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Expresso 25 anos

06-02-1999

Pacificação mais difícil

A força de interposição foi reforçada, mas a desconfiança aumentou


OS COMBATES que se registaram esta semana na Guiné-Bissau vão tornar ainda mais difícil a transição política no país. Apesar das tréguas, não será fácil restabelecer a confiança abalada pelo reacendimento dos confrontos. Esta terceira fase da guerra na Guiné (a primeira foi entre Junho e Julho e a segunda em Outubro) aprofundou os antagonismos entre os homens do brigadeiro Ansumane Mané e a facção fiel ao Presidente Nino Vieira, devido, entre outras razões, ao grande número de vítimas que provocou.

A principal responsabilidade pelo recomeço do conflito é atribuída por analistas em Bissau ao chefe de Estado, por se ter recusado a assinar o documento de 25 páginas que devia regulamentar o estacionamento da força de interposição da ECOMOG no país e calendarizar a retirada do contingente do Senegal e da Guiné-Conacri.

O Presidente guineense reforçou também a sua reputação de «Jonas Savimbi da Guiné-Bissau», agravada ainda pelo facto de os seus militares terem impedido a fuga dos habitantes da capital guineense, na tentativa de usá-los como escudo humano.

Assim, é provável que se radicalize a contestação à sua figura por parte da sociedade civil, o que poderá complicar o processo de reconciliação nacional. Tanto mais que, no terreno, segundo indicações obtidas ontem pelo EXPRESSO junto de fontes independentes, as tropas favoráveis a Nino recuaram pelo menos em três frentes.

Por outro lado, a presença da ECOMOG, que o actual ocupante do Palácio da República receia, uma vez que isso implica a retirada do contingente do Senegal, foi reforçada por mais 300 homens do Benin e do Níger, elevando para 410 o número de soldados da organização sub-regional em território guineense.

As duas partes do conflito guineense já tinham chegado a consenso para o envio de um efectivo total de 600 homens, que pode ser aumentado em caso de necessidade.

Ontem o primeiro-ministro guineense, Francisco Fadul, disse ao EXPRESSO que a retirada dos militares de Dacar e de Conacri, que condiciona a tomada de posse do Governo de transição, está prevista para a próxima quarta-feira, dia 10. Fadul precisou que falta ainda assentar alguns pontos do documento, de 25 páginas, que vinha sendo negociado sob a mediação da CEDEAO e que deve ser rubricado pelas três partes nos próximos dias. Fadul qualificou esses pontos como «detalhes menores».

A CEDEAO é presidida pelo Togo, cujos ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa estiveram em Bissau para acelerar os esforços de mediação que vinham sendo conduzidos no terreno pelo coronel Berena, oficial de ligação toguês, que nos últimos dias se viu ultrapassado pelo rumo dos acontecimentos.

NANDO COIATÉ


Testemunhas insistem na presença de franceses

A PARTICIPAÇÃO militar de soldados franceses no conflito armado na Guiné-Bissau voltou a ser denunciada, ontem, por mais um missionário italiano residente no país. O padre Mario Faccioli, pertencente ao Instituto Pontifício para as Missões no Exterior (PIME), que tem duas missões nos arredores de Bissau, declarou diversas vezes que conselheiros militares franceses enquadraram as tropas leais ao Presidente Nino Vieira nas frentes de combate.

Ontem, o padre Faccioli indicou, numa conversa telefónica com a RDP-África, que os franceses foram vistos a entrar ontem para um helicóptero, quando se retiravam da zona da linha da frente. Mario Faccioli encontra-se na missão do PIME de Ntula, local que dá acesso a Cumeré, pequena localidade onde se encontram instaladas baterias da Junta Militar que as forças presidenciais procuravam neutralizar.

Um outro missionário italiano, instalado em Cumura, próximo da capital, declarou ter visto um navio francês disparar sobre as posições rebeldes em Brá. Na quinta-feira à tarde, defronte do Palácio de São Bento, um grupo de cerca de duas centenas de guineenses aproveitou a presença em Portugal do Presidente francês, Jacques Chirac, para, denunciando a presença de soldados franceses no conflito da Guiné-Bissau, queimar uma bandeira francesa e protestar contra o novo «neocolonismo» da França.

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