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em: 04-FEV-1999
Organizações acusam
Guerra Foi "Preparada"
Quinta-feira, 4 de Fevereiro de 1999
Dezena e meia de organizações da sociedade civil guineense estão "convencidas" de que o reacender do conflito em Bissau "foi minuciosamente organizado e preparado, inclusive com a inclusão de uma fase de acalmia e cessar-fogo que permitisse o regresso das populações" à capital "para servirem de escudos humanos".
Num comunicado datado de 2 de Fevereiro, as organizações manifestam-se preocupadas "com a ingerência de forças militares europeias - sejam do Exército francês, sejam de mercenários - e a utilização de meios navais de guerra estrangeiros nos combates". Essa situação, acrescentam as organizações, "vai provocar uma escalada da guerra para níveis de violência nunca antes atingidos, aumentando o sofrimento de todo o povo guineense".
Assinam o documento vários grupos representativos não apenas da comunidade guineense imigrante em Portugal mas também dos refugiados que chegaram devido ao conflito que estalou a 7 de Junho entre as forças leais ao Presidente "Nino" Vieira e os rebeldes liderados pelo brigadeiro Ansumane Mané. A União Nacional dos Trabalhadores da Guiné-Bissau (Central Sindical), a Ordem dos Advogados, a Associação dos Engenheiros, a Associação Guineense dos Comerciantes de Bandim e organizações como a Associação Guineense de Solidariedade Social ou AD/Associação para o Desenvolvimento estão entre os signatários do comunicado.
É a primeira vez que representantes dos imigrantes e dos refugiados decidem falar em conjunto sobre a situação guineense, embora durante os últimos meses as organizações envolvidas tenham colaborado entre si. Antes do actual comunicado, apenas noutra ocasião, em Agosto passado, a "sociedade civil" guineense em Portugal tinha divulgado a sua análise sobre o conflito.
As organizações guineenses adiantam estar "conscientes que apenas a Nino Vieira e às forças estrangeiras que o apoiam podia interessar o recurso à via das armas para se manter no poder". Acusam, do mesmo modo, a França de ser a única interessada na regionalização do conflito, "como forma de poder justificar, por razões geo-estratégicas, uma intervenção declarada" na Guiné-Bissau.
O comunicado responsabiliza "a comunidade internacional, em especial a CEDEAO, pelo impasse e atraso no processo de paz", que se arrastou "penosamente" e que foi aproveitado "por aqueles que durante 18 anos sempre desrespeitaram a vontade legítima do povo". As organizações lançam também um apelo à ONU e à União Europeia para que assumam "decididamente e sem silêncios cúmplices as suas responsabilidades" na procura da paz, "não contemporizando com o genocídio do povo guineense nem com a ingerência dos seus membros, de forma directa ou mais velada, no apoio ao regime ditatorial de Nino Vieira".
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