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Expresso 25 anos

12-DEZ-1998

Governo no impasse

O PRESIDENTE guineense, Nino Vieira, e o brigadeiro Ansumane Mané tinham agendada para ontem uma deslocação a Lomé, no Togo, para tentarem ultrapassar as divergências que atrasam a constituição do Governo de transição. À hora de fecho desta edição falava-se de um adiamento de 24 ou 48 horas da cimeira, a segunda entre os dois rivais da cena político-militar guineense e que se realizará sob os auspícios da CEDEAO, a organização de integração sub-regional, cujo presidente em exercício é o che-fe de Estado togolês, general Gnassingbe Eyadema.

Mais de uma semana após a nomeação de Francisco Fadul para primeiro-ministro, ainda não houve acordo para a formação do gabinete, de dez ministros e sete secretários de Estado. A discórdia reside na atribuição dos pelouros da Defesa e da Administração Territorial, que vem sendo discutida na Comissão Conjunta Executiva, que reúne três vezes por semana, na delegação da ãComisso Europeia em Bissau, representantes da parte governamental e da Junta Militar.

Os partidários de Nino Vieira na comissão cobiçam estes postos, que segundo os Acordos de Abuja, assinados no início de Novembro, deviam ser atribuídos à Junta Militar.

Ao chamar a si a pasta da Defesa, o chefe de Estado guineense procura garantir o controlo de um sector vital para a sua defesa pessoal após a retirada dos militares senegaleses e da Guiné-Conacri seus aliados. A Administração Territorial também é de suma importância para a sua sobrevivência política, na perspectiva da organização das eleições presidenciais previstas para o próximo ano.

Esta pretensão de Nino Vieira é encarada nos meios políticos guineenses com alguma apreensão, receando-se que possa complicar ainda mais a normalização do país. O porta-voz da Junta Militar já anunciou que esta não renunciará aos Ministérios em questão, além do dos Combatentes da Liberdade da Pátria (veteranos da guerra pela independência).

Outra questão que poderá contribuir para adiar a criação do novo executivo é a presença das tropas do Senegal e da Guiné-Conacri, que a maioria dos guineenses considera uma afronta à soberania nacional. A retirada destas forças, que passa pela vinda dos capacetes azuis da Ecomog, o braço armado da CEDEAO, é um dos principais assuntos da cimeira Nino-Mané.

Por seu lado, a sociedade civil e os partidos políticos já começaram a questionar a utilidade da Ecomog, que devia estar há mais tempo no terreno, e cuja vinda se afigura agora perfeitamente dispensável, dada a paz reinante há vários meses. Um sinal desta normalidade foi a reunião, na quinta-feira, da Assembleia Nacional Popular (ANP), o parlamento guineense, para eleger a Comissão Nacional de Eleições, órgão encarregado da organização e supervisão das eleições. No mesmo dia voltaram a repetir-se manifestações populares contra a continuação de Nino Vieira no poder.

Nando Coiaté

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