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Expresso 25 anos   Expresso de 06-11-1998

ANSUMANE MANÉ em entrevista exclusiva

«NINO não presta!».

A afirmação foi feita ao EXPRESSO pelo brigadeiro Ansumane Mané, esta semana, na Base Aérea de Bissalanca, que serve de quartel-general à Junta Militar. Numa longa entrevista de carácter biográfico, o comandante supremo dos rebeldes fala dos seus 37 anos de convivência com o Presidente Nino Vieira, faz-lhe gravíssimas acusações de carácter pessoal, político, militar e até mesmo criminal.

Nas suas declarações - que serão publicadas na Revista da próxima semana -, o virtual vencedor da guerra guineense garante que não quer ser o próximo Presidente da República da Guiné-Bissau. «Não tenho nenhuma ambição de poder. Quando tudo isto acabar, o meu único desejo é reformar-me, ir para casa e descansar», revela.

O acordo de paz celebrado na Nigéria com o Presidente Nino não agradou a muitos dos combatentes da Junta Militar. Com o centro de Bissau bloqueado por terra, mar e ar, numerosos membros da Junta gostariam de forçar o desfecho militar para o conflito, em vez do acordo político que mantém Nino Vieira no poder pelo menos por mais cinco meses, até à realização das eleições presidenciais.

O desagrado da ala mais militar e voluntarista da Junta tornou-se patente logo na manhã do dia 3, terça-feira, à chegada de Ansumane Mané ao aeroporto de Bissalanca, vindo de um périplo que o levou à Gâmbia e à Nigéria. Com cerca de noventa e cinco por cento do país sob controlo, havia quem não escondesse a sua decepção pelo acordo político celebrado no dia 1, no rescaldo da Cimeira de chefes de Estado da CEDEAO, em Abuja.

A tal ponto que o comando supremo da Junta Militar se sentiu forçado a convocar uma reunião com todos os comandantes das diversas frentes, cerca de meia centena, para se justificar e explicar os detalhes do acordo.

De acordo com fontes da Junta, houve comandantes que lamentaram que a diplomacia tivesse impedido a conquista de Bissau e o derrube do Presidente. O comandante da Zona Sul, que se distinguiu na última fase da guerra, mostrou-se mesmo convicto de que não seriam precisas mais de três ou quatro horas para tomar o Palácio, através de uma acção nocturna de envolvimento e infiltração.

Mas não foram apenas os chefes operacionais que se mostraram pouco satisfeitos. Também o principal assessor civil da Junta se demarcou do texto rubricado por Ansumane Mané. Num parecer datado do dia 3, Francisco Fadul diz que o acordo «limita-se a aflorar ao de leve as questões militares», enquanto «não considera as grandes questões políticas, institucionais e sociais que constituem afinal as causas profundas, os antecedentes mediatos do levantamento de 7 de Julho».

José Pedro Castanheira, enviado a Bissalanca

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