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em: 14-NOV-1998
Guiné-Bissau em aniversário pouco feliz
Dezoito Anos de "Nino"
Faz hoje 18 anos que o Presidente da Guiné-Bissau, João Bernardo Vieira, "Nino", tomou o poder, com a ajuda de Ansumane Mané, então comandante da Guarda da Fronteira e seu amigo de longa data, desde os tempos em que ambos andavam no mato a lutar contra a administração colonial portuguesa.
Chamado Movimento Reajustador, o golpe de 14 de Novembro de 1980 derrubou o primeiro chefe de Estado, Luís Cabral, e afastou do Governo a maior parte dos elementos de origem cabo-verdiana, para dar lugar a indivíduos essencialmente nascidos no continente africano, desde a Gâmbia à República da Guiné (Conacri).
"Nino" Vieira e Ansumane Mané diziam então pretender uma sociedade mais justa do que aquela que se tinha desenvolvido na Guiné-Bissau logo a seguir ao reconhecimento da independência do país por Portugal, em 1974; mas a verdade é que com o andar do tempo se começou a duvidar de que o "reajustamento" de 1980 tivesse sido de facto para melhor.
O pequeno país chegou a 1998 com um Produto Nacional Bruto por habitante de uns escassos 300 dólares, o que significa fazer parte do lote de 20 países mais pobres do mundo, entre os quais também se encontram a Libéria, a Serra Leoa, o Ruanda e Moçambique.
No meio de toda esta pobreza, os oficiais das Forças Armadas foram ficando cada vez mais descontentes e bastou um simples pretexto para a maior parte deles se rebelar contra o Presidente da República: o afastamento de Ansumane Mané das funções de Chefe do Estado-Maior General, sob a acusação de ter dado cobertura ao tráfico de armas para a guerrilha que luta pela independência da província senegalesa de Casamansa.
Foi constituída uma Junta Militar e "Nino" Vieira só permaneceu no poder, a partir de Junho último, graças ao apoio de tropas do Senegal e da República da Guiné (Conacri), que irão ser agora rendidas por militares de outros países da África Ocidental, conforme acordo a que no início do mês se chegou na Nigéria.
Comissão Conjunta
A Comissão Conjunta, formada por elementos designados tanto pelo Presidente como pela Junta, começou ontem a debater as circunstâncias em que os senegaleses se hão-de retirar de Bissau para Casamansa e, ainda, a formação de um Governo de Unidade Nacional. Entretanto, em Lisboa, a criação de tal Governo será hoje à tarde objecto de um debate, devendo a comissão organizadora do mesmo, coordenada pelo advogado Soares Parente, sugerir para a chefia do executivo o nome de Fernando Gomes, presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos.
Dezenas de milhares de cidadãos guineenses vivem actualmente em Portugal, incluindo engenheiros, arquitectos e médicos, que gostariam de dar um contributo para a reconstrução do seu país, se acaso verificassem que a classe política era capaz de lhes dar garantias de estabilidade.
No entanto, até agora, em 24 anos de independência, apenas um partido, o PAIGC, esteve no poder, sem que outras formações políticas tenham tido a oportunidade de demonstrar se eram ou não capazes de fazer melhor.
As próximas legislativas e presidenciais deverão em princípio verificar-se dentro dos próximos seis meses, podendo eventualmente contribuir para que surja na Guiné-Bissau um novo quadro político.
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