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em: 03-FEV-1999
Portugal prepara evacuação na Guiné
As autoridades portuguesas vão enviar dois "Aviocar" da Força Aérea Portuguesa para a ilha da Bubaque, na Guiné-Bissau, para possibilitar a retirada de cidadãos portugueses e outros estrangeiros do país, disse à agência Lusa fonte militar.
Os cerca de 260 refugiados que se encontram a bordo do navio português "Cofra", encalhado ao largo de Bissau, foram entretanto abastecidos com água e aguardam poder ser transportados para a ilha das Galinhas, no arquipélago dos Bijagós.
O navio português transporta fugitivos da guerra que assola Bissau desde o fim de semana, entre os quais alguns estrangeiros, nomeadamente portugueses, disse hoje à agência Lusa fonte da tripulação.
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Rebeldes guineenses juram "ir até ao fim"
Ameaça da Junta inquieta religiosos, que temem massacre da população, impedida pelas tropas de "Nino" de deixar Bissau
A tensão continua a crescer na Guiné-Bissau, sem solução à vista para parar a guerra e a ameaça da Junta Militar de atacar em força a capital. Sabe-se que o brigadeiro Ansumane Mané ordenou aos seus comandantes em outras partes do país para colocarem as tropas em estado de prontidão, após o anúncio, anteontem, pela emissora rebelde, a Rádio Bombolom, de um cessar-fogo para permitir à população abandonar Bissau antes de uma ofensiva para "esmagar" as forças fiéis ao presidente "Nino" Vieira.
A advertência rebelde alarmou a comunidade religiosa, que teme pela vida de muitos cidadãos indefesos, impedidos de sair de Bissau pelas forças governamentais. "Estamos nas mãos de Deus", disse ontem à agência Lusa um missionário do Pontifício Instituto das Missões no Exterior, em Antula.
"A Junta disse que ia até ao fim. Ninguém sabe o que isso quer dizer. Matar todos?", interrogou-se. A situação aflitiva que se vivia na missão, a poucos quilómetros do centro de Bissau, foi ontem aliviada pela decisão - que terá envolvido o próprio "Nino" Vieira - de autorizar a saída de mais de dez mil pessoas para Nhacra e Mansoa.
Depois de pedidos ao major que comanda uma unidade das forças governamentais, os missionários conseguiram ontem de manhã receber a "autorização para deixar cambar (fugir)" pelo rio boa parte dos refugiados, que poderão contar com apoio e alimentos junto de familiares.
Saídas proibidas
Na missão ficaram ainda até seis mil pessoas, sobretudo crianças e jovens, da multidão de refugiados dos combates em Bissau e que estão "há dois dias sem comer nada", disse o missionário.
Entre os refugiados que ficaram, há feridos e "doentes de fome", sobretudo crianças, e a missão não tem medicamentos nem vê hipótese de os obter, dado que o Senegal "não deixa passar nada pela fronteira". O Governo guineense não deixa passar a população para fora do perímetro da cidade, como sucedeu no caso de Antula, do lado oposto ao território controlado pela Junta Militar. "Não é possível entrar ou sair de Bissau", disse o missionário. "Assim, a ajuda é muito difícil.
A situação é muito furiosa, parece que explodiu o ódio com a guerra". No Hospital de Simão Mendes, na capital, a situação torna-se de dia para dia mais aflitiva. Enquanto as duas partes voltavam ontem a trocar tiros de artilharia na parte norte de capital, fontes hospitalares adiantaram pelo menos mais 35 pessoas morreram e 200 ficaram feridas, contando apenas as vítimas admitidas no hospital.
"Houve violentas trocas de tiros de armas pesadas", disseram fontes citadas pela Agência France Press, adiantando que o comandante do pequeno efectivo da ECOMOG em Bissau, constituído por 110 soldados do Togo, continua a tentar obter um cessar-fogo.
Acusações à França
Enquanto o presidente "Nino" se deslocou ontem à linha da frente, guardado por 600 soldados, o primeiro-ministro indigitado do Governo reconciliação, Francisco Fadul, acusou as forças navais francesas estacionadas ao largo da capital de terem bombardeado posições controladas pela Junta Militar. Fadul disse que "numerosos tiros foram disparados de barcos franceses, causando "grande número de vítimas".
Fadul acrescentou que "o hospital da base aérea está repleto de feridos graves devido aos bombardeamentos franceses". O primeiro-ministro indigitado culpou a Marinha francesa porque, argumentou, as armas usadas foram "peças de artilharia mais potentes que as usadas por qualquer dos lados" em confronto.
O embaixador francês em Bissau, François Chappellet, desmentiu as acusações de Fadul, assegurando que em Bissau há apenas 16 militares gauleses que asseguram a protecção da Embaixada, e ao largo se encontrava - prestes a regressar a Dacar - o navio de transporte de tropas "Siroco", que dispõe apenas de duas peças antiaéreas.
O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Jaime Gama, "está a efectuar contactos" com o seu homólogo francês para esclarecer o alegado envolvimento de forças francesas no conflito, disse por seu lado o primeiro-ministro, António Guterres.
"Ainda não temos qualquer confirmação, pelo contrário, só desmentidos, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros português está neste momento a entrar em contacto com o seu homólogo francês", disse Guterres aos jornalistas, no decorrer da cerimónia oficial que marcou o início da cunhagem do euro, na Casa da Moeda.
Portugueses encalhados
Portugal pediu entretanto o auxílio dos meios militares navais franceses ao largo de Bissau para para safar um navio de cabotagem português encalhado na foz do Geba, com 200 pessoas a bordo, disse à Agência Lusa fonte oficial.
O navio, de transporte de mercadorias, pertencente a um português, tinha saído de Bissau perto das 23h00 de anteontem, quando encalhou devido a avaria mecânica. Segundo fonte do gabinete do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, o pedido de ajuda à França foi feito no âmbito da entreajuda tradicional entre membros da União Europeia. Entre os 200 passageiros do navio inclui-se número indeterminado de portugueses, segundo a mesma fonte.
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