassar as divergências entre o Presidente guineense e o brigadeiro rebelde, ficando no ar o receio de que tudo volte a ser decidido no terreno, com uma enorme carnificina em Bissau.
Perante o impasse, Abubakar anunciou ontem de madrugada que uma comissão de nove países, de entre os 16 da CEDEAO, iria agora continuar a procurar uma saída para as divergências entre "Nino" Vieira e a Junta Militar dirigida pelo brigadeiro Mané.
O chefe de Estado do Togo, Gnassingbé Eyadema, há 31 anos no poder, foi eleito presidente em exercício da Comunidade para os próximos 12 meses, e deverá agora secundar o líder nigeriano nas tentativas de se evitar que a guerra volte a ganhar força na Guiné-Bissau.
Muito para além de ser um problema interno, entre o Presidente Vieira e as tropas que contra ele se rebelaram, a situação guineense está a tornar-se cada vez mais parte de todo o conjunto de problemas existentes na África Ocidental.
As condições de Diouf
Ontem, no seu regresso a Dacar, o Presidente Abdou Diouf declarou que só aceitaria a substituição dos soldados senegaleses destacados em Bissau por outras tropas da CEDEAO desde que lhe garantissem a segurança da fronteira meridional do Senegal.
Ou seja, Diouf só mandará retirar os seus homens da área de Bissau quando lhe for possível estabelecer um forte corredor de segurança ao longo de toda a fronteira da Casamansa com a região guineense que vai de Varela e Susana até São Domingos, Ingoré e Bigene.
Na prática, isto significaria uma zona-tampão, como aquela que Israel mantém no Sul do Líbano; e teria por objectivo garantir que no solo da Guiné-Bissau não haveria qualquer espécie de santuário para os guerrilheiros que não querem ser senegaleses e lutam pela independência da Casamansa.
Em Junho, Ansumane Mané tentou matar o Presidente Vieira por ele o ter afastado de Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e acusado de estar a dar cobertura ao tráfico de armas para a guerrilha de Casamansa. Mané respondeu que o chefe do Estado é que teria a principal responsabilidade por todo o desvio de armas para os independentistas; e que além disso militares e antigos combatentes da Guiné-Bissau estavam fartos de viver tão mal, pretendendo portanto que "Nino" prestasse contas perante o país.
Para se aguentar no poder, perante a revolta de Mané, o Presidente recorreu ao apoio de tropas do Senegal e da República da Guiné (Conacri), o que foi muito mal visto por uma grande parte da população, deixando-o isolado da maior parte do seu povo.
Numerosas figuras da sociedade guineense têm sugerido que João Bernardo Vieira se deveria demitir, eventualidade na qual o poder passaria, até à realização de novas eleições, talvez daqui a um ano, para o presidente da Assembleia Nacional, Malan Bacai Sanhá, membro do Bureau Político do PAIGC.
Ansumane Mané tem vindo a insistir que não pretende ficar à frente do país, mas apenas que se esclareça a verdade sobre quem é que andava a fazer contrabando de armas.
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