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Canal Público     em: 21-NOV-1998

Guiné-Bissau

Junta Quer Governo Pequeno

Por JORGE HEITOR

Sábado, 21 de Novembro de 1998

De acordo com as propostas que a Junta Militar rebelde até hoje apresentou às autoridades constitucionais da Guiné-Bissau, o Governo de Unidade Nacional que está em formação - de acordo com o combinado em Abuja, na Nigéria - deverá ter menos de 22 elementos, sendo de preferência constituído apenas por 11 ministros e seis secretários de Estado, conforme noticia a Lusa.

Para simplificar a governação, os homens liderados pelo brigadeiro Ansumane Mané sugerem que ao ministério da Defesa se junte o dos Combatentes da Liberdade da Pátria e ao do Interior o da Administração Territorial, ficando eles com todos estes pelouros.

Prevê-se que os debates sobre a composição do Governo de consenso se arrastem por toda a próxima semana, de modo que antes de Dezembro não deverá tomar posse o novo primeiro-ministro que vier a ser indigitado, só depois começando os preparativos técnicos para as eleições legislativas e presidenciais a efectuar em 1999, possivelmente em meados do ano.

Enquanto isto, é grande o isolamento interno do Presidente João Bernardo Vieira, "Nino", a quem até uma parte substancial do próprio partido que dirige, o PAIGC, já tirou o tapete, pretendendo alguns dos outros dirigentes convocar logo que possível um congresso extraordinário para o destituir.

Encontrando-se entre uma dúzia de chefes de Estado africanos que se mantêm no poder há mais de 17 anos, o líder guineense conta com grandes solidariedades externas, desde o Togo ao Senegal, mas no interior da Guiné-Bissau chegou nos últimos seis meses a uma baixa de popularidade que dificilmente se previa.

Desde há 15 dias houve nas cidades de Gabú e Bafatá manifestações contra "Nino" Vieira, que um antigo ministro e membro do Bureau Político do PAIGC, Helder Proença, já acusa publicamente de totalitarismo, dando a entender o quanto lhe será difícil manter-se no cargo por mais quatro ou cinco meses que seja.

Reconstrução do panorama político

Depois de as tropas do Senegal e da República da Guiné (Conacri) que se encontram actualmente em Bissau a apoiar o Presidente se retirarem para os seus países, deverá começar a assistir-se a uma reconstrução do panorama político nacional, com o PAIGC a tentar desesperadamente reformular-se para não ser esmagado pelo eleitorado.

Sob o olhar atento de soldados da Ecomog, braço armado da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), que deverá render em breve as tropas senegalesas e guineenses, as diferentes formações políticas da Guiné-Bissau procurarão a partir do Ano Novo encontrar formas de se posicionar para o futuro de um país profundamente frustrado com o seu primeiro quarto de século de independência.

É nesse âmbito que, passando uma esponja sobre o longo consulado de "Nino" Vieira, o PAIGC apresentará talvez na sua primeira linha Malan Bacai Sanhá, actual presidente da Assembleia Nacional, Manuel Saturnino Costa e Helder Proença, figuras que aparentemente são capazes de um bom entendimento com o brigadeiro Ansumane Mané, mas que no passado recente não eram muito queridas a políticos da oposição.

Se acaso o eleitorado concluir que todo o seu sofrimento destes últimos cinco meses e meio foi sobretudo devido à animosidade entre figuras de um mesmo regime, o do PAIGC, então este partido terá extrema dificuldade em conseguir um terço sequer de todos os votos expressos, indo os outros sobretudo para o Movimento Bafatá, a União para a Mudança e o Partido da Renovação Social.

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