21-NOV-1998

Ministro da Defesa da Guiné não quer sair de Lisboa

O MINISTRO da Defesa da Guiné-Bissau está desde há duas semanas em Lisboa, admitindo-se que não regresse ao seu país nos próximos tempos. Samba Lamine Mané é apontado como um dos principais implicados no tráfico de armas para a província senegalesa de Casamansa - o caso que constitui a causa próxima da guerra na Guiné.

Considerado um dos principais homens a «abater» pela Junta Militar do brigadeiro Ansumane Mané, o ministro da Defesa parece ter entrado igualmente em rota de colisão com Nino Vieira.

O governante guineense, que possui uma casa em Lisboa, chegou a Portugal no passado dia 8, via Dacar, tendo-lhe sido concedido um visto válido para 90 dias, renovável por igual período. Uma fonte governamental disse ao EXPRESSO que Samba Lamine Mané solicitou autorização para uma permanência bastante mais dilatada, o que confirma a convicção existente nos meios políticos de Bissau de que a sua intenção é fixar-se em Lisboa.

Contactado pelo EXPRESSO, o ministro justificou a sua vinda por motivos de saúde. No ano passado, com efeito, foi acometido por uma grave doença, o que obrigou à sua evacuação para Lisboa, tendo recebido tratamento no Hospital da Força Aérea. «Tenho de ser acompanhado regularmente», explicou. «Já estive em Lisboa no princípio do ano e vim agora de novo, para fazer uns exames».

Instado a comentar o rumor de que teria pedido asilo político, Samba Lamine Mané desmentiu. «Eu não vou ficar em Lisboa», acrescentou. «Vim tratar da minha saúde, após o que voltarei para Bissau». No entanto, não adiantou qualquer data para o seu regresso.

Samba Lamine Mané é um dos muitos membros do regime de Bissau que já têm os seus familiares em Portugal. É o caso, designadamente, da esposa do Presidente Nino, do primeiro-ministro, Carlos Correia, dos chefes de Estado-Maior do Exército, da Marinha e da Força Aérea, e do director-geral da Segurança.

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