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em: 02-FEV-1999
Sem Solução à Vista
Por JORGE HEITOR
O caso da Guiné-Bissau não tem solução à vista, nem a curto nem a médio prazo, pois o país não dispõe de pessoas à altura das circunstâncias. Nem no PAIGC nem nos partidos da oposição.
O desfecho imediato dos combates destas últimas 48 horas não é decisivo. Tanto poderá ganhar a batalha o campo de "Nino" Vieira como o da Junta Militar, que logo tudo poderá recomeçar, depois de um intervalo mais ou menos longo.
É certo que a Junta tem consigo a maioria da população e a generalidade dos grupos oposicionistas, mas nas presentes circunstâncias da África Ocidental não é o povo "quem mais ordena", mas sim a geopolítica, dominada por países como a Nigéria, o Senegal e a Costa do Marfim.
O brigadeiro Ansumane Mané enganou-se redondamente quando julgou que acordos negociados em Abuja e em Lomé lhe poderiam ser favoráveis, ele que era quase um desconhecido nessa grande fraternidade de dirigentes africanos em que avultam figuras como o togolês Gnassingbé Eyadema, no poder desde Abril de 1967.
O golpe contra "Nino" ou era ganho logo no primeiro dia do levantamento, em Junho do ano passado, ou muito provavelmente já não o era. O Senegal, a República da Guiné, o Togo e outros mais lá estariam para estender a João Bernardo Vieira a tábua de salvação.
As mudanças de chefia de um país não se podem conseguir pela força das armas, disseram-no já a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) e a União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA), como aliás a própria União Europeia. E, ao dizerem-no, estavam a apontar o caminho de saída à Junta guineense, tal como anteriormente o haviam feito à da Serra Leoa.
Quanto aos partidos da oposição guineense, o mal de muitos deles, nestes últimos oito meses, foi terem acreditado que o simples afastamento de "Nino" Vieira, com a permanência de todas as estruturas históricas do PAIGC, mudaria grandemente as coisas, contribuindo para uma vida melhor.
Situações de descalabro político e económico, de raízes bem fundas, não se mudam com a simples substituição de um homem, seja Mobutu, Vieira ou qualquer outro. Pelo que não era agora a simples subida a primeiro plano, na Guiné-Bissau, de um qualquer Mané, Fadul, Sanhá, Proença ou quem quer que seja que iria dar, só por si, o sinal de partida para um admirável mundo novo.
As mentalidades e os métodos é que têm de mudar profundamente; e isso não se consegue em dois ou três anos. Será necessário esperar muito mais tempo.
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