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em: 20-FEV-1999
Governo de reconciliação toma posse em Bissau
Francisco Fadul assume chefia do Executivo após deixar cair exigência de uma retirada total das forças militares senegalesas
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde, José Luís de Jesus, coordenador do Grupo de Contacto da CPLP para o conflito guineense, vai assistir hoje à investidura do novo governo da Guiné-Bissau.
O ministro cabo-verdiano afirmou ter recebido o convite para se deslocar a Bissau, "em nome do primeiro-ministro Francisco Fadul", através do embaixador guineense em Portugal. "Vamos testemunhar o interesse do Governo de Cabo Verde em ver a situação na Guiné-Bissau estabilizada e que a solução pacífica do conflito seja encontrada de uma vez por todas e de uma maneira sólida", disse.
José Luís de Jesus representará simultaneamente o governo do seu país e o Grupo de Contacto da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que mediou a crise guineense no Verão passado.
O ministro, que viaja para Bissau "à boleia" com o seu homólogo português, Jaime Gama, que era aguardado ontem à noite no Sal, procedente de Angola, será acompanhado pelo embaixador de Cabo Verde na Guiné-Bissau, Mário Fernandes.
No Sal estava o secretário executivo da CPLP, Marcolino Moco, também convidado para a cerimónia pelo primeiro-ministro indigitado Francisco Fadul. Na véspera da tomada de posse do Governo de Unidade Nacional, ditado pelo acordo de paz de Abuja, os guineenses viveram ontem um dia de expectativa e de optimismo moderado em relação ao seu futuro.
A esperança, desvanecida há apenas duas semanas, com os duros combates na linha da frente de Bissau, voltou a instalar-se, mas a tranquilidade e a normalidade não se encontram ainda totalmente restabelecidas, apesar das promessas das partes beligerantes.
Para a incerteza ainda reinante conta, sobretudo, o facto de ainda se manterem no país tropas senegalesas, olhadas desde o início com desconfiança por parte da população, que não acredita na sua retirada total, pelo menos, nos tempos mais próximos.
Isto porque o Senegal, o principal sustentáculo do poder do presidente "Nino" Vieira, não tem cumprido com o calendário estabelecido para a retirada das suas forças militares, o que foi patente com a última data agendada. Com efeito, na comissão mista militar integrada por representantes do presidente, da Junta Militar e da Comunidade de Estados da África Ocidental (CEDEAO), ficou estabelecido que o Senegal iria retirar, até ao passado dia 14, 1.200 homens, o que não se verificou.
O Senegal acabaria por retirar somente 400 homens e fê-lo apenas anteontem. Com cerca de 2.000 militares ainda estacionados na Guiné-Bissau, o Senegal não deu sinais à população para o retomar da confiança e, assim, uma grande parte dela, insiste em continuar deslocada no interior e nas ilhas do arquipélago dos Bijagós.
É neste contexto que vai decorrer hoje a investidura do Governo de Unidade Nacional, liderado por Francisco Fadul, uma personalidade indicada pela Junta Militar e que foi aceite para primeiro-ministro pelo presidente "Nino" Vieira.
Segundo um comunicado do gabinete do chefe do Governo, a tomada de posse, que, em conformidade com uma posição desde sempre defendida pela Junta Militar, só deveria ter lugar "depois da retirada do último soldado estrangeiro do país", vai agora realizar-se porque "existe suficiente confiança entre as partes".
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