20-02-99

Os rostos da transição

ONZE dos 16 membros do novo Governo guineense - além do próprio primeiro-ministro - têm entre os 40 e 45 anos. O benjamim é o secretário de Estado do Tesouro, o informático e gestor Rui Barros, com 38 anos; o mas idoso é o titular da pasta da Justiça e Trabalho, o conhecido empresário Carlos Domingos Gomes, com 78 anos. Carlos Gomes é tio de Hília Lima Barber, a única mulher do Gabinete, que ficou com o pelouro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação.

Licenciada em Germânicas e diplomata de carreira, Hília Barber acumula provisoriamente este posto com o de ministra da Educação, Cultura, Juventude e Desporto, por decisão do Presidente Nino Vieira (e sob protesto da Junta Militar). Califa Seidi, engenheiro técnico formado na Jugoslávia e membro do partido no poder, proposto inicialmente para o cargo, declinou a nomeação, preferindo manter-se como presidente da Fundei, uma fundação guinéu-sueca de apoio à pequena indústria.

Do novo Governo não faz parte qualquer dirigente destacado dos partidos políticos guineenses.

Mesmo assim, os representantes de meia dúzia de formações, sobretudo da oposição extraparlamentar, manifestaram ao Comando Supremo da Junta Militar o seu descontentamento face ao maior peso na estrutura governamental da União para a Mudança (UM), partido com três lugares na Assembleia Nacional Popular (Parlamento) e que tem entre os seus dirigentes muitos membros do PAIGC, no poder na Guiné-Bissau desde a independência.

Além do ministro do Equipamento Social, Silvestre Alves, advogado formado em Portugal, os outros elementos da UM no Governo de Unidade Nacional são o secretário de Estado dos Combatentes da Liberdade da Pátria, Braima Câmara («Dacar»), e o do Comércio, Indústria, Turismo e Artesanato, Suleimane Djassi, economista formado na Roménia.

Por seu lado, o PAIGC é a força mais representada no novo Gabinete, com quatro personalidades: os titulares das pastas da Defesa, Francisco Benante; da Economia e Finanças, Bubacar Demba Dahaba; da Saúde e Assuntos Sociais, Justino Fadia; e o secretário de Estado da Função Pública e Reforma Administrativa.

N.C.

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