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em: 04-FEV-1999
"Nino" Vieira e Mané aceitam cessar-fogo
Líderes das duas partes guineenses acordaram uma trégua para entrada em Bissau da força de interposição da ECOMOG
O presidente "Nino" Vieira e o líder da Junta Militar, brigadeiro Ansumane Mané, concordaram ontem num cessar-fogo, que entrou em vigor às 15h00, para permitir o desembarque em Bissau dos 300 efectivos da força de interposição da ECOMOG que se encontravam desde o princípio da semana ao largo da capital guineense, embarcados no navio francês "Siroco".
O acordo de cessar-fogo foi negociado pelos ministros togoleses dos Negócios Estrangeiros e da Defesa, Joseph Koffigoh e o general Assani Tidjani, ontem enviados a Bissau pelo presidente do Togo, Gnassingbe Eyadema, igualmente presidente em exercício da Comunidade para o Desenvolvimento da África Ocidental (CEDEAO).
No acordo, "Nino" Vieira e Ansumane Mané comprometem-se a permitir o desembarque dos 300 militares do Benim e do Níger que se encontram a bordo do "Siroco" e dos restantes efectivos - cerca de 200 - da força de interposição que irão chegar nos próximos dias.
Os dois líderes concordaram igualmente em facilitar a deslocação das tropas da força de interposição para as regiões do país previamente acordadas no Acordo de Abuja, assinado na Nigéria, em Novembro.
De acordo com fontes citadas pela Agência France Press, o navio de transporte francês recebeu ao fim da tarde instruções para acostar no porto de Bissau. A missão da força de interposição será substituir as tropas do Senegal e da Guiné-Conacri enviadas em socorro de "Nino" Vieira após a revolta de 7 de Junho.
Pressão rebelde
O acordo para a trégua surgiu poucas horas depois de as forças revoltosas terem anunciado uma grande ofensiva contra as tropas fiéis a "Nino" Vieira. Após uma forte barragem de artilharia pesada, ouvida no centro de Bissau pouco depois das 5h00, seguiu-se intenso tiroteio de armas automáticas, morteiros e bazucas, em toda a zona circundante da capital guineense.
Às 8h00, as rajadas de armas automáticas e a explosão de granadas de morteiro continuavam a ouvir-se com grande intensidade e cada vez mais perto do centro da capital. Uma série de obuses caiu a menos de 150 metros da Embaixada de Portugal, onde muitos guineenses continuavam a dirigir-se para saberem se haveria algum navio português que os possa retirar do país.
Na missão diplomática portuguesa não há conhecimento de qualquer cidadão português até agora ferido pelos bombardeamentos. De acordo com as informações fornecidas à Agência Lusa por fonte próxima da Junta Militar, os revoltosos tinham chegado ontem ao princípio da tarde à zona da Granja, a norte de Bissau, e a cerca de dois quilómetros do palácio presidencial, no flanco esquerdo da frente de combate.
Tinham também transposto o Hoti Hotel, na avenida do aeroporto, e estavam perto do Liceu de João XXIII, também na estrada do aeroporto, a cerca de três quilómetros do palácio do presidente "Nino" Vieira. No flanco direito, tinham avançado até ao Bairro das Pescas, a cerca de quatro quilómetros do centro da capital.
Acusações à França
Fontes rebeldes tinham igualmente reafirmado horas antes do acordo as acusações ao envolvimento de Paris no conflito, referindo que cerca de 300 militares franceses estariam a lutar do lado de "Nino". A Junta Militar, apresentando o testemunho de um militar governamental feito prisioneiro, assegurara que há ou houve militares franceses no palácio presidencial, na Marinha e nas linhas da frente do flanco esquerdo das forças revoltosas.
A denúncia do alegado envolvimento militar francês fora feita inicialmente pelo primeiro-ministro indigitado, Francisco Fadul, e referida também por missionários. De acordo com os dados recolhidos pela Junta, foram vistos três helicópteros - ou três voos do mesmo helicóptero - transportando militares franceses, os quais, segundo se crê, pertencerão às forças especiais, entretanto retiradas da linha da frente para posições mais recuadas.
O alegado envolvimento francês na guerra guineense foi desmentido anteontem pelo presidente Jacques Chirac e pelo embaixador francês em Bissau, François Chapellet. Ainda antes de ser anunciado o acordo, fonte oficial em Lisboa adiantara que Portugal iria enviar para "exercícios na área" uma força que incluiria tropas especiais, quatro aviões e dois navios.
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