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em: 05-FEV-1999
Tropas da ECOMOG já estão em Bissau
Trezentos efectivos da força de observação da África Ocidental foram autorizados a sair do navio francês "Siroco" para terra
Os 300 militares do Benim e do Níger integrados na força de interposição da comunidade da África Ocidental (ECOMOG) começaram ontem, pouco depois do meio-dia, a desembarcar em Bissau, informou a Agência Lusa, citando fontes na capital guineense.
Barcaças começaram a desembarcar os militares da ECOMOG, transportando-os do navio francês "Siroco", que se mantém fundeado ao largo. Foram igualmente desembarcados vinte camiões, postos à disposição da força pela França. Os militares desembarcaram no porto da Bolola, junto à zona portuária de Bissau, que tem sido utilizado pelas forças do presidente "Nino" Vieira para as operações militares.
Os 300 homens deverão ser agora colocados em posições da linha da frente, definidas num encontro entre os comandos militares das partes beligerantes e coordenado pelo comandante da força da ECOMOG em Bissau. O desembarque foi presenciado pelo brigadeiro Humberto Gomes, em representação das forças leais ao presidente "Nino", e pelo major Fodé Cassamá, da Junta Militar.
O embaixador francês em Bissau, François Chapelet, esteve igualmente presente. O desembarque constitui a confirmação de desenvolvimentos positivos no processo, pois ainda anteontem o coronel togolês Berena, comandante da ECOMOG em Bissau, admitira esperar mais três dias antes de autorizar o desembarque das tropas.
Estas tropas, que constituem o grosso da força que vai fiscalizar o cumprimento do acordo de paz na Guiné-Bissau, assinado em Abuja sob a égide da Comunidade para o Desenvolvimento da África Ocidental (CEDEAO), deveriam ter sido desembarcadas em Bissau na segunda-feira, mas a operação foi adiada devido aos combates que eclodiram domingo de madrugada na cidade.
Cessar-fogo em vigor
A capital guineense amanheceu ontem, pela primeira vez em quatro dias, sem tiros, estando a ser cumprido na generalidade o acordo de cessar-fogo assinado anteontem pelas duas partes, apesar de, esporadicamente, poderem ser ouvidos tiros de armas automáticas e rebentamentos de granadas de bazuca.
Ontem, ao meio-dia, houve três disparos de arma pesada, provenientes de local indeterminado. O acordo de cessar-fogo, assinado pelo presidente João Bernardo "Nino" Vieira e pelo brigadeiro Ansumane Mané, foi subscrito também pelo ministro togolês dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Joseph Koffigoh, em representação do presidente em exercício da CEDEAO, Gnassingbé Eyadema, chefe de Estado do Togo.
O documento obriga as duas partes a autorizarem "a entrada imediata na Guiné-Bissau da força de interposição da ECOMOG (a força armada da CEDEAO), bem como a tomarem as medidas apropriadas para facilitarem a sua acção".
O documento, que assenta em três pontos, determinou o cessar-fogo a partir das 15h00 de anteontem e atribui ao comandante das forças da ECOMOG já estacionadas em Bissau, o coronel Berena, a responsabilidade de dialogar com os estados-maiores das forças beligerantes para se encontrarem "as necessárias medidas para o cumprimento do acordo".
No documento, assinado em separado pelas duas partes nos seus quartéis-generais, na presença dos enviados da CEDEAO, foram tidas em consideração "as importantes perdas de vidas humanas que o conflito estava a provocar" e "a necessidade de pôr termo aos combates e de ser retomado o processo de paz e reconciliação" em conformidade com o Acordo de Abuja.
Não foi divulgada qualquer informação sobre se é mantido em vigor um documento que a duas partes se preparavam para assinar no domingo passado, depois de ter sido já aprovado por delegações da Junta Militar, do presidente "Nino" e da CEDEAO.
Além da entrada da força de interposição da ECOMOG, o documento previa a retirada gradual das forças do Senegal e Guiné-Conacri até ao próximo dia 10, com uma tolerância de dois dias para eventuais dificuldades logísticas, e apontava o dia 14 para a posse do Governo de reconciliação, pois o primeiro-ministro indigitado, Francisco Fadul, recusou entrar em funções enquanto permanecerem no país tropas estrangeiras.
Fadul agradece
Francisco Fadul agradeceu entretanto às autoridades portuguesas a tomada de posição face ao ressurgimento do conflito. Fadul sublinhou a possibilidade do envio de ajuda humanitária de emergência e a disponibilização de aviões e navios para apoiar refugiados, caso o conflito guineense prosseguisse.
Fonte oficial portuguesa anunciou anteontem que Portugal poderia enviar forças para "exercícios na área", a estacionar em local não especificado, mas incluindo tropas especiais, quatro aviões e dois navios. Um avião da Força Aérea Portuguesa, chegado no mesmo dia à noite ao Aeroporto Internacional de Amílcar Cabral, na ilha do Sal, Cabo Verde, encontrava-se ontem estacionado na placa.
Estimativas sobre o número de vítimas dos quatro dias de guerra apontam para cerca de 80 mortos e mais de 200 feridos civis, além de milhares de refugiados no interior do país como no arquipélago dos Bijagós.
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