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Expresso 25 anos

28-NOV-1998

CIMEIRA FRANCO-AFRICANA

Guiné e Congo dominam cimeira

OS PRESIDENTES João Bernardo «Nino» Vieira, da Guiné-Bissau, e José Eduardo dos Santos, de Angola , recusaram o convite da França para participar na 20ª cimeira franco-africana que reuniu ontem, na capital francesa, delegações de 49 países africanos, 34 das quais chefiadas pelos respectivos presidentes.

Segundo soube o EXPRESSO, a diplomacia francesa tentou em vão, até à última hora, convencer os dois Presidentes lusófonos a deslocarem-se a Paris para aquela que foi a maior conferencia do género jamais realizada. A Guiné-Bissau foi representada na cimeira pelo primeiro-ministro, Carlos Correia, e pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Delfim da Silva; por Angola estiveram o ministro da Defesa, Pedro Sebastião, e o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros, João Miranda. Os restantes países lusófonos de África estiveram presentes ao mais alto nível.

As razões das duas ausências são distintas. Eduardo dos Santos foi coerente com o seu comportamento passado, pois nunca participou em qualquer cimeira franco-africana; «Nino» Vieira, um «habitué» deste tipo de reuniões, recusou o convite devido à situação político-militar no seu país, apesar de a França lhe ter garantido a segurança e o transporte de Bissau para Paris, via Dacar. O chefe de Estado guineense terá considerado arriscado sair de Bissau neste momento. Os conflitos na Guiné-Bissau e na República Democrática do Congo (RDC), bem como as consequências da entrada em vigor do euro nos países da zona franco CFA, foram os assuntos em destaque nesta cimeira que ontem terminou em Paris.

«O clube dos amigos»

A crise na Guiné-Bissau foi debatida na quinta-feira ao fim da tarde e à noite, numa reunião do que os franceses chamam «o clube dos amigos» - o restrito grupo dos países francófonos. Nas discussões, que foram seguidas de um jantar no Eliseu, participou também Carlos Correia.

A Guiné-Bissau tem assento no «clube» por ser considerado por Paris um país «quase» francófono e por ter aderido à zona franco CFA. O apoio aos esforços da CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental) para resolver a crise na ex-colónia portuguesa foi uma das principais ideias desenvolvidas.

Para ontem, à hora de fecho desta edição, estava programada mais uma reunião (e uma recepção) reservada ao «clube dos amigos». Nestas reuniões estiveram presentes dois dos principais protagonistas da guerra na Guiné-Bissau - os presidentes do Senegal e da Guiné-Conacri - bem como o presidente em exercício da CEDEAO, o togolês Gnassimbé Eyadema.

No entanto, o principal tema em discussão na cimeira foi a guerra na região dos Grandes Lagos, e a estrela incontestável do conclave foi o presidente da RDC, Laurent Désiré Kabila, que chegou na quinta-feira à noite a Paris, vindo de Bruxelas. Kabila, contra quem foram apresentadas queixas judiciais em Paris e Bruxelas por «crimes de guerra» e «crimes contra a humanidade», deverá ser recebido hoje, a sós, pelo presidente Jacques Chirac.

Os franceses esperavam que saíssem de Paris alguns sinais de abertura para o conflito no ex-Zaire. Kabila, que lançou esta semana uma ofensiva de «charme» em Roma, no Vaticano, em Bruxelas e Paris, parece desejar aproximar-se da França, com quem esteve de relações praticamente cortadas até há poucos meses. E se, em Bruxelas, não obteve o que desejava, designadamente junto do comissário João de Deus Pinheiro - que lhe repetiu que a UE condiciona as ajudas à paz -, o mesmo poderá não ter acontecido em Paris. À sua chegada, ao início da noite, ao luxuoso Hotel Plaza Athéné, na avenida Montaigne, estavam à sua espera cerca de 50 homens de negócios franceses.

Como em Bruxelas, também em Paris Kabila prometeu a democracia política no seu país num prazo de dois meses. Na capital francesa estiveram presentes todos os protagonistas da guerra no ex-Zaire, rebeldes incluídos, bem como os aliados das duas partes.

Daniel Ribeiro, correspondente em Paris

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