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Jornal de Notícias     em: 03-NOV-1998

"Nino" Vieira e Mané selam paz em Abuja

Governo de Unidade Nacional até realização de eleições, em Março. Tropas estrangeiras e rebeldes de Casamança deixam Guiné-Bissau Apesar do nítido pessimismo que caracterizava as negociações de paz para a Guiné-Bissau, que decorriam na capital nigeriana, as partes parecem ter finalmente chegado a um acordo de princípio sob a égide da Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO) e do anfitrião, o presidente Abdulsalam Abubakar.

O chefe de Estado guineense, João Bernardo ("Nino") Vieira, e o comandante supremo da revoltosa "Junta Militar", o brigadeiro Ansumane Mané, chegaram a um entendimento que poderá finalmente pôr termo ao conflito que se trava há cinco meses na Guiné-Bissau, informou ontem a agência AFP. Nos termos do acordo assinado na passada madrugada, as forças estrangeiras e os rebeldes senegaleses de Casamança sairão da Guiné-Bissau, uma força de interposição da CEDEAO será colocada na fronteira com o Senegal e o aeroporto de Bissalanca, em Bissau, será reaberto.

Simultaneamente, será criado um corredor humanitário no país Quanto ao aspecto político da crise, ficou acordado que um Governo de Unidade Nacional, onde poderão estar presentes os rebeldes, será formado e eleições legislativas e presidenciais terão lugar no país até Março de 1999. Segundo informações obtidas pela Lusa, o acordo prevê a indicação pela Junta militar dos titulares das pastas da Defesa, do Interior e dos Antigos Combatentes.

O documento, concluído sob os auspícios do presidente nigeriano, general Abdulsalam Abubakar, foi testemunhado pelos representantes da ONU e da CEDEAO, bem como do Togo e da Gâmbia, adiantou o ministro. "É um acto histórico. Enquanto cidadão do meu país e do Mundo, sou um homem feliz. Eles reconheceram que era uma guerra entre irmãos e irmãs. Era uma guerra absurda", concluíu João Cardoso.

"Nino" candidato?

"O acordo alçancado hoje é uma vitória do povo", disse o presidente "Nino" Vieira, sublinhando que "quem perdeu com a guerra foi o povo" da Guiné-Bissau. O presidente guineense proferia ontem estas palavras numa conferência de imprensa conjunta com Ansumane Mané e o presidente da Gâmbia.

Interrogado sobre uma eventual candidatura nas presidenciais, "Nino" disse que "ainda é cedo para me pronunciar", enquanto sobre a escolha do futuro primeiro-ministro guineense referiu que "deve haver ainda uma reunião com os partidos polÍticos e com a Junta, para se escolher uma pessoa de confiança".

O comandante da Junta Militar, brigadeiro Ansumane Mané, fez uma breve declaração à chegada a Banjul, capital da Gâmbia, mas em dialecto mandinga. Apesar da dificuldade em obter uma reacção de Mané, a Junta Militar mostrou-se satisfeita com a solução alcançada em Abuja.

"Vai ser um Governo em que a Junta vai ter uma palavra determinante", sublinhou o porta-voz dos rebeldes, Zamora Induta, realçando ainda o facto de nas negociações ter ainda sido contemplada a questão fundamental da Junta militar, isto é, a retirada das tropas estrangeiras. "Se tudo correr bem, a retirada total dos militares senegaleses e da Guiné-Conacri poderá ocorrer até ao final do mês de Novembro", acentuou.

ECOMOG no terreno

O porta-voz da Junta disse que a concretização daquele ponto depende contudo da instalação no país de uma força de interposição da ECOMOG (força de paz da CEDEAO).

Também Lamine Cissé, o ministro do Interior senegalês, se congratulou com o acordo estabelecido, destacando o trabalho desenvolvido pela diplomacia portuguesa e cabo-verdiana. O governante senegalês deposita esperança em que a força de interposição da ECOMOG venha a ter um papel fundamental nesse sentido, embora realçasse que ainda não se encontra definida a forma como essa força vai actuar e evoluir no terreno.

O presidente de Cabo Verde, António Mascarenhas Monteiro, congratulou-se pelo acordo de paz. "Depois de 50 dias de guerra e destruição, a CPLP conseguiu uma trégua. Mais tarde, juntamente com a mediação da CEDEAO, essa trégua transformou-se num cessar-fogo. A CPLP já fez o seu papel", concluiu.

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